Clamídia

A clamídia é uma infecção sexualmente transmissível comum causada por bactérias.

A infecção é muito comum e com apresentação clínica muito parecida com a da Gonorreia. A incidência é maior entre as mulheres mais jovens, especialmente entre 15 e 24 anos.

A clamídia é muitas vezes conhecida como a “infecção silenciosa”. Isso porque cerca de 90% das mulheres e 70% dos homens desenvolvem a infecção sem qualquer queixa inicial. Ainda assim, ela pode causar complicações graves quando não tratada.

A infecção pode atingir o útero e as trompas, provocando uma grave infecção, denominada de Doença Inflamatória Pélvica. Nesses casos, pode haver complicações como dor durante as relações sexuais, gravidez ectópica, parto prematuro e até esterilidade.

A clamídia é transmitida por meio da relação sexual sem preservativo, incluindo sexo oral desprotegido ou o sexo anal.

A penetração não precisa ocorrer para ocorrer a transmissão. Tocar os genitais juntos pode ser o suficiente para transmitir a bactéria.

Bebês recém-nascidos podem adquirir clamídia de sua mãe durante o parto. Por isso, a maioria dos testes pré-natais inclui um teste para clamídia.

Grande parte das mulheres desenvolvem a infecção por clamídia sem qualquer sintoma. Quando sintomática, pode levar várias semanas após a infecção até que os sintomas apareçam.

Alguns dos sintomas mais comuns de clamídia em mulheres incluem:

• Dor com a relação sexual (dispareunia);
• Corrimento vaginal;
• Sensação de queimação ao urinar;
• Dor no baixo ventre;
• Inflamação do colo do útero; 
• Sangramento fora do período menstrual;

Em algumas mulheres, a infecção pode se espalhar para as trompas de falópio, o que pode causar uma condição chamada Doença Inflamatória Pélvica (DIP).

A DIP deve ser vista como uma emergência médica, devido aos riscos de complicações.

Os sintomas mais comuns da DIP incluem febre, dor pélvica intensa, náusea e sangramento vaginal anormal entre os períodos.

Também é possível desenvolver uma infecção por clamídia no ânus, especialmente após o sexo anal. Nesse caso, os principais sintomas são a saída de secreção no local, dor e sangramento, especialmente ao defecar.

O sexo oral com uma pessoa infectada aumenta o risco de contrair clamídia na garganta. Os sintomas podem incluir dor de garganta, tosse ou febre. Também é possível carregar a bactéria na garganta e não saber.

A maior parte dos homens não apresenta sintomas decorrentes da infecção por Clamídia. Se os sintomas aparecerem, geralmente isso ocorre entre 1 a 3 semanas após a transmissão, podendo incluir:

• Sensação de queimação ao urinar
• Saída de secreção peniana amarelada ou esverdeada;
• Dor pélvica ou nos testículos
• Corrimento anal: infecção contraída por meio do sexo anal;
• dor de garganta, tosse ou febre: infecção contraída por meio do sexo oral. 

O diagnóstico de infecção por clamídia deve ser considerado sempre que houverem queixas compatíveis.

Isso deverá ser feito pelo Médico Ginecologista, uma vez que outras infecções podem apresentar quadro parecido, incluindo a Gonorreia, Candidíase ou a Vaginose Bacteriana.

O Center for Dissease Control (CDC), nos Estados Unidos, recomenda que todas as mulheres sexualmente ativas com 25 anos ou menos sejam testadas anualmente para clamídia. 

Mulheres mais velhas com fatores de risco como múltiplos ou novos parceiros também devem ser testadas (1). 

O exame para clamídia também deve fazer parte da triagem inicial da mulher grávida.

O tratamento para a clamídia é feito com antibiótico e costuma ter boa resposta. Em alguns casos, ele pode ser feito em dose única. Em outros, o antibiótico poderá ser utilizado por até sete dias.

Os sintomas tendem a melhorar dentro de poucos dias após o tratamento. Caso isso não aconteça, o Médico Ginecologista poderá prescrever outros tipos de antibióticos.

Durante o tratamento e, em alguns casos, durante a primeira semana após o tratamento, é fundamental que se mantenha a abstinência sexual.

Isso é válido tanto por parte da paciente como de seu parceiro. A avaliação e tratamento do parceiro precisa ser feito mesmo que ele ou ela não tenha qualquer sinal os sintomas. Caso contrário, a tendência é que continue transmitindo a bactéria e que o paciente volte a se infectar tão logo o tratamento tenha acabado.

Algumas mulheres com infecção por clamídia evoluem com a infecção nos ovários, trompas de falópio ou útero, o que caracteriza a Doença Inflamatória Pélvica.

Esta é uma infecção mais grave e que muitas vezes pode requerer tratamento hospitalar.,

A Doença Inflamatória Pélvica também pode se desenvolver de forma assintomática, mas pode evoluir com complicações importantes:

• Gravidez ectópica: A Doença Inflamatória Pélvica é uma das principais causas de gravidez tubária (ectópica). Uma gravidez ectópica pode ocorrer quando a DIP não tratada leva à formação de um tecido cicatricial nas trompas de Falópio. Este tecido cicatricial impede que o óvulo fertilizado atravesse a trompa de Falópio para se implantar no útero. Assim, o óvulo se fixa na própria trompa de Falópio. A gravidez ectópica pode causar sangramento maciço e requer atenção médica de emergência.
• Infertilidade: Danos aos seus órgãos reprodutivos podem causar infertilidade. Atrasar o tratamento para a Doença Inflamatória Pélvica aumenta drasticamente o risco de infertilidade.
• Dor pélvica crônica: A doença inflamatória pélvica pode causar dor pélvica crônica, variando de leva a intensa e com duração de meses ou anos. A dor pode piorar durante a relação sexual ou na fase ovulatória do ciclo menstrual.
• Abscesso: A doença Inflamatória Pélvica pode causar um abscesso (coleção de pus) em algum ponto ao longo do trato reprodutivo. Mais comumente, os abscessos afetam as trompas de Falópio e os ovários, mas também podem se desenvolver no útero ou em outros órgãos pélvicos. 

Outro problema é durante a gestação. Isso porque a infecção pode passar para o bebê durante o parto, o que pode causar infecções oculares e pneumonia no recém-nascido.

Os homens também podem ter complicações quando a clamídia não é tratada. O epidídimo – o tubo que mantém os testículos no lugar – pode ficar inflamado, causando dor. Isso é conhecido como Epididimite.

A infecção também pode se espalhar para a próstata, causando Prostatite. Os principais sintomas são febre, dor durante as relações sexuais e desconforto na região lombar. Outra possível complicação é a infecção na uretra, chamada de Uretrite.