medicina e exercicio
Pesquisar
Pesquisar

Atividade Física para o Paciente com Insuficiência Cardíaca

Benefícios do exercício para o paciente com insuficiência cardíaca

A capacidade de manter um nível adequado de atividade física, seja como exercício organizado ou nas atividades do dia a dia, é um dos principais fatores prognósticos no paciente com insuficiência cardíaca.

O paciente com insuficiência cardíaca apresenta uma menor tolerância ao exercício, em virtude da menor capacidade de bombear o sangue para os diversos órgãos do corpo. Em parte, esta limitação pode ser minimizada pela prática regular de exercícios físicos.

A atividade física promove um aumento na capacidade de consumo máximo de oxigênio, o que por sí só já ajuda na melhora funcional do paciente.

A maior capacidade de consumir oxigênio significa também uma maior capacidade de responder a eventos estressantes agudos, incluindo traumas, infecções e outras doenças. Isso se significa não apenas em uma melhora na qualidade de vida, mas também um aumento na expectativa de vida do paciente.

Por fim, o exercício pode ajudar na melhora de outros fatores de risco cardiovasculares frequentemente presentes no paciente com Insuficiência Cardíaca, incluindo:

Avaliação pré-participação

A atividade física aumenta o estresse sobre o músculo cardíaco. Com isso, há também um risco aumentado para eventos cardíacos agudos, incluindo o Infarto do Miocárdio.

Os exercícios só devem ser iniciados pelo indivíduo clinicamente estável após a otimização da terapia médica para a Insuficiência Cardíaca. Em alguns casos, esta otimização pode incluir, além de medicações, a implantação de marcapasso cardíaco, por exemplo.

Assim, antes de iniciar a atividade física, é preciso fazer uma avaliação cardiológica completa, o que inclui a história clínica, teste de esforço (Testes ergométrico) e ecocardiograma.

O teste ergométrico é importante para avaliar a capacidade funcional, eventuais arritmias induzidas pelo exercício e o comportamento de variáveis como a frequência cardíaca e a pressão arterial durante o esforço.

Durante a avaliação, o paciente será classificado funcionalmente, o que será importante para realizar a prescrição de exercícios.

Uma classificação muito usada por isso foi desenvolvida pela New York Heart Association (NYHA), conforme abaixo:

CLASSE NYHA DEFINIÇÃO LIMITAÇÃO EXEMPLO
I Paciente com Insuficiência cardíaca, mas sem limitação para as atividades habituais nenhuma Pode completar qualquer atividade que exija até 7 METs, incluindo:

  • Correr, em ritmo lento, por 1 a 3 minutos
  • Caminha inclinada entre 5 a 10%
  • Escavar o solo
II Sintomas com atividades físicas habituais, mas com limitação leve  leve  

Pode completar qualquer atividade que exija até 5 METs, incluindo:

  • Relação sexual sem interrupção
  • Jardinagem
  • Subir um lance de escadas em ritmo normal sem sintomas
  • Andar em ladeira com inclinação de até 5%
  • Andar rápido a 6 km/h, carregando entre 5 e 10 kg (criança, compras, outros).

 

III Confortável em repouso, mas desconforto com atividades habituais e limitação importante para atividades. moderada Pode completar atividades leves, que exijam até 2 METs:

  • Tomar banho ou vestir-se sem interrupção
  • Arrumar a cama
  • Limpar janelas
  • Caminhar a 4 km/h
IV Sintomático em repouso; qualquer atividade física aumenta o desconforto. grave Não consegue realizar ou completar qualquer atividade que exija mais de 2 METs, incluindo aquelas descritas para a insuficiência cardíaca G III
MET = equivalente metabólico da tarefa, uma medida da quantidade de energia gasta em comparação com permanecer em repouso.

Prescrição de exercício para o paciente com Insuficiência Cardíaca

Pacientes de alto risco devem ser monitorados mais de perto no início da prática de exercício, idealmente por um programa supervisionado de Reabilitação cardíaca.

À medida em que a resposta ao exercício está mais clara e eventuais ajustes na prescrição tenha sido realizadas, sessões não supervisionadas são adicionadas gradativamente.

No caso do paciente de baixo risco, é possível com as atividades não supervisionadas de imediato após a avaliação cardiológica.

Quando todas essas medidas são seguidas, o risco geral do exercício é baixo, mesmo durante exercícios de maior intensidade ou em pacientes com Insuficiência Cardíaca mais grave.

Contraindicações para a prática de exercícios no paciente com insuficiência cardíaca

Algumas condições que contraindicam a prática de exercício no paciente com insuficiência cardíaca incluem:

  • Hipotensão ou hipertensão em repouso ou durante o exercício;
  • Doença cardíaca instável;
  • Angina Instável.
  • Doença pulmonar grave e mal tratada.

Quais exercícios devem ser evitados no paciente com Insuficiência Cardíaca?

Ainda que o exercício seja extremamente benéfico para o paciente com insuficiência cardíaca, alguns tipos de atividade são menos seguras e devem ser evitadas.

Certas posições adotadas em aulas de ioga e/ou pilates podem dificultar o retorno do sangue para o coração e não são seguros para pessoas com doenças cardíacas.

Alguns cuidados também devem ser observados nos exercícios de musculação.

A resposta natural quando uma pessoa levanta alguma coisa muito pesada é prender a respiração. Entretanto, isso pode limitar o fluxo sanguíneo para o coração e gerar um estresse que pode ser perigoso.

Para evitar isso, é importante evitar pesos muito grandes, que force o paciente a prender a respiração.

Quando o exercício deve ser interrompido?

Ainda que no médio prazo os potenciais benefícios da atividade física superem bastante os eventuais riscos, existe de fato um maior estresse sobre o coração durante o exercício com potencial para desencadear um evento cardíaco agudo.

A melhor forma de se evitar isso é realizar avaliações regulares com o cardiologista, fazer qualquer mudança na rotina de exercícios de forma gradual e, também, ficar alerta a certos sinais com os quais o exercício deverá ser interrompido.

Não existe problema em ficar um pouco sem fôlego. Entretanto, o paciente ainda deve ser capaz de manter uma conversa.

Na presença de um dos sintomas abaixo, o exercício deve ser interrompida e a assistência médica deve ser buscada de imediato:

  • Aperto no peito.
  • Tontura.
  • Palpitações.
  • Falta de ar extrema.