Atividade Física e Esportiva para Pacientes com Asma
Broncoespasmo induzido pelo exercício
O Broncoespasmo induzido por exercícios é uma condição na qual pessoas apresentam sintomas característicos da asma apenas durante ou após a prática de uma atividade física.
Essa é uma condição presente em 3% a 13% da população não asmática e em até 40% dos indivíduos com diagnóstico de outras doenças alérgicas, especialmente a rinite alérgica.
Até recentemente, essa condição recebia a denominação de Asma induzida por exercício. No entanto, esse termo não tem sido mais recomendado. A justificativa para isso é que ele pode dar a entender que a asma está sendo causada pelo exercício, quando na verdade o exercício está sendo apenas um desencadeador do broncoespasmo.
Discutimos mais sobre o Broncoespasmo induzido pelo exercício em um artigo a parte.
O foco aqui é em indivíduos com diagnóstico de asma e que possam ou não ter a atividade física como um desencadeador das criase de asma.
Por que a atividade física desencadeia a crise de asma?
A atividade física especialmente quando praticada em alta intensidade faz com que a pessoa substitua a respiração pelo nariz pela respiração bucal.
O nariz tem um papel fundamental para o aquecimento e para a filtragem do ar inspirado. O ar mais frio e com mais poluentes proveniente da respiração bucal seria a principal justificativa para as crises durante o exercício.
Importância da atividade física no paciente com asma
Entre 75% e 95% das pessoas asmáticas apresentam crises associadas a prática de atividades físicas. Isso pode fazer com que muitos desses pacientes ou seus familiares regeitem a prática de atividades física ou mesmo queiram usar essa justificativa para não fazer aulas de Educação Física.
A prática de atividade física é indicada para a maior parte da população e ainda mais indicada para aqueles com diagnóstico de asma (incluindo o Broncoespasmo induzido por exercício).
Manter-se ativio é fundamental para o controle da doença no longo prazo e para o bem-estar geral do paciente. Isso acontece porque o exercício pode fortalecer os músculos respiratórios do tórax e ajudar os pulmões a funcionar melhor, ajudando com isso a melhorar a função pulmonar.
Diferentes estudos já demonstraram como a prática de atividades físicas ajuda a melhorar os sintomas da asma, reduzir as crises e a reduzir o uso de medicamentos de resgate.
O diagnóstico da Asma Induzida pelo exercício, desta forma, não deve ser usado como justificativa para que uma pessoa deixe de se exercitar. Mais do que isso, ela deve ser vista como parte do tratamento do paciente com asma.
Quais as atividades de maior risco?
Certos tipos de exercícios físicos são mais propensos a desencadearem crises asmáticas.
Atividades praticadas ao ar livre e em dias frios são mais propensos a desenvolverem a Asma Induzida pelo Exercício. Assim, este é um problema especialmente prevalente nos esportes de inverno.
Esportes de resistência, como a corrida de longa distância e esportes com gasto energético muito alto, como o futebol, também implicam em maior risco para crises de asma.
De fato, a prática esportiva é mais desafiadora nesses esportes. Ainda assim, a asma não é um impeditivo. Muitas pessoas com asma bem controlada participam dessas modalidades sem restrições e sem problemas com a doença, inclusive atletas que competem em altíssimo nível incluindo provas olímpicas. Com um bom controle da doença e algumas medidas preventivas, o paciente não deve ser desestimulado de fazer aquilo que mais gosta.
Durante atividades em maior intensidade, a respiração pelo nariz é substituida pela respiração bucal.
O nariz tem um papel fundamental para o aquecimento e para a filtragem do ar inspirado. O ar mais frio e com mais poluentes proveniente da respiração bucal seria a principal justificativa para as crises durante o exercício.
Por fim, é preciso considerar não apenas o tipo de atividade física, mas também o como ela é praticada.
Quais as atividades mais recomendadas?
Alguns esportes e atividades são menos propensos a causar problemas, de forma que devem ser vistas como a “porta de entrada” para o paciente com asma e que esteja simplesmente buscando uma vida mais ativa.
Entre elas, incluem-se:
- Caminhadas ou corrida leve;
- Ginástica;
- Eventos de pista e campo com curta duração;
- Atividades aquáticas
Como evitar as crises relacionadas ao exercício
A parte mais importante da prevenção de crises asmáticas durante ou após o exercício envolve o controle adequado da doença.
Crises durante a atividade física é um indício de que a asma não esteja bem controlada e pode indicar a necessidade de ajuste nas medicações de manutenção
Algumas pessoas com broncoespasmo apenas durante a prática de atividades físicas podem eventualmente se beneficiar do uso de medicamentos Beta-Agonistas de ação curta pouco antes do exercício. Eles são eficazes em cerca de 80% a 90% das pessoas com Broncoespasmo Induzido por Exercício (1). Os medicamentos mais usados nesta classe são o Salbutamol e o Fenoterol.
Alguns cuidados além dos medicamentos devem ser considerados para minimizar o risco de crise de asma induzida por exercício, incluindo:
- Fazer uma rotina de aquecimento com aumento gradual do esforço antes do exercício;
- Fazer uma rotina de resfriamento com redução gradual do esforço após o exercício;
- Cobrir a boca e o nariz para aquecer o ar quando se exercita em ambientes frios e secos.
Por fim, é válido considerar que aquelas pessoas que estejam apresentando crises asmáticas relacionadas ao exercício que evitem temporáriamente a prática dos esportes listados acima como de maior risco para crises.
Medicações para asma e doping
Atletas asmáticos de alto rendimento que eventualmente possam ser submetidos a testes antidoping precisam de cuidados específicos quanto ao uso de medicamentos.
O uso de corticoides inalatórios ou os antagonistas do receptor de leucotrienos são permitidos, desde que dentro de doses terapêuticas.
Já os broncodilatadores de longa duração são proibidos, com as seguintes excessões:
- Formoterol: dose máxima de 54 microgramas em 24 horas;
- Salmeterol: máximo de 200 microgramas em 24 horas;
- Vilanterol: máximo de 25 microgramas em 24 horas.
Essas doses indicadas acima estão habitualmente dentro daquilo que se usa na prática clinica para o tratamento da asma.
Caso se tenha uma justificativa clara, é possível solicitar uma Autorização para Uso Terapêutico (AUT). Essa autorização deve ser concedida antes do inicio do uso da medicação.
No caso de crises asmáticas, é liberado o uso do broncodilatador Salbutamol, com dose máxima de 1600 microgramas durante 24 horas em doses divididas, não excedendo 600 microgramas a cada 8 horas;
Outros beta 2 agonistas de curta duração bem como os corticoides de uso sistêmico são proibidos. Ainda assim, caso indicado nas crises, ele deve ser usado. Nesse caso, é possível solicitar uma AUT retroativa, em decorrência do caráter de urgência. O caso deve ser bem documentado e essa documentação comprobatória deve ser enviado juntamente com a solicitação da AUT.