Aspectos Médicos no Ballet
Aspectos médicos no Ballet
Vista como esporte por uns e como arte por outros, a dança tem muito dos dois. O corpo é fisicamente exigido de formas bastante peculiares e incomuns a outros esportes. O bailarino precisa de equilíbrio, consciência corporal, força, estabilidade e flexibilidade para que consiga fazer os movimentos de uma forma tecnicamente correta e, para isso, precisam de uma preparação física específica.
Entre as características mais marcantes, e que devem ser levadas em consideração no momento de se avaliar um dançarino, incluem-se:
- Exercícios de ponta;
- Exercícios com a perna rodada para fora (En Dehors);
- Grande amplitude de movimentos em todas as articulações;
- Idade precoce com que crianças iniciam a prática;
- Exigência estética por um corpo longilíneo e com aparência magra.
Devemos por fim considerar as especificidades dos bailarinos homens. Devido à predominância das mulheres na dança, muitas vezes a atenção com os homens é mais limitada.
Bailarinos homens e mulheres têm exigências técnicas e físicas diferentes. Mas, como regra geral, professores estão muitos mais preparados para orientarem as mulheres do que os homens e isso pode fazer com que os bailarinos não tenham todo o seu potencial explorado, além de colocá-los sob maior risco de lesão.
Iniciação e Formação do Ballet
Um grande bailarino é resultado de um longo período de dedicação e entrega que, em geral, começa já nos primeiros anos de vida.
A maioria dos bailarinos profissionais já gostava de se exibir em frente à TV, ao ouvir uma música ou nas festas de família quando criança. Esse gosto precoce pela dança é que leva muitos pais a procurarem escolas de ballet no bairro.
A dança é a primeira atividade formal na vida de muitas crianças, especialmente meninas, sendo praticada de forma lúdica e sem maiores sobrecargas ou riscos de lesão.
O aumento no volume e intensidade dos ensaios, já a partir da pré-adolescência, faz com que as lesões se tornem uma preocupação.
A dança tem como característica uma especialização bastante precoce. Crianças de 10 ou 11 anos são muitas vezes engajadas em ensaios exaustivos quase que diários. Saber avaliar as implicações da dança sobre um esqueleto ainda imaturo é fundamental para proteger a saúde destas pequenas bailarinas.
A fase do estirão do crescimento na adolescência é um período que envolve preocupação extra em relação às lesões por sobrecarga, devido às grandes mudanças corporais observadas nesta fase da vida.
Durante a puberdade, o corpo é submetido a estímulos diversos que, ao final, irão transformar a menina ou o menino em uma mulher ou um homem. As mudanças não acontecem todas de forma simultânea e ordenada, de forma que desequilíbrios físicos são comuns. Esses desequilíbrios associados a um aumento na carga do ballet contribuem para um maior risco de lesões.
O crescimento ósseo acontece em uma área denominada de fise, placa fisária ou placa de crescimento. Ela é formada por uma cartilagem, que se torna mais espessa durante a puberdade devido à sua intensa atividade neste período. A placa fisária é também um ponto de maior fragilidade óssea.
Diferentes fatores contribuem para um maior risco de lesões durante a puberdade:
- Maior fragilidade da placa fisária;
- O corpo fica maior, mais pesado, mais forte e mais rápido, gerando maior sobrecarga nas articulações;
- Desequilíbrios musculoesqueléticos característicos;
- Maior demanda física do ballet, especialmente com a intensificação dos treinos de ponta.
Outra preocupação muito séria nessa fase é com a alimentação. Ao mesmo tempo em que o ballet exige uma aparência magra e longilínea, uma das mudanças mais características do corpo feminino na puberdade é justamente a mudança na composição corporal, com maior acúmulo de gordura.
Algumas meninas passam a restringir o consumo calórico, justamente em um momento no qual o corpo mais precisa de energia para se desenvolver. O risco para uma condição denominada de Deficiência Energética Relativa no Esporte (REDS) precisa ser considerado, já que ela pode levar a uma série de prejuízos para o desenvolvimento e para a saúde.
Outra preocupação é que as crianças não entram na puberdade todas ao mesmo tempo. Algumas meninas com 13 anos podem ter a aparência de uma criança, enquanto outra com 12 anos pode aparentar uma mulher adulta.
A preocupação é maior especialmente para aquelas meninas que apresentam um estirão do crescimento mais tardio, uma vez que tendem a fazer aulas junto com colegas da mesma idade, mas com desenvolvimento físico mais avançado.
Exercícios de ponta
Toda pequena bailarina sonha com o dia em que colocará sua sapatilha de ponta. No entanto, é preciso considerar que esses exercícios são bastante exigentes tanto do ponto de vista físico como do ponto de vista técnico. Iniciar a ponta sem estar preparado para isso aumentará o risco de lesões, além de não permitir uma boa evolução do ponto de vista técnico.
No entanto, isso não deve ser feito de um dia para o outro e sem uma avaliação criteriosa prévia. Exercícios de ponta são bastante exigentes tanto fisicamente como tecnicamente. Iniciar a ponta sem preparado e maturidade adequados aumentará o risco de lesões e não permitirá uma boa evolução do ponto de vista técnico.
No caso de bailarinas que buscam apenas um momento de diversão e evolução corporal, mas sem maiores pretensões no sentido de performance, a decisão mais sábia é deixar os exercícios de ponta de lado.
Em alguns casos, pode ser recomendável a mudança para uma escola com menos foco voltado para a performance.
Segundo George Balanchine, um dos maiores coreógrafos do ballet, “não adianta subir na ponta se quando estiver lá não for capaz de realizar os movimentos”.
Os exercícios de ponta, desta forma, não devem ser o objetivo final da bailarina, e sim o meio a partir do qual serão realizados os mais diversos movimentos. Antes de iniciar os exercícios de ponta, é preciso que a bailarina tenha mobilidade adequada no tornozelo e pé, maturidade esquelética adequada, musculatura em condições de manter a ponta e técnica suficientemente apurada.
Do ponto de vista técnico, a bailarina precisa ter um equilíbrio perfeito, para compensar uma base de apoio muito menor. Qualquer desalinhamento resulta em um desequilíbrio que precisará ser corrigido.
Diferentes escolas de ballet podem eventualmente ter criteros ligeiramente diferentes para a iniciação na ponta. Mas, como regra geral, podemos considerar os critérios abaixo (1):
- Não antes dos 12 anos ou quarto ano de treinamento sério;
- Treinamento pré-profissional (3 a 4 horas de treino / dia);
- Mobilidade do tornozelo suficiente;
- Força e equilibrio central adequado;
- Técnica adequada avaliada por meio de testes específicos.
Sapatilhas de ponta
Desenvolvida por Filippo Taglioni, coreógrafo da própria filha, Marie Taglioni, para dançar o balé La Sylphide, as sapatilhas de ponta são o desejo e o tormento de toda bailarina.
Se por um lado ela confere leveza e beleza, por outro pode ser a causa de dores, calos e feridas. Além de estar técnica e fisicamente bem para realizar exercícios de ponta, a escolha de uma sapatilha adequada é de extrema importância tanto no que concerne à capacidade de realizar os movimentos como também para a prevenção de lesões. Não existe uma sapatilha ideal para todos os bailarinos. O fato de uma sapatilha ser usada por uma grande bailarina não significa que ela seja adequada para todos. Podemos dizer que a escolha do calçado é de fundamental importância em qualquer esporte, mas em nenhum deles faz tanta diferença como para a bailarina que dança na ponta.
Composição da sapatilha
A sapatilha de ponta é formada por quatro partes:
Caixa (box)
É a parte da frente da sapatilha, que protege os dedos. Ela é feita de papelão, tecido e cola em diversas camadas, conferindo rigidez à mesma.
A parte frontal da caixa é achatada, de modo a formar uma plataforma (biqueira) sobre a qual a bailarina irá se equilibrar.
A largura da caixa é extremamente importante na escolha da sapatilha. Quando ela é muito estreita, a pressão sobre os dedos levará à formação de calos e bolhas. Caso seja excessivamente larga, o pé ficará “dançando” dentro da sapatilha, contribuindo da mesma forma para o desenvolvimento de lesões de pele no pé.
Base
A base é composta pela sola e pela palmilha. Ela tem a função de suportar o pé durante os exercícios de ponta.
O solado é feito de couro, sendo presa ao resto da sapatilha por meio de cola e também por costuras em suas bordas. Pode apresentar ranhuras para evitar o deslizamento, ou serem lisas, para evitar o escorregamento.
A palmilha confere rigidez à sapatilha. Ela pode ser feita de diversos materiais, como couro, plástico ou cartolina, sendo que a rigidez depende do material utilizado em sua fabricação e de sua espessura. Esta rigidez pode ser uniforme em toda a palmilha ou pode variar ao longo do comprimento da mesma.
Cabedal
O cabedal é a parte superior da sapatilha, aquela que fica acima da sola. Ela é geralmente feita de cetim, de forma a conferir leveza aos pés.
A parte da frente do cabedal que protege os dedos é denominada gáspea e ajuda no calçamento do pé dentro da sapatilha.
A gáspea deve terminar 1 centímetro acima dos metatarsos. Ela não pode ter folgas e nem ser curta demais, de forma a dar o suporte que o pé precisa para permitir à bailarina subir nas pontas.
Fitas e elástico
A sapatilha de ponta precisa de duas fitas de cetim e um elástico para fixá-la ao pé. A maior parte da segurança da sapatilha no pé é dada pelas fitas. As duas fitas devem envolver o tornozelo da bailarina em direções opostas, e as extremidades são presas em um nó. A faixa elástica fica na frente do tornozelo e mantém o calcanhar do sapato no lugar quando a bailarina está na ponta. Algumas escolas não permitem o uso de elásticos.
Os locais onde se fixam os elásticos e fitas são importantíssimos, e o posicionamento ideal depende de cada pé, de forma que não devem vir anexados no processo de fabricação de calçados. Depois de adquirir um novo par de sapatilhas de ponta, o bailarino deve determinar os locais de fixação adequados para as fitas e elásticos e depois costurá-los.
Escolha da sapatilha
As principais características que irão variar de uma sapatilha para a outra são o tamanho do box, a rigidez da palmilha, a altura da gáspea e o tamanho da plataforma.
Vale considerar também que bailarinas experientes utilizam-se de diferentes sapatilhas de acordo com o repertório. Um estilo lírico, mais lento, demanda uma sapatilha mais maleável, enquanto um estilo agressivo e com muitas piruetas é melhor realizado com uma sapatilha mais dura, que suporte melhor o pé.
Rigidez da palmilha
A rigidez é determinada pela estrutura (material de fabricação e espessura) da palmilha.
A sapatilha tem que permitir que você suba na ponta sem tanta dificuldade. Quando já estiver na ponta, é preciso que ela provenha suporte suficiente.
Palmilhas mais reforçadas oferecem maior sustentação ao pé durante a ponta, mas exigem mais força do bailarino para subir na ponta. Bailarinos mais fortes e mais experientes tendem a usar palmilhas mais reforçadas, enquanto bailarinos menos experientes tentem a se beneficiar mais das palmilhas mais flexíveis.
Ao experimentar uma sapatilha, tente fazer um movimento de arco com os pés; é preciso que se consiga realizar o movimento com certa resistência. Caso tenha muita dificuldade para fazer o arco, experimente uma sapatilha mais maleável, e caso tenha muita facilidade, experimente uma mais resistente. Lembre-se de que, com o uso, a palmilha vai sendo quebrada e vai ficando mais mole.
Tamanho do box
Bailarinas com pés planos costumam ter os pés mais estreitos e, desta forma, precisam de sapatilhas com caixa mais estreita; já os pés cavos tendem a ser mais largos e precisam de sapatilhas com a caixa mais larga.
Sapatilhas com box largo em pés finos deixarão os pés folgados dentro dela, sem dar a firmeza necessária para o movimento, podendo causar lesões e deformidades nos dedos. Por outro lado, um box estreito em pés largos aumentará a pressão e o atrito sobre as articulações e musculatura e será causa de dor. Calos e ferimentos nos pés podem ser resultado de ambas as condições.
Altura da gáspea
A altura da gáspea depende de qual a flexibilidade do pé. No linguajar da bailarina, depende de quanto colo a bailarina tem.
Para quem tem muito colo, a gáspea alta é a melhor opção, já que ela ajuda a estabilizar os pés dentro das sapatilhas. Pacientes com pouco colo se beneficiam de uma gáspea mais baixa.
Tamanho da plataforma
A plataforma é o ponto em que a sapatilha se apoia no chão. Basicamente, as plataformas maiores oferecem maior área de apoio e toleram melhor pequenos erros técnicos, de forma que são preferíveis para bailarinas menos experientes.
Bailarinas experientes utilizam-se de diferentes sapatilhas de acordo com o repertório. Um estilo lírico, mais lento, demanda uma sapatilha mais maleável, enquanto um estilo agressivo e com muitas piruetas é melhor realizado com uma sapatilha mais dura, que suporte melhor o pé.
Antes de escolher a sapatilha, coloque ela no pé e fique em primeira posição: observe se seus dedos têm espaço dentro dela tanto na largura como no comprimento. Eles não podem ficar apertados, “encavalados”, nem tocar a ponta da sapatilha na frente.
Ao se apoiar o pé na ponta, deve haver uma sobra de tecido no calcanhar de aproximadamente um dedo (você deve “beliscar” essa sobra para verificar o tamanho dela).
A seguir, tire o calcanhar de dentro da ponta e dobre o tecido da sapatilha para fora: observe se a palmilha acompanha o seu pé. Ela não pode “desviar” nem para dentro, nem para fora, e deve acompanhar perfeitamente a sola do seu pé.
Sapatilhas de meia ponta e pré ponta
As sapatilhas de meia ponta são mais maleáveis do que as sapatilhas de ponta e têm a função apenas de proteger os pés das bailarinas iniciantes, não de dar suporte a ele. São utilizadas quando a bailarina ainda não está realizando exercícios na ponta.
Já as sapatilhas pré-ponta apresentam características intermediárias entre uma sapatilha de meia-ponta e ponta. São mais maleáveis e não são capazes de suportar os pés das bailarinas, mas já apresentam rigidez suficiente para treinar os movimentos e preparar o pé para subir na ponta.
O objetivo é permitir o fortalecimento progressivo antes de subir na ponta e fazer o pé se acostumar com a pressão exercida pelo box.
Quebrando a sapatilha
Todos os calçados novos, seja no ballet ou para o uso cotidiano, são mais duros quando novos e tendem a amolecer e se ajustar aos pés com o uso.
Bailarinas quebram ou amolecem novas sapatilhas de ponta a fim de melhorar a sua forma e eliminar o desconforto. Vários métodos são empregados para isso, como deformá-las contra superfícies duras, golpeá-las com outros objetos, molhar a caixa ou aquecê-las para amolecer a cola. No entanto, estes métodos geralmente encurtam a vida útil da sapatilha. Ao invés disso, uma alternativa mais adequada seria usar a sapatilha nova por pequenos períodos no inicio, até que ela se torne mais confortável e passe a ser usada durante todo o ensaio.
Vida útil
No decorrer do uso normal, há três tipos predominantes de desgaste em uma sapatilha de ponta que irá determinar a sua vida útil:
- Desgaste da palmilha: é o principal fator que limita a vida útil da sapatilha. Com o uso regular, a palmilha amolece e se quebra gradualmente, perdendo a capacidade para sustentar o pé;
- Amolecimento do box: o box deixa de oferecer apoio adequado na parte da frente do pé e não consegue mais suportar o mesmo durante os exercícios de ponta;
- Desgaste do tecido exterior: em casos extremos, a gáspea não mais conseguirá calçar o pé adequadamente, e o mesmo perde seu suporte. Na maioria das vezes, porém, este desgaste não irá influenciar no desempenho da bailarina, que deixa de utilizar a sapatilha devido a sua aparência, ou passa a utilizar a mesma apenas durante os ensaios.
A durabilidade da sapatilha depende de fatores como técnica da dança, peso da bailarina, cuidados da bailarina com seus calçados e utilização de métodos para amolecimento da palmilha, entre outros. Ainda assim, normalmente não ultrapassa 20 a 30 horas de uso (apenas o tempo de utilização das sapatilhas, que não corresponde ao tempo total de ensaios!).
Bailarinos mais experientes exigem mais das sapatilhas e em alguns casos elas não são usadas mais do que em uma ou duas apresentações. Considerando isso, é importante que jovens bailarinos e seus pais entendam que não adianta realizar loucuras e fazer um super investimento em um par de sapatilhas de uma marca mais renomada e depois não ter dinheiro para trocá-las quando for preciso!
Posição en dehors
O uso das pernas na posição “en dehors” é uma característica única do ballet.
A palavra en dehors, de origem francesa, pode ser literalmente traduzida como “para fora”. Basicamente, caracteriza-se por manter os calcanhares, joelhos e coxas virados para fora durante a execução dos exercícios.
Todas as 5 posições básicas do ballet são feitas na posição en dehors. Essa posição deve ser mantida de forma natural, com a rotação centrada especialmente no quadril.
Idealmente, o quadril deve atingir entre 60 ° e 70 ° de rotação. Outros 5 ° são feitos às custas do joelho e os demais 15 a 25 ° no tornozelo, atingindo a tão sonhada posição com 90º de em dehors.
Infelizmente para a maioria das bailarinas, o quadril é uma articulação concebida anatomicamente para prover estabilidade às custas de uma menor mobilidade. A própria estrutura óssea impede uma mobilidade excessiva.
Poucas conseguem de fato essa amplitude de movimento e mesmo no mais alto nível tem bailarina atuando com mobilidade significativamente menor. Mais do que isso, a limitação é mais óssea do que de partes moles (músculos e tendões). Assim sendo, a bailarina pode treinar o tempo que for que isso não irá alterar a anatomia óssea.
O en dehors de 70º em cada membro costuma ser uma meta mais realista. Mas, na tentativa de ganhar um pouco mais de rotação, é comum que bailarinas menos experientes forcem excessivamente os pés para fora, prejudicando a qualidade técnica do movimento e aumentando o risco para lesões.
Forçar os pés excessivamente para fora acaba produzindo efeitos compensatórios a distância, deslocamento anterior do centro de forças do corpo e pode contribuir para lesões tanto locais como a distância.
Entre as lesões que podem estar associadas a uma técnica inadequada no em dehors, é preciso considerar:
- Lesões no pé e tornozelo: associadas à sobrecarga das estruturas da face interna do pé e tornozelo, incluindo a tendinite do tibial posterior, flexor longo do hálux ou mesmo do tendão calcâneo;
- Joelho: maior risco para dor patelofemoral / condromalácia da patela e também para lesões nos meniscos.
- Quadril: ressalto do quadril, dor sobre o psoas e os adutores do quadril;
- Coluna: aumento da lordose na coluna lombar, favorecendo lesões como a espondilolise.
Hipermobilidade
O bailarino é reconhecido por sua “plasticidade” e sua capacidade de colocar os membros em posições inimagináveis para outros mortais. Desde cedo o bailarino está treinando para ganhar um pouco mais de mobilidade em suas articulações. Sem uma boa mobilidade no tornozelo e pé, a bailarina não será capaz de subir na ponta; sem uma boa mobilidade no quadril, o en dehors fica prejudicado. Como não conseguem evoluir tecnicamente no mesmo nível que suas colegas mais flexíveis, algumas jovens bailarinas sentem-se menos atraídas pelo ballet e, por fim, acabam por procurar outras atividades. Podemos dizer assim que existe uma certa “seleção natural” de pessoas com hipermobilidade para a prática do ballet.
O excesso de flexibilidade pode proteger o bailarino de certos tipos de lesões e torná-lo mais vulnerável para outros tipos.
O principal problema do excesso de flexibilidade é o risco de desenvolver instabilidade articular. Até mesmo articulações com significativa contenção óssea, como o quadril, pode sofrer com instabilidade nos bailarinos. A instabilidade pode sobrecarregar os tendões e desencadear tendinopatias e outras lesões traumáticas ou por sobrecarga, que podem envolver ligamentos, cápsula articular, fáscias e a musculatura.
Pacientes com hipermobilidade precisam sempre de um bom trabalho de fortalecimento muscular, para compensar a menor estabilidade provida por cápsula articular e ligamentos. O problema é que existe um mito de que trabalhos de força vão deixar a bailarina musculosa, algo que esteticamente não é desejado pelas bailarinas. Além disso, há o medo de perda da mobilidade.
Exercícios de força podem ou não prover hipertrofia e ganho de massa muscular e pode ou não limitar a mobilidade, a depender de como são feitos. Quando bem prescrito, o trabalho de força não deixará a bailarina com aparência musculosa e nem com perda de mobilidade.
Ballet para homens
A prática de ballet por homens ainda é fonte de muitos tabus e preconceitos. O número de bailarinos homens ainda é bastante limitado, especialmente no nível de formação. A maior parte dos bailarinos iniciou a dança de forma mais tardia quando comparado às mulheres, indo diretamente para um estágio pré-profissional ou profissional.
A falta de bailarinos homens faz também com que eles tenham que desempenhar diferentes funções dentro do elenco e precisem repetir os mesmos exercícios com diversas parceiras, gerando mais sobrecarga.
Da mesma forma, é comum que as escolas ou companhias tenham profissionais muito preparados para instruírem as mulheres, mas com conhecimento limitado em relação às especificidades do bailarino homem.
As exigências do ballet são diferentes entre homens e mulheres. Existem gestos técnicos típicos das mulheres (especialmente os exercícios de ponta), bem como gestos típicos dos homens (portées, saltos mais frequentes e intensos). Devido a estas diferenças, as exigências corporais também são diferentes: o homem realiza muito mais esforço com o tronco e membros superiores quando comparado às mulheres. O impacto das aterrisagens de saltos também preocupa mais. Dessa forma, os bailarinos homens precisam ter um momento específico para o fortalecimento dos grandes grupos musculares dos membros superiores e para a musculatura estabilizadora do tronco.
Todas essas especificidades fazem também com que as lesões mais comuns em bailarinos homens sejam diferentes. Os homens estão mais vulneráveis para lesões musculares, para dor lombar e para problemas nos ombros, quando comparado com mulheres.
Aspectos nutricionais no ballet
Não há bailarino clássico que não tenha sonhado em fazer parte de um grande ballet de repertório: Don Quixote, O lago dos cisnes, Coppelia, O quebra-nozes… Independentemente da peça ou da companhia, o bailarino, de maneira geral, deve se encaixar em três requisitos básicos para conquistar um papel:
- Técnica apurada;
- Interpretação sensível;
- Físico magro.
Desde o sucesso da encenação de La Sylphide, no século XIX, por Marie Taglioni, a personagem Sílfide iniciou o que veio a se tornar a representação do estereótipo da bailarina: magra, longilínea, leve e sem curvas.
Algumas bailarinas passam a restringir o consumo calórico, muitas vezes com técnicas pouco ortodóxicas e sem a adequada orientação profissional. Isso é ainda mais comum em bailarinas jovens, justamente em um momento no qual o corpo mais precisa de energia para se desenvolver.
O controle de peso é fundamental para quem pretende performar no ballet. No entanto, o acompanhamento profissional é fundamental, para que não se ultrapasse os limites em que a perda de peso deixa de ser saudável. A escolha dos alimentos também é importante para evitar eventuais deficiências nutricionais.
Muitas meninas com claro déficit energético não têm a percepção de que isso esteja acontecendo. Pelo contrário, muitas consideram que se alimentam muito bem, levando em conta os tipos de alimento que consomem.
Não existe peso ou composição corporal que possam ser ditas como ideais no ballet. Isso deve ser avaliado em conjunto pela bailarina e por profissionais especializados, seja ele nutricinista, nutrólogo ou médico do esporte.
Além de nocivo, a restrição calórica a qualquer custo é também improdutiva, já que o corpo vai perdendo a força, a energia e a agilidade tão necessárias ao ballet.
Outros problemas de saúde passam a aparecer em decorrência da deficiência energética:
- O sistema imunológico fica deprimido e o paciente passa a adoecer com maior facilidade; quadros como gripes ou resfriados passam a ser mais frequentes e a bailarina sofre mais com eles.
- Os ciclos menstruais ficam irregulares e, em situações extremas, a bailarina pode parar de menstruar;
- A bailarina pode desenvolver osteoporose, que é uma redução na densidade do osso, típico de pessoas idosas e inativas.
- Por conta da osteoporose, podem ocorrer fraturas por estresse, decorrentes de esforços repetitivos em um osso que é mais fraco do que o normal;
- Pode-se desenvolver anemia. Com isso, o paciente sente-se mais fraco, sem energia;
- Dores de cabeça tornam-se mais frequentes e a paciente fica irritada mais facilmente;
- As proteínas dos músculos passam a ser utilizadas como substrato energético para manter as funções do organismo. A perda de musculatura leva à sobrecarga articular, lesões e piora no rendimento dos ensaios.
Todos os achados acima fazem parte de uma condição denominada de Deficiência Energética Relativa no Esporte (REDS).
O REDS pode acometer atletas de diferentes esportes, mas é mais comum em modalidades com maior exigência estética, incluindo o ballet. Ela pode também estar presente em bailarinos homens e mulheres de qualquer idade, embora seja mais comum em meninas jovens.
Além do REDS, bailarinas estão sob risco aumentado para duas outras condições associadas à restrição alimentar combinado com distorções da autoimagem corporal: a bulimia e a anorexia.
- A anorexia é caracterizada pela severa restrição alimentar, levando a um peso corporal significativamente baixo quando considerados os padrões internacionalmente estabelecidos para a idade e a altura.
- Já a bulimia acontece quando há episódios de compulsão alimentar seguidos de ações para expulsão do alimento ingerido, mais notadamente o vômito induzido, o uso de laxantes e até de diuréticos.
Ao desenvolver uma visão distorcida de sua autoimagem corporal, elas se vêm como estando acima do peso e sua autoestima cai ainda mais. E entra então em ciclo de baixa autoestima, autocrítica duríssima, ansiedade, mais empenho no emagrecimento que parece não vir, sentimento de solidão e isolamento, baixa autoestima… e o ciclo se repete, com mais gravidade.
Coluna do bailarino
Dores e lesões na coluna são comuns entre bailarinos, em decorrência da repetição frequente de movimentos de hiperextensão da coluna combinado com uma musculatura paravertebral deficiente.
No caso de bailarinos homens, soma-se a isso os movimentos de carregamento de suas parceiras e os saltos que são mais frequentes e em maior intensidade.
As lesões ocorrem especialmente nas regiões lombar e cervical, que são os segmentos com maior mobilidade na coluna.
A principal causa para a dor é o estiramento ou espasmo muscular decorrentes do esforço excessivo. No entanto, outras possíveis causas devem ser consideradas.
O espasmo muscular geralmente está associado a uma “musculatura dura” e uma dor que não é muito bem localizada, podendo irradiar para a região glútea. Alguns bailarinos apresentam dor intensa mesmo em atividades diárias que não exigem esforço físico; em outros casos, a dor melhora após um tempo de aquecimento, de forma que o bailarino não sinta dor durante a prática do ballet, mas voltando a senti-la após a atividade.
A espondilolise é um tipo de fratura por estresse que acontece no segmento posterior da vértebra em decorrência de movimentos repetitivos de hiperexetensão da coluna, como o jeté, o arabesque ou o grand battment. Essa é a principal causa para dores crônicas na coluna em bailarinos de até 20 anos de idade. Outro fator de risco é o aumento na lordose (curvatura da coluna vertebral).
Ela deve ser considerada especialmente quando a/o bailarina/o apresenta dor com movimentos de hiperextensão descritos acima.
A dor discogênica deve ser considerada principalmente no bailarino mais velho e que apresenta dor para a flexão da coluna (ao amarrar o calçado, por exemplo).
Finalmente, a hérnia de disco / dor ciática deve ser pensada no bailarino que apresenta irradiação da dor para um dos membros inferiores.
Lesões no quadril
O quadril é uma articulação anatomicamente preparada para prover maior estabilidade às custas de uma menor mobilidade. Apesar disso, o bailarino se mostra sempre disposto a desafiar a anatomia e colocar o quadril em posições inimagináveis.
Os anos de treinamento levam a um afrouxamento progressivo dos ligamentos, cápsula articular, tendões e músculos que envolvem o quadril e são capazes de gerar instabilidade mesmo na mais estável das articulações.
Idealmente, o bailarino deve fazer um trabalho contínuo de reforço da musculatura estabilizadora do quadril para compensar o afrouxamento das demais estruturas ao redor da articulação. No entanto, muitos ignoram esta necessidade por medo de que o fortalecimento leve a uma perda de mobilidade e a uma aparência mais musculosa.
O fortalecimento dos diversos grupos musculares que envolvem o quadril é fundamental para o bailarino, não apenas para a prevenção de lesões como para a melhora na performance. Não adianta de nada todo o esforço para melhorar a flexibilidade se os músculos não forem capazes de manter a posição durante os exercícios do ballet, onde a barra não estará lá para ajudar. Mais do que isso, exercícios de força não necessariamente se traduzem em hipertrofia muscular e perda de modalidade, isso depende basicamente das características do treino. O treino de força deve ser específico e direcionado às necessidades individuais do bailarino. Além da mobilidade excessiva e das amplitudes extremas de movimento,
Entre as lesões mais comuns no quadril dos bailarinos incluem-se as lesões do labrum acetabular, o ressalto do quadril e as tendinites. Todas estas lesões são de alguma forma relacionadas à frouxidão ligamentar e ao excesso de mobilidade. característico dos bailarinos.
Lesão do Labrum Acetabular
O labrum acetabular é uma fibrocartilagem situada na periferia da articulação do quadril e que tem papel fundamental para o bom funcionamento da articulação.
Ele é responsável por manter uma pressão negativa dentro da articulação. Quando ocorre a lesão do labrum esta pressão negativa é perdida da mesma forma como ao se abrir pela primeira vez a tampa de um copo de requeijão.
Ao perder a pressão negativa, o paciente pode desenvolver instabilidade no quadril, sendo isso ainda mais significativo em bailarinos devido a frouxidão que já existe na articulação.
Entre os principais sintomas da lesão do labrum acetabular incluem – se:
- Dor na região da virilha, principalmente ao flexionar o quadril;
- Estalos, travamentos ou repuxos na articulação do quadril;
- Diminuição da mobilidade do quadril;
- Sensação de instabilidade no quadril, como se ele fosse “sair do lugar”.
O tratamento cirúrgico pode ser considerado em alguns casos. No entanto, a indicação deve ser feita com muita cautela em bailarinas, uma vez que a instabilidade, comum entre as bailarinas, pode levar a resultados insatisfatórios.
Ressalto femuro-acetabular
O ressalto femuro-acetabular caracteriza-se por um estalido audível no quadril com a realização de alguns movimentos, em especial os movimentos a la seconde (abertura lateral do quadril).
Podem ser divididos em três tipos:
- Ressaltos internos: São os mais frequentes entre os bailarinos, devido ao movimento do tendão do psoas (o músculo que faz a flexão da coxa) sobre a cabeça do fêmur. São percebidos na parte da frente do quadril.
- Ressaltos externos: São os mais comuns na população em geral. Decorrem do movimento da fascia lata (a musculatura lateral da coxa) sobre o trocânter maior (proeminência óssea do fêmur). São percebidos no lado de fota do quadril.
- Ressaltos intraarticulares: Estão associados a problemas como a de labrum ou à presença de um fragmento de cartilagem intra-articular solto.
Esses ressaltos, que eventualmente podem ser reproduzidos propositalmente pelo bailarino, na maioria das vezes não causam dor e não necessitam de tratamento específico. Quando são dolorosos, no entanto, exigem investigação mais detalhada.
Tendinite no quadril
A tendinite pode acometer diferentes tendões no quadril, sendo mais comum no psoas (parte da frente dos quadris) adutores (parte interna) e glúteos (parte lateral e posterior).
Habitualmente o bailarino refere a dor no início do ensaio, seguido por um período de melhora uma vez que ele já esteja aquecido, voltando a ter dor na parte final ou após os ensaios.
O bailarino é bastante vulnerável para as tendinites, em função da instabilidade gerada pela frouxidão de ligamentos e da cápsula articular, o que faz com que ele dependa mais da musculatura para manter a articulação estável. Por outro lado, a fraqueza relativa destas musculaturas, comum principalmente entre as bailarinas mulheres, faz com que os músculos e tendões não sejam capazes de suportar essa maior demanda, gerando sobrecarga, instabilidade e dor.
Joelho do bailarino
A dor no joelho e, mais especificamente, a dor na parte da frente do joelho, é uma das principais queixas que levam pacientes aos consultórios de ortopedia e é também uma das principais queixas entre bailarinos.
Os diagnósticos mais comuns para estas dores são a condromalácia patelar e a tendinite patelar, sendo fundamental a diferenciação entre estas duas condições, uma vez que o tratamento será diferente.
Condromalácia patelar / dor femoropatelar
A condromalácia patelar ou dor femoropatelar decorre do aumento da pressão de contato entre a patela e a tróclea femoral, um sulco onde a patela fica apoiada. A cartilagem da patela pode ou não estar alterada. O paciente tende a ter dor para subir e descer escadas, para fazer agachamentos e para atividades de impacto de forma geral. Durante a prática do ballet, pode dar dor com os exercícios de ponta e também com o grand pliê.
Ela é mais comum em bailarinas jovens e que estão iniciando na ponta, embora possa acometer bailarinas e bailarinos de qualquer idade.
Tendinite patelar
A tendinite patelar provoca uma dor sobre o tendão patelar. Embora possa acometer qualquer segmento do tendão, ela é mais comum no ponto onde o tendão se prende na patela.
Ela está mais relacionada à aterrissagem de saltos, sendo relativamente mais comum em bailarinos homens, já que eles realizam saltos mais frequentes e intensos. Também é mais comum em bailarinos seniors, embora isso não seja uma regra.
Inicialmente a dor acontece no início do ensaio, melhora quando o corpo está aquecido e volta a doer após a atividade. Com a evolução do problema, pode provocar dor durante toda a atividade.
Lesões no pé e tornozelo no ballet
O pé é o principal instrumento de trabalho para os dançarinos, e ao mesmo tempo a origem de muitos pesadelos.
Por baixo das sapatilhas, muitas vezes escondem-se pés marcados por calos, bolhas, unhas encravadas e joanete.
Lesões osteoarticulares são frequentes, e pequenas limitações decorrentes destas lesões podem representar o fim de uma carreira para o bailarino.
Tendinopatia do flexor longo do hálux
A tendinite do flexor longo do hálux raramente é vista em pessoas que não dançam e, mais especificamente, que não dançam na ponta.
O tendão tem a função de movimentar o dedão para baixo quando a pessoa está de pé e é ele que mantém o dedão esticado durante os exercícios de ponta.
A dor é geralmente sentida na parte interna do tornozelo, onde ocorre uma mudança na direção do tendão, e piora ao se forçar o dedão para baixo contra uma resistência externa.
Sapatilhas muito moles, falta de força e mobilidade insuficiente no tornozelo para a realização de exercícios de ponta predispõem os bailarinos a este tipo de tendinite, ainda que o excesso de treinos na ponta pode por si só ser o único fator envolvido.
Joanete (hálux valgo)
As joanetes caracterizam-se por uma deformidade na qual o dedão entorta para o lado de dentro do pé, em direção aos dedos menores. São frequentes no mundo moderno, tendo como principal vilão o uso de calçados inadequados com salto alto e bico fino.
O balé, por concentrar todo o peso do corpo sobre os dedos, também predispõe ao desenvolvimento da joanete. Sapatilhas inadequadas e que não sustentam o pé adequadamente contribuem para isso.
Além de ser um problema estético, acaba por aumentar a pressão sobre a sapatilha ou sobre os calçados usados fora da dança, além de levar a uma distribuição inadequada do peso na parte da frente do pé, causando dor.
A dor pode ser aliviada com o uso de espaçadores e protetores específicos, ainda que estes não evitem a progressão da deformidade.
O tratamento cirúrgico pode eventualmente ser indicado para a correção da deformidade, mas deve ser evitado enquanto o bailarino continuar a fazer exercícios de ponta ou meia ponta, uma vez que a cirurgia pode levar a certa limitação na mobilidade do dedão e a deformidade tende a voltar no caso da continuidade da ponta.
Impacto posterior do tornozelo
O impacto posterior do tornozelo caracteriza-se pelo impacto que ocorre entre a parte posterior da tíbia (osso da perna) e o calcâneo (osso do calcanhar), com o pinçamento de estruturas como a cápsula articular entre eles.
Em aproximadamente 7% da população pode-se observar a presença de um osso acessório na parte de trás do tornozelo denominado de Os Trigonum.
Na maioria das pessoas o os trigonum não trás nenhum problema. Nos bailarinos que dançam na ponta, no entanto, ele pode favorecer o desenvolvimento do impacto Posterior do Tornozelo, devido aos extremos de movimentos a que o pé é submetido durante estes exercícios.
Tendinite de Aquiles (tendinite calcânea)
A tendinite calcânea caracteriza-se pela dor proveniente do tendão calcâneo, também conhecido como Tendão de Aquiles.
O tendão localiza-se na parte posterior do calcanhar e liga a musculatura da panturrilha ao osso calcâneo, que é o osso do calcanhar.
Ocorre frequentemente em atletas que realizam atividades de impacto, como os bailarinos.
Os exercícios de ponta levam a uma sobrecarga extra sobre o tendão uma vez que não permitem o amortecimento adequado na aterrissagem dos saltos. Bailarinos homens, em função da maior quantidade e intensidade dos saltos, estão mais vulneráveis para a tendinite calcânea.
Além de uma musculatura da panturrilha fraca, outros fatores que contribuem para o desenvolvimento da tendinite calcânea são o encurtamento muscular e o uso de calçados inadequados dentro e fora da dança.
Fraturas por estresse
Fraturas por estresse ou por fadiga são micro-fraturas que resultam da repetição de forças que, isoladamente, não seriam capazes de ocasionar a fratura.
Elas acontecem geralmente após uma intensificação ou mudança na rotina dos ensaios, podendo acometer os diferentes ossos do pé.
Além do aumento na carga de ensaios, bailarinas muitas vezes desenvolvem um quadro de Deficiência Energética Relativa no Esporte (REDS). O REDS é um fator de risco para fraturas por estresse e deve ser pesquisado em toda bailarina com esse tipo de lesão.
Entorse do tornozelo
A entorse do tornozelo é a lesão traumática mais comum em bailarinos, geralmente em decorrência da aterrissagem mal executada de um salto.
A gravidade dessas entorses podem variar bastante de acordo com qual ligamento foi acometido e se ocorreu apenas uma distensão do ligamento, uma rotura parcial ou uma rotura completa.