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Alterações da marcha no idoso

O que são as alterações da marcha no idoso?

As alterações da marcha no idoso se referem a qualquer mudança na velocidade, no movimento, na simetria e no equilíbrio do movimento ao caminhar. À medida em que as pessoas envelhecem, certas mudanças no padrão de caminhada são esperadas.

Em outros casos, as alterações devem ser consideradas anormais e podem estar associadas a problemas neurológicos, problemas ortopédicos ou outros.

O Médico neurologista ou o geriatra é habitualmente o primeiro profissional a avaliar um paciente em decorrência de disfunções da marcha.

Alterações normais na marcha do idoso

Velocidade da marcha

A velocidade de caminhada no idoso é uma parte normal do processo de envelhecimento.

No entanto, ela é também um importante fator prognóstico. Independentemente de outros problemas, idosos que caminham de forma mais lenta tendem a morrer de forma mais precoce do que aqueles que têm uma caminhada mais rápida (1).

O principal motivo para a redução na velocidade de caminhada dos idosos é a redução no tamanho dos passos. O principal motivo para isso é a fraqueza na musculatura da panturrilha, embora ela pode também estar associada a problemas articulares.

Cadência da marcha

A cadência da marcha se refere ao número de passos que uma pessoa dá em um minuto.

Como regra geral, a cadência não diminui com a idade. Pessoas mais altas tendem a dar passos maiores em uma cadência menor. Já as pessoas mais baixas têm uma tendência de dar passos mais curtos com uma cadência maior.

Tempo de apoio duplo

O apoio duplo se refere à parte da passada no qual uma pessoa está com os dois pés apoiados no chão.

Esta posição oferece uma maior estabilidade para as pessoas. Assim, à medida em que se envelhece, a tendência é passar mais tempo em apoio duplo e um menor tempo durante a fase de balanço, com apoio único.

Os idosos tendem a aumentar ainda mais o tempo gasto em apoio duplo ao caminhar sobre superfícies irregulares ou escorregadias, devido ao receio de cair.

Postura da marcha

Pessoas idosas tendem a caminhar em uma posição ereta, sem inclinar o corpo para a frente.

É comum também que as pessoas idosas andem com o pé apontando ligeiramente mais para fora, já que esta posição provê uma maior estabilidade.

Alterações anormais na marcha no idoso

Diferentes condições podem levar a uma alteração anormal da marcha no idoso. Isso inclui especialmente problemas ortopédicos ou neurológicos.

Marcha assimétrica

Idosos saudáveis devem caminhar de forma simétrica. Isso significa que o lado direito do corpo se move da mesma forma que o lado esquerdo.

Problemas ortopédicos, como dor ou uma limitação na mobilidade de um dos quadris, joelho ou tornozelo, costumam ser facilmente percebidas durante uma avaliação médica.

Na ausência de uma causa mais aparente, é preciso considera os diferentes tipos de distúrbios que podem afetar o cérebro do idoso. Certos tipos de medicamentos também podem estar envolvidos com isso.

Dificuldade para iniciar ou continuar a caminhada

Pessoas idosas podem ter dificuldade para iniciar ou continuar uma caminhada.

Isso pode estar associado a diferentes distúrbios que afetam o movimento, como a Doença de Parkinson.

Também não é normal que a pessoa ande arrastando os pés ou levantando excessivamente os pés.

Retropulsão

A retropulsão se refere a uma pessoa que dá passos para trás ao tentar iniciar a caminhada.

Ela pode estar associada a problemas nos lobos frontais do cérebro, Doença de Parkinson, sífilis ou sequela de Acidente Vascular Cerebral, entre outros problemas.

Pé pendente

A marcha com pé pendente acontece quando uma pessoa mantém o pé apontando para baixo durante a fase de balanço da marcha.

Ela pode acontecer em decorrência de fraqueza ou paralisia dos músculos que levantam o pé, especialmente o Tibial Anterior.

Para evitar que as pontas dos pés batam no chão, a pessoa tende a levantar mais a perna durante a fase de balanço.

Passada curta

A passada curta pode ser causada pelo medo de cair. Entretanto, ela também pode estar associada a um problema nervoso ou muscular.

Quando apenas um dos lados do corpo está acometido, o problema geralmente está na perna que tem a passada mais longa. A pessoa usa uma passada mais curta como forma de proteger o lado oposto, que está afetado.

Circundução

A circundução se refere a um movimento em arco da perna durante uma passada. Ela geralmente acontece em decorrência de uma fraqueza na musculatura pélvica ou de uma dificuldade para dobrar o joelho.

Para evitar que o pé bata no chão com o joelho esticado, ela afasta o membro do eixo normal de movimento, fazendo a circundução.

Festinação

Festinação é um aumento progressivo da velocidade dos passos, geralmente acompanhada de uma inclinação do corpo para a frente.

As pessoas tendem a fazer isso para evitar de cair para frente.

Ela pode ocorrer em pessoas com certos problemas neurológicos, como a Doença de Parkinson.

Diagnóstico dos distúrbios da marcha em idosos

O diagnóstico dos distúrbios da marcha em idosos se inicia com uma história clínica detalhada, exame ortopédico e exame neurológico.

No exame ortopédico, avalia-se a mobilidade das articulações, dor e sinais sugestivos de alguma lesão que possa comprometer o movimento.

No exame neurológico, avalia-se a sensibilidade, força muscular, reflexos, contraturas musculares e a presença de movimentos involuntários.

Por fim, busca-se evidenciar outros sinais e sintomas das doenças que causam distúrbios do movimento.

Outros exames, especialmente os exames de imagem, poderão ser solicitados para a investigação da causa do problema.

Tratamento

O tratamento depende da causa do problema e das limitações observadas pelo paciente. Quando possível, a causa do distúrbio de marcha deve ser tratada.

Caso isso não seja possível, medidas de suporte poderão ser oferecidas, especialmente os dispositivos para marcha (bengala, muletas ou andadores).

A fisioterapia tem por objetivo potencializar ao máximo a força e a mobilidade nas articulações.

Em casos mais graves, a Terapia Ocupacional pode sugerir adaptações na residência ou no meio do paciente para que ele supere mais facilmente suas limitações.