Abordagem psicológica da criança autista
Abordagem psicológica da criança autista
A abordagem psicológica da criança autista, dentro da família, pode ser complexa para algumas pessoas. Afinal, desde o momento em que o diagnóstico do Autismo é feito, os pais e demais familiares podem se sentir “perdidos” diante da situação.
Por isso, buscamos reunir informações que possam servir de reflexão e orientação nessas situações. Além disso, lembre-se de buscar auxílio psicológico com um profissional qualificado, visando receber orientações e direcionamentos que sejam mais alinhados com a singularidade do caso da sua família.
Vamos juntos?
Aspectos psicológicos dos pais de uma criança autista
Antes de apontarmos algumas orientações pertinentes sobre a abordagem psicológica da criança autista, vamos também refletir sobre os aspectos psicológicos dos pais frente ao diagnóstico.
Afinal, sabemos que ninguém espera que um filho saia do neurologista ou do neuropediatra com um diagnóstico, não é mesmo? Porém, a realidade é, muitas vezes, diferente daquilo que idealizamos.
Isso quer dizer que, em algumas situações, estaremos diante de acontecimentos inesperados, como a concretização de que um filho é autista.
A busca pela orientação e acompanhamento psicológico também é fundamental. Tanto os pais, quanto a própria criança, podem vivenciar momentos de ricas descobertas dentro do âmbito psicoterapêutico.
As emoções poderão ser ouvidas e elaboradas; as angústias descarregadas e compreendidas; os medos acolhidos; e assim por diante.
Os pais terão um espaço para desabafar, sem julgamentos, e ainda poderão receber orientações valiosas para lidar com as crises e com as situações adversas provenientes do autismo.
1. O luto pela “perda” da criança idealizada
Um primeiro ponto que costuma ser atravessado, dentro das famílias, é o luto pela “perda” da criança idealizada. Isto é, durante a gestação e mesmo durante os primeiros meses e anos de vida da criança, a família cria, em seu imaginário, a imagem de um ser idealizado. Ela imagina como a criança será, quais serão os traços da sua personalidade, quais serão as suas qualidades, e assim por diante.
Normalmente, os pais têm dificuldades de imaginar e aceitar o fato de que a criança não será “perfeita” como eles imaginaram durante todo o período gravídico puerperal.
Assim sendo, quando o diagnóstico chega, aquela criança “impecável” e baseada na imaginação, deixa de existir, dando espaço para uma real, com qualidades e defeitos.
Essa “perda” do que foi imaginado pode gerar efeitos semelhantes ao de um luto. Agora, meu filho possui um diagnóstico e não é mais como eu imaginei que seria.
Isso não quer dizer que os pais sejam ruins. Isso apenas retrata o que fazemos de forma automática: idealizamos as coisas que ainda não aconteceram. E quando elas acontecem, podemos nos frustrar por não ser exatamente como imaginamos.
2. Ressignificação da interação com o filho
Os pais precisam vivenciar uma ressignificação da sua própria relação com os filhos. Isto é, as interações acontecem de maneiras diferentes a partir de agora, uma vez que a sociabilidade da criança autista apresenta características específicas.
Esse processo pode ser mais prolongado ou mais curto, à medida que os pais vão aprendendo a lidar com a criança, entendendo-a e conhecendo-a.
3. Dificuldades para manejar crises
Ao menos no início, os pais podem sofrer com dificuldades para manejar crises. No entanto, é válido ter em mente que ambos os lados estão se adaptando, conhecendo-se e aprendendo a lidar com as situações cotidianas.
Tanto os pais, quanto a própria criança, precisam aprender a lidar com as crises, construindo um repertório de atuação próprio. Isto é, ambos precisam aprender a lidar com a situação, criando verdadeiros “métodos” para atravessar os momentos difíceis.
À medida que o tempo passa, os pais poderão conhecer melhor o seu próprio filho, e por meio da orientação psicológica, feita por um profissional qualificado, os pais também poderão aprender um pouco mais sobre as medidas que surtem efeito no manejo das crises.
4. Medo com relação ao futuro do filho
O medo com relação ao futuro do filho também costuma ser bem evidente. Como o filho irá lidar com o mundo? Como serão suas relações? E quando eu não estiver por perto?
Essas são algumas das dúvidas que podem surgir nesse momento. Porém, é importante ter em mente que o filho, assim como os pais, terão uma trajetória de aprendizagem como em qualquer outra dinâmica familiar.
Todos estarão aprendendo a lidar com o mundo, com as relações e com a ausência um do outro. O processo, que pode ser potencializado com o acompanhamento de uma equipe multidisciplinar, consiste em uma verdadeira “escadinha”.
Isso quer dizer que não é porque o seu filho tem autismo que a vida dele está fadada ao fracasso. Hoje, existem muitos tratamentos e medidas que podem auxiliar na sociabilidade e no desenvolvimento de crianças e adolescentes autistas.
Há perspectivas para o futuro, que vão sendo elaboradas e desenvolvidas à medida que a família e a criança vão descobrindo novas nuances da situação. Não pense que tudo está perdido.
5. Ansiedade e angústia frente ao diagnóstico
Sem dúvidas, as sensações de ansiedade e angústia também tendem a aparecer diante do diagnóstico. E isso não está associado apenas aos casos de autismo. Qualquer diagnóstico que implique na vida do sujeito pode resultar em efeitos semelhantes a esses.
Afinal, a família precisa assimilar o que está acontecendo. Muitas vezes, sequer tem ideia do que é um quadro de autismo, e pode ter muitos paradigmas dentro de si que tornam o diagnóstico um verdadeiro “monstro”, quando na realidade, não é exatamente assim.
Por isso, buscar orientação profissional para conhecer um pouco mais sobre essa realidade é muito importante para atravessar o período de aceitação do diagnóstico com mais tranquilidade.
6. Quadros de depressão
Alguns pais podem vir a desenvolver quadros de depressão, especialmente quando não acompanhados por profissionais qualificados.
Isso porque o diagnóstico pode ter um peso significativo na vida desses pais, que tentam lidar com a situação da melhor forma possível. Porém, a dificuldade para elaborar a situação e, muitas vezes, a falta de apoio e suporte das pessoas que estão perto dessa família, pode resultar em impactos na saúde mental.
Portanto, a busca pelo apoio psicológico e a criação de uma rede de apoio efetiva são ações que podem fazer a diferença.
7. Sentimento de culpa vivido pelos pais
Infelizmente, ainda vemos a propagação de muitas informações mentirosas, que associam os casos de autismo com a culpabilização dos pais. No âmbito religioso, podem ainda comparar o quadro clínico como um episódio de “possessão” ou “de falta de Deus”.
Esses cenários podem pesar sobre a vida da família como um todo. Os pais, que acreditam ser um dos maiores culpados, podem se sentir devastados. Os filhos, passam a ser vistos como pesos, como “enfraquecidos”, ou “distantes de Deus”.
Toda essa visão gera sofrimento e é baseada em inverdades. Os pais não têm culpa pelo diagnóstico de autismo e a situação nada tem a ver com questões de problemas com Deus ou afastamento da religiosidade.
O autismo é um quadro crônico que é desenvolvido por meio de uma variedade de fatores, incluindo questões genéticas. Portanto, não há culpado!
8. Buscar aprender mais sobre autismo
A busca pelo conhecimento é uma peça-chave frente ao diagnóstico. Como vimos, no decorrer deste texto, muitos tabus e informações falsas são propagadas, especialmente na internet. Por isso, buscar munir-se de informações fornecidas por canais de comunicação sérios é muito importante.
Desse modo, os pais têm a chance de conhecer as verdadeiras singularidades dos casos de autismo, ao mesmo tempo em que conhecem o filho e as subjetividades dele.
Esse conhecimento pode trazer mais segurança no manejo das situações cotidianas.
9. Compreender a singularidade do filho autista
Os pais precisam compreender que o filho autista é único e, como tal, possui características que o diferencia dos demais autistas. Ou seja, não podemos colocar todas as crianças autistas em um mesmo “barco”. Cada uma possui uma história, sonhos, medos, felicidades, alegrias, dificuldades, etc.
Entender esse ponto pode ajudá-lo na hora de conhecer mais profundamente o seu filho, visando oferecer a ele um acolhimento da sua real identidade e maneira de ser.
Portanto, enxergue o seu filho como único, não como um autista, apenas. Isto é, cuidado com os rótulos – enxergue além deles -.
10. Criar um ambiente adequado
O lar pode ser um ambiente acolhedor para as emoções dos pais e da criança. Sendo assim, oferecer um suporte para os momentos em que as explosões de emoções aparecem é muito importante.
Isto é, não castigue e nem negligencie as emoções do seu filho. Se ele parece irritado com uma mudança na rotina, acolha-o. Dê espaço para que ele expresse o que sente, entenda-o e busque apoiá-lo.
Essa postura é valiosa para evitar que a criança se sinta em um “beco sem saída”, onde há emoções intensas dentro de si, mas que não podem ser postas para fora pois ninguém as ouve.
Além disso, crie um ambiente, fisicamente falando, que seja adequado e menos estimulante. Cuidado com os excessos de ruídos, cores, interações sociais, etc. A criança pode se sentir angustiada em um ambiente com tantos estímulos, e ela merece um espaço tranquilo e acolhedor em casa.
11. Não comparar o filho ou a estrutura familiar
Jamais compare o seu filho ou a sua família às outras crianças ou famílias. Lembre-se de que cada dinâmica familiar é única, e nem tudo é o que parece ser.
Isto é, se você vê fotografias e divulgações de “famílias perfeitas” na internet, por exemplo, lembre-se de que isso não necessariamente é real.
Na internet nós conseguimos montar um perfil que demonstra perfeição. Podemos criar enredos, acontecimentos e momentos que dão a entender que somos os seres mais felizes do mundo. Mas nem por isso nós realmente somos!
Todos têm problemas. Todos choram. Todo mundo precisa lidar com as adversidades da vida. Uns mais, outros menos. Mas a perfeição não existe.
Além disso, cada indivíduo e cada família têm uma história singular e única, impossível de ser comparada. Não podemos comparar o incomparável. Então não olhe para o lado como se “a grama do vizinho fosse mais verde”, pois isso é, na prática, uma verdadeira ilusão.
12. Compreender os limites da situação
Tudo nesta vida apresenta limites, forças e fraquezas. Em uma construção familiar, não é diferente. E em especial no caso de diagnósticos de autismo, essa questão deve ser ainda mais considerada.
Afinal, o seu filho pode apresentar limites em algumas situações sociais. Você pode ter limites com relação à sua atuação frente às crises do seu filho. Algumas dificuldades podem criar limites para a interação familiar. E tudo bem.
Os limites existem em todas as esferas de nossas vidas, e eles não nos fazem fracos. Nos fazem humanos.
Compreender isso é uma forma de impedir a sobrecarga de tarefas e a sobrecarga emocional. Não pense que você não tem feito o bastante. Pense que você faz o possível, dentro de limites humanos propostos pela situação. Respeite-se!
13. Redirecionar a atenção em momentos de crises
Quando o seu filho estiver vivenciando alguma crise, considere redirecionar a atenção do pequeno para outra atividade. Tente mostrar a ele novas circunstâncias, deixando de lado o gatilho que levou à crise, pelo menos inicialmente.
Se a criança está em crise por estar em um ambiente cheio de pessoas, tente fazê-la centrar a atenção em algo pequeno, como o espaço dentro de um abraço ou em um cantinho no ambiente.
Aos poucos você encontrará estratégias que podem ajudar a acalmar o seu filho, usando o método de redirecionar a atenção para outros gatilhos. Inclusive, a orientação psicológica pode ajudar nesse sentido.
Portanto, para fecharmos este ponto, considere as premissas de:
- Analisar o que aconteceu antes da crise: o que pode ter gerado? Qual o gatilho?
- Identificar a ação do seu filho: qual reação ele apresentou diante do ocorrido? Foi desproporcional?
- Qual foi a consequência da ação? Como a criança está?
- Como é possível redirecionar a atenção, mudando o gatilho?
- Como é possível criar uma atmosfera mais calma para a criança?
- É possível oferecer um suporte positivo? Desvinculando-a dos sentimentos negativos?
- É possível evitar o gatilho no futuro?
- Ou ainda, é possível expor a criança, de forma segura e gradativa, ao gatilho, para ela ir se adaptando aos poucos?
Esses questionamentos podem ajudar em algumas situações. Mas sempre analise o caso de forma singular.
14. Deixar claro o que a criança deve fazer
Deixe claro o que você espera que a criança faça. Os pais precisam orientar o filho autista de uma maneira clara e bem descrita, para que a criança sinta confiança na própria atuação que tomará a seguir.
Às vezes, os pais apenas dizem o que a criança não deve fazer, dizendo que tal comportamento é inadequado. Porém, é interessante dizer o que deve ser feito em detrimento dos comportamentos inadequados. Lembre-se de que a criança está aprendendo!
15. Use o cronômetro em algumas atividades
Se a criança estiver muito entretida com algo que gosta bastante, considere combinar com ela um tempo para essa atividade. Você pode usar um cronômetro que limite o tempo de dedicação àquela atividade, além de antecipar o que será feito em seguida, quando o tempo passar: ir à escola, ir à igreja, etc.
Assim, a criança poderá organizar a sua atividade dentro do tempo estipulado, diminuindo os protestos e as “birras” ao ser encerrado o hobby.
16. Comunicar-se assertivamente com o filho e ter uma rotina
A comunicação também tem um papel importante. A orientação dos pais para com seus filhos deve ser assertiva e clara, sempre adequando a linguagem à faixa etária do filho.
Isto é, evite confrontar e criar “brigas”. Tente sempre trabalhar a empatia, ouvindo o seu filho, acalmando-o e fazendo entender, dentro dos limites pessoais, quais ações são mais ou menos positivas.
Ajude-o a montar uma rotina, com figuras, por exemplo, para que ele possa ter a sensação de que possui um maior controle do que está acontecendo. Converse com ele sobre o que a criança espera do seu dia a dia, da sua própria rotina. Não monte uma rotina nem faça mudanças de “rota” sem comunicá-lo.
Tudo isso, feito com amor e respeito acima de tudo, pode ajudar o autista a se sentir mais seguro e tranquilo no ambiente em que está.
Em casos de mudanças de rotina, converse com seu filho de forma calma e tranquila. Comunique-o sobre as mudanças, antecipando o que vai acontecer, e os motivos delas, além de apontar quando será possível retornar à rotina antiga. Essas ações podem tranquilizá-lo frente ao inesperado.
Obviamente, todas essas dicas são apenas uma pincelada da atuação dos pais diante de uma criança autista. Lembre-se de que o acompanhamento profissional é indispensável e não deve ser descartado.
Assim, ao unir uma comunicação assertiva, amor, carinho, cuidado, informação e psicoterapia, há ainda mais possibilidades de se construir uma atmosfera mais saudável no lar.
Terapia ABA
O que é a Ciência Análise do Comportamento Aplicado – ABA?
A Análise do Comportamento Aplicada (ABA, do inglês Applied Behavior Analysis) é uma ciência que busca analisar e explicar a interação entre o ambiente, o comportamento e a aprendizagem.
A terapia ABA envolve um conjunto de diferentes formas de intervenções que estão baseadas nos princípios da ciência ABA. Entre essas formas de intervenção ABA podemos citar o Discrete Trial Training (DTT) e o Denver, entre muitas outras.
Embora a Terapia ABA possa ser utilizada para outros tipos de transtornos do neurodesenvolvimento, o método consagrou-se como a principal forma de abordagem para o tratamento de pessoas no espectro autista, sejam elas crianças ou adultos.
Inclusive essa é a ciência da aprendizagem recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para pessoas com desenvolvimento atípico, especialmente o autismo.
Sendo a ABA um método científico, tudo que é sugerido dentro das intervenções foi submetido a testes empíricos e é fruto de pesquisa científica, com rigor metodológico.
Como é feita a Terapia ABA?
As intervenções baseadas em ABA são divididas em algumas etapas. São elas:
- Anamnese;
- Avaliação comportamental
- Definição de objetivos
- Plano de intervenção
- Implementação
- Revisão contínuada
Anamnese
A anamnese é uma entrevista que o profissional faz com a criança e a família, buscando entender a condição da criança. Ela é que irá direcionar as avaliações subsequentes.
Avaliação comportamental
A Terapia baseada ABA começa com uma avaliação completa do comportamento da criança.
A avaliação pode incluir habilidades sociais, linguagem, brincadeiras, autocuidado, habilidades acadêmicas.
Nessa avaliação, busca-se identificar duas coisas:
- Comportamentos em excesso: tudo aquilo que prejudica o indivíduo. Isso inclui comportamentos de crises e também aqueles que colocam em risco a integridade física, como agressão e autoagressão.
- Comportamentos em Déficit: aqueles que deveriam estar presentes, mas não estão.
O terapeuta deve investigar aquilo que acontece antes e depois do comportamento ocorrer para identificar os eventos antecedentes e consequentes. Isso ajuda a desenvolver estratégias para reduzir comportamentos desafiadores.
Diante das respostas apresentadas e interpretadas de acordo com a realidade do pequeno, o terapeuta identifica as áreas que precisam ser estimuladas ou coibidas.
Definição de objetivos
Após a avaliação da criança, é preciso que sejam definidos os objetivos de uma intervenção.
Habitualmente, uma série de comportamentos em excesso ou em déficit são identificados. Infelizmente, querer trabalhar todas essas necessidades de uma só vez é infrutífero e levará à frustração da criança, da família e do terapeuta.
Assim, é fundamental que sejam estabelecidas as prioridades. A prioridade será sempre a abordagem dos comportamentos em excesso ou em déficit que tragam um maior prejuízo para o indivíduo
Esses objetivos devem ser claros e mensuráveis.
Um exemplo de objetivo claro e mensurável seria “sustentar o olhar por dois segundos ao ser chamado por pelo menos 3 pessoas diferentes em um mesmo dia”.
Já um exemplo de um objetivo vago, que não é adequado na intervenção baseada em ABA, seria algo como “desenvolver as habilidades sociais”. Isso porque esse não é um objetivo mensurável, não se tem como dizer se ele foi atingido ou não de uma forma objetiva.
Plano de Intervenção
A partir da definição dos objetivos, é feito um plano de intervenção. Esse plano, da mesma forma, precisa ser claro e objetivo.
A ABA utiliza técnicas de reforço positivo para o desenvolvimento de comportamentos desejados. Quando uma criança realiza uma ação desejada, ela é recompensada com algo que valoriza, como elogios, brinquedos ou atividades favoritas.
Faz parte também do plano de intervenção a criação de uma folha de registros.
Toda tentativa de intervenção deve ser anotada em uma folha de registro. Nessa folha, deve ser anotado se o objetivo foi atingido, bem como se a criança precisou de ajuda para atingir o objetivo.
Implementação
A intervenção comportamental é feita um-a-um, ou seja, um terapeuta para uma criança.
Após a definição de um plano terapêutico, o terapeuta especializado em ABA e que está responsável pelo tratamento treina outras pessoas envolvidas para que possam implementar o plano que foi desenvolvido. Essa pessoa pode ser pai, mãe, outros familiares, o acompanhante terapêutico na escola ou mesmo um terapeuta menos capacitado.
Revisão contínua
De tempos em tempos (habitualmente uma vez por semana) é feita uma avaliação da folha de registro pelo terapeuta especializado em ABA.
A partir disso, o plano terapêutico será revisado. Eventualmente, novas intervenções podem ser incluídas e outras podem ser colocadas em uma etapa de “manutenção”.
Modelo Denver de Intervenção Precoce
O que é o Modelo Denver de Intervenção Precoce?
O Modelo Denver é uma terapia comportamental desenvolvida para crianças entre 12 e 48 meses de idade que tenham diagnóstico ou suspeita do Transtorno do Espectro Autista (TEA).
Ele é baseado nos princípios da Análise do Comportamento Aplicado (ABA). Isso significa que o Denver é baseado em evidências científicas e que existem diferentes estudos que comprovam a eficiência de cada tipo de intervenção por ele proposto.
Nesse modelo, a criança é incentivada a aprimorar habilidades linguísticas, sociais e cognitivas por meio de brincadeiras naturais e atividades cotidianas.
Tanto crianças que têm desafios de aprendizagem significativos como aquelas com menores dificuldades de aprendizagem podem beneficiar do Denver.
O Modelo Denver pode ser usado em muitos ambientes, inclusive em casa, em uma clínica ou na escola. Nas clínicas é fornecida em ambientes de grupo e também de forma individualizada.
O envolvimento dos pais é uma parte fundamental do programa Denver. Os terapeutas devem explicar e modelar as estratégias que utilizam para que as famílias possam praticá-las em casa.
Quais profissionais atuam com o Modelo Denver?
O Early start Denver Model é uma marca registrada e que exige certificação específica do profissional para que possa aplicá-lo.
Profissionais de diferentes áreas podem ser treinados e registrados para aplicar o Denver, incluindo:
- Psicólogo;
- Terapeuta ocupacional;
- Fonoaudiólogo;
- Pdediatras / neuropediatras / Pediatras do desenvolvimento.
Como é feita a Terapia Denver?
O Método Denver envolve um protocolo de diferentes tipos de abordagens com a intenção de estimular a interação social e ajudar no desenvolvimento de pessoas autistas.
Ele busca explorar os interesses naturais da criança para potencializar sua aprendizagem, moldando as atividades cotidianas entre a criança e seus cuidadores.
Assim, as intervenções que ocorrem de acordo com a motivação da criança, adolescente ou adulto no espectro. Isso significa que a equipe vai buscar o aprendizado por meio de atividades que são reforçadoras para esses indivíduos.
O passo a passo das interevenções em Denver incluem:
- Observação: a intervenção começa com a observação do indivíduo em seu próprio contexto, sem que se busque impor a ela uma atividade. Para isso, o terapeuta deve acompanhar a rotina e atividades recorrentes para entender onde existem dificuldades, quais habilidades já foram adquiridas e quais precisam ser reforçadas.
- Registro: enquanto observa, o terapeuta identifica as diferentes possibilidades de aprendizagem e desenvolvimento para o indivíduo;
- A partir desses registros, é feito o Planejamento e início da intervenção. O indivíduo começa a aprender novas habilidades a partir de suas atividades corriqueiras.
Os principais objetivos das intervenções no Denver incluem:
- Foco no envolvimento interpessoal;
- Desenvolvimento da imitação fluente, recíproca e espontânea de gestos, movimentos e expressões faciais e uso de objetos;
- Ênfase no desenvolvimento da comunicação verbal e não verbal;
- Foco nos aspectos cognitivos da brincadeira realizada em rotinas de brincadeira diádica;
- Parceria com os pais.
Referências
GAIATO, M.; TEIXEIRA, G. O reizinho autista: guia para lidar com comportamentos difíceis. São Paulo : nVersos, 2018.