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Hepatite B

O que é a Hepatite B?

A hepatite B é uma infecção do fígado causada pelo vírus da hepatite B. 

Muitas pessoas se curam após a infecção. Entretanto, muitas outras se tornam cronicamente infectadas.

O risco de infecção crônica varia de acordo com a idade em que ocorreu a infecção (1).

Ela se desenvolve em:

  • 90% dos bebês;
  • 25% a 50% das crianças de 1 a 5 anos;
  • 5% dos adultos.

A infecção crônica se desenvolve por muito tempo sem que o paciente tenha qualquer queixa, até que apareçam as complicações.

Entre as principais complicações, incluem-se o câncer, Cirrose Hepática ou a Insuficiência Hepática.

A hepatite B pode ser prevenida por meio de vacina. Entretanto, para aqueles que já contraíram a infecção, não existe como se curar.

Como ocorre a transmissão?

A transmissão ocorre através do sangue, sêmen ou outros fluidos corporais. 

Entre as formas mais comuns de isso acontecer incluem-se:

Parto

Mulheres grávidas infectadas podem transmitir o vírus para seus bebês durante o parto. Quando a infecção é conhecida, a vacinação do recém nascido pode evitar a maior parte das transmissões. Por este motivo, toda mulher grávida deve fazer o teste da Hepatite B durante o pré-natal.

Contato sexual

O vírus pode ser contraído por meio da relação sexual desprotegida com uma pessoa infectada. O vírus pode ser transmitido através do sangue, saliva, sêmen ou secreções vaginais;

Agulhas contaminadas

A transmissão por meio de seringas contaminadas pode acontecer através do compartilhamento de seringas por usuários de droga ou por acidentes de trabalho por profissionais de saúde. 

Sintomas na fase aguda

Na fase aguda, os sinais e sintomas podem ser ausentes, leves ou graves.

Quando presentes, eles geralmente aparecem cerca de um a quatro meses após a infecção.

Entre eles, incluem-se:

  • Dor abdominal;
  • Perda de apetite, náusea e vomito;
  • Fraqueza e fadiga;
  • Urina escura;
  • Febre;
  • Dor nas articulações;
  • Pele e olhos amarelados (icterícia).

Complicações da Hepatite B crônica

Entre as principais complicações, incluem-se:

Cirrose Hepática

A inflamação crônica do fígado pode levar à substituição do tecido hepático normal por tecido cicatricial (fibrose), condição essa chamada de Cirrose Hepática.

A cirrose, por sua vez, pode evoluir com aumento na resistência à circulação do sangue (Hipertensão portal) e perda da função hepática (Insuficiência Hepática).

A progressão para cirrose em pessoas infectadas com hepatite B está fortemente correlacionada com o nível de vírus circulante (carga viral). Segundo um estudo com 11 anos de acompanhamento, esta evolução ocorreu em 4,5% dos pacientes com baixa carga viral e em 36% dos pacientes com alta carga viral (2) .

Câncer de fígado

Pessoas com infecção crônica por hepatite B têm um risco de 25% a 40% de desenvolver câncer de fígado ao longo da vida.

Além disso, as infecções por hepatite B são responsáveis por pelo menos 54% de todos os cânceres de fígado no mundo (3

Vacinação

A vacina é feita com uma série de 3 injeções tomadas ao longo de 6 meses. 

No calendário nacional de vacinação, ela é indicada para ser feita aos 2, 4 e 6 meses de idade. Entretanto, a primeira dose pode ser feita em qualquer momento ao longo da vida.

A segunda dose deve ser administrada pelo menos um mês após a primeira injeção. Já a terceira dose deve ser separada da segunda dose por pelo menos dois meses e da primeira dose por pelo menos 4 meses.

Após completar a série, a dosagem do anticorpo Anti-HBs pode confirmar a resposta à vacina. Essa dosagem deve ser feita pelo menos um mês após a terceira dose. Pacientes com Anti-HBs superior a 10 mUI/mL estão protegidos contra a hepatite B. 

Embora a vacina seja eficaz para a maioria das pessoas, estima-se que entre 5% das pessoas não respondem ao esquema vacinal (4).

Isso é mais comum em pessoas com idade avançada, obesidade, tabagismo e outras doenças crônicas. Além disso, é importante que a vacina não tem efeito em uma pessoa já infectada, de forma que a sorologia precisa descartar também uma infecção em curso.

O paciente não respondedor pode repetir o ciclo de três doses da vacina. Estas pessoas têm uma chance de 30 a 50% de responderem a este novo ciclo (5).

Entretanto, enquanto o Anti-HBs estiver abaixo de 10 mUI/mL, é preciso que fique claro que o indivíduo não está protegido. Todos os cuidados para prevenção da infecção devem ser adotados.

Diagnóstico da Hepatite B

O diagnóstico é feito por meio de exame de sorologia, incluindo:

  • Antígeno de superfície da hepatite B (HbsAg): indicativo de infecção ativa por hepatite B. Este teste não distingue entre infecção aguda ou crônica;
  • Anticorpo de superfície da hepatite B (anti-HBs): indicativo de infecção prévia por hepatite B ou vacinação anterior contra hepatite B. O exame positivo sugere imunidade contra o vírus;
  • Anticorpo do núcleo da hepatite B (anti-HBc): indicativo de infecção por hepatite B passada ou atual.

Às vezes, a IgM core da hepatite B também é solicitada quando o anti-HBc é positivo; um alto título de anti-HBc IgM é sugestivo de infecção aguda e é útil para distinguir hepatite B aguda e crônica.

A interpretação é feita conforme a tabela abaixo:

HbsAg anti-HBs anti-HBc
suscetível Negativo negativo negativo
vacinado Negativo positivo Negativo
Infecção antiga Negativo Positivo Positivo
Infecção aguda Negativo Positivo IgM positivo
Infecção crônica Positivo Negativo IgG positivo

Vale considerar aqui que uma pessoa infectada demora de 1 a 9 semanas para ter o HBsAg detectado após a exposição ao vírus.

Cerca de metade dos pacientes não serão mais infecciosos em 7 semanas após o início dos sintomas.

Todos os pacientes que permanecem HBsAg positivos após 15 semanas permanecerão cronicamente com a infecção (6).

Além disso, uma vez feito o diagnóstico, outros exames devem ser solicitados para avaliar o grau de comprometimento do fígado, incluindo:

Tratamento pós exposição

Quando uma pessoa não vacinada ou que tem dúvidas quanto à vacinação é exposta ao vírus da Hepatite B, uma injeção de imunoglobulina (anticorpo) administrada dentro de 12 horas após a exposição ao vírus pode reduzir as chances de desenvolver a infecção.

Este tratamento oferece proteção apenas no curto prazo, de forma que a vacinação também deve ser oferecida de forma complementar ao paciente.

Tratamento da infecção aguda por hepatite B

Não existe nenhuma forma de tratamento curativo para a Hepatite B. Na fase de infecção aguda, isso pode acontecer de forma espontânea, sem a influência de qualquer forma de intervenção médica.

O tratamento tem por objetivo o alívio sintomático, o que inclui repouso, hidratação e suporte nutricional.

Em casos graves, medicamentos antivirais ou internação hospitalar são necessários para evitar complicações.

Tratamento da infecção crônica por hepatite B

Pacientes diagnosticados com infecção crônica por Hepatite B terão a doença e precisarão de tratamento para o resto da vida.

O objetivo não é a cura da doença, mas sim a melhora dos sintomas e a prevenção de complicações. Além disso, é preciso que se adote cuidados para evitar a transmissão da doença para terceiros.

O tratamento pode incluir:

Medicamentos antivirais

Medicamentos antivirais ajudam a reduzir a carga viral e retardam o comprometimento do fígado.

Ao contrário do que acontece com a Hepatite C, porém, os antirretrovirais não eliminam o vírus da Hepatite C.

Transplante de fígado

O Transplante de fígado deve ser considerado no paciente que desenvolveu cirrose e Insuficiência Hepática grave em decorrência da infecção pela Hepatite B.

Vida sexual do paciente com Hepatite B

O paciente com Hepatite B deve sempre deixar claro para os seus ou suas parceiras a respeito da infecção.

O uso de preservativos é recomendado, mas o risco de transmissão continua presente. Isso porque o parceiro pode contaminar a mão ao retirar o preservativo, para depois se contaminar ao levar a mão a boca.

A melhor forma do parceiro se prevenir a infecção é por meio da vacina. Além disso, esta proteção deve ser confirmada pelo teste de Anti-HBs, conforme discutido acima.

Pacientes com Anti-HBs superior a 10 mUI/mL estão protegidos contra a infecção.