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Úlcera Gástrica

O que é a Úlcera Gástrica?

A úlcera gástrica é um termo que se refere às feridas que se desenvolvem no revestimento interno do estômago.

Este é um problema relativamente comum. Ainda que a úlcera seja assintomática na maior parte das pessoas, ela tem o potencial para sérias complicações.

Quais os sintomas da Úlcera gástrica?

A maior parte das pessoas com úlceras pépticas não apresentam quaisquer sintomas. 

Como referência, um estudo realizado em Taiwan avaliou com endoscopia 572 pessoas sem qualquer tipo de sintoma gastointestinal (1). 

Destes, 9,4% foram diagnosticados com alguma forma de úlcera péptica, incluindo:

  • Úlcera gástrica isolada em 4,7%;
  • Úlcera duodenal isolada em 3,9%
  • Úlcera gástrica e duodenal combinada em 0,9%.

Quando presente, o sintoma mais comum da úlcera gástrica é a Dor em queimação.

O ácido do estômago piora a dor, assim como o estômago vazio. Assim, ela tende a ser pior entre as refeições e à noite.

A dor pode ser aliviada com o uso de uma medicação antiácido, mas tende a voltar quando a medicação não estiver mais agindo. 

Outros sintomas podem incluir:

  • Sensação de plenitude;
  • Inchaço abdominal;
  • Flatulência ou arrotos mais frequentes;
  • Intolerância a alimentos gordurosos;
  • Azia;
  • Náusea;

Menos frequentemente, as úlceras podem causar sinais ou sintomas graves, como:

  • Vômitos com sangue (que pode parecer vermelho ou preto);
  • Sangue escuro nas fezes, que pode ser percebido como uma fazes mais escura.

Qual a causa da úlcera gástrica?

A úlcera gástrica ocorre quando o ácido normalmente presente no trato digestivo corrói a superfície interna do estômago.

As glândulas estomacais normalmente produzem um suco gástrico que ajuda na digestão e absorção de certos alimentos.

Entretanto, ele é também bastante ácido e com grande potencial corrosivo para a parede do estômago.

Em um indivíduo sadio, a mucosa gástrica produz um muco que protege a parede do estômago dos efeitos do suco gástrico.

Esta proteção pode ser perdida em algumas condições, provocando uma gastrite corrosiva e podendo levar à formação da úlcera gástrica.

As causas comuns para isso incluem:

Infecção pelo H. Pylori

O Helicobacter pylori é uma bactéria que acomete o estômago de aproximadamente 50% da população (2).

Ainda que muitas vezes assintomática, ela tem potencial para causar uma gastrite corrosiva, que pode em alguns casos evoluir para uma úlcera.

Medicamentos anti-inflamatórios

Os anti-inflamatórios geralmente exercem sua função ao agir sobre três tipos de enzimas, denominadas de COX-1, COX-2 e COX-3.

Além da ação anti-inflamatória, os medicamentos que agem sobre a enzima COX-1 também inibem a produção do muco gástrico. Com isso, há o risco de o paciente desenvolver ulceração, perfuração ou hemorragia.

Os inibidores seletivos da COX-2, assim como os inibidores da COX-3 (paracetamol) preservam a proteção mediada por prostaglandinas gástricas, ao não inibirem as enzimas COX-1.

Úlceras gastrointestinais, sangramentos e perfurações ocorrem em 1% a 2% dos pacientes que usam anti-inflamatórios por três meses e 2% a 5% dos pacientes após um ano de uso (3).

Além disso, cerca de 30 a40% das pessoas que tomam anti-inflamatório regularmente podem apresentar alterações da mucosa gástrica (4).

A maioria dessas complicações ocorrem em pacientes sem história pregressa de eventos gastrointestinais.

Outros medicamentos

Medicamentos quimioterápicos ou radioterapia, entre outros fármacos, também podem comprometer a formação do moco e podem levar ao desenvolvimento de gastrite e de úlcera gástrica.

Quais as possíveis complicações da úlcera gástrica?

Sangramento

O sangramento pode ocorrer como perda lenta do sangue, levando à anemia. Entretanto, ela pode também ter início abrúpto e levar a uma perda de sangue rápida e grave, que pode exigir hospitalização ou transfusão de sangue. 

Quando o paciente tem uma perda intensa de sangue, este sangue será eliminado por meio de vômitos (que terão uma coloração preta) ou nas fezes (que ficarão pretas ou com a presença de sangue vivo).

Perfuração

A úlcera poderá evoluir a ponto de causar uma perfuração da parede do estômago. O extravasamento do conteúdo estomacal para dentro do estômago poderá causar uma infecção grave da cavidade abdominal, denominada de peritonite.

Câncer de intestino

O câncer gástrico é uma complicação vista especialmente nas pessoas que têm a úlcera gástrica decorrente de uma infecção pelo H. Pylori.

A infecção pelo H. pylori é o principal fator de risco para o câncer gástrico, que é a segunda principal causa de mortes relacionadas ao câncer em todo o mundo (5).

Diagnóstico da Úlcera gástrica

O principal método para o diagnóstico da úlcera gástrica é por meio da endoscopia. 

Neste exame, o médico passa um tubo fino e flexível contendo uma pequena câmera, através da boca. Este tubo é então direcionado até o estômago, para observar o revestimento do órgão. 

O exame é geralmente solicitado pelo médico gastrologista e feito pelo endoscopista, um médico especializado neste tipo de procedimento.

A endoscopia é geralmente indicada para a avaliação de sinais e sintomas, como:

  • Queimação
  • Regurgitação
  • Dores abdominais;
  • Náuseas e vômitos, 
  • Dificuldades para engolir;
  • Anemias;
  • Diarreia;
  • Sangue nas fezes;
  • Suspeita de câncer do aparelho digestivo.

Tratamento

O tratamento para úlceras pépticas tem por objetivo combater a condição que causou a úlcera, melhorar os sintomas decorrentes da úlcera e, se possível, auxiliar na cicarrização.

Eventualmente, o tratamento poderá ser direcionado também para o tratamento de complicações, principalmente o sangramento agudo.

O tratamento da causa envolve principalmente o combate ao H. Pylori e a redução ou eliminação do uso de medicamentos anti-inflamatórios.

Os medicamentos usados no tratamento da úlcera gástrica incluem:

Antibióticos para combater o H. Pylori

No caso da úlcera causada por uma infecção pelo H. Pylori, será indicado o uso de antibióticos para combater a bactéria.

O esquema de erradicação preferencial é a terapia tríplice (amoxicilina, claritromicina e omeprazol), administrada por sete dias (6).

A terapia de manutenção com inibidores da bomba de prótons não é necessária após a erradicação do H. pylori.

Esquemas alternativos são necessários diante de resistência microbiana ou refratariedade ao tratamento.

Isso é mais comum em pessoas com histórico de uso prolongado de antibióticos, embora possa acontecer com qualquer pessoa.

Inibidores da produção de ácido

Os inibidores da bomba de prótons são medicamentos que reduzem a produção de ácido pelo estômago. Com isso, a irritação do revestimento do estômago diminui, permitindo a cicatrização da úlcera (7).

Alguns exemplos deste tipo de medicamento são o omeprazol, esomeprazol, lansoprazol ou pantoprazol, também chamados de Inibidores da bomba de protons.

Antiácidos

Os remédios antiácidos agem neutralizando o ácido do estômago.

Eles normalmente contêm hidróxido de alumínio, hidróxido de magnésio, carbonato de cálcio ou bicarbonato de sódio, por exemplo.  

Alguns exemplos de remédios antiácidos são o Estomazil, Pepsamar ou Maalox, por exemplo.

Os antiácidos costumam ser bastante efetivos para o alívio imediato dos sintomas. Entretanto, eles não contribuem ​​para a cura da úlcera e o seu uso por longo prazo não é recomendado (8).