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Transplante renal

O que é o transplante renal?

O transplante renal é uma cirurgia feita para substituir um rim doente por um rim saudável de um doador.

O rim pode vir de um doador falecido ou de um doador vivo.

Cada pessoa possui dois rins. No entanto, mesmo que um rim esteja completamente comprometido, o outro rim ainda é habitualmente capaz de manter a função renal adequada.

O transplante renal é indicado quando o paciente apresenta insuficiência renal avançada, o que necessariamente envolve o comprometimento de ambos os rins. No entanto, o transplante é feito com apenas um rim, o que já é o suficiente para recuperar a função renal.

Quais as indicações do Transplante renal?

O transplante renal é indicado no paciente com insuficiência renal crônica avançada, o que é definido como uma função renal remanescente inferior a 15%, medida pela taxa de filtração glomerular.

Vale considerar que a insuficiência Renal Crônica é uma condição irreversível. Pacientes com insuficiência renal aguda podem em alguns casos recuperar parte da função renal.

Nestes casos, o indicado é a realização da hemodiálise. A hemodiálise é uma outra forma de substituir funcionalmente o rim, podendo ser interrompida uma vez que a função renal se recupere.

Contra-indicações para o transplante renal

Mesmo que a função renal esteja gravemente comprometida e que os critérios para a realização do transplante estejam presentes, algumas condições podem contra-indicar a realização do transplante. Entre elas, incluem-se:

  • Infecção atual ou recorrente que não pode ser tratada de forma eficaz.
  • Câncer de rim que já apresenta metástases a distância.
  • Condições graves além da doença renal que não melhorariam após o transplante, incluindo a insuficiência cardíaca e a insuficiência hepática.
  • Pacientes sem condições de seguir com o tratamento pós-operatório.
  • Desnutrição grave.

Transplante com doador vivo X cadáver

A primeira exigência para a doação, seja ela de cadáver ou doador vivo, é que doador e receptor pertençam ao mesmo grupo sanguíneo (A, B, AB, O).

O transplante com doador vivo tem alguns benefícios em relação ao transplante com doador morto.

Primeiramente, a cirurgia pode ser programada. Isso significa que o doador saudável vai para o hospital em um horário pré-agendado, já com tudo preparado para a realização dos procedimentos.

Já o rim de cadáver passa até 24 horas resfriado em geladeira, enquanto é feito a procura e o preparo do doador, além do transporte do local onde foi coletado até o local do transplante.

Por conta disso, é esperado que o rim de cadáver demore mais para voltar a funcionar depois da cirurgia.

No entanto, passada a fase inicial de recuperação, o resultado esperado e os cuidados exigidos são semelhantes, independente do tipo de doador.

Fila de transplante

Para a realização do transplante de rim com doador morto, o paciente deve entrar em uma fila única coordenada pela secretaria de saúde de cada estado.

Uma vez detectado um possível doador, testes com a amostra de sangue do doador são realizados e enviados para a secretaria de saúde, que inicia o processo para encontrar um possível receptor.
Este tempo de espera pode variar, por exemplo, a depender do tipo sanguíneo do paciente.

Os órgãos são encaminhados para as equipes transplantadoras a fim de serem transplantados no receptor que a Secretaria de Saúde determinou. Não pode ser em outro.

Se o paciente receptor estiver gripado ou não puder fazer o transplante por qualquer outro motivo, isso deve ser comunicado para que a secretaria chame o segundo da fila e assim sucessivamente.

O órgão não pode ser destinado para transplante em um paciente diferente daquele previamente designado.

Quais são os critérios para doar um rim em vida?

A doação em vida para o transplante renal pode ser feita por parentes até quarto grau do paciente receptor ou pelo conjugue.

Ele pode também ser feito por pessoas não relacionadas, mas neste caso com autorização judicial.

Neste caso, é preciso garantir que não exista nenhuma forma de favorecimento financeiro ou qualquer outro benefício por doar o órgão.

O futuro doador deve também apresentar uma boa saúde, com função renal normal e não apresentar doenças. Também não pode apresentar evidências de qualquer risco para desenvolvimento de uma doença renal no futuro, ou em outros órgãos.

Tabagistas, usuários de drogas recreativas, consumidores abusivos de bebidas alcoólicas e idade avançada são alguns dos fatores que desqualificam uma pessoa para a doação do rim.

Após a cirurgia, o fato de uma pessoa de outra forma saudável ter apenas um rim não traz qualquer comprometimento para a saúde do doador. No entanto, é preciso um cuidado extra para garantir que este rim se mantenha saudável.

A avaliação anual com o nefrologista é recomendada. Exames de sangue e urina devem ser feitos nestas ocasiões.

Como é a cirurgia de transplante renal?

A cirurgia de transplante renal é feita com o paciente dormindo, sob anestesia geral.

Um corte na pele (incisão) é feito na parte inferior de um dos lados do abdome.

Quando um rim esquerdo é doado, ele é implantado no lado direito do paciente. Quando o rim direito é doado, ele é implantado do lado esquerdo. Isso permite que o ureter seja acessado facilmente para conexão com a bexiga.

A artéria e veia renal do rim do doador são então costuradas à artéria e veia ilíaca externa do paciente receptor. A seguir, o fluxo sanguíneo através desses vasos é verificado quanto a eventuais sangramentos nas linhas de sutura ou eventuais obstruções.

Por fim, o ureter doador (o tubo que drena a urina do rim até a bexiga) é conectado à bexiga.

Pós-operatório do transplante renal

Após a cirurgia, um cateter é mantido na bexiga para drenar a urina. A quantidade de urina será medida para verificar como o novo rim está funcionando.

O rim proveniente de um doador vivo pode começar a produzir urina imediatamente. No entanto, a produção de urina por um rim proveniente de cadáver pode demorar mais para funcionar. Enquanto o rim não estiver funcionando, o paciente poderá ser indicado a realizar diálise até que a produção de urina esteja normal. Isso não necessariamente significa em um primeiro momento que o transplante não funcionou.

Ainda no hospital, a função renal, pulmonar e sanguínea é constantemente monitorada. É preciso também monitorar sinais típicos da rejeição do novo órgão, para que ajustes nas medicações possam ser realizadas.

O paciente é estimulado a caminhar e se movimentar várias vezes ao dia ainda dentro do hospital.

A medida em que todas estas funções são estabilizadas, o paciente passa de uma unidade de cuidados intensivos para um quarto comum e, de lá, recebe alta para casa.

Quais são os riscos e complicações do transplante renal?

As complicações relacionadas ao transplante renal podem estar associadas tanto ao procedimento de transplante propriamente dito como às medicações imunossupressoras usadas após a cirurgia para evitar a rejeição do novo rim.

A rejeição se refere a uma reação normal e esperada do sistema imunológico para destruir um tecido que ele reconhece como não pertencente ao corpo.

Para evitar a rejeição e permitir que o rim transplantado sobreviva, medicamentos imunossupressores devem ser tomados para bloquear a ação do sistema imunológico contra o novo rim.

Assim, as principais complicações incluem:

  • Sangramento;
  • Infecção, incluindo infecções oportunistas que não são tipicamente vistas em pacientes com o sistema imunológico funcionante.
  • Bloqueio dos vasos sanguíneos para o novo rim, levando à necrose e perda do rim transplantado.
  • Vazamento de urina ou obstrução do fluxo urinário no ureter, no local onde o novo rim foi conectado ao sistema urinário do paciente receptor.
  • Não funcionamento do novo rim;
  • Rejeição.

Sinais sugestivos da rejeição do órgão doado

Após a cirurgia, o paciente deve ser constantemente monitorado quanto a eventuais sinais de rejeição do novo órgão.
Os principais sinais sugestivos de uma eventual rejeição incluem:

  • Piora da função renal;
  • Mal-estar e desconforto geral;
  • Dor ou inchaço ao redor do rim;
  • Febre;
  • Sintomas semelhantes aos da gripe, incluindo calafrios, dores no corpo, náusea, tosse e falta de ar.

Qual o prognóstico do paciente submetido a transplante renal?

O prognóstico após um transplante renal depende do tipo de doador (morto ou vivo), idade e doença que levou à insuficiência renal, bem como da experiência do hospital e da equipe médica que realizou o transplante.

No caso de pacientes que receberam o rim de doadores vivos, 83,9% dos receptores com mais de 65 anos e em 97,8% dos pacientes entre 18 e 35 anos estão vivos 5 anos após o transplante (1).

Já nos pacientes que receberam o rim de um doador morto, esta sobrevida em 5 anos é um pouco menor, de 74,3% em pessoas com mais de 65 anos e 95,8% dos pacientes de 18 a 34 anos.