Lesão do Manguito Rotador
16 de novembro de 2021Lesão parcial do Manguito Rotador
18 de novembro de 2021Ruptura do supraespinhal
O que é o Tendão do Supraespinhal?
O Supraespinhal é um dos quatro tendões que formam o manguito rotador do ombro e o mais vulnerável deles para lesões. Ele tem a função de abrir o ombro para fora (abdução), girar o ombro para fora (rotação externa) e de estabilizar o ombro.
A Ruptura do supraespinhal é o tipo mais comum de Lesão do Manguito Rotador. Ela está geralmente associada a uma combinação de trauma / microtrauma com um processo degenerativo no tendão. Pessoas jovens e com o tendão de boa qualidade dificilmente rompem o tendão do supraespinhal como lesão isolada. Mas, à medida em que o tendão vai ficando mais fraco, ele pode se romper frente a traumas de menor intensidade.
Os mecanismos mais comuns de lesão são a queda com apoio sobre o braço estendido ou o levantamento de um peso excessivo. Isso pode acontece tanto durante a prática esportiva como em outras atividades não esportivas.
Algumas pessoas não são capazes de relacionar o início da dor a um trauma. A lesão, nestes casos, pode ser atribuida ao desgaste do tendão.
O tendão chega a um ponto no qual fica tão frágil que vem a se romper em uma atividade do dia a dia. A incidência aumenta com a idade, estando presente em cerca de 50% das pessoas maiores de 80 anos, principalmente no braço dominante (1).
Sintomas da Ruptura do tendão Supraespinhal
A principal queixa do paciente com ruptura do supraespinhal é a dor. Ela piora ao levantar e abaixar o braço e também durante à noite, principalmente ao se deitar sobre o braço acometido.
Além da dor, o paciente pode apresentar limitação da mobilidade, especialmente com a elevação para a frente e elevação lateral.
Importante, porém, é considerar que a lesão do supraespinhal pode em alguns casos se desenvolver de forma assintomática. Isso acontece especialmente em pacientes mais idosos. Assim, mesmo frente a um exame de ressonância magnética que demonstre uma lesão do supraespinhal, é importante correlacionar os achados do exame com as queixas do paciente.
Avaliação da lesão
A avaliação do paciente com suspeita de lesão do tendão supraespinhal deve envolver tanto aspectos do exame clínico como os exames por imagem.
O exame clínico envolve testes específicos para gerar estresse sobre o tendão supraespinhal. Entretanto, um teste positivo não tem boa sensibilidade para diferenciar a ruptura do tendão supraespinhal da tendinopatia (desgaste) do Supraepinhal. Também não tem sensibilidade para diferenciar a lesão parcial do supraespinhal da lesão completa.
A ressonância magnética é capaz de diferenciar casos de tendinopatia, lesão parcial ou lesão completa. Por outro lado, ela tende a identificar muitas lesões que não trazem nenhum problema para o paciente e que não exigem qualquer forma de tratamento. Assim, a associação de achados clínicos e de imagem é fundamental.
Ruptura Parcial do Tendão Supraespinhal
Aproximadamente 20% das rupturas do supraespinhal são incompletas, ou seja, não acometem todas as fibras do tendão (2). Estas lesões variam conforme a localização (face articular ou bursal), tamanho e profundidade da lesão.
As lesões que acometem o lado bursal (superior) do tendão tendem a ter aspecto mais degenerativo e respondem melhor ao tratamento sem cirurgia.
Já as lesões que acometem a face articular (inferior) do tendão são mais comuns em pacientes mais jovens e associadas a trauma esportivo. Elas respondem menos ao tratamento sem cirurgia.
Lesões com menos de 50% da espessura do tendão em pacientes assintomáticos tendem a responder bem ao tratamento sem cirurgia sem aumento no tamanho da lesão; já as lesões com mais de 50% do tendão acometido, especialmente no lado articular, respondem menos ao tratamento sem cirurgia. Além disso, elas costumam evoluir para uma lesão completa.
Tratamento sem cirurgia da Ruptura do Tendão Supraespinhal
O tratamento sem cirurgia deve ser considerado especialmente no paciente idoso, com lesão pouco sintomática e que acomete até 01 cm do tendão. Na fase aguda, envolve o uso de gelo, medicações anti-inflamatórias e fisioterapia. O objetivo é a recuperação da dor, da mobilidade e da função articular.
Em um segundo momento, o objetivo é compensar a perda do supraespinhal com o fortalecimento dos outros tendões ao redor do ombro e da escápula.
Não esperamos com isso a cicatrização do tendão, mas sim a recuperação da dor e da função do ombro. De fato, algumas pessoas melhoram muito suas queixas, especialmente os pacientes com menor demanda sobre o ombro.
Tratamento cirúrgico
O tratamento cirúrgico é indicado especialmente para as lesões completas nos pacientes jovens e ativos, lesões com mais do que 1cm de extensão ou na falha do tratamento sem cirurgia.
Nos pacientes jovens e ativos, o tratamento de escolha é a refixação do tendão no osso por meio de implantes específicos, denominados de âncoras.
Nos pacientes mais velhos, pode ser considerado o desbridamento articular. Nesta cirurgia, o espaço subacromial, onde está localizado o tendão supraespinhal, é aberto, criando mais espaço para os tendões.
Tanto a fixação da lesão como o desbridamento articular podem ser feitos por via artroscópica / minimamente invasiva. A diferença é que, no caso do reparo, o tendão precisará cicatrizar no ombro e a reabilitação será prolongada, ao passo que pacientes submetidos ao desbridamento artroscópico podem reassumir suas atividades assim que estiverem confortáveis para isso, poucos dias após a cirurgia.