Rouquidão e Disfonia

Embora muitas vezes usadas erroneamente como sinônimos, rouquidão e disfonia não são a mesma coisa.

A rouquidão se refere a uma mudança no tom da voz, que se torna mais áspera.

Já a disfonia se ferere a qualquer alteração que atinge a qualidade da voz. Assim, a rouquidão é apenas uma das diversas condições disfônicas possíveis. Ela também contempla a perda da intensidade ou alteração da frequência da voz.

A disfonia se manifesta por sintomas como:

• Esforço ao emitir a voz;
• Dificuldade em manter a voz;
• Rouquidão;
• Variações na frequência habitual da voz;
• Perda da eficiência vocal ou perda completa da voz (afonia).
• Dor ao emitir sons;
• Falta de ar ao falar;
• Engasgos frequentes, podendo acontecer até mesmo com saliva

Tanto a rouquidão como a disfonia não são caracterizadas como doenças em si, mas sim um sintoma presente em diferentes condições.

Para compreender as causas da disfonia e da Rouquidão, é preciso antes compreender com a voz é produzida.

Três componentes trabalham juntos para produzir a voz:

• Pulmão: fornece uma corrente de ar para a laringe.
• Laringe: à medida que o ar passa pela laringe, as cordas vocais vibram, criando uma variedade de sons;
• Trato vocal supraglótico (garganta, a boca e o nariz): essas câmaras de ar moldam o som em palavras ou canções.

A função ou estrutura de todos estes três componentes podem contribuir para a ocorrência da disfonia.

Pulmão

O envelhecimento e outras condições de saúde podem reduzir a capacidade de contração dos músculos respiratórios, levando a um enrijecimento do tórax e perda de elasticidade do tecido pulmonar. 

Com isso, há uma redução no fluxo de ar pela laringe.

Laringe

Fatores como tabagismo, uso excessivo da voz e avanço da idade podem levar ao comprometimento da estrutura das cordas vocais ou mesmo ao surgimento de lesões nas cordas vocais, incluindo pólipos, nódulos ou cistos.

Quando isso acontece, tanto a intensidade como a qualidade da voz podem ser comprometidas.

Trato Vocal Supraglótico 

Problemas relacionados aos ouvidos, nariz, faringe ou arcada dentária podem comprometer a qualidade da voz. Isso, é o que acontece, por exemplo, quando ficamos com gripe ou resfriado, o que leva a um analazamento da voz.

A disfonia pode ser classificada em quatro níveis de intensidade:

• Leve: disfonia eventual e quase imperceptível;
• Moderada: é percebida pela própria pessoa e pelos outros. A voz sofre oscilações e o esforço para falar é maior; 
• Intensa: acontece constantemente. A voz é pouco audível, apresenta grande esforço e intensa fadiga;
• Extrema: ausência parcial ou total da voz. Esta condição é também conhecida como Afonia

A disfonia pode ser classificada quanto à sua causa em dois grandes grupos

• Disfonia Funcional: não existe nenhuma alteração estrutural das pregas vocais, e a disfonia é causada pelo mal uso ou abuso da voz.
• Disfonia orgânica: existe alguma alteração anatômica ou neurológica responsável pelas altrações na voz.

Disfonia funcional

As principais causas são:

• Uso incorreto da voz: pessoas que usam a voz intensamente diariamente e não mantêm os cuidados necessários. Isso é o que acontece, por exemplo, quando uma pessoa vai a um show ou a um evento esportivo e sai com rouquidão de tanto gritar.
• Alterações psicoemocionais: emoções intensas que causam alterações na fala.

Disfonia Orgânica

As principais causas são:

• Lesões nas cordas vocais (nódulos, pólipos ou cistos);
• Paralisia das pregas vocais: ocorre devido a lesão de nervo. Isso pode ocorrer em decorrência de alterações cerebrais, cardíacas ou tumorais;
• Laringite: inflamação da mucosa da laringe causada por infecção viral ou bacteriana;
• Edema de Reinke: inflamação das cordas vocais que acontece em decorrência do tabagismo prolongado;
• Câncer de laringe;
• Outras condições de saúde que causam alteração nas estruturas envolvidas na emissão da voz: gripes e resfriados, alergias respiratórias, sinusite, amigdalite.

A causa da disfonia varia conforme a idade do paciente.

De acordo com um estudo com 2019 pacientes (1), foram observadas as seguintes causas para a disfonia:

Crianças (1–18 anos):

• Nódulos de cordas vocais: 59,3%;
• Cistos de cordas vocais: 10,3%;
• Laringite aguda: 6,8%

Adultos (19–60 anos):

• Disfonia funcional: 20,5%;
• Laringite ácida: 12,5%;
• Pólipos vocais: 12%. 

Idosos (maiores de 60 anos

• Presbifonia (envelhecimento da voz): 26,5%;
• Disfonia funcional: 17,6%;
• Edema de Reinke: 14%.

Alguns cuidados são indicados para a prevenção da disfonia e da rouquidão. 

Eles são indicados especialmente no paciente que utiliza sua voz profissionalmente, incluindo professores, jornalistas, telefonistas e cantores, entre outros.

Os principais cuidados com a voz são:

• Parar de fumar e evitar contato próximo com fumantes; 
• Evitar o uso excessivo de álcool e cafeína.
• Beber pelo menos 2 litros de água por dia, em temperatura ambiente;
• Fazer intervalos para beber água quando falar muito;
• Usar umidificador de ambiente, especialmente em dias com baixa umidade.
• Evitar gritar ou falar muito alto. O uso de um microfone pode ser uma alternativa em algumas condições;
• Aquecer a voz antes de cantar ou falar por muito tempo.

• Descansar a voz em antecipação a momentos em que abusará mais da voz;
• Evitar cantar ou falar excessivamente durante o curso de uma infecção de vias aéreas superiores.
• Use técnicas de redução de estresse, terapia cognitiva ou ioga para diminuir a tensão muscular.

O tratamento da rouquidão e da Disfonia é habitualmente feito pelo Médico Otorrinolaringologista. Ele envolve a adoção das medidas preventivas descritas acima. 

Casos persistentes ou mais graves podem precisar de cirurgia, a depender da causa.