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Respiração Bucal e Deglutição Atípica

Respiração Bucal e Deglutição Atípica

A deglutição atípica pode ocorrer por problemas de postura de cabeça, alteração do tônus muscular, da mobilidade e da sensibilidade dos lábios, língua, bochechas e palato mole.

Os músculos da língua e outras estruturas da boca se movimentam de forma inadequada sem alteração na forma da cavidade oral.

A anteriorização da língua, isto é, o pressionamento da língua nos dentes incisivos centrais e laterais (os dentes da frente) ocasiona alterações estruturais na arcada dentária (que podem ser corrigidas pelo dentista).

O fato desta musculatura não estar com seu tônus adequado, também acarreta a dificuldade para vedamento labial, facilitando o desenvolvimento do hábito da respiração bucal.

A respiração bucal, por sua vez, colabora para alterar a estrutura da boca, que não foi funcionalmente criada para esta função, e sim, o nariz. A respiração bucal, portanto, acarreta problemas de deglutição atípica e também distorções na fala.

Outro fator a ser observado nos problemas da deglutição atípica é que, com a alteração do tônus muscular da língua, pode aparecer desvios na produção da fala, principalmente dos fonemas /t/ /d/ /n/ /l/, pois estes têm seu ponto de articulação no mesmo local onde a língua posiciona-se no ato da deglutição. Ainda os fonemas /s/ e /z/ podem apresentar-se distorcidos.

Neste artigo, vamos estudar a respiração e a deglutição atípica e como estas duas funções se inter relacionam para uma boa qualidade de alimentação e produção de fala.

Importância da respiração nasal


O nariz é o órgão responsável pela respiração. Ele se constitui de um canal que esquenta, umidifica e filtra o ar que vem do ambiente e leva ao cérebro e ao corpo o ar em quantidade e qualidade necessários para a oxigenação destes.

A respiração nasal funciona como uma espécie de barreira natural contra partículas de poluição, vírus e bactérias presentes no ar.

Para tanto, os pelos atuam na contenção das partículas maiores, enquanto o muco é responsável por reter as mais finas.

Quando o indivíduo respira pela boca, essas barreiras não existem. Assim, as impurezas podem causar infecções e problemas na laringe, faringe ou mesmo contaminar o organismo de outras formas. Também facilita a ocorrência de amigdalite, faringite, sinusite, crises de asma e bronquite.

Ou seja, o correto é respirarmos sempre pelo nariz.

Existem diversas causas para obstrução nasal, desde alergias, resfriados e outros problemas pontuais, até desvio de septo, carne esponjosa e outras questões relacionadas às estruturas do nariz.

Pesquisas na área demonstram o aumento na prevalência de problemas de memória e aprendizagem em crianças e adultos que respiram com a boca, ao invés do nariz. Está confirmada também, melhor qualidade de vida e sono, de quem respira pelo nariz.

Abaixo segue uma lista de condições que podem estar associadas à respiração bucal, além da deglutição atípica, pois a respiração acaba afetando a estrutura e a função dos lábios, língua e toda a boca.

  • • dor de cabeça;
  • • ronco;
  • • apnéia do sono;
  • • respiração ruidosa;
  • • mastigação ruidosa;
  • • manter a boca entreaberta constantemente;
  • • acordar com a boca seca;
  • • redução de olfato e paladar;
  • • voz anasalada;
  • • perda de firmeza nos lábios;
  • • olheiras;
  • • queda de rendimento na prática esportiva;
  • • dificuldade no desenvolvimento da fala;
  • • queda no rendimento escolar.

Deficiência intelectual

Como saber se meu filho tem respiração bucal ou deglutição atípica?

RESPIRAÇÃO BUCAL

Crianças que respiram parcialmente pela boca acabam apresentando sintomas bem típicos como aspecto cansado, olhos caídos e com olheiras, narinas finas, boca entreaberta e lábios secos. Cada um destes sinais tem uma explicação lógica e associada à própria respiração que deveria ser pelo nariz e é pela cavidade bucal.

Outros indicativos que podemos perceber também são o ronco, dificuldade de respirar, baba durante o sono, dificuldade em se alimentar e praticar esportes. É claro que dormir de boca aberta é um forte sinal.

A arcada dentária superior costuma se projetar para frente e a posterior para trás, a boca fica ressecada, o rosto alongado e cabeça, ombros e braços são projetados para frente.

É preciso considerar que o ar que deveria estar transitando pelo nariz, acaba afetando o crescimento ósseo da boca e dentes criança, acarretando mordidas alteradas (mordida é a relação entre os ossos e dentes da arcada superior da boca com a arcada inferior) e consequentes alterações na deglutição e fala.

DEGLUTIÇÃO ATÍPICA

É preciso observar se a criança se recusa a comer e se prefere alimentos pastosos. Ela pode babar (sialorréia), pode ter uma má-oclusão, pode ter hipo ou hipertonia de músculos dos lábios e outros sinais, incluindo:

  • • Restos de alimentos na boca após a deglutição;
  • • Tensão no queixo;
  • • Ruídos ao engolir;
  • • Pressão labial ou interposição do lábio inferior, quando este apresenta maior tonicidade provoca uma má- oclusão classe II.
  • • A hipertonia do mentalis e hipotonia do lábio superior aparecem devido à ausência de contração dos masseteres, fazendo com que os elevadores da mandíbula exercerem a função de deglutir.
  • • A asa do nariz desce até a comissura labial.
  • • Movimento da cabeça: joga o alimento para atrás com o movimento da cabeça,e quase não se percebe o movimento do osso hióide, é semelhante ao deglutir de galinha.
  • • Quando não se dá um vácuo completo, apresenta sopro ao invés de sucção, principalmente os líquidos.
  • • Fonemas alterados: t / d / n / l / s / z.
  • • Língua alargada, hipotônica, observar a postura de repouso da língua neste paciente.
  • • Acúmulos de saliva ou cuspidas involuntárias, facilmente observadas no diálogo.
  • • Pode ter baba noturna, associada à respiração bucal.
  • • Quando separa os lábios, faz movimentos associados e é difícil de deglutir, apresenta dificuldade também em deglutir pílulas.
  • • Vedamento excessivo dos lábios;
  • • Falta de contração na mandíbula (arcada dentária inferior) e/ou.
  • • Contrações no pescoço.

Causas da respiração bucal e deglutição atípica


As causas da respiração bucal podem ser orgânicas, quando ocorre desvio de septo ou aumento da adenoide, ou funcionais, quando as alergias são responsáveis pela obstrução do nariz e fazem com que as pessoas respirem pela boca.

As causas da deglutição atípica podem ser neurológicas, por disfunções do sistema nervoso central sob as áreas da fala e também a própria respiração bucal, agindo como causadora da deglutição atípica.

Tratamento fonoaudiológico da respiração bucal e deglutição atípica


As terapias fonoaudiológicas funcionam melhor quanto antes forem implementadas, pois a capacidade de aprendizagem e integração da criança é maior nos primeiros anos de vida.

Além disso, os sintomas originados podem afetar a vida social do indivíduo e até profissional, se mantidos até a idade adulta.

Alguns casos cuja respiração bucal chegou a afetar o desenvolvimento da mordida da criança podem se beneficiar com o uso de aparelhos ortodônticos em paralelo às terapias fonoaudiológicas. Ou seja, é importante a atenção ao tratamento de forma integrada com fonoaudiólogos, ortodontistas, fisioterapeutas, otorrinolaringologistas e outros profissionais.

O trabalho fonoaudiológico consiste em facilitar o vedamento labial cuja musculatura pode estar hipo ou hipertônica, e uso do nariz como principal meio para se respirar, o posicionamento adequado da língua e a adequação das funções estomatognáticas (sucção, mastigação, respiração, deglutição e fala), buscando o equilíbrio funcional.