Otite Média
O que é a Otite Média?
A otite média é uma infecção localizada no ouvido médio. Ela é uma complicação comum de um resfriado, dor de garganta ou infecção respiratória.
Esta é a forma mais comum de infecção no ouvido. Ainda que possa acontecer em qualquer idade, ela é mais comum na infância. Cerca de 3 em cada 4 crianças têm pelo menos um episódio de otite média até os 3 anos de idade.
Vírus ou bactéria?
A maior parte dos casos envolve uma coinfecção de bactérias e vírus.
Segundo um estudo finlandês, foram observadas bactérias em 92% dos casos e vírus em 70%, com uma combinação de bactérias e vírus em 66% dos pacientes(1).
Os principais vírus relacionados com a otite média são Influenza, vírus sincicial respiratório e o rinovírus.
Já as bactérias mais frequentes são Streptococcus pneumoniae, Haemophilus influenzae e Moraxella catarrhalis.
Qual a causa da Otite Média?
A causa mais comum da otite média é o mau funcionamento da trompa de Eustáquio, um canal que liga o ouvido médio à garganta.
A trompa de Eustáquio é responsável por equalizar a pressão entre o ouvido externo e o ouvido médio. Quando este tubo não está funcionando corretamente, ele impede a drenagem normal de fluido do ouvido médio, causando um acúmulo de fluido atrás do tímpano.
Este acúmulo de líquidos cria um ambiente favorável para a colonização por vírus ou bactérias causadoras da otite média.
O mau funcionamento das Trompas de Eustachio pode ser decorrente de uma mau-formação. Mas, na maior parte das vezes, está associado a um quadro de rinite. Isso porque a congestão nasal impede a drenagem normal de fluidos do ouvido.
A maior incidência em crianças decorre de as tropas de Eustachio serem muito horizontalizada e curtas nas crianças.
Fatores de risco
Embora qualquer criança possa desenvolver uma infecção de ouvido, algumas delas estão mais vulneráveis:
- Tabagismo passivo (convívio com pai, mãe ou cuidador fumante);
- Histórico familiar de infecções de ouvido;
- Pessoas com comprometimento do sistema imunológico;
- Ausência de aleitamento materno;
- Início precoce na escola;
- Alimentar-se com mamadeira enquanto deitado.
Otite Media Aguda
A otite média aguda se caracteriza pelo acúmulo de pus e distensão do tímpano, provocando forte dor no ouvido.
Febre e perda auditiva são comuns.
Eventualmente, o paciente pode evoluir com ruptura do tímpano e eliminação de secreção purulenta com sangue pelo ouvido.
Otite Media Crônica
A Otite Média Crônica está relacionada a perfurações do tímpano e a infecções de longa data. Ela tem potencial para complicações graves, como surdez, paralisia facial, tontura e meningite.
Os principais sintomas são a secreção no ouvido, muitas vezes com odor ruim, e perda de audição.
Diferentemente de outras formas de otite, a dor de ouvido é incomum.
Diagnóstico
O diagnóstico é feito em um paciente com sintomas típicos por meio do exame do ouvido com o otoscópio, um instrumento iluminado que permite a visualização dentro do ouvido.
Além disso, pode ser realizada a timpanometria. O objetivo deste exame é avaliar como o ouvido médio está funcionando. Ele não informa se a criança está ouvindo ou não, mas ajuda a detectar qualquer alteração na pressão no ouvido médio.
A audiometria (teste de audição) pode ser realizada no paciente com infecções de ouvido frequentes.
Tratamento da Otite Média Aguda
A maior parte dos casos de Otite Média Aguda podem ser adequadamente tratados apenas com medicações sintomáticas, incluindo analgésicos e anti-inflamatórios.
Como a maior parte dos casos está associada a uma rinite, o uso de descongestionantes ou anti-alérgicos pode ser considerado.
Os sintomas de Otite Média Aguda melhoraram em 24 horas sem antibióticos em 61% das crianças, aumentando para 80% em 2 a 3 dias (2).
Diferentes estudos indicam diferentes critérios para o uso de antibióticos (3, 4). Entre eles, devemos considerar:
- Crianças menores de dois anos;
- Saída de secreção;
- Sintomas intensos;
- Infecções que duram mais de 2 a 3 dias
- Perfuração da membrana timpânica
Tratamento da Otite Média Crônica
O tratamento da Otite Média Crônica é feito por antibióticos usados por boca ou por gotas otológicas.
Entretanto, a resposta aos antibióticos é mais limitada quando comparado com a Otite Aguda.
Se o paciente não responder ao regime de tratamento inicial e/ou desenvolver colesteatoma, a cirurgia deve ser considerada. O colesteatoma é uma coleção anormal de células da pele no fundo do ouvido.
A cirurgia mais indicada nestes casos é a mastoidectomia com timpanoplastia (timpanomastoidectomia) (5).
A mastoidectomia é a parte da operação em que o cirurgião remove células de ar doentes do osso mastóide.
Já a timpanoplastia envolve o reparo ou a enxertia da membrana timpânica.