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Medicamentos para a Obesidade

Quando são indicados os medicamentos para a obesidade?

A obesidade é uma doença crônica que resulta em mecanismos redundantes e adaptativos para preservar energia. Ela pode ter características bastante diversas de pessoa para pessoa.

A perda de peso sustentada é um objetivo bastante desafiador e muitas vezes frustrante, sendo que as medidas e os medicamentos que servem para uma pessoa nem sempre funcionam para outra.

Os medicamentos não devem ser a primeira escolha para o tratamento da doença. Entretanto, eles podem ser considerados especialmente no paciente com Índice de Massa Corpórea (IMC) superior a 30 e que não tiveram sucesso com outras medidas de tratamento adequadamente instituídas.

Eles podem também ser considerados quando o IMC é superior a 27 em um paciente com outras comorbidades.

Qual a perda de peso esperada com o uso dos medicamentos para obesidade?

Existem no Brasil atualmente cinco tipos de medicamentos aprovados para o tratamento da obesidade e outras opções frequentemente usadas de forma off label.

A resposta a estes medicamentos é variável.

Em um estudo de metanálise, a proporção de pacientes que perdeu mais de 10% do seu peso total com os medicamentos para obesidade variou de 20% a 54%, em comparação uma perda média de 9% nos pacientes placebos (1).

Em relação ao peso total perdido, a perda média com os medicamentos para obesidade em um ano variou de 2,6 a 8,8 kg além daquilo que foi perdido pelos casos placebo.

A resposta precoce, definida como perda de peso > 5% nos primeiros 3 meses, é o único preditor atual de perda de peso a longo prazo com os medicamentos para Obesidade (2, 3).

Como escolher o melhor remédio para obesidade?

Para escolher o melhor remédio para obesidade, é importante entender como cada medicamento irá interferir na perda de peso e entender quais os fatores que podem estar contribuindo para o acúmulo de gordura.

Estes fatores podem ser divididos em dois grupos:

Determinantes do comportamento alimentar
Os determinantes do comportamento alimentar incluem os impulsos homeostáticos e hedônicos para se alimentar.

  • O comportamento alimentar homeostático, controlado principalmente pelo eixo cérebro-intestino, envolve fome (desejo de comer), saciedade (calorias necessárias para atingir a plenitude) e o tempo de saciedade (duração da plenitude).
  • O comportamento alimentar hedônico é o desejo de comer para lidar com emoções positivas ou negativas.

Estes impulsos, por sua vez, podem ser influenciados por diferentes fatores, incluindo a genética, escolha e distribuição dos alimentos entre as refeições, massa muscular total, estresse, qualidade do sono, atividade física, comportamentos à mesa (especialmente a velocidade com que se alimenta) e outros.

 

Determinantes do gasto energético

Os principais fatores determinantes do gasto energético incluem:

  • Gasto energético de repouso;
  • Atividade física sem exercício (energia gasta com as atividades usuais do dia a dia);
  • Efeito termogénico dos alimentos (energia gasta para digerir os alimentos);
  • Gasto energético com o exercício.De acordo com um estudo feito com 450 pacientes (4), os principais fatores que contribuíram para o desenvolvimento da obesidade estão mostrados na figura abaixo:
    IMAGEM MEDICAMENTOS PARA OBESIDADE

Como agem os medicamentos para obesidade?

As medicações para obesidade contribuem para a perda de peso por dois mecanismos diferentes:

  • Atuando sobre o Sistema Nervoso Central, inibindo a fome e aumentando a sensação de saciedade;
  • Atuando sobre o intestino, inibindo a absorção dos macronutrientes.

Medicamentos para obesidade disponíveis no Brasil

No Brasil, atualmente, existem atualmente quatro medicamentos aprovados para o tratamento da obesidade:

  • Sibutramina;
  • Orlistate;
  • Liraglutida;
  • Bupropiona e Naltrexona.

Além disso, outras medicações têm sido usadas de forma off-label no tratamento da obesidade:

  • Semaglutida (Ozempic);
  • Topiramato.

Sibutramina

A sibutramina é um medicamento do tipo simpatomimético.

Ela foi inicialmente estudada como uma possibilidade de tratamento para a depressão, para a qual se mostrou pouco eficaz.

Em contrapartida, ela demonstrou impactos significativos na perda de peso, dando-se prosseguimento a ensaios clínicos para comprovar sua ação com essa finalidade, para o qual se mostrou eficaz.

Estudos mostram uma perda de peso de ≥ 5% em 6 meses por 77% dos participantes (5).

A perda de peso com a medicação acontece por meio da inibição da recaptação de noradrenalina, serotonina e dopamina, responsáveis pelos efeitos anorexigênicos do fármaco, pelo aumento do gasto de energia e saciedade precoce.

Por outro lado, estudos mostram importantes efeitos colaterais

Seus principais efeitos adversos estão relacionados ao sistema cardiovascular. Estudos mostraram pequenos aumentos médios na pressão sanguínea e na frequência cardíaca com a medicação. Nos pacientes com risco cardiovascular aumentado, foi observado um aumento no risco de Infarto do Miocárdio, razão pela qual a Sibutramina foi retirada do mercado em países como Estados Unidos e Canadá (6).

Orlistate

O orlistate trata-se de um inibidor da lipase pancreática, uma enzima que participa do processo de digestão da gordura. Assim, o medicamento age reduzindo a absorção intestinal de gordura.

Com a menor absorção de gordura, o Orlistate leva a uma perda de peso corporal e a uma melhora nos níveis da glicemia de jejum e na hemoglobina glicosilada.

Seus principais efeitos adversos estão relacionados ao trato gastrointestinal e incluem principalmente esteatorréia (excesso de gordura nas fezes), aumento da frequência de defecação, fezes líquidas, urgência fecal e flatulência.

Esta é uma medicação pouco popular para o tratamento da obesidade, devido a seus incômodos efeitos colaterais.

Liraglutida

A Liraglutida é um peptídeo semelhante ao hormônio Glucagon 1.

Este é um medicamento sintético injetável usado no controle glicêmico na diabetes do tipo 2 em adultos e também para a perda de peso.

O medicamento age no hipotálamo (cérebro), afetando a regulação do apetite ao influenciar os sinais de saciedade.

Além disso, a Liraglutida aumenta o gasto energético e favorece a oxidação de
gordura ao invés de carboidratos.

O principal efeito colateral da medicação é a náusea, geralmente leve a moderada.

Ela ocorre principalmente nas primeiras 4 a 8 semanas de tratamento (7).

Bupropiona e Naltrexona

A Bupropiona é um inibidor da recaptação de dopamina e norepinefrina. Ela é atualmente aprovada para tratamento de depressão e para a cessação do tabagismo.

Já a Naltrexona é um antagonista de receptor opioide. Ela foi inicialmente aprovada como tratamento da dependência aos opiáceos e, posteriormente, da dependência ao álcool.

Quando tomados separadamente, os dois compostos têm pouco efeito sobre o peso corporal. Mas, quando de forma combinada, eles ajudam a eliminar até 7% da gordura corporal.

A combinação da Bupropiona e da Naltrexona tem ação também sobre os mecanismos cerebrais de prazer e recompensa, implicados na compulsão alimentar.

Semaglutida (Ozempic)

A Semaglutida (Ozempic) é uma medicação aprovada no Brasil para tratamento do diabetes e que está em processo de aprovação para tratar a obesidade.

Estudos mostram que ela pode levar a uma perda media de 15% do peso corporal em pouco mais de um ano (8).

A semaglutida é um medicamento com efeito similar ao GLP-1, um tipo de hormônio que é produzido pelo intestino após as refeições e que envia sinais de saciedade para o cérebro, diminuindo a fome e promovendo o emagrecimento.

Ela geralmente é indicada para o tratamento de perda de peso em pessoas que têm pelo menos uma das seguintes condições: diabetes tipo 2, pressão alta, dislipidemia ou doenças cardiovasculares.

Topiramato

O Topiramato é um medicamento normalmente usado para controlar a enxaqueca e também para controlar conclusões em pacientes com epilepsia.

Além disso, ele age no hipotálamo, região do cérebro que regula a saciedade.

Como efeitos colaterais, o Topiramato pode provocar o adormecimento e formigamento em várias partes do corpo, náuseas, problemas de memória e muitas dificuldades com o reflexo motor, além de sonolência e dificuldade de concentração.