Lesão do Ligamento Cruzado Anterior
O que é o Ligamento Cruzado Anterior?
Ruptura do Ligamento Cruzado Anterior
Sintomas da Lesão do LCA
Diagnóstico da Lesão do Ligamento Cruzado Anterior
Tratamento da Lesão do LCA
- Queixas do paciente;
- Idade;
- Atividade esportiva
- Expectativas em relação ao tratamento.
Tratamento sem cirurgia
Cirurgia para ruptura do Ligamento Cruzado Anterior
Tratamento pós-operatório
Primeiro mês
A primeira fase da reabilitação envolve a melhora da dor e do edema, recuperação da mobilidade e melhora do padrão de caminhada. No início, o paciente é recomendado a usar muletas. O apoio do peso é distribuido, parte na perna e parte na muleta. À medida que a dor e o controle do movimento melhoram, o apoio é gradativamente transferido das muletas para a perna, até que ele se sinta confortável para largar as muletas. Isso geralmente ocorre entre duas e três semanas após a cirurgia. Vale considerar aqui que o apoio do peso na perna pode ser adiado em decorrência de procedimentos associados, especialmente o tratamento de lesões no menisco ou na cartilagem articular. Assim, o uso da muleta deve ser feito conforme orientação do médico.
segundo e terceiro meses
Um mês após a cirurgia, espera-se que o paciente seja capaz de caminhar sem muletas em locais protegidos e por pequenas distâncias. O objetivo principal, neste momento, é recuperar a musculatura perdida. Dois meses após a cirurgia o joelho já está muito próximo do normal para o dia a dia. Entretanto, o ligamento ainda está mais frágil e vulnerável. Os exercícios de fortalecimento são fundamentais neste momento, mas devem ser guiado sempre por um fisioterapeuta. Isso permitirá a recuperação da força sem sobrecarregar o ligamento operado.
Quarto e quinto meses
O trote ou corrida leve são iniciados geralmente entre três e quatro meses após a cirurgia. Mas, para isso, é fundamental que se tenha boa mobilidade, ausência de inchaço e uma razoável recuperação da musculatura. Um teste de força, chamado de Dinamometria, poderá ser feito para avaliar a intensidade da perda de musculatura. A corrida é geralmente liberada quando a diferença de força entre as pernas for inferior a 30%. Caso isso não tenha sido obtido, nenhum problema. O paciente será mantido apenas com o trabalho de força, até que esteja em condições de iniciar a corrida.
sexto e sétimo meses
Uma vez que o paciente esteja conseguindo manter uma corrida contínua e sem queixas, exercícios com maior complexidade são introduzidos, incluindo:
- Acelerações e desacelerações
- Saltos
- Corrida lateral e para trás
- Mudanças de direção
Exercícios específicos do esporte são gradativamente introduzidos neste período. No caso do futebol, isso pode incluir chutes, movimentos de drible e cruzamentos, por exemplo.
Oitavo mês
Antes de realizar o retorno esportivo pleno, o atleta deverá estar participando de treinamentos plenos com a equipe, em um ambiente protegido. O objetivo é permitir um retorno progressivo ao esporte, dando tempo para que o atleta ganhe mais confiança e controle dos movimentos.
Retorno esportivo pós reconstrução do Ligamento Cruzado Anterior
- Avaliação subjetiva satisfatória pelo paciente, que precisa ter confiança no joelho;
- Teste isocinético demonstrando diferença de força não superior a 10% de uma perna em relação à outra, seja para o quadríceps ou para a musculatura posterior;
- Relação de força quadríceps / isquiotibiais entre 50 e 70%;
- Testes de salto unipodal e o Y test com menos de 10% de diferença entre os membros.
Mesmo com todos estes critérios, o atleta deve ser inicialmente liberado para participar de treinos com a própria equipe. Assim, ele poderá dosar melhor a intensidade de jogo de acordo com a confiança. Além disso, há uma tendência de os companheiros de time evitarem choques mais intensos. Uma vez decidido pelo retorno, este deve ser feito de forma progressiva. No futebol, a maior parte das lesões ligamentares do joelho acontecem nos últimos 15 minutos de cada tempo, em função da fadiga muscular. No paciente que esteja voltando de cirurgia, esse risco será ainda maior, o que justifica o retorno gradativo. Como referência, ele poderá começar jogando 15 minutos, a seguir jogará 30 minutos, um tempo completo para, por fim, jogar uma partida completa.
Resultado da cirurgia
Complicações da Reconstrução do Ligamento Cruzado Anterior
Trombose Venosa Profunda
A trombose venosa profunda se caracteriza pelo entupimento de uma veia em decorrência da formação de um coágulo de sangue. Estudos mostram que aproximadamente 10% dos pacientes operados por lesão do Ligamento Cruzado Anterior desenvolvem trombose após a cirurgia, ainda que apenas metade deles se tornem sintomáticos (4). Entre os pacientes com maior risco de trombose após a cirurgia, incluem-se:
- Mulheres;
- Pacientes acima dos 40 anos;
- Obesos;
- Uso de pílulas anticoncepcionais;
- Tabagista
- Histórico pessoal ou familiar de trombose.
O uso de meias elásticas de compressão após a cirurgia ajuda a prevenir a trombose e deve ser indicada de rotina. Além disso, a mobilização precoce é fundamental. O uso de medicações anticoagulantes, por outro lado, deve ser considerado caso a caso. Ao mesmo tempo em que elas previnem a trombose, há um risco aumentado de sangramento, devendo-se assim pesar os potenciais riscos e benefícios. Deve-se suspeitar de trombose no paciente que apresenta uma dor desproporcional ao que se costuma ver na cirurgia associado a empastamento da musculatura da panturrilha. A pele na perna também pode ficar mais brilhante. Na suspeita do diagnóstico, o ultrassom venoso com doppler pode ajudar na confirmação diagnóstica. A trombose venosa profunda pode levar a uma complicação ainda mais séria, que é a embolia pulmonar. Daí a importância do diagnóstico e tratamento precoce frente a suspeita deste diagnóstico. Os tratamentos incluem o uso de medicamentos anticoagulantes, meias elásticas compressivas e elevação da perna afetada.
Artrofibrose
A artrofibrose é uma condição na qual há um acúmulo excessivo de tecido cicatricial ao redor de uma articulação. O tecido cicatricial funciona como uma cola no joelho, que se torna rígido e doloroso. Para evitar a artrofibrose, os pacientes são orientados a mobilizarem precocemente o joelho. Pacientes com “aversão ao movimento”, que ficam extremamente apreensivos em mexer o joelho por medo da dor, são especialmente suscetíveis a desenvolverem a artrofibrose. Fisioterapia precoce, de preferência já no dia seguinte à cirurgia, e outras medidas analgésicas, como o uso de gelo e medicações anti-inflamatórias, também ajudam a evitar a artrofibrose. O tratamento inicial envolve o uso de medicações anti-inflamatórias e gelo. A fisioterapia deve buscar uma mobilização progressiva, mas sempre respeitando a dor do paciente. Quando a fisioterapia não é suficiente para recuperar a mobilidade, pode ser indicada a remoção cirúrgica do tecido cicatricial em excesso, o que é feito por meio de artroscopia. Nestes casos, é importante enfatizar a necessidade de reabilitação precoce, já que a recidiva da artrofibrose é bastante comum frente a falta de movimento.
Relesão do Ligamento
O rompimento do neoligamento após a cirurgia de reconstrução do Ligamento Cruzado Anterior é a complicação que mais preocupa os cirurgiões de joelho. Considerando-se todos os pacientes submetidos à reconstrução do LCA, o índice de relesão varia de 5 a 10%; mas, em grupos de alto risco, pode alcançar até 30% dos pacientes (5, 6). Por melhor que seja a cirurgia e a recuperação pós-operatória, o paciente que já sofreu uma lesão do LCA sempre estará sob maior risco de nova lesão. O risco é ainda maior em jovens atletas que retornam para esportes considerados de alto risco. A nova lesão pode ser simplesmente o resultado de um novo trauma em um atleta altamente vulnerável. Entretanto, uma recuperação incompleta da força e da função da musculatura deixa o paciente operado muito mais vulnerável.
Artrose pós reconstrução do Ligamento Cruzado Anterior
Pacientes submetidos à reconstrução do ligamento Cruzado Anterior apresentam risco 3 a 5 vezes maior de desenvolverem artrose no joelho comparado com pessoas sem histórico de lesão. Mesmo pacientes com a cartilagem íntegra no momento da cirurgia e que apresentam boa recuperação inicial após o procedimento apresentam risco aumentado para desgaste no joelho. Assim, acredita-se que o desgaste seja decorrente não da cirurgia, mas sim da força de impacção sobre a cartilagem no momento da lesão. A presença de lesão no menisco, principalmente em pacientes submetidos a uma meniscectomia, aumenta a sobrecarga e o risco de desenvolvimento futuro de artrose no joelho.