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Homofobia e transfobia

Homofobia e transfobia

Sem dúvidas, homofobia e transfobia são dois temas que devem ser discutidos com frequência para que possamos construir um mundo mais justo e igualitário.

Afinal, a população LGBTQIA+ pode sofrer inúmeros episódios de preconceito e violência por, simplesmente, serem quem são – e isso é inadmissível.

Por isso, fizemos este guia com uma série de informações importantes sobre a temática. Acompanhe a seguir e saiba mais sobre o assunto.

O que é homofobia?

A homofobia pode ser descrita como preconceito, aversão aos homossexuais e rejeição destes e da homossexualidade de forma geral. É o caso de uma pessoa não aceitar a presença de outra por esta última ser homossexual. Também é o caso de comportamentos violentos serem colocados em prática contra os homossexuais única e exclusivamente por eles terem uma orientação sexual que escapa da heteronormatividade.

O que é transfobia?

A transfobia, por sua vez, é o preconceito, aversão aos indivíduos trans e rejeição destes e de qualquer discurso que defenda a transsexualidade.

A pessoa trans sofre violência, preconceito e discriminação por, simplesmente, ser quem ela realmente é. Trata-se de um comportamento deturpado que, infelizmente, ainda faz parte da sociedade.

Como se manifestam a homofobia e a transfobia?

São diversos os comportamentos que podem trazer à tona um caso de homofobia e transfobia. Veja alguns deles:

  • Invalidação da sexualidade alheia, dando a entender que a pessoa não é trans ou homossexual e que deveria “pensar melhor sobre isso”.
  • Desprezo, bullying e xingamentos relacionados à orientação sexual da pessoa.
  • Comportamentos violentos como propósito de exterminar uma pessoa trans ou homossexual.
  • Tirar conclusões precipitadas sobre alguém trans ou homossexual, baseando-se nos estereótipos e estigmas relacionados a essa população.
  • Violências psicológicas ou físicas que tenham relação com a sexualidade alheia.
  • Exclusão de pessoas que não se enquadram na heteronormatividade.
  • Expulsão de filho ou de parente de casa por única e exclusivamente ele ser gay, lésbica, bi, trans, etc.
  • Discursos religiosos que associam o indivíduo LGBTQIA+ com algo demoníaco.
  • Discursos que reforçam a ideia de que uma orientação sexual não hétero é doença ou “imoralidade”.
  • Entre outras situações que invalidam, diminuem, violentam, desprezam, rejeitam, desqualificam e provocam impactos negativos no indivíduo por conta de sua orientação sexual.

Aspectos psicológicos de quem sofre homofobia e transfobia

Quando pensamos em homofobia e transfobia, não podemos deixar de refletir sobre os efeitos que isso pode provocar na saúde mental do indivíduo que não se enquadra na heteronormatividade. A seguir, descrevemos alguns desses aspectos para que você reflita conosco.

1. Baixa autoestima
A sociedade homofóbica e transfóbica costuma associar indivíduos LGBTQIA+ a diversos fatores negativos. É como se as pessoas que não fossem héteros tivessem apenas características ruins, como mau caráter, perversão, imoralidade, etc.
Assim sendo, esse discurso que reforça a ideia de que esses indivíduos são ruins e devem ser excluídos da sociedade pode impactar diretamente na autoestima do sujeito.
Não é raro vermos pessoas LGBTQIA+ que se sentem inferiores, ruins, imorais ou “estragadas” por, simplesmente, não serem hétero.
Infelizmente, esse é o reflexo da impunidade que ainda existe com relação à homofobia e à transfobia.

2. Problemas para se relacionar
As dificuldades para se relacionar também pode ser uma realidade de alguns indivíduos. Primeiro porque a sociedade busca excluir as minorias, segundo porque o medo de vivenciar um episódio de violência pode atrapalhar as interações sociais da pessoa.
Além disso, o fato de a autoestima estar abalada faz com que o sujeito possa se retrair e se isolar socialmente, temendo ser visto como uma pessoa “ruim” e sem atributos.

3. Sentimento de culpa
Dependendo da criação que a pessoa recebe ao longo de sua vida, ela pode se sentir culpada por, simplesmente, ser quem é.
É o caso de um indivíduo que cresce em uma família religiosa que reforça a ideia de que a homossexualidade é “demoníaca” ou uma “doença que vem do diabo”.
Assim sendo, a pessoa, ao se sentir atraída por indivíduos do mesmo sexo, pode se sentir culpada por tal atração.
Além disso, a rejeição da família também pode desencadear esse sentimento de culpa, que pode fazer com que a pessoa comece a se questionar sobre a própria personalidade e características pessoais.

4. Problemas de autoaceitação
Seguindo o que mencionamos acima, o contexto e a criação do indivíduo também pode ocasionar uma dificuldade de autoaceitação.
Pelo fato de a pessoa se sentir “ruim” ou “inadequada”, ela pode crer ser alguém imperfeito e indigno de amor, não aceitando as suas próprias características e enxergando-se como alguém imoral.
Nem sempre as pessoas LGBTQIA+ conseguem se assumir ou, como diz o senso comum, “sair do armário”, devido às dificuldades de autoaceitação.

5. Desenvolvimento de transtornos mentais
Infelizmente, a falta de apoio, as violências vividas, o sentimento de culpa e a dificuldade para se autoaceitar podem servir de estopim para o desenvolvimento de quadros de transtornos mentais, como depressão, ansiedade, síndrome do pânico, entre outros quadros que exigem intervenção profissional.
Afinal, a carga emocional e psicológica é tão negativa, que o sujeito pode ter dificuldades para conseguir lidar com tudo o que acontece à sua volta. Assim sendo, quadros diversos podem ser desenvolvidos, impactando a saúde e o bem-estar da pessoa.

6. Traumas frente à violência vivida
Os traumas frente à violência vivida no cotidiano também podem impactar o psicológico de indivíduos LGBTQIA+.
O bullying, o preconceito, as violências psicológicas e físicas, entre outros cenários, ocasionam o aparecimento de marcas significativas na vida do sujeito.

7. Problemas familiares
Não é de hoje que ouvimos histórias de famílias que expulsam seus filhos de casa por conta da sua orientação sexual.
Assim sendo, os problemas familiares é outro problema que pode ser enfrentado pela população LGBTQIA+.
Sem dúvidas, são problemas que podem fragilizar a autoaceitação e a autoestima do sujeito, que realmente pode acreditar ser alguém ruim por expressar os seus desejos enquanto ser humano.

8. Abuso de substâncias
O abuso de substâncias pode se transformar em um verdadeiro escape para o indivíduo que não é aceito por ser quem ele é.
Consequentemente, quadros de dependência química podem resultar desse tipo de comportamento compensatório, prejudicando ainda mais a qualidade de vida e a saúde do sujeito como um todo.

9. Sofrimento pela invalidação
A invalidação costuma aparecer nos mais diversos cenários sociais. Não é incomum ouvirmos algo como “de que forma você sabe que não gosta de mulher?”, “você só é lésbica porque não encontrou o homem certo”, entre outras situações que invalidam a sexualidade e a vida de um ser humano.
Sem dúvidas, esse tipo de comentário, que pode ser bem mais recorrente do que imaginamos, causa sofrimento e angústia no sujeito, que fica praticamente impedido de externar as suas reais características.

Como lidar com homofobia e transfobia?

Apesar de não existir um método infalível para lidar com casos de homofobia e transfobia, ainda assim podemos pensar em algumas situações que visam preservar a saúde mental da população LGBTQIA+ que, infelizmente, precisa enfrentar tantas coisas inadmissíveis.

A seguir, descrevemos algumas dessas ações.

1. Denunciar casos de violência
O primeiro ponto que precisamos destacar é o caso de denunciar as violências vividas. O preconceito deve ser denunciado à polícia para que as medidas cabíveis sejam tomadas e o indivíduo preconceituoso possa arcar com as consequências de seus atos.
Por isso, procure a justiça caso sinta que a homofobia e transfobia tem feito parte da sua rotina de alguma forma. Você não precisa se calar!
Embora seja difícil em muitos casos, pois sabemos que a nossa justiça não é exatamente da forma como deveria ser – em algumas situações -, ainda assim temos o papel de trazer à tona os casos de homofobia e transfobia, denunciando-os.

2. Afastar-se de pessoas homofóbicas e transfóbicas
Sabemos que, muitas vezes, as pessoas homofóbicas e transfóbicas são pessoas que sempre fizeram parte da vida do indivíduo LGBTQIA+, o que dificulta na hora de se afastar e de cortar relações. É o caso de familiares que não aceitam a orientação sexual de um determinado membro da família.
Contudo, é muito importante considerarmos a ideia de que não somos obrigados a manter proximidade com pessoas que são tóxicas e que não nos aceitam como somos.
Se essas pessoas ficam tentando invalidar a sua sexualidade e mudar quem você é em essência, será que vale a pena mantê-las na sua vida e no seu cotidiano?
Além do mais, o contato com pessoas preconceituosas pode impactar a sua autoaceitação e autoestima.
Por isso, se um indivíduo que você apreciava tem demonstrado comportamentos que remetem à homofobia ou transfobia, não se sinta impedido de se afastar. A sua saúde mental deve ser uma prioridade.
Se a pessoa não aceita você exatamente do jeito que és, por que ela seria digna de receber o seu amor? Essas reflexões, por mais dolorosas que sejam, podem ser libertadoras em muitos casos. Cuide da sua saúde mental e priorize-se.

3. Desenvolver a autoaceitação
Obviamente, o processo de autoaceitação pode ser bastante desafiador, mas é igualmente valioso para a sua saúde mental e para as situações nas quais você acaba sendo obrigado a ouvir comentários homofóbicos e transfóbicos.
O processo de autoaceitação perpassa muitas etapas subjetivas e singulares, e cada indivíduo pode atravessá-las de uma maneira única. Por isso, não podemos descrever um passo a passo de como você pode se autoaceitar de acordo com a sua sexualidade.
No entanto, podemos levantar alguns questionamentos que podem ajudar de algum modo:

  • Por que a sua sexualidade seria algo ruim?
  • Por que as outras pessoas têm direito de expressar quem são e você não?
  • É justo você se diminuir por algo que já nasce com você?
  • Quem disse que a sexualidade que escapa da heteronormatividade é algo ruim? Por que essa opinião deveria ser considerada?
  • Que mal você faria ao mundo ao expor a sua sexualidade? Então por que vê-la como algo ruim?
  • Será que vale a pena ter por perto pessoas que não aceitam a sua sexualidade, escondendo quem você é? Ou é melhor se cercar de pessoas que aceitam você por inteiro?
  • Por que é justo reprimir a sua felicidade para, apenas, encaixar-se em padrões alheios?
  • Por que a sua sexualidade deveria ser vista como uma característica ruim em você?
  • Quais são todos os seus atributos e qualidades? Por que se diminuir por conta da sexualidade?

Esses são apenas alguns dos questionamentos que você pode fazer quando pensar em se autoaceitar e, inclusive, enfrentar situações de homofobia e transfobia.
É importante pensarmos nessa autoaceitação, especialmente em casos de homofobia internalizada, quando o próprio indivíduo profere discursos preconceituosos contra si mesmo, não aceitando a sua sexualidade como algo normal.

4. Buscar apoio psicológico
A psicoterapia também pode ajudar a enfrentar situações de homofobia e transfobia. Afinal, o abalo emocional pode ser intenso ao viver em um mundo onde o preconceito é tão enraizado e, infelizmente, visto como “normal” por muitas pessoas.
Sendo assim, conversar sobre como você se sente, entendendo as emoções e encontrando ferramentas internas para enfrentar as adversidades da vida é algo que pode ajudá-lo neste momento.
O processo terapêutico é centrado em você, em quem você é e em quem quer se mostrar para o mundo. Também foca no autoconhecimento, na inteligência emocional, na autoestima, na autoaceitação, entre outros aspectos.

5. Quebra de estigmas e estereótipos
Quebrar os estigmas e estereótipos que nós mesmos podemos ter com relação à população LGBTQIA+ também é importante.
Essa quebra proporciona uma nova visão sobre você mesmo. Afinal, quantas vezes você pode ter acatado ao que a sociedade diz que é ser gay ou trans? Apenas se moldando ao que eles estereotipam o tempo todo? Pois é!
Além disso, quebrar os discursos que dizem que todo homem gay é afeminado e toda mulher lésbica é masculinizada também é importante. Apesar de ser um trabalho que levaremos para a vida toda, se todo mundo quebrar esses discursos, ao menos um pouco, poderemos, dia após dia, construir um futuro mais justo e igualitário.
Não estamos dizendo que é fácil, mas, sim, estamos dizendo que é necessário.

6. Aproximar-se de relacionamentos saudáveis
Ao invés de manter contato com aquelas pessoas que não aceitam as suas reais características e praticam homofobia e transfobia, que tal se aproximar de quem realmente se importa com você?
Construir laços sociais saudáveis e cercar-se de pessoas positivas é uma forma de cuidar da sua saúde mental e emocional, colocando-se em primeiro lugar na sua vida.
Essas interações sociais são importantes para a autoaceitação, autoestima, bem-estar e saúde de uma forma geral. Por isso, procure fortalecer os laços com aqueles que realmente se importam, deixando de lado os preconceituosos – e denunciando-os.

Referências
CEFI, Ensino de Pesquisa Física. O papel da psicologia no trabalho com a população LGBT.

Consequências da homofobia: LGBTQIA+ e saúde mental.