Hiperglicemia e Complicações hiperglicêmicas
O que é a hiperglicemia?
A hiperglicemia se refere ao aumento da glicose no sangue para níveis superiores a 180 mg/dL em um exame aleatório.
Isso pode acontecer tanto na diabetes tipo 1 como na diabetes tipo 2.
Ela gera preocupação devido ao risco de evoluir com as emergências Hiperglicêmicas Agudas, incluindo a Cetoacidose Diabética e o Estado Hiperosmolar Hiperglicêmico. As complicações geralmente se desenvolvem com níveis de glicemia aleatória acima de 250 mg/dL.
Quais as causas da Hiperglicemia?
A Hiperglicemia pode estar associada a duas situações distintas:
Descompensação crônica da Diabetes
Grande parte dos pacientes com hiperglicemia encontram-se assintomáticos e sem sinais de hiperglicemia aguda, de desidratação ou de outras doenças que justifiquem o aumento da glicemia.
Nesses, casos, o tratamento tem por objetivo a otimização do tratamento da diabetes, com ajustes na dieta e na terapia de insulina ou outros medicamentos hipoglicemiantes.
Hiperglicemia Aguda por Doença Intercorrente
Diferentes condições clínicas podem levar a uma descompensação da diabetes e aumento da glicemia.
Nesses casos, a doença de base ainda domina o quadro clínico do paciente e não há manifestações de emergências hiperglicêmicas, como a Cetoacidose Diabética ou o Estado Hiperosmolar Hiperglicêmico.
Algumas condições podem ser mais simples e fáceis de serem tratadas, enquanto outras podem ser muito mais graves.
O tratamento, de qualquer forma, deve se desenvolver em duas frentes:
- Ajuste temporário da terapia de insulina, de forma a melhorar a glicemia;
- Tratamento da doença que levou à descompensação da diabetes.
Emergências Hiperglicêmicas
As principais emergências hiperglicêmicas são a Cetoacidose Diabética e o Estado Hiperosmolar Hiperglicêmico, que discutiremos mais abaixo.
Nesses casos, a hiperglicemia está acompanhada de sinais e sintomas como desidratação grave, aumento no volume urinário, aumento na sede e na fome ou perda de peso. O hálito cetônico também pode estar presente.
Esses são casos de emergência médica e que devem ser manejados em sistema hospitalar de pronto atendimento.
Cetoacidose diabética
O que é a Cetoacidose Diabética?
A cetoacidose diabética é uma complicação que acontece por conta da falta de insulina, uma vez que a glicose não consegue entrar nas células para gerar energia.
Quando nos alimentamos, a glicose é absorvida vai diretamente para a corrente sanguínea. No entanto, ela não consegue entrar nas células da maioria dos tecidos do corpo sem a ajuda da insulina.
Assim, quando a insulina está baixa, a glicose sanguínea aumenta, mas as células do corpo não conseguem utilizá-la.
Na falta da glicose, as células passam a usar os estoques de gordura para produzir energia.
Os corpos cetônicos, responsáveis pela cetoacidose diabética, se formam como um sub-produto do metabolismo das gorduras. Eles são substâncias ácidas e que, desta forma, levam a uma redução no Ph do sangue.
Sem o tratamento adequado, a acidose pode levar o paciente ao coma ou até mesmo à morte.
Diagnóstico da cetoacidose diabética
A cetoacidose diabética deve ser considerada especialmente no indivíduo com sintomas característicos e glicemia acima de 250mg/dL.
Ela pode ser confirmada por meio dos exames de sangue ou urina, com os seguintes achados:
- Acidose metabólica (pH arterial < 7,3 e HCO3 < 15)
- Cetose positiva (cetonemia ou cetonúria fortemente positiva)
Sintomas
Os sintomas da Cetoacidose Diabética podem incluir:
- Sede excessiva;
- Urinar com frequência;
- Náusea ou vômitos;
- Tendo dor de estômago;
- Fraqueza ou fadiga;
- Falta de ar;
- Mau Hálito;
- Confusão.
Tratamento da Cetoacidose Diabética
O tratamento da Cetoacidose Diabética deve ser feito em regime hospitalar.
Devem fazer parte do tratamento:
- Uso de insulina, geralmente por via intravenosa;
- Rehidratação por meio de um soro na veia;
- Tratamento de eventuais fatores desencadeantes, como uma infecção;
- Monitoramento das possíveis complicações da cetoacidose diabética, como problemas com o cérebro, rins ou pulmões.
A glicemia deve ser cuidadosamente monitorada durante o tratamento. Quando o nível de glicose no sangue cair para cerca de 200 mg/dL e o sangue não estiver mais ácido, a terapia de insulina intravenosa deve ser interrompida e substituída pela terapia usual de insulina subcutânea.
É preciso ter cuidado para não reduzir excessivamente a glicemia, pelo risco de desenvolver um grave edema cerebral.
O paciente geralmente pode deixar o hospital quando estiver bem o suficiente para comer e beber e os testes mostrarem um nível seguro de cetonas em seu corpo;
Habitualmente isso envolve aproximadamente dois a três dias de internação.
Complicações
Possíveis complicações da cetoacidose diabética incluem:
- Hipoglicemia, em decorrência do tratamento adotado para redução da glicose sanguínea;
- Hipocalemia: outra complicação que pode acontecer em decorrência do tratamento da cetoacidose. Em que os níveis de potássio no sangue caiam bastante. Ela pode afetar o funcionamento do coração, músculos e nervos.
- Edema cerebral: pode acontecer em decorrência de reduções muito rápidas na glicose sanguínea pelo tratamento da cetoacidose.
Estado Hiperosmolar Hiperglicêmico
Estado Hiperosmolar Hiperglicêmico acontece quando o corpo produz insulina, mas a insulina não funciona corretamente.
Os níveis de glicose no sangue podem ficar muito elevados – superiores a 600 mg/dL, mas sem cetoacidose.
A glicose passa então para a urina, causando aumento da micção. Se não for tratado, o estado hiperosmolar hiperglicêmico diabético pode levar à desidratação e ao coma com risco de vida.
Sintomas do Estado Hiperosmolar Hiperglicêmico
O principal sintoma do estado hiperglicêmico hiperosmolar é uma alteração no estado mental. Ela pode variar de uma confusão leve e desorientação até sonolência e coma. Até 20% das pessoas que entram em um estado Hiperosmolar morrem por conta dela.
Além das alterações no estado mental, outros sintomas que podem estar presentes incluem micção frequente e sede extrema.
Diagnóstico
O diagnóstico é feito na presenta de confusão em um paciente com glicemia muito elevada, geralmente acima de 250 mg/dL.
Além disso, os exames mostram níveis baixos de cetonas ou acidez na corrente sanguínea, o que indica que o paciente não está em cetoacidose.
Tratamento do Estado Hiperosmolar Hiperglicêmico
O tratamento deve envolver a reidratação, oferta de eletrólitos e a otimização da terapia com insulina.
A insulina é geralmente administrada por via intravenosa, de forma que ela possa agir rapidamente e para que a dose possa ser ajustada frequentemente.