Hepatite Congênita
O que é a Hepatite Congênita?
A Hepatite congênita é uma inflamação hepática que acomete o feto ainda durante a gestação ou ao nascimento.
Ela pode ser causada por vírus hepatotrópicos, especialmente o vírus da Hepatite B (HBV) ou da Hepatite C (HCV). Mas pode também ser causada por outros vírus, incluindo o citomegalovírus (CMV), rubéola, sífilis, toxoplasmose ou herpes.
A hepatite congênita é relativamente rara, mas de alto impacto quando ocorre.
Nos países com alta cobertura vacinal e triagem pré-natal, a transmissão vertical por HBV e HCV tem diminuído.
Transmissão
A hepatite congênita pode ser adquirida:
- Via transplacentária (durante a gestação)
- Durante o parto, por contato com sangue e secreções maternas (especialmente HBV e HCV)
- Raramente, via amamentação, principalmente se houver fissuras mamilares. No entanto, a amamentação não é contraindicada se o bebê for imunizado.
5–10% das mães com HCV transmitem o vírus para o feto, sendo que 90% dos recém-nascidos infectados por HBV no parto desenvolvem infecção crônica. O risco de transmissão aumenta nas seguintes condições:
- Carga viral materna elevada
- Presença de HBeAg positivo (HBV)
- Co-infecções (ex.: HIV)
- Falta de vacinação neonatal (HBV)
Sintomas da Hepatite Congênita
Muitos casos são assintomáticos ao nascimento. Quando presentes, os sintomas mais comuns ao nascimento incluem:
- Icterícia prolongada
- Aumento do fígado (hepatomegalia) e baço
- Fezes claras
- Coagulopatia (tendência a sangramentos)
- Letargia, vômitos, perda de peso
- Achados laboratoriais: elevação de bilirrubinas, transaminases, alterações da função hepática
Com o tempo, a Hepatite (em alguns casos, 20 anos ou mais) pode evoluir com complicações como Cirrose hepática ou Insuficiência Hepática. Os primeiros sintomas podem em alguns casos aparecer apenas nesse momento mais tardio.
Diagnóstico
Exames de triagem para a hepatite devem ser feitos em toas as gestantes em três momentos:
- Primeiro trimestre (idealmente na 1ª consulta do pré-natal)
- Repetir no terceiro trimestre (28–32 semanas), especialmente em grupos de risco
- No momento do parto, se triagem prévia foi incompleta
Essa triagem deve ser feita para a hepatite B, Hepatite C e outros vírus com potencial para causar hepatite neonatal, como HIV, sífilis, toxoplasmose, CMV ou rubéola
Após o nascimento, a investigação deve ser feita em todo recém nascido de mãe com hepatite B ou C confirmada ou suspeita. A investigação também deve ser feita nas seguintes situações:
- RN com icterícia prolongada, hepatomegalia, colestase ou sinais de infecção congênita
- RN com baixo peso, prematuridade inexplicada ou alterações hepáticas nos exames
Tratamento da Hepatite Congênita
O tratamento depende de qual é o agente causador.
Hepatite B
Vacina combinado com a imunoglobulina anti-HBs nas primeiras 12 horas de vida previne mais de 90% das infecções.
Se o bebê for infectado, geralmente ele é assintomático. No entanto, a maioria irá evoluir para hepatite crônica, com cirrose hepática ou insuficiência hepática no final da adolescência ou início da vida adulta.
Antivirais (ex.: entecavir, tenofovir) podem ser usados em casos selecionados, geralmente mais tarde na infância.
Hepatite C
Apenas 5–10% das mães com HCV transmitem o vírus para o feto. Mas, diferentemente da Hepatite B, não existe vacina nem profilaxia eficaz no parto.
O recém-nascido na maioria das vezes é assintomático. Cerca de 20% dos infectados eliminam o vírus espontaneamente, enquanto 80% desenvolverão hepatite crônica.
O tratamento antiviral pode ser considerado, sempre após os 3 anos de idade.
Outros agentes
Quando a Hepatite Congênita é causada por outros agentes infecçiosos, como CMV, toxoplasmose, sífilis, rubéola ou herpes, o tratamento pode ser feito com antivirais ou antibióticos específicos, conforme o agente.