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Filhos desobedientes

Lidar com filhos desobedientes pode ser um grande desafio. Em muitas situações, os pais podem ter dificuldades para compreender como agir diante de uma birra, uma crise de teimosia ou um comportamento tido como “inadequado”.

Embora não exista uma fórmula mágica para educar as crianças e os adolescentes, ainda assim podemos pensar em alternativas que podem contribuir para uma educação mais efetiva e, ao mesmo tempo, saudável. A seguir, apresentamos algumas dessas considerações. Acompanhe este texto e saiba mais!

Como lidar com filhos desobedientes?

Os filhos desobedientes podem apresentar comportamentos inadequados por uma série de motivos. Muitos pais podem pensar, de forma narcisista, que os filhos querem “atingi-los”, quando, na realidade, a desobediência pode estar relacionada a muitos fatores. Veja alguns exemplos:

  • Falta de exemplo dentro de casa.
  • Condutas violentas dos pais.
  • Falta de suporte emocional, fazendo com que a criança faça “birra” para chamar a atenção.
  • Dificuldade de compreender o que os pais esperam da criança.
  • Falta de limites claros, uma vez que orientações vazias podem confundir a criança.
  • Falta de proximidade entre pais e filhos.
  • Influência de comportamentos externos.
  • Entre outras infinitas circunstâncias subjetivas.

Por isso, ao invés de apenas punir a desobediência, sem pensar em formas de minimizá-la, buscar maneiras de compreender os motivos por trás da situação e tentar implementar mudanças alinhadas à subjetividade dos filhos, pode ser mais positivo.
A seguir, portanto, apresentamos algumas sugestões que podem ser úteis, mas, lembre-se: avaliar o que condiz com a realidade da sua família e do seu filho é um passo relevante antes de implementar ações.
Vamos adiante!

1. Ensine o que você espera dos seus filhos
Um primeiro ponto que podemos considerar e que, às vezes, é negligenciado por muitos pais, é o fato de ensinar o que você realmente espera dos seus filhos.
Isto é, alguns pais podem imaginar que os seus filhos devem ter a conduta X ou Y em determinadas situações, mas se esquecem de que eles devem ensinar isso aos filhos.
Dito de outro modo, nós não podemos esperar que nossos filhos tenham uma conduta que sequer ensinamos algum dia. Por isso, procure ser claro quando desejar determinado comportamento frente a uma situação.
Para exemplificar, imagine que você quer que o seu filho de 10 anos comece a organizar o quarto dele. Ao invés de brigar e dizer que ele é, simplesmente, bagunceiro, considere ensiná-lo a organizar. Separe um dia para fazer uma faxina com ele, ensinando a importância de cada etapa e o motivo pelo qual esse tipo de limpeza deve ocorrer de forma periódica.
Assim, a criança terá subsídios para aprender o que você espera que ela faça. Diferentemente do que aconteceria caso você só a ofendesse dizendo que o quarto está muito sujo e bagunçado – ela pode ficar confusa, principalmente se você sempre limpava o quarto e, “do nada”, espera que ela faça sozinha.
Você deve orientar o seu filho. Esteja presente e direcione-o aos melhores caminhos, repetindo as regras e orientações de vez em quando para reforçar a ideia que quer passar.

2. Baseie-se no diálogo
O diálogo tem um grande poder dentro das relações humanas. Quando nos comunicamos de forma clara com as pessoas à nossa volta, podemos ser entendidos, acolhidos e compreendidos. Ao mesmo tempo, podemos acolher, entender e compreender o que o outro pensa, sente e deseja.
Sendo assim, conversar com as crianças e os adolescentes é um caminho para lidar com filhos adolescentes. Às vezes, trazer questionamentos acerca dos comportamentos deturpados é uma maneira de fazer o seu filho refletir, ao mesmo tempo em que você pode compreender um pouco mais sobre o ponto de vista dele.
Além disso, o diálogo pode ajudar na hora de se estabelecer “acordos” entre as partes, resultando em efeitos bastante interessantes.

3. Cuidado com os comportamentos incoerentes
Os pais devem ter muito cuidado com os comportamentos incoerentes que podem ter na frente dos filhos, pois isso pode resultar na desobediência deles.
Por exemplo, se você diz para o seu filho que ele não deve usar o celular na mesa, na hora do jantar, mas, você mesmo faz isso, como poderá cobrá-lo? Ele mesmo poderá usar isso como argumento na hora que você chamar a atenção, fazendo com que a conduta desobediente apareça.
Por isso, cobre aquilo que você tem demonstrado como um exemplo, e tenha muito cuidado para não colocar em prática atitudes que possam enfraquecer a sua palavra.

4. Escute o que o seu filho têm a dizer
Dar voz ao seu filho também é uma forma de começar a lidar com a desobediência. Assim, será possível entender quais são os principais motivos por trás do comportamento inadequado.
Às vezes, os pais podem ter uma visão completamente diferente da situação, devido ao grau de maturidade. Logo, é dever dos pais ouvir os seus filhos e ajudá-los a compreender por que tais comportamentos são negativos e devem ser evitados.
Novamente, não espere que o seu filho nasça sabendo todas as coisas. Ouça-o, acolha-o e ajude-o a entender quais caminhos pode trilhar com mais assertividade.

5. Dê regras claras de conduta e repita-as quando necessário
As regras de conduta devem ser apresentadas de forma clara, sem ambiguidade e sem uma grande amplitude. Ou seja, você precisa ser direto e objetivo no que quer que o seu filho absorva como conhecimento.
Por exemplo, apenas dizer “se comporte” pode ser algo muito vazio na cabeça de uma criança. Agora, dizer que você espera que o seu filho “não fale muito alto e que ele respeite quando os outros estiverem falando” é algo completamente diferente, que realmente apresenta a regra de conduta esperada.
Adapte essas regras de acordo com a situação social que vocês estiverem inseridos, reforçando as regras que já foram apresentadas uma vez, para que a criança possa internalizar, de fato, o que se espera dela.
Afinal, quem é que aprende sobre a vida na primeira tentativa? Pois é! Por isso, repetir as regras também é importante.

6. Cumpra com os combinados
O relacionamento entre pais e filhos é baseado na afetividade e na confiança. Quando a confiança é quebrada, a afetividade também pode ser abalada e a palavra dos pais pode perder valor.
Por isso, cumprir com os combinados é extremamente importante para evitar e para lidar com filhos desobedientes.
Pois, por exemplo, se você promete algo ao seu filho e não cumpre, como espera que ele cumpra com as promessas dele?
Nunca se esqueça de que os filhos podem ser verdadeiros aprendizes dos pais, por isso, é muito importante sempre manter a coerência e cumprir com as promessas, mostrando o valor que isso tem.

7. Elogie os comportamentos adequados
Ao invés de sempre dar toda a atenção ao comportamento deturpado, que tal começar a elogiar os comportamentos positivos?
Inevitavelmente, o ser humano pode ter uma tendência de prestar mais atenção no que está ruim, ao invés de considerar o que é bom. Sendo assim, você deve quebrar com isso na hora de lidar com filhos desobedientes, visando fortalecer comportamentos positivos deles.
Portanto, quando perceber que o seu filho cumpriu com algum combinado entre vocês, elogie-o e faça-o perceber que você está orgulhoso do comportamento que foi posto em prática.
Deixe claro o quanto o comportamento positivo é, de fato, bom, para que ele perceba as consequências agradáveis de uma atitude baseada no respeito e na obediência.
Afinal, às vezes a desobediência pode até ser um sinal da falta de valor que os pais dão às atitudes positivas dos filhos. Ao perceberem que não têm atenção quando fazem algo bom, podem recorrer ao ruim para receber o olhar atento dos pais.

8. Buscar compreender o que acontece por trás da desobediência
A desobediência pode ser a consequência de uma série de situações. Procurar compreender quais são essas ações pode ser um caminho para lidar melhor com a situação.
Por exemplo, como mencionamos acima, a desobediência pode aparecer quando os pais não reconhecem os comportamentos positivos dos filhos, e eles recorrem ao que é ruim para ter atenção dos progenitores. Aqui, começar a reconhecer os comportamentos adequados pode ser um caminho bem efetivo no combate à desobediência.
Sendo assim, é perceptível que compreender os motivos pelos quais o filho tem desafiado a autoridade dos pais é um caminho relevante. Procure conversar, avaliar, analisar e verificar o que pode estar desencadeando os comportamentos, a fim de lidar com o problema desde a “raiz”.
Inclusive, a psicoterapia pode ajudar na hora de reconhecer a causa motriz por trás da desobediência, uma vez que pode ser difícil para os pais detectar isso sozinhos.

9. Buscar ajuda psicológica
Seguindo o que acabamos de apontar, muitas vezes a psicoterapia pode se fazer necessária frente aos casos de filhos desobedientes. Afinal, como podem ser muitos os fatores envolvidos com essa situação, é interessante investigar por um viés mais profissional, buscando compreender as contingências por trás dos comportamentos negativos.
Além disso, os próprios pais podem buscar a psicoterapia para lidar melhor com as suas próprias questões, uma vez que a saúde mental dos progenitores pode impactar na forma como estes lidam com os seus filhos.
Na psicoterapia é possível mergulhar mais a fundo, entendendo o que pode estar acontecendo, por que acontece e como é possível lidar com isso. Essa psicoterapia pode ocorrer tanto no método individual, quanto familiar, ou seja, com todos os membros da família, em conjunto, conversando com o terapeuta.

10. Cuidado com a negligência afetiva
A negligência afetiva também pode ser uma mola propulsora para filhos desobedientes. Se você tem se mostrado muito distante dos seus filhos, sem demonstrar que os ama e o quanto eles são importantes para você, a conduta desobediente pode ser um pedido “de socorro” e de atenção das crianças e dos adolescentes.
Por isso, demonstrar uma postura mais presente, dizendo o quanto você ama, admira e gosta do seu filho, é algo que pode minimizar a conduta desobediente.
Será que você tem demonstrado afeto na medida certa? Será que não tem estado muito distante do seu filho? Será que ele realmente sabe o valor que possui? Refletir sobre a sua conduta, enquanto pai ou mãe, também é importante nesses casos.
Afinal, nem tudo o que os filhos fazem diz respeito apenas a eles. Lembre-se de que muitas coisas eles aprendem com você… Será que você tem ensinado de uma forma qualificada? Será que tem deixado claro que os seus filhos são importantes para você e que, por isso, você tenta ensinar regras para que eles sejam mais felizes?

11. Invista em literatura de apoio – no caso de crianças
No caso de crianças, especialmente crianças pequenas, a literatura de apoio pode ajudar a lidar com as situações de filhos desobedientes. Por exemplo, você pode ler um livro sobre a importância de obedecer o pai e a mãe, mostrando personagens divertidos que ensinam os seus filhos sobre as condutas esperadas e saudáveis.
Assim, por meio de uma atividade lúdica e diferente, as crianças poderão absorver novos conhecimentos valiosos, ao mesmo tempo em que você vive um momento de interação e diversão com os pequenos.

12. Cuidado ao impor os seus desejos sobre os seus filhos
Muitas vezes, podemos acreditar que os filhos são desobedientes quando, na verdade, eles estão apenas expressando a subjetividade deles. Ou seja, podemos colocar os nossos desejos pessoais e as nossas expectativas sobre os filhos, esperando que eles ajam da forma que nós julgamos ser a melhor.
Porém, cada criança e cada adolescente é uma pessoa inteira, não uma extensão dos pais. Logo, eles possuem a sua própria subjetividade e suas próprias características, que os fazem discordar de nós de vez em quando.
Saber disso é imprescindível para não querer que os nossos filhos sejam uma cópia de nós, permitindo que eles processem os acontecimentos de uma forma mais subjetiva, apenas com o apoio dos pais frente aos desafios que surgem.
É claro que não é fácil ver um filho seguindo uma profissão que não é vista como positiva pelos pais, mas, lembre-se de que ele tem todo o direito de escolher os caminhos que quer seguir com a sua vida, assim como nós pudemos escolher.

13. Não ceda às birras
As birras vão aparecer de vez em quando, pois fazem parte do desenvolvimento das crianças, que ainda estão aprendendo a lidar com as emoções e com as explosões de emoções dos seus cérebros.
Porém, é muito importante que os pais não cedam a essas birras, mantendo uma posição firme na decisão que foi tomada e combinada com o filho.
Ao mesmo tempo, procure acolher essas emoções, para que a criança fale sobre o que sente. Abrace-a e ajude-a a entender o que pode estar acontecendo, para que ela fale sobre as emoções e consiga se expressar de uma forma mais assertiva.
Lembre-se de que, neste momento, pode ser que a criança não consiga expressar exatamente o que sente e, por isso, a birra pode aparecer como uma forma de extravasar a angústia. Assim sendo, acolher e oferecer escuta pode ajudá-la a se acalmar, diferentemente do que acontece quando você também levanta o tom de voz e também “explode”.
O seu filho ainda não tem todo o discernimento emocional para lidar com o que pode estar acontecendo com ele. Compreender isso e ficar atento à fase do desenvolvimento que ele está atravessando são medidas bastante pertinentes que podem ser consideradas neste momento.

Esperamos que este conteúdo possa ter trazido bons insights para você. Em caso de dúvidas, converse com um psicólogo.

Referências

LIMA, A. de; CARDOSO, A. M. P. Orientação e treinamento de pais: uma vivência clínica. DOXA: Revista Brasileira de Psicologia e Educação, Araraquara, v. 20, n. 1, p. 6–19, 2018. DOI: 10.30715/rbpe.v20.n1.2018.10872. Disponível em: https://periodicos.fclar.unesp.br/doxa/article/view/10872. Acesso em: 25 nov. 2022.