Exames para Rastreamento de Câncer
Qual a justificativa para o rastreamento do câncer?
Exames de rastreamento são usados para diagnosticar o câncer antes que a pessoa apresente sintomas.
A justificativa para isso é que a identificação precoce do câncer permite a rápida intervenção, possibilitando o tratamento curativo do paciente.
Descrevemos abaixo as recomendações gerais de rastreamento. Estas recomendações podem ser modificadas a depender de eventuais fatores de risco individuais.
Câncer de mama
Mamografias anuais, começando a partir dos 40 anos.
Mulheres com 55 anos ou mais e que tenham baixo risco para câncer de mama podem passar a fazer mamografia a cada dois anos. Mulheres de alto risco devem manter o rastreamento anual.
O rastreamento com mamografia ou ressonância magnética pode eventualmente ser iniciado antes dos 40 anos, a depender do histórico familiar, de fatores genéticos ou de outros fatores.
Câncer colorretal
O rastreamento é iniciado aos 50 anos ou antes disso, no caso de pacientes de alto risco.
São consideradas pessoas de alto risco:
- Histórico pessoal ou familiar de câncer coloretal;
- Portadores de Doença Inflamatória Intestinal (Doença de Crohn, Colite Ulcerativa);
- Certas síndromes genéticas.
O rastreamento pode ser feito através de uma colonoscopia ou pela pesquisa de sangue oculto nas fezes.
Entretanto, ao optar pelo rastreamento com exame de sangue oculto nas fezes, qualquer resultado anormal precisará ser acompanhado por uma colonoscopia.
O rastreamento regular deve ser mantido até os 75 anos de idade. Entre 76 e 85 anos de idade, a decisão sobre a continuidade do rastreamento deve levar em conta as preferências individuais, estado geral de saúde e histórico de exames anteriores.
Câncer de colo do útero
Descrevemos abaixo as orientações gerais para rastreamento de câncer de colo do útero.
Entretanto, algumas mulheres de alto risco podem necessitar de um rastreamento diferente. Isso inclui, especialmente:
- Infecção por HIV;
- Pacientes transplantadas;
- Histórico de Doenças Sexualmente Transmissíveis.
Exames para a detecção do câncer de colo do útero devem começar após a primeira relação sexual ou após os 21 anos de idade, caso não tenha havido relação sexual antes disso.
A vacina contra o HPV não exclui a necessidade de manter o rastreamento.
Mulheres mais jovens e virgens não devem fazer os exames.
Mulheres entre 21 e 29 anos devem fazer o Papanicolaou a cada 3 anos, caso não apresentem nenhuma alteração no exame. O exame para HPV não deve ser feito neste grupo etário a menos que seja necessário após um resultado de Papanicolaou anormal.
Mulheres entre 30 e 65 anos devem fazer o Papanicolaou mais um exame para HPV a cada 5 anos, quando não houver alterações nos exames.
Mulheres com mais de 65 anos de idade e com um exame normal realizado nos últimos dez anos podem parar de fazer o rastreamento.
Câncer de pulmão
O rastreamento para câncer de pulmão por meio de tomografia de baixa dose de radiação pode ser considerado em indivíduos de alto risco.
São consideradas pessoas de alto risco os tabagistas com 55 a 74 anos de idade, que fumaram ao menos um maço por dia por 30 anos ou 2 maços por dia durante 15 anos.
Devem ser incluídos também aqueles que pararam de fumar nos últimos 15 anos.
Câncer de próstata
O rastreamento universal para o câncer de próstata se mostra controverso.
A resolução da U.S. Preventive Services Task Force (USPSTF, EUA, 2011) se posicionou contrária ao rastreamento sistemático (1).
Já a Sociedade Brasileira de Urologia se posicionou contrária a esta resolução e mantém sua recomendação de que homens a partir de 50 anos devem procurar um profissional especializado, para avaliação individualizada (1).
Aqueles da raça negra ou com parentes de primeiro grau com câncer de próstata devem começar o rastreamento aos 45 anos.
A recomendação contrária da USPSTF se deve ao fato de que o rastreamento por meio do PSA pois pode diagnosticar, entre outros, câncer de próstata de baixa agressividade, que não necessita de tratamento.
Estes pacientes são então submetidos a biópsias, que têm potencial de complicações e, eventualmente, tratamentos radicais com potencial impacto na qualidade de vida.