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Escoliose Neuromuscular

Escoliose Neuromuscular


A Escoliose Neuromuscular é uma deformidade na coluna vertebral de natureza neurológica ou muscular. Nesta patologia, nervos e músculos são incapazes de manter o equilíbrio e/ou o alinhamento da coluna e do tronco. São características da Escoliose Muscular as curvas graves que surgem já em uma fase precoce da vida e que são rígidas e progressivas.

Causa da Escoliose Neuromuscular


As doenças mais comuns que podem causar Escoliose Neuromuscular são:

  • Paralisia Cerebral;
  • Artrogripose;
  • Distrofias Musculares;
  • Mielomeningocele;
  • Traumatismos Raquimedulares.

Ainda que a maior parte das escolioses sejam classificadas como idiopáticas, o que significa que não existe nenhuma causa conhecida que provocou a deformidade, a Escoliose Neuromuscular deve ser considerada especialmente em deformidades graves de origem precoce, rápida progressão da curvatura e a presença de curvas atípicas.

A dor é outra característica que deve ligar um alerta para a possibilidade de uma causa secundária para a escoliose, uma vez que, habitualmente, a escoliose idiopática não causa dor.


Progressão da escoliose


A Escoliose Neuromuscular, diferentemente da escoliose idiopática, tende a aumentar progressivamente na maior parte dos pacientes. Esta progressão varia de acordo com a doença que está causando a escoliose e com a gravidade de cada caso como veremos abaixo

Paralisia cerebral
Aproximadamente 38% dos pacientes portadores de paralisia cerebral que são deambuladores apresentam escoliose maior que 10 graus, mas apenas 2% têm curvas superiores a 40 graus. Já aqueles com quadriplegia espástica apresentam escoliose superior a 40 graus em aproximadamente 75% dos casos.
Lesão medular
A maturidade esquelética e a idade no momento da lesão influenciam diretamente na evolução da escoliose. 100% dos pacientes que desenvolveram a escoliose antes dos 10 anos de idade virão a desenvolver escoliose e 67% necessitarão de estabilização cirúrgica.

Mielodisplasia
Pacientes com nível torácico ou lombar alto desenvolvem escoliose superior a 30 graus em mais de 80% dos casos. Já aqueles com lesão lombar baixa têm chance de 23% de desenvolver escoliose.

Distrofia Muscular
Todos os pacientes com distrofia muscular de Duchenne (DMD) desenvolvem escoliose progressiva à medida que a musculatura perde força. Seu início ocorre, em média, entre os 11 e 13 anos de idade.

Tratamento


Os objetivos do tratamento de um paciente com Escoliose Neuromuscular são diferentes dos de outros grupos de escoliose. A maior parte dos pacientes apresenta progressão da curva e é comum a necessidade de cirurgia.

A indicação para cirurgia é feita quando a curvatura atinge valores a partir de 50 ou 60 graus ou obliquidade pélvica superior a 15 graus, com o objetivo de prevenir a piora da curva e a perda da capacidade pulmonar. O procedimento, nestes casos, consiste em um realinhamento da coluna seguido de Artrodese da Coluna, um procedimento em que um grupo de vértebras é fundido uma a outra para que venham a funcionar como se formassem uma vértebra única.

O tratamento não cirúrgico pode até ser considerado nestes casos, incluindo principalmente órteses e cadeiras adaptadas, mas isso será feito apenas como parte de cuidados paliativos em pacientes muito graves, já que a cirurgia é conhecida como única opção para frear a progressão da deformidade neuromuscular.

Outros objetivos da cirurgia são prevenir o aparecimento de zonas de hiperpressão, com a consequente formação de úlceras, otimizar a postura e adaptação para cadeiras e facilitar a higiene e o manuseio do paciente por parte dos cuidadores, podendo nestas situações ter uma indicação mais precoce. A doença de base, a presença de deformidades associadas e o prognóstico de progressão da escoliose também deverão ser levados em consideração.

O tratamento cirúrgico para pacientes com Escoliose Neuromuscular acaba sendo bastante desafiador. Um bom planejamento e avaliação pré-operatória são fundamentais, já que habitualmente existem outros fatores que interferem no risco cirúrgico e na reabilitação pós-operatória.
Distúrbios nutricionais de origens variadas como o refluxo gastroesofágico, baixa ingestão proteica e infecções de repetição, restrição da função pulmonar e cardíaca e as deformidades em outras articulações limitando os cuidados pós-operatórios estão entre as principais preocupações.

Ainda assim, a estabilização cirúrgica pode devolver uma funcionalidade bastante surpreendente e melhora na qualidade de vida dos pacientes.