Encefalite

A Encefalite é uma inflamação que acomete o cérebro, que pode ter diferentes origens e pode comprometer o funcionamento cerebral normal.
Ela é mais comum em crianças pequenas, em idosos e em pessoas com alguma forma de imunodeficiência.

As principais causas para a encefalite são as infecções (especialmente infecções virais) e a encefalite autoimune.
Entetanto, é comum também que ela ocorra sem que nenhuma causa específica tenha sido encontrada para isso.

A encefalite pode ser causada por uma infecção que acomete diretamente ao cérebro. Esta infecção pode ter origem tanto viral como bacteriana. Ela também pode ser localizada ou generalizada.

Infecções comuns da infância, incluindo caxumba, sarampo e rubéola, foram responsáveis por muitos casos de encefalite infecciosa no passado.

O mesmo é válido em relação à poliomieolite e ao vírus da raiva.

Atualmente, estas infecções são raras no Brasil e na maior parte dos países, devido à disponibilidade de vacinas específicas para estes agentes.

Agentes que atualmente mais comumente estão relacionados à encefalite viral incluem:

Vírus do herpes simples (HSV)
Tanto o HSV 1 (causador da herpes labial) quanto o HSV tipo 2 (causador do herpes genital) podem causar encefalite. A encefalite causada pelo HSV 2 é mais comum. Entretanto, a encefalite por HSV1 é mais grave, podendo resultar em dano cerebral significativo ou morte.
Outros vírus do herpes, como o vírus Epstein-Barr (causador da mononucleose infeciosa) e o vírus varicela-zoster (causdor da varicela e herpes zoster) também podem eventualmente cursar com a encefalite.

Enterovírus
Enterovírus que podem causar a encefalite incluem o vírus da Pólio e o coxsackievirus, que geralmente causam uma doença com sintomas semelhantes aos da gripe, inflamação ocular e dor abdominal.

A Encefalite autoimune resulta de uma reação inapropriada do sistema imunológico contra células normais do cérebro.

O sistema imunológico passa a reconhecer estas células como um agente agressor e produz uma reação de defesa para destruí-las, da mesma forma como faz, por exemplo, para destruir agentes infeciosos.

A Encefalite Autoimune geralmente se desenvolve 2 a 3 semanas após uma celulite infeciosa. Eventualmente, ela pode ter origem secundariamente a um câncer, ou pode ter origem desconhecida.

Existem diferentes tipos de encefalites auto-imunes, a depender do tipo de anticorpo e consequentemente de qual a área do cérebro que é atacada.

Entre os tipos mais comuns, incluem-se a encefalite anti-NMDA, encefalite disseminada aguda ou encefalite límbica.

A maioria dos pacientes apresenta apenas sinais e sintomas leves, semelhantes a uma gripe. Isso inclui:

• Dor de cabeça
• Torcicolo
• Febre
• Dores nos músculos ou articulações
• Fadiga ou fraqueza

Em outros casos, o paciente pode apresentar sintomas graves de comprometimento cerebral, incluindo:

• Confusão;
• Convulsões
• Paralisia e falta de coordenação e problemas com o movimento
• Falta de sensibilidade em certas áreas do corpo.
• Problemas com os sentidos, como visão ou audição.
• Deficiências de fala
• mudanças de personalidade
• problemas de memoria
• Em casos mais graves, o comprometimento da função cerebral pode resultar em coma e morte.

Em bebês e crianças pequenas, os sinais e sintomas também podem incluir:

• Protuberância nos pontos moles (fontanelas) do crânio;;
• Náusea e vomito;
• Rigidez corporal;
• Má alimentação ou não acordar para mamar;
• Irritabilidade.

A avaliação paciente com sinais e sintomas característicos da Encefalite é geralmente feita pelo Médico Neurologista.

Exames de imagem
A investigação geralmente se inicia com exames de imagem, como a ressonância Magnética ou a Tomografia Computadorizada.
Estes exames podem mostrar um inchaço cerebral, característico da Encefalite, bem como pode descartar outras condições que possam causar sintomas semelhantes, incluindo os tumores cerebrais.

Exame de líquor
O exame de líquor envolve a realização de uma punção na coluna lombar para a remoção de uma pequena quantidade do líquido cefalorraquidiano (líquor).
Este líquor é então avaliado para a pesquisa de agentes infeciosos ou. De anticorpos que indiquem uma encefalite autoimune, incluindo os autoanticorpos anti-NMDAR, anti-VGKC ou anti-GlyR.

Eletroencefalograma
O Eletroencefalograma é um exame usado para avaliar a atividade elétrica do cérebro e, com isso, para avaliar como o cérebro está funcionando.
Certos padrões anormais podem indicar um diagnóstico de encefalite.
Biópsia cerebral
Na maior parte das vezes, a biópsia não se faz necessária. Entretanto, ela pode ser considerada se os sintomas piorarem e os tratamentos não surtirem efeito.

O tratamento para encefalite leve geralmente consiste em repouso, hidratação e medicamentos anti-inflamatórios.

Antibióticos, no caso de uma encefalite bacteriana;
Antiretrovirais, no caso de uma Encefalite Viral;
Imunossupressores ou corticoesteroides, no caso de uma Encefalite autoimune.

Outros tratamentos podem ser indicados no caso de uma encefalite mais grave, incluindo:

Hidratação por meio de soro na veia
Medicamentos anticonvulsivantes
Assistência respiratória, bem como monitoramento cuidadoso da respiração e da função cardíaca

Pessoas com encefalite mais leve geralmente acabam se recuperando totalmente da encefalite, embora esse processo possa ser longo e frustrante.
Nos casos mais graves, é comum que ela deixe sequelas e que o paciente nunca venha a se recuperar completamente.
Complicações que podem persistir no longo prazo incluem:

• Perda de memória.
• Convulsões frequentes.
• Mudanças de personalidade e comportamento.
• Problemas com atenção, concentração, planejamento e resolução de problemas.
• Cansaço persistente.