Doenças Inflamatórias Intestinais na Infância
O que são as Doenças Inflamatórias Intestinais na Infância?
As DII são um grupo de condições crônicas caracterizadas por inflamação persistente do trato gastrointestinal, decorrente de desregulação do sistema imunológico em indivíduos geneticamente predispostos. As duas principais formas são:
- Doença de Crohn
- Colite Ulcerativa
A faixa pediátrica representa cerca de 15–25% de todos os casos de Doença Inflamatória intestinal, sendo que a doença tende a ter maior gravidade nessa faixa etária.
Doença de Crohn
A Doença de Crohn é a forma mais comum de doença inflamatória intestinal antes dos 30 anos de idade. Ela pode afetar qualquer parte do tubo digestivo (da boca ao ânus) e as lesões não têm continuidade uma com a outra.
Colite Ulcerativa
A colite ulcerativa é mais comum em pessoas mais velhas, sendo incomum na infância e na adolescência. Ela afeta apenas o cólon e o reto. Diferentemente da doença de Crohn, toda área acometida tem continuidade e a Inflamação contínua e limitada à mucosa.
Sintomas da Doença Inflammatória Intestinal na Infância
Alguns sintomas são comuns a todas as Doenças inflamatórias intestinais, enquanto outros são específicos da Doença de Crohn ou da Retocolite Ulcerativa.
Doença de Crohn
- Dor abdominal crônica
- Diarreia (nem sempre com sangue)
- Perda de peso
- Atraso de crescimento
- Fadiga
- Febre
- Perianal: fissuras, fístulas, abscessos
Colite Ulcerativa
- Diarreia sanguinolenta, com muco
- Urgência evacuatória
- Dor abdominal
- Pallidez, perda de peso (nos casos mais extensos)
Diagnóstico
O diagnóstico de Doença Inflamatória Intestinal em crianças envolve a análise de sintomas como diarreia crônica com sangue, dor abdominal e perda de peso, complementada por exames de sangue e fezes.
É importante fazer o diagnóstico diferencial, principalmente com quadros infecciosos ou alergias alimentares.
Para confirmar e determinar o tipo de Doença Inflamatória Intestinal, são realizadas endoscopia (para a parte superior do trato digestivo), colonoscopia (para o intestino grosso) e exames de imagem como a enteroressonância magnética.
A biópsia do tecido realizada durante a endoscopia ou colonoscopia permite confirmar o diagnóstico e ajuda na diferenciação entre Retocolite Ulcerativa e a Doença de Crohn.
Tratamento da Doença Inflamatória Intestinal na infância
O objetivo é induzir e manter remissão, evitar complicações e garantir adequado crescimento e desenvolvimento.
Terapia nutricional
A terapia nutricional para crianças com Doença Inflamatória Intestinal busca suprir as necessidades nutricionais e controlar os sintomas, com foco em uma alimentação hipercalórica, hiperproteica e hipolipídica. Os alimentos devem ser de fácil digestão e pobre em fibras insolúveis.
A Nutrição Enteral Exclusiva (alimentação por sonda) é a estratégia mais estabelecida e eficaz, sendo considerada como primeira linha de tratamento em alguns casos.
Em Crohn pediátrico, a terapia nutricional enteral exclusiva pode induzir remissão, especialmente nos casos leves a moderados. Ela é usada em substituição à ingestão alimentar regular por um período de 6 a 10 semanas.
Depois disso, o suporte nutricional contínuo é crucial. Poderá ser indicado o uso de fórmulas enterais e a suplementação de vitaminas e minerais,especialmente de ferro e de imunonutrientes.
Medicamentos
Medicamentos Corticosteroides têm potente efeito anti-inflamatório e podem ser usado na indução de remissão, mas não como tratamento de manutenção.
Imunomoduladores como a azatioprina, 6-MP ou metotrexato podem ser indicados na fase de manutenção.
Já os medicamentos imunobiológicos, como Anti-TNF, Anti-integrinas ou Anti-interleucinas podem ser usados na doença moderada a grave ou quando não há resposta adequada aos outros tratamentos.
Cirurgia
A cirurgia poderá ser indicada na Doença Inflamatória Intestinal especialmente no caso de Complicações como estenoses, fístulas ou abscessos.
A colectomia (ressecção do colon) pode ser considerada no caso de colite ulcerativa grave refratária.
Prognóstico da Doença Inflamatória Intestinal na infância
Crianças tendem a ter doença mais extensa e agressiva do que adultos. Além disso, a a doença pode ter impacto no crescimento e na puberdade se a inflamação não for bem controlada.
Por outro lado, o acompanhamento multidisciplinar melhora bastante o prognóstico e muitos desses jovens mantêm boa qualidade de vida com tratamento adequado. O avanço nos medicamentos biológicos tem melhorando bastante a evolução de longo prazo.