Doença Inflamatória Intestinal na Infância

Doença Inflamatória Intestinal (DII) é um nome genérico usado para identificar diferentes tipos de doença que acometem o intestino e têm caráter inflamatório.

As duas principais formas são:

• Doença de Crohn: acomete todo o sistema digestivo, da boca ao anos, sem que as lesões tenham continuidade uma com a outra.
• Retocolite Ulcerativa: acometimento do intestino grosso e reto, com continuidade entre as áreas acometidas.

Embora seja mais comum em adultos jovens, cerca de 15% a 25%dos casos de DII têm início antes dos 18 anos.

Além disso, 5% dos casos têm início antes dos 6 anos, quando então é denominada de Doença Inflamatória Intestinal de inicio precoce. Nestes casos, temos que levar em consideração características clínicas, diagnósticas e terapêuticas específicas.

A causa da Doença Inflamatória Intestinal, tanto em crianças quanto em adultos, envolve uma interação entre diferentes fatores, incluindo:

• Predisposição genética;
• Desregulação imunológica intestinal;
• Fatores ambientais (dieta ocidental, uso precoce de antibióticos, higiene excessiva);
• Alterações da microbiota intestinal.

No entanto, nas doenças de início precoce (<6 anos), o papel da genética tende a ser preponderante.

Pacientes com Doença Inflamatória Intestinal alternam períodos com atividade da doença com períodos em que a doença não está trazendo problemas.

Na infância, os sintomas costumam ser mais agressivos e difusos do que os geralmente vistos em adultos. Entre eles, incluem-se:

• Dor abdominal crônica;
• Diarreia persistente (com ou sem sangue);
• Perda de peso e anemia;
• Febre recorrente;
• Aftas orais e manifestações extraintestinais (artrite, eritema nodoso, uveíte).

Esses sintomas variam muito de paciente para paciente devido ao tipo de doença (retocolite ou Crohn), localização das lesões e da extensão e gravidade da inflamação.

Na Retocolite ulcerativa, como reto e extensões variáveis do cólon estão inflamados, geralmente a diarreia e sangramento anal são mais pronunciados.

Por conta dos déficits nutricionais relacionados à doença, o desenvolvimento normal da criança pode ser afetado. Isso inclui:

• Retardo do crescimento e baixa estatura;
• Atraso puberal.

Especialmente em crianças pequenas, o diagnóstico da DII em crianças pode ser mais desafiador, pois os sintomas podem ser facilmente confundidos com outras condições comuns nessa faixa etária, como infecções intestinais, alergia alimentar ou outras causas de má absorção.

Exames como endoscopia ou colonoscopia, exames laboratoriais (provas inflamatórias) e exames de fezes podem ajudar no diagnóstico.

A diferenciação entre Doença de Crohn e Retocolite Ulcerativa pode ser difícil em crianças no início do quadro, sendo mais comum a classificação como colite indeterminada.

Nenhum tratamento disponível atualmente é capaz de prover a cura da Doença Inflamatória Intestinal. No entanto, o impacto das doenças pode ser minimizado por uma combinação de medicamentos para controle da inflamação, terapia nutricional e, eventualmente, cirurgia.

1. Controle da inflamação
   • Pode ser feito com corticoesteroides, imunossupressores ou imunobiológicos.
2. Terapia nutricional:
   • Tem por objetivo oferecer os nutrientes deficientes para permitir o desenvolvimento pleno da criança.

• Na fase de crise, geralmente há relativa intolerância à lactose e alguns alimentos que devem ser retirados da dieta.
• Importante sempre manter uma dieta balanceada, saudável e adequada às necessidades nutricionais da faixa etária, evitando produtos industrializados e guloseimas em geral.

1. • Em crianças, especialmente com Doença de Crohn, o uso de nutrição enteral exclusiva pode ser um papel importante para induzir a remissão. Isso difere dos adultos, nos quais a nutrição enteral é menos utilizada como terapia primária.

3. Cirurgia
   • A maioria dos pacientes com DII necessitam de tratamento cirúrgico em algum momento da vida.
   • Drenagem de abscesso, correção das fístulas ou a retirada de um segmento do intestino são algumas das cirurgias que podem ser consideradas retirada de segmento do intestino quando os medicamentos não estão sendo suficientes para controlar a doença.