Doação de Óvulos
O que é a Doação de Óvulos?
A doação de óvulos é um processo no qual uma mulher fértil doa um óvulo para outra mulher para ajudá-la a conceber.
Quais as indicações para a Doação de Óvulos?
A doação de óvulos é usada especialmente nas seguintes condições:
Falência ovariana (menopausa precoce)
A Menopausa se refere ao fim dos ciclos menstruais na mulher que acontece em decorrência da perda da função dos ovários. Por definição, ela fica caracterizada quando a mulher passa um ano completo sem menstruar.
Ela é caracterizada como Menopausa Precoce quando acontece antes dos 40 anos de idade. Isso ocorre em cerca de uma a cada 1000 mulheres abaixo dos 30 anos e em uma a cada 100 mulheres abaixo dos 40 anos (1).
Idade avançada
A Fertilização In Vitro com óvulos próprios em mulheres com idade avançada é bem-sucedida em torno de 10% dos casos.
Entretanto, quando é usado o óvulo de uma doadora, as chances de sucesso sobem para 60% a 65%.
Mulheres com risco de transmissão de anomalias congênitas
Mulheres portadoras de genes causadores de doenças apresentam alto risco de transmitir estes genes aos filhos. A adoção de óvulo é uma forma de se evitar estas doenças nos filhos.
Mulheres submetidas a retirada cirúrgica dos ovários
A retirada cirúrgica dos ovários pode ser indicada em casos de infecção, câncer, cisto de ovário, endometriose ovariana grave ou torção de ovário.
A mulher pode preservar a fertilidade com a retirada de apenas um dos ovários, mas não com a retirada de ambos.
No caso da retirada de ambos os ovários, a adoção de óvulos pode ser considerada.
Algumas mulheres, por motivos conhecidos ou desconhecidos, não são bem sucedidas com a Fertilização In Vitro realizada com os próprios óvulos. Neste caso, elas podem se beneficiar da adoção de óvulos.
Infertilidade decorrente de quimioterapia
A quimioterapia tem potencial para provocar a falência ovariana. Isso depende da idade da mulher, da medicação e da dose utilizada.
Mulheres mais velhas têm mais chances de ter uma falência ovariana completa após a quimioterapia.
Vale considerar que mulheres expostas à quimioterapia durante a gestação ou no primeiro ano após a gestação estão expostas a maior risco de abortamento e mal-formações congênitas. O risco deixa de existir após este prazo.
Critérios para a doação
A doação de óvulos, sêmen e embriões é regulamentada no Brasil pelo CFM (Conselho Federal de Medicina) por meio da resolução 2.168/2017 (2). Entretanto, houveram algumas atualizações após a publicação da nova resolução 2.294/2021 (3).
Segundo a resolução, qualquer mulher entre 18 e 37 anos, com bom estado de saúde e nenhuma alteração genética conhecida pode doar seus óvulos a outra mulher.
No entanto, essa doação só pode ser realizada de forma voluntária e sem fins lucrativos. Ou seja, no Brasil, a mulher não pode vender seus óvulos e ser remunerada por isso.
Além disso, a doação deve ser anônima. Isso significa que quem está doando não saberá quem recebeu o óvulo e quem está recebendo não saberá quem é o doador.
Entretanto, existe uma exceção a isso: parentes de até quarto grau podem ser doadores conhecidos. Já os amigos e conhecidos não podem ser doadores.
Como é feita a doação?
Para doar seus óvulos, a mulher passa por um processo semelhante ao que foi descrito no caso de Congelamento de Óvulos.
A diferença é que, ao descongelar e fertilizar o óvulo, o embrião é transplantado no útero de outra mulher, que não aquela da qual o óvulo foi retirado.
Embora o procedimento de coleta dos óvulos possa ser feito com a finalidade primária de doação, a maior parte das doadoras fazem isso quando sobra óvulos não fecundados, durante um processo de Fertilização in Vitro. Ao invés de desprezarem os óvulos remanescentes, elas doam os mesmos.
Em outros casos, a doação pode ser feita por uma mulher que teve seus óvulos congelados, mas que por qualquer motivo não queira mais preservar os óvulos para sí.
Indução da ovulação
- Hormônio folículo-estimulante (FSH);
- Hormônio luteinizante (LH);
- Uma combinação de ambos.
Esses medicamentos estimulam o desenvolvimento de mais de um óvulo por vez.
Medicamentos para a maturação do óvulo
A gonadotrofina coriônica humana (HCG) ou outros medicamentos equivalentes são usados para ajudar os óvulos a amadurecerem.
Geralmente isso é feito entre 8 e 14 dias após o uso do LH ou FSH
Medicamentos para prevenir a ovulação prematura
Medicamentos que impedem o corpo de liberar os óvulos precocemente durante o desenvolvimento.
Coleta do óvulo
Normalmente, a mulher precisa de uma a duas semanas de estimulação ovariana antes que os óvulos estejam prontos para a coleta.
Para confirmar que eles estejam prontos, poderão ser usados os seguintes exames:
Ultrassonografia vaginal
Exame de imagem que permite monitorar o desenvolvimento de folículos nos ovários. Os folículos são sacos ovarianos cheios de líquido, onde os óvulos amadurecem.
Exames de sangue:
Os níveis de estrogênio geralmente aumentam à medida que os folículos se desenvolvem. Já os níveis de progesterona permanecem baixos até após a ovulação.
Às vezes, os ciclos de fertilização in vitro precisam ser cancelados antes da coleta, por um dos seguintes motivos:
- Número inadequado de folículos em desenvolvimento;
- Ovulação prematura;
- Muitos folículos se desenvolvendo, criando um risco de síndrome de hiperestimulação ovariana;
- Outros problemas médicos.
Se o ciclo for cancelado, o médico poderá recomendar uma mudança nos medicamentos ou nas doses dos medicamentos para promover uma melhor resposta durante ciclos futuros. Quando isso é feito por ciclos seguidos, poderá ser indicado a necessidade de um doador de óvulos.
A coleta de óvulos pode ser feita sob sedação, no consultório médico ou em uma clínica especializada. Ela é feita entre 34 a 36 horas após a injeção final dos hormônios para estimulação ovariana, e antes da ovulação.
Habitualmente, é feita uma aspiração dos óvulos guiada por ultrassom transvaginal. Se os ovários não forem acessíveis por meio de ultrassonografia transvaginal, uma ultrassonografia abdominal pode ser usada para guiar a agulha.
Os óvulos são retirados dos folículos por meio de uma agulha conectada a um dispositivo de sucção. Vários ovos podem ser removidos em cerca de 20 minutos. Estima-se que uma reserva de óvulos considerada suficiente e segura tem cerca de 15 e 20 óvulos congelados.
Após o procedimento, é esperado que o paciente refira cólicas e um sentimento de plenitude.
Escolha do doador
Ainda que o doador seja anônimo, a pessoa que pretende receber o óvulo doado poderá ter informações relacionadas às características físicas da doadora.
Isso se justifica para dar à futura mãe condições de ter um filho com características físicas semelhantes às suas.
As pessoas que recebem um óvulo doado fazem isso não porque querem, mas sim porque não conseguem engravidar com seus próprios óvulos.
Assim, muitas não querem ser prontamente reconhecidas por terem um filho ou filha sem nenhuma semelhança física com sí própria.
Em alguns casos, é possível inclusive ter acesso a fotos da doadora quando criança.
Óvulos frescos X congelados
Quando se utiliza óvulos doados, há duas possibilidades de escolha:
Óvulos congelados (vitrificados)
A doadora já foi submetida ao processo de estimulação ovariana e coleta de óvulos que foram, então, congelados.
Tem a vantagem de saber já quantos óvulos estão disponíveis;
Óvulos frescos
A doadora aguarda para iniciar o tratamento, que deverá ser realizado simultaneamente ao preparo da mulher que irá gestar.
Tem a vantagem de os óvulos serem frescos. Por outro lado, tem a desvantagem de não sabermos exatamente quantos óvulos a doadora terá.
Em termos de chances de sucesso, atualmente, as taxas estão praticamente iguais comparando óvulos frescos e congelados.
Fertilização do óvulo doado
A fertilização é feita com o esperma do marido da receptora. Ela pode ser feita usando dois métodos diferentes:
Inseminação convencional
Após a coleta, os óvulos maduros são colocados em um líquido nutritivo (meio de cultura) e incubados.
Aqueles que tiverem um aspecto saudável e maduro serão misturados com esperma para tentar criar embriões.
Injeção intracitoplasmática de espermatozoides
Neste procedimento, um único espermatozóide saudável é injetado diretamente dentro de cada óvulo maduro.
Ela é frequentemente usada quando a qualidade ou o número do sêmen é um problema ou se as tentativas de fertilização durante os ciclos anteriores de fertilização in vitro falharam.
Em certas situações, o médico pode recomendar outros procedimentos antes da transferência de embriões.
Implantação do embrião
A transferência de embriões é feita de dois a cinco dias após a retirada do óvulo.
O procedimento é feito sob sedação, no hospital ou na clínica do médico
O paciente pode receber um sedativo leve. O procedimento geralmente é indolor, embora seja esperado uma cólica leve a moderada após o procedimento.
Inicialmente, o médico insere um cateter longo no útero, através da vagina.
A seguir, uma seringa contendo um ou mais embriões suspensos em uma pequena quantidade de fluido é fixada na extremidade do cateter.
Usando a seringa, o médico coloca o embrião ou embriões dentro do útero.
Se for bem-sucedido, o embrião se implanta no revestimento do útero cerca de seis a 10 dias após a retirada do óvulo.
É possível escolher o sexo do bebê?
A tecnologia empregada na Fertilização in Vitro nos dias de hoje é suficiente para permitir que a escolha do sexo seja realizada durante o procedimento.
Isso pode ser feito por meio de um exame chamado Teste Genético Pré-implantacional (PGT).
No entanto, essa é uma prática proibida no Brasil pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), exceto em um caso específico: evitar a transmissão de doenças genéticas que sejam determinadas por apenas um ou outro sexo.
Como estas pacientes não são autorizadas a doarem os óvulos, podemos dizer que não é possível escolher o sexo do bebê.
Quantos embriões podem ser transplantados?
A Resolução CFM nº2 2.168/2017 define o número de embriões que poderão ser transferidos conforme a faixa etária da mulher. No caso de ovodoação, poderão ser até 2 embriões.
Qual a chance de sucesso com a Doação de óvulos
A chance de sucesso com a doação de óvulos depende de fatores como idade, quantidade de óvulos e se a doadora já teve uma gestação bem-sucedida anteriormente. Ela depende também da qualidade do esperma do pai.
Entretanto, como existe uma série de critérios para a escolha da doadora, esta variação é muito menor, quando comparado com o uso de óvulos próprios. Como regra geral, a taxa de sucesso gira ao redor de 50% (4).