Disfunção erétil psicológica
A disfunção erétil psicológica pode causar diversos efeitos na autoestima e na saúde mental dos homens de todas as idades. Afinal, sabemos que a sexualidade tem um papel muito importante na vida das pessoas e, portanto, quando ela não está sendo vivida em sua plenitude, a saúde mental e emocional podem ficar abaladas.
Pensando nessas circunstâncias, desenvolvemos este conteúdo com algumas considerações importantes sobre o assunto. Acompanhe e saiba mais.
O que é a disfunção erétil psicológica?
A disfunção erétil psicológica pode ser caracterizada como um caso de disfunção sexual que não tem relação com a saúde fisiológica e orgânica do indivíduo, mas, sim, com as suas questões emocionais e psicológicas.
É o caso de um homem vivenciar frequentes episódios de disfunção erétil devido à ansiedade de desempenho, à depressão, a traumas vividos, entre outras situações.
Nesses casos, não há uma causa orgânica, como ocorre em doenças físicas. O que pode ocasionar o problema no indivíduo é, justamente, suas condições psicológicas e emocionais.
Trata-se de uma situação que exige acompanhamento psicoterapêutico, pois assim o paciente poderá passar por um processo de autoconhecimento, psicoeducação e remanejo da sua ansiedade, por exemplo.
Quais as causas da disfunção erétil psicológica?
Por se tratar de uma questão psicológica, são muitos os fatores que podem estar relacionados com a disfunção erétil neste caso.
É importante termos a consciência de que cada indivíduo desenvolve a sua sexualidade e a sua personalidade de uma forma única, sendo impossível a repetição. Logo, a disfunção erétil psicológica pode ser desencadeada por um conjunto de situações que impactam o bem-estar do sujeito, levando-o ao desenvolvimento dos sintomas e do quadro.
Por isso, não podemos traçar motivos únicos para isso, mas, sim, um conjunto de possibilidades que pode estar por trás da disfunção nesses casos. A seguir, listamos alguns desses pontos.
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1. Depressão
A depressão pode ocasionar diversos efeitos na vida do indivíduo, e a disfunção erétil pode ser um deles. Por isso, pessoas com diagnóstico de depressão podem experimentar os sintomas dessa disfunção, tanto por questões como fadiga, falta de interesse e sentimentos melancólicos, quanto por conta de medicamentos, em caso de indivíduos que já fazem o tratamento psicoterápico.
2. Ansiedade
A ansiedade também pode ser um dos estopins da disfunção erétil psicológica. Ela pode aparecer quando o indivíduo cria, em si mesmo, uma pressão exacerbada para ser “perfeito” na hora da relação sexual, o que gera um verdadeiro peso emocional que atrapalha o momento a dois.
Afinal, para que a ereção ocorra, o indivíduo precisa estar relaxado e relativamente tranquilo, vivenciando o momento em sua plenitude, sem que a mente esteja recheada de preocupações relacionadas à sua própria performance.
Sendo assim, a ansiedade pode ocasionar um verdadeiro efeito antecipatório, que atrapalha o desempenho na relação.
3. Ansiedade provocada pela inexperiência
Ainda pensando na ansiedade, podemos listar o medo ocasionado pela falta de experiência. É o caso de homens jovens que estão iniciando a vida sexual e podem se sentir um pouco deslocados neste momento, o que causa um certo desconforto emocional e, consequentemente, um aumento da ansiedade.
Apesar de estar relacionado com a ansiedade de desempenho que citamos acima, neste caso estamos falando da falta de experiências. Isto é, possivelmente, ao viver novas relações sexuais, o problema venha a ser solucionado. Já no caso acima, mesmo com as vivências, o homem pode temer não ter bons resultados – de acordo com o que ele impõe para si mesmo como bom -, o que dificulta a ereção.
4. Formação religiosa rígida
Uma formação religiosa rígida, na qual associa o sexo a algo ruim e que não deve ser praticado, pode impor uma verdadeira repressão sexual no sujeito, que aparecerá, como um reflexo, no seu desempenho sexual mais tarde.
Assim sendo, o sentimento de culpa que pode surgir nesses casos – já que o homem pode sentir que está sendo uma pessoa ruim por ter desejos sexuais -, pode impedir o relaxamento adequado, ocasionando a disfunção erétil psicológica.
5. Desinformação sexual
Até mesmo a desinformação sexual pode ser uma das causas do problema. Não conhecer o próprio corpo, não entender o que pode instigá-lo e não compreender como a relação sexual, de fato, funciona, pode fazer com que o indivíduo tenha dificuldades para ser estimulado e, consequentemente, garantir a sua ereção durante o ato sexual.
6. Experiências sexuais traumáticas
As experiências que vamos vivendo ao longo de nossas vidas podem nos ajudar a lidarmos com as mais diversas situações cotidianas. Porém, quando vivemos experiências traumáticas, podemos ter dificuldades para viver situações semelhantes, temendo que a “catástrofe” venha a acontecer novamente.
No caso da disfunção erétil psicológica, isso também pode ser uma das causas. O indivíduo, que pode ter vivido uma situação de abuso sexual ou alguma experiência humilhante no sexo, pode acabar tendo dificuldades para se sentir estimulado na hora do ato.
7. Rotinas corridas e estresse
As rotinas de trabalho têm sido cada vez mais corridas e intensas. A cada dia que passa, vemos mais e mais pessoas falando sobre a falta de tempo e o excesso de atividades que precisam ser executadas ao longo do dia. Sem dúvidas, esse cenário acaba esgotando a saúde física das pessoas, ao mesmo tempo em que impacta a mente por conta do estresse excessivo.
Nosso corpo, como não é uma máquina, pode sofrer profundamente com esse tipo de rotina. A falta de descanso, o excesso de atividades para serem concluídas, a cobrança exagerada, entre outros fatores, impactam a nossa vida em diferentes esferas, e a sexualidade está incluída nisso.
Portanto, refletir sobre a rotina, a fim de averiguar a forma como ela vem sendo organizada, é uma maneira de buscar compreender a disfunção erétil psicológica.
Consequências da disfunção erétil psicológica
Sem dúvidas, a disfunção erétil psicológica pode ocasionar uma série de efeitos na saúde do sujeito, quando não tratada adequadamente.
Reflita conosco sobre esses efeitos e caso se identifique com eles, não hesite na hora de buscar ajuda psicológica, ok?
1. Baixa autoestima
A baixa autoestima é um dos reflexos ocasionados pela disfunção erétil psicológica não tratada. O homem pode se sentir diminuído e até mesmo envergonhado devido à sua performance no sexo, reduzindo-se apenas a isso e acreditando ser uma pessoa ruim.
Apesar de a pessoa poder ter muitas outras qualidades, sabemos que a vida sexual tem um papel importante na vida e, por isso, a disfunção pode provocar um peso significativo no bem-estar.
2. Isolamento social
Devido ao medo de repetir a falha no sexo, o indivíduo pode começar a se isolar socialmente. Ou seja, abre mão das interações sociais, principalmente com pessoas pelas quais o indivíduo se sente atraído, por medo de viver um novo episódio de disfunção erétil, que fragilizaria ainda mais a saúde mental do homem.
3. Problemas no relacionamento
Caso este indivíduo esteja em um relacionamento, seja namoro ou casamento, é possível que ele se depare com problemas e discussões referentes a essa temática.
Há situações em que o casal não conversa sobre o assunto e apenas se afasta, em outras pode haver uma cobrança por parte do(a) parceiro(a) que prejudica a interação dentro de casa.
4. Quadros de ansiedade e depressão
Assim como a ansiedade e a depressão podem ser as responsáveis pela disfunção erétil psicológica, elas também podem surgir como uma consequência.
Isto é, o indivíduo pode desenvolver quadros psicopatológicos como esses devido ao seu desempenho sexual que julga ser ruim. Este acaba minando o bem-estar mental e emocional, sendo a mola propulsora para outros problemas de saúde mental.
5. Medo do fracasso sexual
O medo do fracasso sexual também não deve ser descartado. Mesmo que o homem possa ter vivido poucos ou quase nenhum episódio de desempenho sexual impactado pela disfunção erétil psicológica, ainda assim esses únicos episódios podem causar medo.
A pessoa pode ter medo de “repetir o problema” e assim se sentir novamente humilhado, diminuído ou qualquer outro sentimento semelhante.
Em muitos casos, esse medo pode atrapalhar o sujeito na hora de investir em um relacionamento, por exemplo.
6. Medo da rejeição
O medo de ser rejeitado por conta do seu desempenho sexual também é grande. Essa situação pode se agravar em alguns homens, especialmente quando estão em um relacionamento sério.
A angústia de não conseguir lidar com a disfunção sexual pode criar, no imaginário do homem, que ele será abandonado ou trocado por outro, sendo assim, rejeitado pela mulher amada.
Sem dúvidas, trata-se de algo que gera muita angústia e pode, claro, impactar a autoestima.
7. Sentimento de culpa
Muitos homens podem vivenciar um sentimento de culpa devido à disfunção erétil psicológica. Por não conseguir concluir o ato sexual com seus parceiros ou parceiras, o sentimento de culpa pode se tornar presente.
Ele pode acreditar que está “deixando a desejar”, por exemplo, e que é algo ruim para o relacionamento.
Como lidar com a disfunção erétil psicológica?
Existem algumas medidas que podem ser colocadas em prática quando pensamos na disfunção erétil psicológica. Obviamente, não existe uma receita de bolo ou um passo a passo infalível, mas, sim, o que existe é o acompanhamento psicológico e mudanças de hábitos e questões cognitivas que podem ajudar na hora de enfrentar a situação.
Lembre-se de que você não precisa lidar com tudo sozinho, pois existem profissionais qualificados para esse tipo de situação.
De todo modo, acompanhe os pontos que trouxemos a seguir e saiba mais sobre como lidar com essa situação:
1. Terapia sexual
A Terapia Sexual pode ser uma excelente ferramenta para casos de disfunção erétil psicológica. Na terapia, o indivíduo passará por algumas etapas, que não são perfeitamente demarcadas, mas que ocorrem para que haja um direcionamento no tratamento, como por exemplo:
- Avaliação/entrevista: Inicialmente, o profissional de saúde mental irá conversar com o sujeito para conhecê-lo, compreender a sua queixa, entender as suas fantasias e pensamentos relacionados ao sexo, etc.
- Análise do contexto: Depois, ocorrerá a análise do contexto: como é o relacionamento? Como é a ligação entre o casal? Como é a rotina dos dois? Entre outras situações.
- Psicoeducação: O profissional poderá esclarecer as questões psicológicas que podem estar envolvidas com o caso de disfunção, auxiliando o paciente no seu autoconhecimento e na sua autopercepção frente aos seus problemas.
- Trabalho focado nos pensamentos distorcidos: Os pensamentos negativos e distorcidos referentes ao desempenho sexual poderão ser acolhidos e trabalhados, para que o paciente possa ressignificá-los e transformá-los positivamente.
- Técnicas de relaxamento: Para que o ato sexual seja mais agradável para o paciente, algumas técnicas de relaxamento também poderão ser apresentadas para que a calma seja mantida durante o sexo.
Vale ressaltar que não existe um número de sessões pré-determinado. Cada caso será avaliado de forma singular pelo terapeuta, visando a criação de uma atmosfera mais positiva e propícia às mudanças.
2. Terapia de casal
A terapia de casal também pode servir de alicerce nesses casos. Afinal, a disfunção erétil psicológica também pode estar relacionada com a interação e a proximidade existente entre o casal.
Por isso, buscar ajuda psicológica, que auxilie na construção de uma comunicação saudável dentro de casa, pode propiciar descobertas bastante interessantes para ambos os envolvidos.
Para saber mais sobre a terapia de casal, acesse o nosso conteúdo completo sobre o assunto.
3. Quebras de tabus relacionados ao sexo
As quebras de tabus relacionados ao sexo também podem ajudar na hora de minimizar a tensão vivida por conta da disfunção erétil psicológica.
Como vimos no decorrer deste conteúdo, uma criação religiosa rígida, na qual o sujeito associa o sexo a algo ruim, pode atrapalhar na hora de a pessoa se sentir relaxada e confortável para consumar o ato sexual.
Logo, pensar nos tabus que foram construídos sobre o sexo, ao longo da vida, e refletir até que ponto eles realmente têm conexão com a realidade, é um caminho muito interessante.
Pois pare e pense: será que o sexo é realmente ruim? Se fosse ruim, por que a ciência diria que ele promove muitos benefícios para a saúde?
São esses questionamentos que podem ajudar na hora de quebrar tabus importantes.
4. Tratamento fisioterapêutico
Além das questões psicológicas em si, é importante que o paciente também compreenda, conheça e entenda o seu próprio corpo.
Neste caso, o tratamento fisioterapêutico pélvico pode ajudar. Afinal, o indivíduo poderá compreender melhor como a ereção ocorre, de que maneira é possível controlar alguns movimentos do corpo, e assim por diante.
5. Comunicação no relacionamento
A comunicação no relacionamento também é uma peça-chave nesses casos. Isso porque, o casal, muitas vezes, pode estar vivenciando uma fase de afastamento e desconexão, que atrapalha o desenvolvimento do laço sexual.
Além disso, é por meio da comunicação que as fantasias sexuais podem ser esclarecidas e instigadas – sendo elas importantes para o estímulo do homem e da mulher.
Outro ponto importante é que a comunicação pode fortalecer o laço do casal, aproximando-os, proporcionando melhor compreensão, minimizando a ansiedade de desempenho (ao conversar sobre o assunto) e assim por diante.
6. A relação não é uma prova
Não se esqueça de que a relação sexual não é uma prova, com regras e com pontos. Viva o momento a dois de uma forma leve, sem se cobrar tanto e sem encarar como algo que precisa seguir um roteiro.
A conexão entre o casal e o momento de interação é mais importante que qualquer script que o mercado pornográfico pode criar.
Além do mais, é na comunicação entre o casal que poderá ser descrito o que seria um relacionamento desejável por ambos os lados, melhorando a conexão e minimizando aquela ansiedade de não saber se está ou não agradando ao outro.
Por fim, não se esqueça de que a avaliação médica não deve ser descartada em casos de disfunção erétil. Cuide-se!
Referências
BRITTO, Rodrigo; BENETTI, Sílvia Pereira da Cruz. Ansiedade, depressão e característica de personalidade em homens com disfunção sexual. Revista da SBPH, v. 13, n. 2, p. 243-258, 2010.
MICHILES, Haroldo Cesar. Disfunção erétil atuação do médico e do psicólogo. 2010.