Pesquisar

Dificuldades de memorização

Dificuldades de memorização

Sem dúvidas, as dificuldades de memorização podem acarretar uma série de prejuízos para a criança e/ou o adolescente. Afinal, essa dificuldade impacta diretamente na qualidade do conteúdo absorvido em sala de aula, bem como pode impactar em outras tarefas sociais e cotidianas do indivíduo.
Considerando essa importante temática, desenvolvemos este guia completo com uma série de detalhes para você analisar, junto da nossa equipe, medidas e informações importantes sobre essas dificuldades. Continue lendo e saiba mais.

Quais as causas das dificuldades de memorização?

Muitas pessoas associam as dificuldades de memorização com, especificamente, transtornos de aprendizagem.
Porém, o ser humano e o cérebro humano necessitam de estímulos específicos para memorizar determinadas informações. Isso significa que o estilo de vida, os hábitos e a rotina do indivíduo também podem impactar em sua capacidade de memorizar algo.
Sendo assim, abaixo listamos uma série de possíveis causas para as dificuldades de memorização, analise cada uma delas e veja como é possível haver multifatores envolvidos com o problema.
Além disso, cuidado com o autodiagnóstico! Seja no sentido de encontrar um diagnóstico para si, ou seja para o seu filho. Lembre-se de que este conteúdo visa trazer uma luz sobre a temática, e não servir de base para o fechamento de um diagnóstico.
Esclarecido isso, vamos adiante:

1. Déficit de atenção e hiperatividade
Uma criança que apresenta sintomas de déficit de atenção e hiperatividade pode ter dificuldades de memorização. Além disso, outros sinais podem ser detectados pelos pais e educadores:

  • Padrão comportamental de desatenção persistente.
  • Ausência da percepção de detalhes.
  • Dificuldade para manter a atenção às atividades lúdicas, tanto em casa, quanto na escola.
  • Comportamentos impulsivos e de repetição.
  • Dificuldade para se manter “parada”, por exemplo, não consegue permanecer sentada por muito tempo na sala de aula.
  • Constante movimento nas mãos, pés, etc. Ou fica mexendo nos materiais escolares, ou batucando sobre a mesa, o tempo todo.

Procure um especialista, como um psicólogo ou psiquiatra, para analisar os sintomas acima, caso sejam detectados em seu filho.

2. Distúrbios do sono
Distúrbios do sono também podem afetar consideravelmente a capacidade de memorização, tanto das crianças, quanto dos adultos.
Isso porque quando dormimos o nosso cérebro ainda está “atuando”. Durante o sono, ele atua organizando e reorganizando as nossas memórias, apagando o que é desnecessário e levando para a memória de longo prazo o que é importante.
Porém, quando o sono é desqualificado, com falta de rotina, pouca quantidade de horas de sono ou horas excessivas, o cérebro encontra dificuldades para manter tudo memorizado.
Sendo assim, investigar a possível presença de um distúrbio do sono é um caminho para reconhecer as causas das dificuldades de memorização em crianças, adolescentes e, inclusive, adultos.

3. Altos índices de estresse e ansiedade
O nosso corpo não está separado da nossa mente. Isso significa que, em algumas situações, as emoções poderão impactar em uma série de funções do nosso corpo.
No caso do estresse e da ansiedade, poderemos nos ver diante de dificuldades de memorização, uma vez que as emoções negativas, quando aparecem de modo excessivo, atrapalham o foco, a concentração e demais funções cognitivas.
Nesses casos, é preciso investigar se a rotina da criança ou do adolescente está muito sobrecarregada e desgastante.

4. Depressão
A depressão também pode desencadear, dentre outros sintomas, a dificuldade para concentrar e as dificuldades de memorização.
Além disso, o indivíduo pode demonstrar outros sinais, como por exemplo:

  • Sensação de vazio, com choro frequente e sentimentos de tristeza e solidão.
  • Baixa autoestima e sentimento de culpa.
  • Diminuição do interesse e do prazer em atividades que, antes, o adolescente ou a criança gostava de praticar. E isso inclui os estudos.
  • Insônia ou hipersonia, que podem resultar em problemas de memorização por serem distúrbios do sono.
  • Fadiga e perda de energia frequente, que atrapalham o foco.
  • Entre outros sinais.

Fique atento aos sintomas de depressão e caso detecte-os em seu filho, busque ajuda profissional.

5. Problemas emocionais
Os problemas emocionais, de forma geral, também podem resultar em dificuldades de memorização. É o caso de a criança ou o adolescente estar com a autoestima baixa, com preocupações excessivas, medo de tirar nota baixa, etc.
As emoções, quando desequilibradas, podem impactar em diversas funções do organismo, como vimos no item 3.
Nesses casos, a busca pela psicoterapia é um caminho promissor para auxiliar o pequeno em suas descobertas e na sua forma de lidar com o que sente.

6. Bullying na escola
O bullying também pode ser uma das molas propulsoras das dificuldades de memorização. Não porque ele, por si só, ocasiona problemas na memória, mas sim porque ele promove impactos nocivos para a saúde mental da criança. Consequentemente, há o comprometimento do desempenho escolar, uma vez que:

  • A criança pode ter problemas de autoestima e autoconfiança.
  • Pode surgir o desinteresse pelos assuntos escolares.
  • A falta e os atrasos se tornam frequentes.
  • A criança não consegue estudar como gostaria, pois há colegas da turma que o atrapalham e zombam dele.
  • O indivíduo que é vítima de bullying pode se isolar, ter vergonha de tirar dúvidas na sala de aula, etc.

7. Ambiente e método de estudo
O ambiente escolar e os métodos de estudo também podem representar um estopim para as dificuldades de memorização. Por exemplo, se a criança não possui uma mesa adequada, com cadernos e materiais bons para usar, como poderá fazer suas anotações que auxiliam na memorização?
Ou então, se a escola possui uma infraestrutura precária, que rouba o conforto e o bem-estar dos alunos, como eles poderão focar nas atividades propostas?
Esses pontos precisam ser levados em conta na hora de reconhecer a real causa da dificuldade de uma criança, antes mesmo de diagnosticá-la e querer rotulá-la.

8. Dislexia
A dislexia também é um dos transtornos de aprendizagem que podem atrapalhar a memorização e o desenvolvimento cognitivo da criança.
Consiste em um quadro caracterizado como “transtorno da leitura”, no qual a criança tem dificuldade para compreender as palavras escritas.
Consequentemente, pode ter problemas para ler e internalizar o conteúdo que está sendo estudado, dificultando a memorização.
Dentre os sintomas de dislexia, podemos destacar os seguintes:

  • Dificuldade para ler.
  • Atraso na fala e na linguagem.
  • Dificuldades para escrever.
  • Dificuldades para copiar uma frase do quadro da sala de aula, ou de um livro.

Caso você perceba esses sinais no seu filho, alinhados com as dificuldades de memorização, converse com um profissional para que a situação seja investigada.

Como lidar com um filho com dificuldades de memorização?

Se porventura você tem percebido algumas dificuldades de memorização no seu filho, considere implementar medidas que visam criar um ambiente de estudos mais promissor. Também fique atento à rotina, aos hábitos e aos métodos de estudo da criança.
Caso as mudanças não proporcionem efeitos, lembre-se de que a investigação psicológica e psiquiátrica é importante e um caminho promissor.
Vamos agora saber um pouco mais sobre essas ações? Acompanhe:

1. Mudanças no ambiente de estudos
Antes de “autodiagnosticar” o seu filho, considere analisar o ambiente de estudos no qual ele está inserido. No caso, no ambiente de estudos em casa. Quanto à escola, caberá a você fazer uma investigação mais tarde.
Sendo assim, observe fatores como:

  • Ergonomia da mesa e da cadeira: Verifique se os móveis para os estudos estão alinhados ao tamanho da criança ou do adolescente. Se estiverem inadequados, poderão provocar a má postura, que impactam o bem-estar, além de diminuir a oxigenação no cérebro e, consequentemente, as capacidades e funções cerebrais.
  • Iluminação natural: A iluminação natural também tem um papel importante no mantimento da atenção e do foco. Consequentemente, pode elevar a capacidade de memorização. Isso porque o nosso cérebro compreende que, ao entrar em contato com a luz natural, está no momento de se manter ativo e em vigília. Logo, a luz do sol pode aumentar a disposição para as mais diversas atividades.
  • Circulação de ar: Um ambiente bem arejado tende a ser mais agradável e confortável, especialmente em dias que costumam ser mais quentes. Quando o ambiente tem uma circulação de ar ruim, pode causar desconfortos, alergias respiratórias e outras questões que atrapalham o foco da criança.
    Itens decorativos que podem distrair: A decoração do ambiente pode ser tanto um estimulante, quanto uma distração a mais para a criança. Espaços com muitos itens decorativos, cores e materiais que possam chamar a atenção da criança, distraindo-a dos estudos, podem resultar em um baixo foco na atividade escolar.
  • Dispositivos que roubam a atenção: Sem dúvidas, os eletrônicos e os brinquedos podem roubar a atenção das crianças durante os estudos. Portanto, observe o espaço: será que a criança anda mexendo muito no celular ou em brinquedos que estão ao seu redor? Pense sobre isso e considere preparar um ambiente com menos estímulos nesse sentido.
  • Ausência de materiais importantes: Se a criança tem dificuldades para usar os materiais, devido à ausência ou a baixa qualidade deles, pode ser que ela tenha problemas para sintetizar os conteúdos e fazer resumos que auxiliem na memorização. Fique atento a isso.
    Ruídos: Por fim, os ruídos e as interrupções causadas por outras pessoas, vizinhos ou pets também podem resultar em dificuldades de memorização.

2. Estabelecimento de rotina
Estabelecer uma rotina também pode ser interessante. Às vezes, a criança não tem nenhum tipo de rotina, dormindo e acordando em qualquer horário e fazendo as tarefas escolares “quando dá”.
Porém, essa falta de rotina pode atrapalhar o sono, a capacidade de foco e concentração, resultando em uma série de dificuldades de aprendizagem e, consequentemente, memorização.
O mesmo vale para a rotina de exercícios físicos e de alimentação: ambas impactam no bem-estar e na saúde mental da criança, e precisam ser desenvolvidas de uma maneira adequada.

3. Uso de estímulos diversos para o ensino-aprendizagem
Existem diversas ferramentas que nos ajudam a aprender mais e melhor. Inclusive, algumas pessoas podem ter mais facilidade com alguns métodos, enquanto outras têm com outros.
Isso significa que podemos testar, com os nossos filhos, diversas formas de aprender e memorizar conteúdos.
Por exemplo, você pode brincar com o seu filho, fazendo-o ser o seu professor para um conteúdo que ele está aprendendo. Assim, ele poderá desenvolver a capacidade de síntese, ao pensar em formas de explicar a você o que está sendo aprendido.
Além disso, utilizar ferramentas diferentes como vídeos, áudios, mapas mentais, desenhos, figuras e demais itens também pode ser um bom caminho.
Lembre-se de que o cérebro aprende e conhece o mundo por meio dos 5 sentidos. Sendo assim, usá-los durante a aprendizagem de algo novo pode ser um bom caminho. Por isso, aposte em sons, cheiros, imagens, fotos, trabalhos manuais (como desenhar um mapa mental), etc.

4. Investigação psicológica
Obviamente, nem sempre as dificuldades de memorização estarão associadas às mudanças ambientais e de rotina, como vimos nos itens acima.
Afinal, existem sim questões de saúde mental e transtornos que podem atrapalhar a capacidade de memorização dos indivíduos.
Por isso, se porventura você perceber que a criança ou o adolescente ainda está tendo muita dificuldade para memorizar os conteúdos, considere buscar ajuda psicológica e até mesmo psiquiátrica.
Com o psicólogo será possível investigar as causas emocionais por trás das dificuldades de memorização. Por exemplo, questões de autoestima, depressão, ansiedade, estresse, etc.
Com o psiquiatra será possível analisar a possível presença de algum transtorno mental, que exige, inclusive, medicação em alguns casos.
Depois dessa investigação, tanto o psicólogo, quanto o psiquiatra, poderão desenvolver um tratamento alinhado às necessidades da criança ou do adolescente.

5. Organização das metas de estudo
Outro ponto que também pode ajudar a lidar com questões relacionadas às dificuldades de memorização, é a construção de boas metas de estudo.
Às vezes, o problema não está na saúde da criança, mas sim, na forma como os conteúdos são apresentados a ela. Afinal, se apresentarmos uma quantidade muito grande de materiais para ela, pode haver um excesso de informação que dificulta o processo de assimilar um conhecimento novo com um antigo, atrapalhando o processo de aprendizagem e memorização.
Por isso, verificar se as metas estão bem divididas e respeitando os limites da criança também é algo importantíssimo.
Pense nisso e lembre-se: em caso de dúvidas, converse com o seu médico de confiança.

Referências
CALDAS, R. F. L. Fracasso escolar: reflexões sobre uma história antiga, mas atual. Psicologia: Teoria e Prática, vol. 7, núm. 1, 2005, pp. 21-33 Universidade Presbiteriana Mackenzie São Paulo, Brasil

DÍAZ, F. O processo de aprendizagem e seus transtornos. Salvador : EDUFBA, 2011.
396 p. il.

Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5 – 5ª Edição. Disponível em: <https://dislex.co.pt/images/pdfs/DSM_V.pdf> Acesso em 27 set. 2022.