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Deficiência de Ferro

Qual a importância do ferro?


O ferro é um elemento fundamental para o organismo.

Ele compõe a hemoglobina, substância responsável pelo transporte de oxigênio no sangue e a mioglobina, responsável pelo transporte de oxigênio no músculo, além de diversas outras enzimas vitais.

A deficiência de ferro é a principal causa de anemia, que neste caso é denominada de anemia ferropriva.

Nos quadros iniciais, o paciente pode não ter qualquer sinal ou sintoma atribuível à deficiência de ferro. A medida em que a deficiência aumenta, aparecem os sintomas clássicos da anemia, como palidez, fadiga, intolerância ao exercício e alterações cognitivas, entre outros.

Em um estudo com atletas universitários de diversas modalidades, foi observada deficiência de ferro em 30,9% das mulheres e 2,9% dos homens e anemia em 2,2% das mulheres e 1,2% dos homens.

A deficiência de ferro é mais comum em mulheres devido às perdas de ferro com a menstruação e, também, devido a uma menor ingestão de alimentos ricos em ferro.

Atletas com anemia ferropriva podem ter o rendimento esportivo prejudicado antes que ele perceba outros sinais que indiquem a deficiência de ferro.

Quais as causas da deficiência de ferro?


A deficiência de ferro pode estar associada a uma baixa ingestão, a uma baixa absorção no intestino ou a um aumento na perda.

Deficiência de ferro associada à Baixa ingestão

Existem dois tipos de ferro: heme e não heme:

  • Ferro heme: está presente nos produtos de origem animal, em especial na carne de vaca e peixe.
  • Ferro não heme: presente em alimentos de origem vegetal, como o feijão, rúcula, couve e brocolis.

Dietas para perder peso tendem a apresentar uma quantidade de ferro inferior às necessidades diárias.

Atletas envolvidos com esportes que presam por um corpo extremamente magro, como a ginástica ou o ballet, e esportes com categorias de peso, como o remo e os esportes de luta, também favorecem a ocorrência de deficiência de ferro.

A ingestão de alimentos de valor nutricional desprezível, como refrigerantes, pizzas e doces, também apresentam quantidade insuficiente de ferro.

Por fim, a deficiência de ferro é uma preocupação em atletas que exageram na substituição de alimentos ricos em proteínas por suplementos alimentares, uma vez que muitos destes alimentos também são ricos em ferro.

Deficiência de ferro associada à Baixa absorção

A fonte do ferro na dieta tem influência direta na capacidade de absorção pelo organismo: A absorção do ferro heme varia entre 15 e 35%, ao passo que o ferro não heme tem variação muito maior, entre 2 e 20%.

A maior ou menor absorção do ferro não-heme depende, em parte, da presença de outros alimentos na mesma refeição, os quais podem tanto aumentar como diminuir a absorção.

A absorção é prejudicada quando consumidos junto com alimentos ricos em fibras (o que é muito comum entre vegetarianos) ou produtos lácteos e é facilitada por uma dieta rica em vitamina C. Já a absorção do ferro heme é muito menos influenciado por outros componentes da dieta.

A preocupação com o ferro na dieta vegetariana está mais relacionada à capacidade de absorção do que com a quantidade de ferro ingerida. Estudos mostram que, na média, vegetarianos consomem até mais ferro do que não vegetariano.

Além da dieta, a baixa absorção do ferro pode também estar associada ao uso de determinados medicamentos ou a doenças como a doença de Crohn ou a doença celíaca.

Deficiência de ferro associado a Aumento das perdas

Mulheres estão sob maior risco de desenvolverem a anemia ferropriva, devido às perdas menstruais e por terem habitualmente um menor consumo de alimentos ricos em ferro.

Mulheres com fluxo menstrual excessivo estão ainda mais vulneráveis.

Atletas podem ter uma maior perda de ferro em decorrência do suor e também em decorrência da hemólise por impacto.

A hemólise por impacto é um processo característico de destruição das hemácias decorrente dos sucessivos traumas mecânicos impostos aos capilares sanguíneos durante a prática esportiva.

Ocorre especialmente em corredores de longa distância e em outras atividades que envolvem a corrida por tempo prolongado.

Parasitoses intestinais são comuns entre atletas e podem contribuir para a deficiência de ferro. Muitas destas parasitoses podem se desenvolver sem qualquer sintoma e sem que o atleta tenha ciência do problema.

Adolescentes também são especialmente vulneráveis, devido à maior demanda de nutrientes decorrente das necessidades fisiológicas do organismo em desenvolvimento.

Por fim, é preciso considerar outras condições clínicas não relacionadas à prática esportiva, como o fluxo menstrual intenso, hemorragias ou neoplasias.

Sintomas

Os sintomas de deficiência de ferro são pouco específicos, variando também em intensidade. Entre eles, podem estar presentes:

  • Cansaço, apatia, problemas de concentração e aprendizagem, menor disposição para o trabalho;
  • Piora do humor
  • Cansaço com atividade física;
  • Sensação de frio;
  • Falta de ar, palpitação cardíaca
  • Falta de apetite
  • Palidez de pele e mucosas
  • Unhas quebradiças e cabelos frágeis
  • Dificuldade de concentração
  • Desejo por produtos não alimentares (como gelo e terra)
  • Síndrome das pernas inquietas
  • Dores de cabeça
  • Inchaço ou dor na língua

Classificação da deficiência de ferro


A deficiência de ferro pode ser classificada em 3 níveis:

  • no primeiro nível, o indivíduo apresenta uma diminuição dos depósitos de ferro, mas sem queda na hemoglobina. Ainda assim, tem potencial para repercussões fisiológicas adversas;
  • no segundo nível, é observada alteração na produção normal de hemoglobina e outros compostos essenciais, mas com os componentes sanguíneos se mantendo ainda acima dos valores considerados como indicadores da anemia;
  • no terceiro nível, é evidente a instalação da anemia ferropriva.

Diagnóstico da deficiência de ferro


A ferritina é uma proteína produzida pelo fígado, responsável pelo armazenamento do ferro no organismo. Assim, o exame de ferritina sérica é feito com o objetivo de verificar como estão os estoques de ferro no organismo.

Valores de ferritina abaixo de 30ng/mL são habitualmente usados para definir a ferritina baixa, mas mesmo valores mais autos já podem comprometer a performance esportiva. Especialmente em atletas, valores de referência mais altos são muitas vezs utilizados, de 50ng/mL ou at;e mesmo 100ng/mL.

Ferritina abaixo de 12ng/mL costuma ser acompanhada de anemia ferropriva, com queda da hemoglobina plasmática.

A medida da concentração de hemoglobina é usada para o diagnóstico da anemia ferropriva. Valores inferiores a 140g/L em homens e abaixo de 120g/L em mulheres são indicativos de anemia ferropriva. Mais uma vez, algumas pessoas, especialmente atletas, podem ter uma hemoglobina basal mais alta, de forma que é possível que valores ainda dentro das referências de normalidade podem ser insuficientes.

Idealmente, porém, a deficiência de ferro deve ser identificada no atleta antes que ocorra esta queda na hemoglobina.

Tratamento da deficiência de ferro


Uma vez identificada uma deficiência de ferro no atleta, o primeiro passo é descartar causas de sangramento oculto, como úlceras gástricas ou mesmo câncer, o que pode ser feito por meio de uma avaliação médica.

Feito isso, o passo seguinte é ajustar a dieta, tanto para aumentar a ingestão como para facilitar a absorção do ferro. Quando isso não for suficiente, a suplementação pode ser considerada.

A suplementação de ferro deve ser feita de forma criteriosa, uma vez que o excesso de ferro pode provocar sintomas como cansaço, fraqueza, dor abdominal e inchaço, os quais pode comprometer o rendimento esportivo.

Quando persistente, pode levar a perda de peso, queda de cabelo e alteração no ciclo menstrual.