Compulsão Alimentar

A Compulsão alimentar é uma doença mental caracterizada por episódios recorrentes em que a pessoa come demais mesmo sem ter fome ou come tanto até o ponto de se sentir mal. Estes episódios acontecem pelo menos uma vez por semana ao longo de pelo menos três meses.

Qualquer pessoa pode comer demais de vez em quando, e isso não significa que ela tenha um distúrbio alimentar. A compulsão alimentar é um problema recorrente, não algo que acontece apenas em situações especiais, como uma festa ou almoço comemorativo. 

A compulsão alimentar é um problema relativamente comum, que acomete aproximadamente 3,5% das mulheres e 2% dos homens. A incidência aumenta com o aumento do peso corporal, sendo que 30% das pessoas obesas desenvolvem compulsão alimentar e 75% das pessoas com compulsão alimentar são obesas (1, 2).

São sinais da Compulsão Alimentar:

• Comer mais rápido do que o normal;
• Comer quando não está com fome;
• Continuar comendo mesmo quando já está saciado;
• Comer até se sentir desconfortável
• Comer quando está sozinho, sem que outras pessoas estejam vendo;
• Sentir-se triste ou culpado por comer demais;

Pessoas com compulsão alimentar normalmente não gostam de sua aparência. Elas reconhecem o problema e sempre acham que deveriam comer menos. A maioria delas já passou por diversas tentativas de dietas restritivas, passando fome e em alguns casos até tomando medicamentos para emagrecer.

Culpa, angústia, sensação de fracasso e de arrependimento costumam acompanhar os pacientes.

Sintomas de ansiedade e depressão também são comuns. Geralmente a pessoa tem uma percepção confusa de si mesma, se desvaloriza e não acredita ser capaz de mudar seu estilo de vida.

É comum que eles alternem períodos com dietas restritivas radicais com momentos de compulsão alimentar.

A compulsão é considerada uma doença de origem mental. Ela é desencadeada por diferentes problemas de origem emocional, incluindo:

• Dietas feitas de forma errada (geralmente dietas muito restritivas). Isso porque geralmente estas dietas deixam as pessoas com ainda mais desejo por aqueles alimentos que estão restritos;
• Situações de estresse, incluindo relacionamentos abusivos presentes ou passados;
• Autoimagem corporal ruim: a compulsão alimentar é mais comum em pessoas com sobrepeso ou obesas, sendo que a obesidade pode ser tanto consequência como a causa da compulsão alimentar. Isso porque muitas vezes estas pessoas se sentem infelizes com o próprio corpo e acabam por “descontar na comida”.
• Problemas familiares, profissionais ou econômicos.

Pessoas com compulsão alimentar têm maior risco para diversos problemas de saúde, incluindo:

• Obesidade;
• Diabetes tipo 2;
• Hipertensão Arterial (Pressão Alta), colesterol alto, Doença Arterial Aterosclerótica e outras doenças cardiológicas;
• Outros distúrbios alimentares como a bulimia ou anorexia;
• Transtornos psicológicos ou psiquiátricos, como depressão, transtorno obsessivo compulsivo.

O tratamento deve ser multidisciplinar, incluindo médico, psicólogo e nutricionista

• O médico psiquiatra deve orientar o paciente e ser o responsável por prescrever os medicamentos, caso o paciente necessite. Os medicamentos mais comuns são das classes dos antidepressivos e os estimulantes;
• O psicólogo deve buscar identificar os gatilhos da compulsão alimentar e estabelecer estratégias de controle. A prática de atividades físicas é uma das melhores formas de se desviar a atenção relativa a busca por alimentos. Mas, para isso, o exercício deve oferecer uma sensação de prazer e bem-estar. Deve-se buscar uma estratégia de mudança no estilo de vida e não um “sofrimento necessário” que logo será deixado para trás.
• O nutricionista deve elaborar uma estratégia para a melhora da qualidade nutricional das refeições. Deve-se buscar uma alimentação rica em fibras, como frutas, verduras, hortaliças e gorduras boas, já que estes alimentos te deixarão saciado por mais tempo. Beber água regularmente também é uma forma de controlar a fome e o desejo de comer. Alimentos industrializados devem ser gradativamente retirados da dieta, uma vez que eles não promovem saciedade e isso fará com que você volte a comer rapidamente.

Os pacientes devem buscar se alimentar em ambientes calmos e devem comer devagar, mastigando bastante a comida. Devem evitar comer vendo televisão, mexendo no telefone celular ou com outros distrativos que façam ela demorar a perceber que está saciada.