Pesquisar

Cirurgia para Epilepsia

Cirurgia para Epilepsia

Atualmente, existem três tipos de procedimentos para conter as crises epilépticas: as ressectivas, as desconectivas e as neuromodulatórias.

Cirurgias ressectivas

A cirurgia ressectiva pode ser considerada em casos de epilepsia refratária focais, quando o foco da epilepsia é devidamente identificado e quando o foco de origem dos estímulos estiver em uma área que possa ser acessada sem causar maiores danos e quando o próprio foco em sí não estiver relacionado a uma função cerebral de maior importância. Isso acontece em aproximadamente 20% dos pacientes com epilepsia refratária.

Algumas das causas da epilepsia que podem ser tratadas por meio da cirurgia ressectiva incluem cavernoas (angiomas cavernosos), má formação cerebral (displasias corticais), má formações artériovenosas (angiomas), esclerose mesial ou tumores cerebrais.

Cirurgia Desconectiva

Uma cirurgia de desconexão é uma cirurgia em que o tecido cerebral doente que causa as convulsões é desconectado do tecido cerebral saudável. A ideia é que uma vez que a convulsão não possa ser evitada, que ao menos os estímulos elétricos anormais não se espalhem para o tecido cerebral saudável.

As desconexões podem envolver apenas um lobo do cérebro (temporal ou occipital) ou mais de um lobo. Em certas circunstâncias, um lado do cérebro pode ser desconectado do outro.

A cirurgia de desconexão pode ser indicada para epilepsias focais refratárias ao tratamento convencional, especialmente aquelas que se espalham rapidamente. Se a origem da convulsão não for específica, a cirurgia desconectiva pode ser indicada.

As complicações dependem de qual a região do cérebro que está sendo desconectada e de qual método utilizado.

Entre os principais tipos de Cirurgia de Desconexão, incluem-se:

  • Calostomia do Corpo: Corte do corpo caloso para evitar que as convulsões se espalhem entre os hemisférios.
  • Desconexão Lobar: Desconexão de lobos específicos do cérebro, como o lobo temporal, quadrante posterior (parietal, temporal e occipital) ou lobo frontal.
  • Desconexão do Quadrante Posterior: Desconexão do quadrante posterior (lobos parietal, temporal e occipital).
  • Desconexão Temporal: Corte de conexões dentro do lobo temporal.
  • Desconexão Hemisférica Funcional: Um procedimento que isola um hemisfério do outro.

Procedimentos neuromoduladores

Procedimentos neuromoduladores incluem abrange a estimulação do nervo vago (VNS) e a estimulação cerebral profunda (DBS).

São procedimentos não ablativos, ou seja, que não modificam as estruturas cerebrais. Eles agem modulando os impulsos elétricos disfuncionais, evitando que as crises sejam desencadeadas. Eles são totalmente reversíveis apenas com a retirada dos equipamentos, caso se julgue necessário.

O objetivo desses procedimentos é reduzir a frequência das crises epilépticas. Ainda que não curem a epilepsia, eles promovem significativa melhora da qualidade de vida, sendo uma alternativa quando os métodos ressectivos não alcançam o resultado esperado ou não são indicados. Uma vez que não promove a cura da epilepsia, a  neuromodulação deve usada em conjunto com medicamentos anticonvulsivantes, e não em substituição a eles. No entanto, se a terapia funcionar, pode ser possível reduzir as deoses do medicamento ao longo do tempo.

Estimulação do Nervo Vago (VNS)

A terapia de estimulação do nervo vago (VNS) pode ser indicado para pacientes com epilepsia multifocal ou generalizada, refratária ao tratamento medicamentoso.

O tratamento envolve a implantação no tórax de um estimulador “gerador de pulsos”, que é conectado através de um fio ao nervo vago esquerdo, no pescoço. O estimulador envia impulsos elétricos leves e regulares através desse nervo para ajudar a acalmar a atividade elétrica cerebral irregular que provoca as convulsões.

Este é um procedimento relativamente simples, minimamente invasivo, realizado sob anestesia geral. Ele não compromete nenhuma estrutura cerebral e, portanto, não causa danos colaterais.

O efeito do VNS nem sempre é imediato e tende a aumentar com o passar dos anos, provavelmente devido a um efeito neuromodulatório no sistema nervoso central. Em alguns casos, pode levar até um ano para que tenha efeito perceptível nas convulsões. Para algumas pessoas, suas convulsões se tornam muito menos frequentes, para outras pode reduzir um pouco suas convulsões e para outras não terá efeito.

Estimulação cerebral profunda (DBS)

O DBS é um procedimento bastante difundido para o tratamento dos movimentos anormais da Doença de Parkinson, mas que vem sendo utilizado com boa eficácia também para o controle da epilepsia refratária. A sigla DBS vem das iniciais em inglês de Deep Brain Stimulation, ou Estimulação Cerebral Profunda.

O tratamento consiste na introdução de um eletrodo no cérebro conectado a um dispositivo estimulador inserido abaixo da clavícula. Esse estimulador é semelhante a um marca-passo utilizado para o controle dos batimentos cardíacos.

O eletrodo é Posicionado em regiões do cérebro devidamente mapeadas e estimulam continuamente o cérebro, modulando assim o circuito de onde as crises epilépticas se espalham.

O DBS é indicado quando se tem uma epilepsia focal de dificil controle, com foco de origem da epilepsia bem caracterizado, no qual a ressecção do tecido anormal não é possível devido aos danos que isso acarretaria. Pode também ser indicado quando o foco não é devidamente identificado ou na presença de múltiplos focos geradores.