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Cannabis Medicinal

O que é a Cannabis Medicinal?

Cannabis medicinal é o nome que se dá a diferentes medicamentos produzidos a partir da planta do gênero cannabis.

Diferentes benefícios já foram comprovados pela ciência com alguns destes produtos. Os efeitos destes medicamenos, porém são diferentes do que se observa com o uso recreativo da droga.

O que é a maconha

Maconha é o nome popular da planta do gênero Cannabis.

Ela é uma planta complexa, com cerca de 426 entidades químicas, das quais mais de 60 são compostos canabinóides.

Os dois compostos principais são o Delta-9-tetrahydrocannabinol (THC), canabidiol e o (CBD) (1).

O THC e o Canabidiol agem de forma sinérgica em alguns receptores e tem efeitos opostos em outros. Assim, podemos dizer que os diferentes produtos derivados da maconha podem ter ação bastante diversas no corpo.

Os efeitos psicoativos responsáveis pelos efeitos recreativos da droga estão relacionados principalmente ao Delta-9-tetrahidrocanabinol (THC).

Entretanto, além do uso social, que é ilegal no Brasil, a maconha tem sido utilizada há milhares de anos com fins medicinais para tratar diversas condições de saúde.

Diferentes tipos de maconha

A planta de cannabis tem duas subespécies principais, a Cannabis indica e a Cannabis sativa.

Elas podem ser diferenciadas por suas diferentes características físicas. As cepas com dominância índica são plantas curtas com folhas largas e verdes escuras. Elas têm maior teor de canabidiol do que as plantas sativa, nas quais o teor de THC é maior.

As cepas predominantemente sativa são geralmente mais altas e têm folhas finas com uma cor verde pálida. Devido ao seu maior teor de THC, responsável pelos efeitos psicotrópicos da maconha, a Cannabis sativa é a forma habitualmente utilizada para fins recreativos.

Frente a isso, um grande número de variedades têm sido obtidas pela manipulação e cruzamento de diferentes espécies, obtendo-se folhas com maior quantidade de THC.

Particularmente nos últimos 15 anos, essas variantes da planta foram mais amplamente disponíveis no “mercado” de rua, sendo geralmente chamadas de “skunk” ou “sinsemilla”.

Em um estudo realizado por Potter e colegas, quando se comparou a potência da cannabis apreendida pela polícia na Inglaterra entre os anos de 1996/8 e 2004/5, o teor médio de d-9-THC foi de 13,9% em anos mais recentes, 4.86% maior do que o observado entre 1996/8 (1, 2).

Os efeitos da maconha medicinal são diferentes do uso social?

O uso da cannabis medicinal envolve lançar mão de componentes que ajam no “alvo” esperado. Medicamentos para tratar a espasticidade muscular, por exemplo, devem conter componentes que agem preferencialmente em áreas motoras.

A maconha contém uma quantidade enorme de substâncias prejudiciais à saúde e que não necessariamente trarão benefício clínico para o paciente com esclerose múltipla.

A dose do princípio ativo quando se fala em uso medicinal é estudada para a obtenção da melhor combinação entre os efeitos desejados da medicação e efeitos adversos indesejados.

O uso social da maconha, feito na maior parte das vezes na forma de cigarros (baseados), não tem controle adequado sobre as substâncias e não prioriza os potenciais benefícios clínicos do paciente, o que não significa que eles não existam.

Indicações da cannabis medicinal

A cannabis medicinal vem sendo utilizada com graus variados de evidência para o tratamento de diferentes condições.

Ela não tem objetivo de cura de qualquer tipo de doença. Entretanto, em alguns casos, pode ser utilizada com o objetivo de controle dos sintomas e melhora da qualidade de vida.

Assim, ela deve sempre ser vista como um mecanismo auxiliar de tratamento prescrito pelo médico, não como método principal para o tratamento de doenças.

As principais indicações para uso incluem:

Dor crônica

O alívio da dor crônica é de longe a condição mais comum citada pelos pacientes para o uso médico de cannabis. Estudos mostram que aproximadamente 90% dos pacientes em uso de cannabis medicinal apresentam dor crônica (1, 2).

Existem evidências substanciais de que a cannabis é um tratamento eficaz para o alívio da dor crônica em adultos e que ela pode reduzir a necessidade de outros analgésicos para o alívio da dor, especialmente dos opióides.

Náusea e vômito induzidos por quimioterapia

As preparações orais de THC nabilona e dronabinol estão disponíveis para o tratamento de náuseas e vômitos induzidos por quimioterapia há mais de 30 anos. Ambos foram considerados superiores ao placebo nestes pacientes.

Entretanto, ainda faltam estudos de qualidade comparando o THC com outras medicações disponíveis atualmente para tratar o problema (1).

Epilepsia

O canabidiol se mostrou eficiente no tratamento da epilepsia grave resistente ao tratamento tradicional (1). Para isso, ela deve ser usada junto, e não em substituição às outras medicações aprovadas para o tratamento da epilepsia.

O mecanismo de ação ainda não é totalmente reconhecido. Entretanto, um dos mais estudados envolve o potente efeito antioxidante do canabidiol.

Espasticidade da esclerose múltipla

O extrato oral de cannabis, nabiximol e THC oral se mostraram eficientes para o tratamento da espasticidade decorrente da Esclerose Múltipla. Entretanto, a melhora é limitada e não se deve esperar mudanças substanciais com os medicamentos (1).

Outras condições

A cannabis medicinal vem sendo proposta e testada para diversas outras finalidades, das quais existem evidências limitadas ou não existem evidências de benefícios.

Entre estas condições, incluem-se (1):

Efeitos colaterais

O Canabidiol pode causar alguns efeitos colaterais, incluindo:

Sinais de lesão hepática também foram relatados com altas doses de Canabidiol.

Quais os produtos à base de cannabis disponíveis no Brasil?

O canabidiol está disponível nas farmácias brasileiras desde 2017.

Pela legislação do país, os medicamentos devem ter concentração de até 0,2% de THC.

Dosagens com concentração maior que 0,2% de THC só poderão ser dadas a pacientes em estado terminal, ou que não tiveram melhora com nenhuma outra forma de terapia.

Concentrações acima desse valor precisarão, também, levar no rótulo a indicação de que o uso “pode causar dependência física e psíquica”.

Na mesma sessão que decidiu pela liberação dos medicamentos, o órgão optou por manter a proibição do plantio com fins medicinais no país. Isso significa que as farmacêuticas podem fabricar os produtos no Brasil, mas os insumos para esta produção continuam tendo que ser importados.

O canabidiol pode ser vendido em farmácias e drogarias. Para fazer a compra, é preciso ter uma prescrição, laudo clínico, uma receita de controle especial, e, em alguns casos, uma declaração de responsabilidade assinada pelo paciente e seu médico.

Até março de 2022, a Anvisa já aprovou seis produtos à base de canabidiol que podem ser vendidos no Brasil ou importados.

São eles:

  • Canabidiol Prati-Donaduzzi (20 mg/mL; 50 mg/mL e 200 mg/mL): fabricação no Brasil;
  • Canabidiol NuNature (17,18 mg/mL): fabricado nos Estados Unidos;
  • Canabidiol NuNature (34,36 mg/mL): fabricado nos Estados Unidos;
  • Canabidiol Farmanguinhos (200 mg/mL): fabricação no Brasil;
  • Canabidiol Verdemed (50 mg/mL): fabricação na Colômbia;
  • Canabidiol Verdemed (23,75 mg/mL): fabricação na Colômbia.

Quem tem plano de saúde, também pode conseguir o produto. Entretanto, em muitos casos, isso só tem sido feito por meio de judicialização.