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Atividade Física em Pacientes com Doença Arterial Coronariana

Riscos e benefícios da atividade física para pacientes com Doença Arterial Coronariana

A atividade física é um dos pilares da prevenção e do tratamento do paciente com Doença Arterial Coronariana.

Por outro lado, há também a preocupação de que o esforço desencadeie um evento cardíaco agudo, como a Angina ou o Infarto Agudo do Miocárdio.

Como regra geral, os potenciais benefícios dos exercícios superam bastante os eventuais riscos. Mas, para isso, é preciso considerar a gravidade do acometimento cardíaco e a atividade física pretendida.

Riscos do exercício

A Doença Arterial Coronariana limita a quantidade de oxigênio que é possível de ser transportado para o coração.

Para a maior parte das pessoas, isso não será percebido, uma vez que as artérias ainda são capazes de transportar mais oxigênio do que aquilo que o coração de fato utiliza.

Durante a atividade física, porém, a demanda por oxigênio aumenta e aquelas pessoas que não tinham qualquer problema no repouso podem passar a desenvolver isquemia, levando a um maior risco de eventos cardíacos agudos.

Alguns destes pacientes podem desenvolver sintomas característicos durante o esforço, como a Angina. Outros podem permanecer assintomáticos.

Benefícios do exercício

A atividade física é um dos pilares da prevenção e do tratamento do paciente com Doença Arterial Coronariana.

O exercício tem um efeito direto sobre o coração, estimulando a formação de uma circulação colateral para levar mais sangue para o músculo cardíaco.

Além disso, o músculo cardíaco fica mais forte, o que significa que menos esforço e menos oxigênio é necessário para a realização de uma mesma atividade.

Por fim, a atividade física ajuda no controle de outros fatores de risco cardiovascular, o que é fundamental para o paciente com Doença Arterial Coronariana.

Entre estes fatores, incluem-se:

  • Obesidade
  • Colesterol Alto
  • Diabetes
  • Hipertensão Arterial

Avaliação do paciente com risco para Doença Arterial Coronariana

O paciente com Doença Arterial Coronariana diagnosticada e aqueles com risco para a doença devem ser avaliados por meio do Teste de Esforço, também chamado de Teste Ergométrico.

Neste teste, o paciente é colocado para fazer um esforço progressivo, geralmente em esteira ou bicicleta ergométrica. Durante o esforço, são avaliados a frequência cardíaca, a pressão arterial e o funcionamento elétrico do coração.

O teste é programado para ter uma duração entre 8 e 12 minutos. Assim, a intensidade e a forma de escorço é escolhida de acordo com a capacidade física do paciente.

Quando o teste não encontra eventos como arritmia ou isquemia cardíaca, o risco de problemas em decorrência da Doença Arterial Coronariana é considerado baixo e o paciente é liberado para a realização de atividade física, seja em nível recreativo ou competitivo.

No caso de um achado anormal, outros exames devem ser considerados, como a angiografia, para a avaliação da localização e do grau de obstrução das artérias. Discutimos mais a respeito de toda a avaliação diagnóstica do paciente com DAC no artigo sobre Doença Arterial Coronariana.

Prescrição de exercício para o paciente com Doença Arterial Coronariana

Todos os pacientes com Doença Arterial Coronariana de longa data devem ser incentivados a realizar as recomendações mínimas de atividade física para a saúde. Isso inclui pacientes assintomáticos e aqueles com angina estável, incluindo pacientes submetidos previamente a procedimentos de revascularização ou com histórico de Infarto Agudo do Miocárdio.

Antes de iniciar a prática de exercícios, estes pacientes devem ser submetidos a uma avaliação cardiológica completa, incluindo a histórica clínica, o Teste Ergométrico e eventualmente o ecocardiograma, para avaliar como o coração se comporta no esforço. Eventuais ajustes poderão ser considerados no caso de pacientes que apresentem isquemia durante um esforço máximo.

Como regra geral, a recomendação de atividade física da Sociedade Europeia de Cardiologia para estes pacientes inclui (1):

  • Ao menos 150 minutos de atividade aeróbica de intensidade moderada, divididos em 5 a 7 dias da semana.
  • Atividades de fortalecimento em ao menos dois dias na semana.

Atividade física de alta intensidade e competitiva

A participação em exercícios competitivos de endurance e esforço máximo é mais propensa a induzir isquemia miocárdica.

No caso de pacientes com doença de longa data e que não apresentam nenhuma anormalidade em um teste de esforço máximo ou teste de imagem funcional e que têm função do ventrículo esquerdo intacta de acordo com o ecocardiograma, pode ser considerada de baixo risco para um evento adverso e tendem a ser liberados para todos os esportes, mesmo em nível competitivo.

Por outro lado, nos casos em que a isquemia não pode ser compensada apesar da terapia adequada, o indivíduo deve ser afastado de esportes competitivos. O nível de atividade permitida dependerá de qual a intensidade do esforço durante o teste ergométrico no momento em que os sinais de isquemia se fizeram presentes.

Quando o exercício deve ser interrompido?

Ainda que no médio prazo os potenciais benefícios da atividade física superem bastante os eventuais riscos, existe de fato um maior estresse sobre o coração durante o exercício com potencial para desencadear um evento cardíaco agudo.

A melhor forma de se evitar isso é realizar avaliações regulares com o cardiologista, fazer qualquer mudança na rotina de exercícios de forma gradual e, também, ficar alerta a certos sinais com os quais o exercício deverá ser interrompido.

Não existe problema em ficar um pouco sem fôlego. Entretanto, o paciente ainda deve ser capaz de manter uma conversa.

Na presença de um dos sintomas abaixo, o exercício deve ser interrompida e a assistência médica deve ser buscada de imediato:

  • Aperto no peito.
  • Tontura.
  • Palpitações.
  • Falta de ar extrema.