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Broncoespasmo induzido pelo Exercício

O que é o Broncoespasmo Induzido pelo Exercício?

O Broncoespasmo induzido por exercícios é uma condição na qual pessoas apresentam sintomas característicos da asma, incluindo chiado, tosse seca e dificuldade para respirar, durante ou após a prática de uma atividade física.

Ele pode estar presente em pessoas com ou sem asma, incluindo:

3% a 13% da população não asmática;

40% dos indivíduos não asmáticos, mas com diagnóstico de outras doenças alérgicas, especialmente a rinite alérgica;

Até 90% das pessoas asmáticas.

Assim como em outras formas de Asma, há uma combinação de três processos simultâneos que dificultam a passagem do ar pelas vias aéreas:

  • Broncoespasmo: Os músculos ao redor das vias aéreas se contraem, estreitando as vias de passagem do ar.
  • Inflamação: O revestimento das vias aéreas fica inchado, o que dificulta ainda mais a passagem do ar;
  • Produção de muco: as membranas que revestem as vias aéreas passam a produzir maior quantidade de muco. Este muco espesso ajuda a obstruir as vias aéreas.

Muitos atletas não valorizam seus sintomas e acham que eles são naturalmente decorrentes do esforço físico. Podem também não relatá-los aos treinadores, por receio de serem retirados de suas atividades.

Até recentemente, essa condição recebia a denominação de Asma induzida por exercício. No entanto, esse termo não tem sido mais recomendado. A justificativa para isso é que ele pode dar a entender que a asma está sendo causada pelo exercício, quando na verdade o exercício está sendo apenas um desencadeador do broncoespasmo.

Sintomas do Broncoespasmo Induzido Pelo Exercício

Os principais sinais e sintomas do Broncoespasmo Induzido pelo Exercício incluem:

  • Chiado;
  • Tosse seca;
  • Falta de ar;
  • Aperto ou dor no peito;
  • Fadiga durante o exercício;
  • Desempenho atlético abaixo do esperado.

Geralmente, os sintomas se iniciam cerca de 6 a 8 minutos após o início do exercício intenso e tendem a desaparecer após o uso de medicamentos ou após 20 a 40 minutos de repouso.

Entretanto, existem casos esporádicos em que a crise se inicia até 4 a 10 horas após o fim do exercício.

Fatores de risco para o Broncoespasmo Induzido pelo Exercício

Pessoas com asma induzida por exercício habitualmente têm vias aéreas excessivamente sensíveis a mudanças repentinas de temperatura e umidade, especialmente quando respiram ar mais frio e seco.

Durante atividades extenuantes, as pessoas tendem a respirar pela boca, favorecendo as crises de asma induzida pelo exercício.

A respiração pela boca permite que o ar frio e seco entre diretamente nos pulmões, sem o benefício do calor e da umidade que a respiração nasal fornece.

Como resultado, o ar é umedecido a apenas 60-70% de umidade relativa. Enquanto isso, a respiração pelo nariz aquece e satura o ar, que fica com cerca de 80 a 90% de umidade.

Outros fatores podem contribuir para o desencadeamento dos sintomas, incluindo a poluição do ar e o cloro das piscinas.

Diagnóstico Broncoespasmo Induzido pelo Exercício

O diagnóstico é feito a partir da história clínica. Ele pode ser confirmado por exames de espirometria e o teste provocativo.

Espirometria

A espirometria envolve uma série de medidas que ajudará, entre outras coisas, a identificar a quantidade de ar exalada após uma respiração profunda e a velocidade com que este ar é exalado.

Isso é importante para se fazer o diagnóstico diferencial da asma e de outros problemas respiratórios.

Inicialmente, é usado um clipe nasal para fechar as narinas, de modo a impedir a respiração nasal durante o exame.

O paciente é então orientado a soprar em um tubo com bocal descartável, que é ligado a um aparelho chamado espirômetro. 

Quando orientado, precisa encher os pulmões com ar e soltar com força, tudo de uma só vez, com a maior força e rapidez possível.

Depois disso, o paciente faz uso de um broncodilatador e repete o exame. Esta parte da avaliação é chamada de Teste provocativo. Nos pacientes com asma, o broncodilatador leva a uma melhora no fluxo de ar.

A espirometria pode também ser feita antes e após a realização de um exercício.

O Broncoespasmo Induzido pelo exercício pode então ser classificado de acordo com o VEF1 (Volume Expiratório Forçado no primeiro segundo de expiração do ar)

Percentual de queda do VEF1 Gravidade
>10% e <25% leve
>25% e <50% Moderada
>50% Grave

Tratamento

Tratamento não medicamentoso

Algumas medidas não medicamentosas devem ser considerados para minimizar o risco de crise de asma induzida por exercício, incluindo:

  • Fazer uma rotina de aquecimento com aumento gradual do esforço antes do exercício;
  • Fazer uma rotina de resfriamento com redução gradual do esforço após o exercício;
  • Cobrir a boca e o nariz para aquecer o ar quando se exercita em ambientes frios e secos.

Tratamento medicamentoso

No caso de pacientes asmáticos, o broncoespasmo induzido pelo exercício pode ser um indicativo de mau controle da doença, de forma que o tratamento de rotina deve ser reavaliado.

Pacientes com broncoespasmo induzido pelo exercício sem asma  podem ser tratados na maior parte das vezes o uso de broncodilatadores e/ou os corticoesteroides.

Tratamento medicamentoso

Broncodilatadores

Broncodilatadores são medicamentos usados com o objetivo de abrir as vias respiratórias. Eles são classificados em curta, longa ou ultra longa duração.

Broncodilatadores de curta duração, como o salbutamol, fenoterol ou a terbutalina, devem ser usados de 15-30 minutos antes de começar o exercício. Eles são eficazes em cerca de 80% a 90% das pessoas com Broncoespasmo Induzido por Exercício (1). No entanto, sua ação dura aproximadamente 2 a 3 horas, o que pode não ser suficiente em algumas práticas esportivas.

No caso de atividades mais prolongadas, recomenda-se o uso de betabloqueadores de longa ação, como o salmeterol e formoterol. Nesse caso, eles devem ser usados pelo menos uma hora antes da prática esportiva, com seu tempo de ação durando até 12 horas.

Corticoesteroides

corticosteróides inalatórios, como a beclometasona ou a fluticasona, devem ser utilizados se os sintomas forem persistentes, se a hiper-responsividade brônquica e a inflamaçao estiverem presentes, ou ainda se a terapia de alívio for necessária. Eles podem ser utilizados de forma isolada ou em conjunto com os broncodilatadores.

Cuidados com o Doping

Atletas asmáticos de alto rendimento que eventualmente possam ser submetidos a testes antidoping precisam de cuidados específicos quanto ao uso de medicamentos.

O uso de corticoides inalatórios ou os antagonistas do receptor de leucotrienos são permitidos, desde que dentro de doses terapêuticas.

Já os broncodilatadores de longa duração são proibidos, com as seguintes excessões:

  • Formoterol: dose máxima de 54 microgramas em 24 horas;
  • Salmeterol: máximo de 200 microgramas em 24 horas;
  • Vilanterol: máximo de 25 microgramas em 24 horas.

Essas doses indicadas acima estão habitualmente dentro daquilo que se usa na prática clinica para o tratamento da asma.

Caso se tenha uma justificativa clara, é possível solicitar uma Autorização para Uso Terapêutico (AUT). Essa autorização deve ser concedida antes do inicio do uso da medicação.

No caso de crises asmáticas, é liberado o uso do broncodilatador Salbutamol, com dose máxima de 1600 microgramas durante 24 horas em doses divididas, não excedendo 600 microgramas a cada 8 horas;

Outros beta 2 agonistas de curta duração bem como os corticoides de uso sistêmico são proibidos. Ainda assim, caso indicado nas crises, ele deve ser usado. Nesse caso, é possível solicitar uma AUT retroativa, em decorrência do caráter de urgência. O caso deve ser bem documentado e essa documentação comprobatória deve ser enviado juntamente com a solicitação da AUT.