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Acompanhamento pediátrico no segundo trimestre (3 a 6 meses de vida)

Desenvolvimento neuropsicomotor no segundo trimestre de vida

O segundo trimestre é um período em que o desenvolvimento neuropsicomotor do bebê dá um grande salto.

Ele começa a estranhar pessoas de fora do seu eixo habitual de convivência e passa a demonstrar preferências.

A agilidade dos movimentos dos braços e pernas aumenta bastante, o que também aumenta o risco para quedas.

Aos poucos, ele consegue segurar objetos com as mãos. A primeira coisa que o bebê faz ao segurar um objeto é leva-lo para a boca. Desta forma, é fundamental que se tire do seu alcance tudo aquilo que ele pode eventualmente engolir.

A interação do bebê aumenta e ele é facilmente distraído, interrompendo a mamada para ouvir a voz da mãe.

O bebê também passa a brincar ou se distrair com objetos ao seu redor, como chocalhos e outros brinquedos. Pés e mãos também se tornam excelentes brinquedos.

Ao redor dos cinco meses de vida, o bebê já costuma ser capaz de reconhecer de onde se origina um som e direciona o olhar para ver o que está acontecendo.

O barulho de chaves, por exemplo, é um dos sons mais fascinantes para os bebês.

Escola

Embora exista muita controversa a respeito do assunto, a maior parte dos pediatras recomenda que, em condições ideais, a criança só deve ir para a escola por volta de 2 anos e meio ou três.

Nesta idade, a socialização e a interação com outras crianças é fundamental. Além disso, seu sistema imunológico mais amadurecido e as vacinas tornam ela mais protegida contra infecções.

Por outro lado, a necessidade de trabalhar fora de casa faz com que muitos pais tenham que deixar o filho na escola bem antes disso, com 4 ou 6 meses de idade.

Se este for o caso, não há porque se culpar. Os berçários estão preparados para dar o estímulo necessário para o desenvolvimento do bebê, justamente porque sabem que muitos pais simplesmente não têm esta opção de escolha.

O maior problema em ir para a escola em uma idade tão precoce é o risco de frequentes infecções, especialmente as infecções respiratórias na infância.

Aleitamento materno

Principalmente a partir dos 4 meses de idade, o estômago do bebê já está maior. Isso permite a ele tomar mais leite por vez e não sentir necessidade de mamar com tanta frequência – cerca de 4 a 5 mamadas por dia podem ser suficientes.

Ainda assim, o bebê continua engordando e crescendo, embora num ritmo um pouco menor que nos meses anteriores.

Em muitos casos, a mãe precisa voltar a trabalhar após o quarto mês de vida do bebê, o que pode trazer uma dificuldade extra para a amamentação.

Ainda assim, todos os esforços devem ser direcionados para manter o aleitamento materno exclusivo até o sexto mês de vida do bebê.

Uma possibilidade a ser considerada é o congelamento do leite materno, para que ele seja oferecido quando a mãe estiver longe de casa.

Realizar a introdução alimentar precoce ou mesmo o aleitamento por fórmulas maternas aumenta o risco para infecções (uma vez que o sistema imunológico ainda está muito imaturo e o bebê não recebe os anticorpos maternos), o risco de reações alérgicas (incluindo a Alergia à proteína do leite de vaca) e o risco de engasgamento (devido à imaturidade da musculatura mastigatória).

Fórmulas Infantis

As fórmulas infantis são produtos alimentares que buscam atender as necessidades nutricionais dos lactentes e crianças na primeira infância, quando o aleitamento materno por algum motivo não for possível.

Vale lembrar que nenhuma fórmula é capaz de suprir todos os benefícios nutricionais do leite materno, muito menos os benefícios psicossociais relacionados ao aleitamento.

Quando de fato a amamentação não puder ser reestabelecida, o pediatra poderá orientar quanto às melhores fórmulas infantis em cada condição.

Como regra geral, as fórmulas de partida são aquelas que atendem às necessidades nutricionais de crianças saudáveis com até seis meses de idade.

A lactose é o principal carboidrato, embora elas possam também ser acrescidas de amido, sacarose e maltodextrina.

A proteína do leite é bastante alterada nestas fórmulas para tornar sua digestão mais fácil, já que os bebês só estarão aptos a digerir leite de vaca integral depois do primeiro ano de vida.

As gorduras podem ser acrescidas de óleos vegetais, com a finalidade de melhorar a digestibilidade.

A composição dos ácidos graxos de cadeia longa é modificada para potencializar o desenvolvimento do sistema nervoso central.

Estas formulações têm também um teor maior de micronutrientes, como o ferro, em relação ao leite materno.
Algumas das fórmulas de partida comerciais incluem: Nan 1, Enfamil 1, Aptamil 1, nestogeno 1.

Ganho de peso e altura

No segundo trimestre de vida, é esperada uma desaceleração no ganho de peso. Se no primeiro trimestre o ganho de peso era de aproximadamente 20 a 30 gramas por dia, agora passa a ser de aproximadamente 15 a 20 gramas por dia. Isso leva a um ganho total de 450g a 600g por mês, aproximadamente.

O ganho de altura, da mesma forma, também desacelera, para 1 a 2 cm por mês.

Mais importante do que o ganho absoluto de peso e altura, no entanto, é colocar o bebê no seu gráfico de crescimento, verificando se ele se mantém dentro de sua curva.

O ganho insuficiente de peso e altura pode estar associado a diferentes fatores, incluindo o aporte nutricional
insuficiente e diferentes tipos de problemas e saúde que podem acometer o bebê, o que exige uma investigação adequada por parte do pediatra.

Rotina de sono

A partir do quarto ou quinto mês de vida, é esperado que a rotina de sono do bebê comece a se ajustar.

O tempo de sono diurno do bebê diminui, o tempo de sono noturno aumenta e alguns bebês podem chegar a dormir cerca de 6 horas durante à noite sem acordar – ainda que muitos outros continuem sem dar folga aos pais. Isso não necessariamente está relacionado a um ˜erro de rotina”, massim à fisiologia individual de cada bebê.

O tempo de sono nos primeiros meses de vida é mostrado na tabela abaixo.
deles.

Tempo de sono do bebê
Idade Sono diurno Sono noturno Total
Recém-nascido 8h (várias sonecas) 8h15mi 16h15min
3 meses 7h (três sonecas) 8h40min 15h40min
6 meses 5h (três sonecas) 10h 15h
9 meses 4h15min (duas sonecas) 11h 15h15min

Adaptado de https://www.nestlebabyandme.com.br/artigos/tabela-de-horas-de-sonon

Vacinação

Existem algumas pequenas diferenças entre os calendários da rede privada e pública. A principal delas reside na vacina contra a meningite B, que ainda não e fornecido pelo SUS.

O pediatra deve checar as vacinas tomadas pelo bebê, conforme o calendário abaixo:

Tipo de vacina Ao nascer 2 meses 3 meses 4 meses 5 meses 6 meses 9 meses 12 meses
BCG Dose única
Hepatite B 1ª dose 2ª dose 3ª dose
Poliomielite 1ª dose 2ª dose 3ª dose
Tríplice bacteriana (difteria, tétano, coqueluche) 1ª dose 2ª dose 3ª dose
Haemophilus 1ª dose 2ª dose 3ª dose
Pneumocócica 13 V 1ª dose 2ª dose 3ª dose Reforço
Rotavírus 5V 1ª dose 2ª dose 3ª dose
Menigocócica ACWY 1ª dose 2ª dose Reforço
Meningocócica B 1ª dose 2ª dose Reforço
Influenza (gripe) Dose anual
Febre amarela 1ª dose
Tríplice viral (Sarampo, Caxumba, Rubeola) 1ª dose
Varicela (catapora) 1ª dose
Hepatite A 1ª dose

Prevenção de acidentes

A principal diferença em relação à prevenção de acidentes com o bebê de 3 a 6 meses de idade está relacionado à sua capacidade adquirida de rolar, o que envolve maior risco de quedas, e de levar objetos à boca, com maior risco de engasgamento.

Cuidados ao dormir
O risco de sufocamento e morte súbita do bebê precisa ser considerado no segundo trimestre, já que o bebê ainda pode não conseguir se descobrir ou se virar com tanta facilidade.
Por este motivo, o bebê ainda deve dormir em um berço no mesmo quarto dos pais (não na mesma cama!), com a barriga para cima e sem nada que possa leva-lo a se sufocar no berço.

Cuidados com medicamentos
Medicamentos em gota devem ser sempre colocados na quantidade certa em uma colher macia antes de ser oferecido ao bebê.
Colocar a medicação diretamente na boca do bebê aumenta o risco para administração acidental de uma dose excessiva, que pode levar à intoxicação do bebê.

Cuidados com pequenos objetos
O bebê no segundo semestre de vida já consegue consegue pegar pequenos objetos, mesmo que não na primeira tentativa. Uma vez que tenha posto as mãos em alguma coisa, ele vai estudá-la um pouquinho e, logo depois, levará o objeto para a boca.
Assim, em casos de pequenos objetos, há o risco de estes objetos serem engolidos.
Para evitar isso, é importante tirar do alcance do bebê qualquer objeto com tamanho que permitiria a ele engolí-lo.

Cuidados com quedas
Nessa fase da vida, é importante ter cuidado redobrado com a possibilidade de quedas. Principalmente na parte final deste segundo trimestre de vida, é esperado que o bebê esteja rolando com maior facilidade, podendo levar a quedas do trocador, da cama dos pais, do sofá ou onde quer que sejam colocados.
Por este motivo, eles nunca devem ser deixados soltos nestes locais.

Cuidados com o transporte
O bebê nunca deve ser transportado em automóveis sem a instalação correta de um bebê conforto certificado pelo INMETRO.
O principal cuidado a ser tomado com o recém-nascido no bebê conforto é instalar o dispositivo de costas para o movimento do carro.
Crianças de até 2 anos têm 75% menos chance de sofrer lesões graves ou fatais num acidente se estiverem de costas para a dianteira do automóvel.
Nessa posição, em caso de acidentes, a criança será impulsionada para o interior de sua cadeirinha para auto, sua cabeça ficará bem envolvida e seu corpo receberá menos pressão.

Cuidados com o banho
Os principais riscos relacionados ao banho são a queda do bebê, a queimadura por uma água excessivamente quente ou o afogamento. Por este motivo, o bebê nunca deve ser solto na banheira, mesmo que por poucos segundos.
Discutimos mais sobre os cuidados com o banho em um artigo específico sobre a Higiene do recém-nascido e do bebê.

Higiene bucal

A higiene bucal do bebê deve ser iniciada antes mesmo de os dentes de leite nascerem. A limpeza e a massagem da gengiva antes da irrupção do primeiro dente de leite favorecem o estabelecimento de uma microbiota saudável e ajuda o processo de irrupção dos dentes em um meio ambiente limpo, sem resíduos alimentares e biofilmes.
Além disso, ela motiva a criança a ter bons hábitos de higiene, o que será importante no momento em que os dentes aparecerem. Por este motivo, gengivas, língua e bochecha devem ser sempre limpos após cada mamada, a fim de remover resíduos lácteos.
A limpeza deve ser feita com gaze ou tecido macio umedecido em água filtrada enrolada no dedo. Passe por toda a boquinha do bebê com movimentos leves. Isso também ajuda a aliviar o incômodo na fase do nascimento dos dentes.