medicina e exercicio
Pesquisar
Pesquisar

Acompanhamento pediátrico da criança de dois anos

Desenvolvimento da criança de dois anos

O segundo aniversário é marcado pela transição entre os comportamentos de um bebê, como bastante vontade de colo, para os de uma criança, com um desejo cada vez maior de ser independente e fazer as coisas por conta própria.

Um dia ela fala toda orgulhosa que já é “grande”. Logo depois, pede colo e volta a se comportar como um bebê.

Algumas podem se “infantilizar” mais em momentos de estresse, como a chegada de um novo bebê em casa ou uma mudança de casa ou de escola. Também podem se comportar desta maneira quando se sentem fracassadas por não conseguir fazer alguma coisa.

Alguns pais se preocupam com o ganho de peso, que fica limitado a cerca de 2kg no ano. Já o ganho de altura é maior, de aproximadamente 6cm no ano.

Linguagem

A linguagem se desenvolve bastante a partir do segundo aniversário, e a criança começa a nomear cada ver mais coisas, objetos ou pessoas. A fala pode não ser exatamente correta, mas é cada vez mais compreensível.

A criança adora conversar. Em alguns momentos, ela se mostra mais interessada na conversa do que no assunto conversado. Ela pode fazer um monte de perguntas, mas não presta atenção na resposta e muda de assunto constantemente.

A criança também fica mais exigente e estará o tempo todo mostrando o que gosta e o que não gosta. Na hora de comer, ela diz o que quer e o que não quer comer, exige um prato ou um copo específico e como a comida deve estar disposta no prato.

Escola

Embora a escola não seja obrigatória nesta idade, grande parte das crianças que ainda não frequentavam a escola previamente o farão ao longo deste terceiro ano de vida.

Esta é uma idade em que a interação social com outras crianças permite um salto muito grande no desenvolvimento infantil.

Além disso, o sistema imunológico está mais desenvolvido e as vacinas ajudam a proteger a criança contra formas graves de infecção.

Transtornos do neurodesenvolvimento

Embora o diagnóstico definitivo dos transtornos do neurodesenvolvimento geralmente seja feito mais tarde (especialmente a partir dos 4 anos de idade), com 2 anos a criança já pode mostrar sinais sugestivos de um transtorno do neurodesenvolvimento.
Os Transtornos do Neurodesenvolvimento são problemas neurológicos que podem interferir com a aquisição, retenção, ou aplicação de habilidades e que se desenvolvem ao longo da infância, geralmente antes da idade escolar.
Eles podem envolver problemas relacionados à atenção, memória, percepção, linguagem, solução de problemas ou interação social. Como consequência, podem comprometer o funcionamento pessoal, social, acadêmico ou profissional.
Entre os principais tipos de transtornos do neurodesenvolvimento, incluem-se:

Alimentação

Ambiente apropriado
Refeições com a família toda reunida são muito importantes. Os bons hábitos devem ser adotados por todos, não apenas pela criança. Se o uso do celular na mesa é ruim para as crianças, também é para os pais. Da mesma forma que a criança deve permanecer sentada à mesa, os pais também não devem se levantar assim que acabarem de se alimentar.

Escolha alimentar
A criança e os pais devem adotar uma alimentação diversificada e nutricionalmente rica, evitando produtos ultraprocessados, açúcar e gordura trans ou saturada. Bebidas açucaradas, como refrigerantes ou sucos (mesmo os naturais) devem ser uma exceção à mesa.
Quando uma mãe se refere ao brigadeiro como a melhor coisa do mundo, o filho tende a fazer o mesmo.
Esta tarefa não é simples na criança de dois anos. Aos poucos, ela passa a dar ordens daquilo que quer ou não quer comer e, como tem fome limitada, pode preferir não comer a aceitar aquilo que os pais acham que é melhor para ela.
Se este for o caso, o ideal é não ceder. Em algum momento ela sentará novamente na mesa de negociações, mesmo que isso seja apenas quando todos já tiverem terminado suas refeições.
Esta seletividade alimentar será quase impossível de ser controlada, caso a alimentação dos pais também seja desregrada.
A capacidade estomacal da criança ainda é limitada. Assim, as refeições precisam ser pensadas previamente. Quando uma criança chega em casa e faz um lanchinho para esperar o jantar, provavelmente ela não aceitará o jantar – até porque tende a gostar menos da comida do jantar do que do lanchinho.
A seletividade alimentar é esperada e comum a qualquer criança. No entanto, a hiperseletividade – em alguns casos com dependência de um único alimento – precisa ser combatida.

Sobrepeso ou obesidade
Caso seu filho esteja acima do peso, o primeiro passo é buscar uma melhora geral no padrão alimentar. No entanto, é preciso considerar que as necessidades nutricionais das crianças são diferentes das dos adultos, de forma que é perigoso começar a cortar alimentos sem discutir com o médico primeiro.
Discutimos mais sobre isso em um artigo sobre a obesidade infantil.

Risco de engasgo
O risco de engasgo deve ser levado a sério nesta idade. Para minimizar o risco, a criança deve sentar para comer. Ela não deve ser autorizada a comer enquanto caminha, corre ou brinca em parquinhos.
Além disso, é preciso evitar alimentos de formato redondo, oval ou cilíndrico, alimentos com consistência dura ou firme e alimentos duros cortados com menos de 3 cm de diâmetro.
Entre estes alimentos, incluem-se:

  • Salsicha;
  • Balas duras e pirulitos;
  • Amendoim, nozes e castanhas;
  • Pedaços de frutas duras como maçã, ou vegetais crus como a cenoura;
  • Uvas inteiras;
  • Pipocas.

Desfraldamento

A média de idade para o início do processo de desfralde é de 1 ano e 10 meses, enquanto a conclusão acontece aos 2 anos e 3 meses. No entanto, muitas crianças na faixa dos dois anos ainda não estejam preparadas para isso. Além disso, os meninos tendem a demorar mais para iniciar o desfralde do que as meninas.

A maioria dos bebês que ainda não iniciaram o desfralde começa em algum momento a demonstrar que está prestes a fazer xixi ou cocô. Algumas se agacham, outras se escondem, outras simplesmente mostram uma irritação anormal.

No caso das crianças já desfraldadas, os “acidentes” ainda são esperados, especialmente durante a noite.

Passar a noite toda sequinho é o último estágio do desfraldamento, e tende a ser mais difícil para os meninos do que para as meninas.

É comum também que crianças nesta idade fiquem muito tempo sem fazer xixi na cama, mas tenham um acidente eventual.
Isso é mais comum de acontecer ao dormir fora de casa, quando estão muito cansadas ou após algum evento marcante, como uma mudança de escola ou a chegada de um irmão.

Fazer xixi na cama só é considerado um problema quando acontece de forma frequente em crianças acima de 5 ou 6 anos, quando passa a caracterizar o que se chama de Enurese Noturna.