Voz Profissional
Profissionais da voz
Embora a voz seja usada em qualquer atividade profissional, podemos definir o profissional da voz com sendo aqueles que dependem da voz como seu instrumento de trabalho e que necessitam de um tipo específico de qualidade vocal para manter-se na função.
Esses profissionais são classificados em 4 níveis:
Nível 1: Cantores de todos os estilos musicais, atores, locutores e jornalistas de rádio e de TV.
Nível 2: Professores, políticos, oradores, atendentes de call center, advogados e vendedores.
Nível 3: Terapeutas, profissionais da saúde, recepcionistas e secretárias.
Nível 4: Demais profissionais que usam a voz como principal forma de comunicação.
Os profissionais podem também ser divididos na forma como dependem de sua voz:
Tipos básicos de profissionais da voz comumente submetidos a uso intensivo da voz (risco clínico moderado e alto): a.
Uso intenso, constante e prolongado, sem grande exigência de qualidade
Professores, advogados, políticos, operadores de tele-atendimento, atendentes, telefonistas, comerciários, alguns profissionais liberais.
Uso intenso, não constante nem prolongado, com grande exigência de qualidade
Cantores, professores de canto, regentes de corais, atores, locutores, alguns profissionais liberais.
Uso em múltiplas funções combinadas ou eventuais
cantores que são professores, profissionais liberais que são cantores, uso de voz falada e cantada, uso social intenso de voz.
Tipos de voz profissional
Voz profissional se refere às características vocais de qualquer pessoa que utilize sua voz como elemento fundamental de seu trabalho.
Ela pode ser classificada em dois grandes grupos:
- Voz cantada;
- Voz falada.
As exigências relacionadas a cada um desses tipos de voz são diferentes, bem como as necessidades desses profissionais.
A voz cantada e a voz falada diferem em vários aspectos, como a intensidade, a extensão, a ressonância, a respiração e a articulação:
Intensidade: A voz cantada é mais intensa do que a voz falada.
Extensão: A voz cantada utiliza uma extensão de frequência maior, em torno de duas oitavas e meia.
Ressonância: A ressonância no canto é geralmente alta, enquanto na fala é média.
Respiração: A voz cantada envolve uma grande movimentação pulmonar, com expansão das paredes do tórax.
Articulação: A voz cantada exige uma articulação dos sons mais apropriada para o canto
Como proteger a voz
O uso excessivo da voz, por tempo prolongado, em alta intensidade e/ou com postura vocal inadequada, pode resultar em fadiga e tensões musculares inadequadas, com conseqüente impacto sobre a voz e aumento no risco de problemas com as cordas vocais.
Ao mesmo tempo, pequenas alterações na qualidade vocal de profissionais da voz podem ter consequências bastante ruins em seu desempenho profissional.
Em termos de conduta profilática para a saúde vocal, podem ser consideradas medidas como:
- Alternar atividade e repouso de forma adequada;
- Priorizar sono regular e satisfatório;
- Manter uma alimentação regular, evitando jejum prolongado ou abusos alimentares, em especial antes de dormir;
- Evitar excesso de tensão, stress e estado crônico de ansiedade;
- Evitar abuso de bebidas alcoólicas, tranqüilizantes e/ou estimulantes, tabaco, maconha, cocaína e demais psicotrópicos ilegais;
- Não forçar a voz, evitando gritar ou cochichar; manter o volume normal da voz e articular bem as palavras;
- Evitar o uso intensivo da voz em ambientes ruidosos, que geram competição sonora;
- Evitar obesidade e manter atividade física aeróbica regular;
- Manter-se hidratado: a ingestão de água antes e durante o uso prolongado da voz diminui o esforço fonatório.
Seguir técnicas de treinamento, aquecimento e desaquecimento vocais, valorizando as que demonstrem favorecer o desempenho vocal de forma imediata e não ocasionem fadiga vocal ou disfonia e outros sintomas de distúrbio do aparelho fonador.
Esteroides anabolizantes e voz
Infelizmente, o uso de esteroides anabolizantes com fins estéticos tem crescido muito no brasil e no mundo. Certos grupos de profissionais da voz, que dependem muito de sua imagem corporal, são ainda mais propensos a isso.
O uso de esteroides anabolizantes envolve diversos efeitos colaterais e diversos riscos para a saúde, de forma que o uso com essa finalidade estérica vem sendo constantemente combatido pelas mais diferentes entidades médicas.
Entre esses efeitos adversos, incluem-se a mudança nas características vocais. Embora aconteça também em homens, essas mudanças na voz são ainda mais pronunciadas nas mulheres.
Vale aqui considerar que as mudanças são irreversíveis, ou seja, a interrupção no uso dos esteroides anabolizantes não fará com que a voz recupere suas características prévias.
Distúrbios da voz relacionadas ao trabalho
Distúrbio de Voz Relacionado ao Trabalho é conceituado como qualquer dificuldade na emissão da voz que impeça ou dificulte a produção natural da mesma e comprometa a atuação profissional da pessoa atingida.
Entre os sinais e sintomas que caracterizam o distúrbio incluem-se:
- Cansaço ao falar;
- Rouquidão;
- Secura na garganta;
- Sensação de esforço para falar;
- Falhas na voz;
- Perda de voz;
- Presença de pigarro;
- Dor ou ardor na garganta ao falar;
- Engrossamento da voz;
- Perda de volume e projeção vocal;
- Pouca resistência ao falar
- Dor ou tensão cervical.
Como veremos ao longo desse texto, existem medidas que podem e devem ser consideradas para “proteger” as cordas vocais sadias, para tratar esses problemas e também para minimizar o efeito que esses problemas venham a causar.
Tipos de problemas com a voz profissional
Podemos resumir os distúrbios da voz profissional em 3 tipos: Funcionais
casos em que o indivíduo usa inadequadamente o aparelho vocal, gerando disfonia (rouquidão) ao fim da jornada de trabalho ou após uso prolongado da voz.
Orgânicas
Problemas causados por alterações anatômicas nas Pregas Vocais.
Mistas (organo-funcionais)
Envolvem a combinação de problemas com as cordas vocais e do mal uso da voz.
Lesões nas cordas vocais
Profissionais da voz podem sofrer de vários problemas nas cordas vocais, como lesões, paralisia, tumores e doenças neurológicas.
- Lesões
- Lesões benignas, como pólipos ou quistos, podem ser causadas pelo uso inadequado ou em esforço da voz. Nódulos nas pregas vocais, também chamados de “calos”, podem ser causados por irritações frequentes ou uso incorreto da voz.
- Paralisia
- A paralisia das cordas vocais se refere à incapacidade de mover os músculos que controlam as cordas vocais. Pode ser causada por tumores, lesões ou danos a nervos.
- Tumores
- Papiloma e câncer são exemplos de tumores que podem comprometer a voz.
- Doenças neurológicas degenerativas
- Cicatrizes
- Cirurgias podem causar cicatrizes nas pregas vocais
Avaliação da voz profissional
De acordo com o Concenso Nacional sobre Voz Profissional, publicado em 2004, não há justificativa técnica para generalizar condutas preventivas para um profissional da voz (por ex. professor, cantor, etc.) que esteja atuando e/ou se desenvolvendo, sem problemas, ou seja, sem sinais ou sintomas relacionados à sua voz.
O Consenso rejeita que se proponha que todo profissional da voz precise ser examinado anualmente, ou seguir fonoterapia constantemente, e frisa que tal conduta pode ter algum valor somente para casos específicos de pessoas que mantenham sinais ou sintomas mais relevantes ou constantes.
Por outro lado, uma detalhada avaliação médica e checagem fonoaudiológica são imprescindíveis para os que estejam iniciando sintomas.
Durante a avaliação pelo médico otorrinolaringologista, a história clínica combinada com a laringoscopia indireta (com uso do espelho de Garcia) pode ser suficiente para conclusão médica.
Outros exames, como a videolaringoscopia, videolaringoestroboscopia e eletromiografia laríngea podem compor a avaliação otorrinolaringológica a depender dessa avaliação inicial.