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Vínculo entre professor e aluno

Vínculo entre professor e aluno

O vínculo entre professor e aluno tem um papel muito importante na vida dos educandos. É por meio desse vínculo que ocorre a interação que proporciona a aprendizagem, o que significa que, quando não há vínculo adequado, a interação pode ser truncada a ponto de atrapalhar o desenvolvimento do aluno.

Pensando nisso, reunimos uma série de informações importantes sobre o tema para que você possa refletir com a gente. Acompanhe-nos.

Qual a importância do vínculo entre professor e aluno?

A importância do vínculo entre professor e aluno se deve ao fato de que a aprendizagem ocorre na interação entre as pessoas, ou seja, tem relação com esse processo de interagir um com o outro.

Nós aprendemos interagindo com as pessoas e com o meio no qual estamos inseridos, logo, quando há algum problema relacionado a esse vínculo, podemos ter uma maior dificuldade de aprendizagem.

Além disso, o relacionamento entre professor e aluno é extremamente importante para a formação do indivíduo. Afinal, ele enxerga o seu docente como uma direção, um exemplo a ser seguido. Logo, quando há problemas nessa relação, esse direcionamento pode vir a ficar deturpado, atrapalhando o desenvolvimento do indivíduo.

Por isso, pensar em formas de se aproximar de cada aluno, enxergando-o como um ser humano, e não como mais um número presente na sala de aula, é extremamente importante.

As crianças precisam de um apoio humano, e não de um piloto automático que negligencia a singularidade delas. Portanto, é dever do professor aproximar-se de seus alunos para construir uma atmosfera mais positiva no ambiente escolar.

Como estabelecer o vínculo entre professor e aluno?

As relações humanas são complexas e não possuem um manual de instruções. No entanto, algumas análises nos permitem pensar em estratégias que tendem a funcionar na hora de estabelecer o vínculo entre professor e aluno.

A seguir, descrevemos algumas dessas ações que o docente pode colocar em prática na sala de aula. Lembre-se apenas de que o comportamento do professor precisa ser genuíno para que ocorra o estabelecimento de uma relação de verdade. Vejamos algumas ideias:

1. Conhecer o aluno em sua singularidade
O aluno não é um número na chamada ou apenas mais um dentro da escola. Ele é um ser humano completo, com singularidade e subjetividade. Isso significa que ele tem sonhos, medos, desejos, angústias, tristezas e alegrias.
Conhecê-lo a nível de singularidade é um dos primeiros passos que podemos considerar quando pensamos na construção do vínculo entre professor e aluno. O professor pode se aproximar do seu aluno, descobrindo mais sobre ele, conversando, dialogando e percebendo as características únicas que ele possui.
Obviamente, não se trata de um processo rápido, pois conhecer bem uma outra pessoa exige tempo e dedicação. Porém, pensar que o aluno é um ser completo que merece ser conhecido em sua totalidade é algo que pode começar a mudar a forma como o professor interage na sala de aula.
Embora pareça algo óbvio, é importante ter essa visão bem clara, a fim de não cair no piloto automático a ponto de simplesmente acreditar que a turma é uma coisa só, e não um grupo formado por diversos indivíduos diferentes.

2. Fortalecer a autoestima e a autoconfiança do aluno
O professor é, muitas vezes, visto como uma direção para os seus alunos. Isso quer dizer que os educandos podem enxergá-lo como um exemplo e um “ser” que tudo sabe. É normal e faz parte da idealização do lugar do Suposto Saber que costuma aparecer nesses casos.
Por isso, o professor precisa ter consciência dessa posição que ocupa na vida dos alunos, ajudando-os a se sentirem mais autoconfiantes e com a autoestima mais elevada.
Para isso, reconhecer o esforço de cada um e parabenizar os resultados atingidos no dia a dia é uma forma de fazer com que o aluno se sinta mais satisfeito com os próprios resultados. Além disso, esse reconhecimento ajuda o educando a perceber que o professor presta atenção nele e que realmente está ali para ajudá-lo a crescer. Logo, essas ações auxiliam profundamente na construção do vínculo entre professor e aluno.

3. Diálogo na sala de aula
O diálogo é um dos principais pilares para a construção de qualquer relação interpessoal. Sem a possibilidade de dialogar, os alunos podem se sentir rejeitados, diminuídos e pouco importantes no vínculo entre professores e educandos.
Por isso, faz parte do processo de construção de vínculo dar voz aos alunos. Conversar com eles de uma forma madura é extremamente importante.
Infelizmente, ainda vemos que as pessoas negligenciam a fala das crianças e dos adolescentes, como se eles não “soubessem de nada”. E mesmo que eles ainda sejam imaturos, isso não quer dizer que a fala deles deva ser negligenciada.
Se o intuito é promover vínculo e interação, o diálogo precisa existir. A fala das crianças e dos adolescentes precisa ser valorizada e ouvida, para que eles possam se sentir parte de um grupo social de fato.
Caso contrário, a sala de aula pode se transformar em um ambiente no qual ocorre apenas o monólogo do professor, e os alunos, passivamente, precisam ouvir tudo sem poder questionar, opinar, criticar, etc.
Sendo assim, exercite a sua capacidade de dialogar com os alunos – mas exercite de verdade. Apenas ouvir, sem escutar de verdade, também não adianta. É preciso dar voz e reconhecimento ao que os alunos falam, dialogando, trocando ideias, instruindo e, claro, aprendendo com eles.

4. Feedbacks que ajudam o aluno a se desenvolver
Os feedbacks individuais também podem contribuir para a construção do vínculo entre professor e aluno. O professor, que está atento ao desenvolvimento dos seus alunos, de acordo com a singularidade de cada um, pode oferecer direcionamentos e críticas construtivas que enriqueçam o crescimento das crianças e dos adolescentes.
Essa postura, quando feita de forma respeitosa e empática, ajuda os alunos a compreenderem que o professor está ali para auxiliá-lo, ou seja, que o professor realmente se preocupa com os seus alunos e deseja que eles alcancem objetivos cada vez mais altos.
Portanto, criar essa cultura de dar feedbacks aos estudantes é uma forma de construir uma atmosfera mais propícia para o vínculo.

5. Comunicação alinhada à idade da criança
É muito importante que o professor esteja atento às etapas do desenvolvimento humano para oferecer uma comunicação alinhada ao entendimento da criança. Ou seja, o educador precisa se comunicar de acordo com aquilo que as crianças e os adolescentes já são capazes de compreender e assimilar.
Caso contrário, a comunicação poderá apresentar falhas que afastam o professor de seus alunos, dificultando a construção de uma interação mais efetiva.
Por isso, fique atento à forma como você se expressa para os seus alunos e os ajuda a entender o que acontece no mundo. É preciso um olhar sensível para se comunicar adequadamente, respeitando os limites de cada indivíduo.

6. Demonstrações genuínas de afeto
As demonstrações genuínas de afeto podem acontecer na sala de aula, sem problema nenhum. O professor pode demonstrar que se importa com os seus alunos e, até mesmo, que os ama.
Todo esse afeto é importantíssimo para a construção de um vínculo que seja ainda mais fortalecido.
Porém, é muito importante que haja uma cautela aqui. Não é recomendado que o professor “finja” que gosta de um aluno para tentar se aproximar dele.
Não estamos dizendo que o professor deva demonstrar que não gosta da criança, mas fingir um afeto é algo que pode ser detectado pelos pequenos, tornando a relação ainda mais truncada.
Nem sempre o amor operará entre os relacionamentos humanos, faz parte. Mas, o respeito e a empatia são regras de convivência, que ainda deverão ser mantidas no ambiente escolar.
Sendo assim, sugerimos que o professor demonstre, genuinamente, o afeto que tem por seus alunos, sem fingir algo que não existe de verdade.

7. Respeitar o aluno
O respeito é a base dos relacionamentos humanos. E quando pensamos no vínculo entre professor e aluno, esse respeito deve ocorrer de uma forma bem significativa.
Às vezes, os adultos podem diminuir os medos, desejos e sonhos das crianças, por vê-las como imaturas. Embora elas realmente tenham muitas coisas para aprender sobre a vida, o respeito pelo o que elas sentem e pensam precisa ser mantido.
Cabe ao professor mostrar que compreende o que o seu aluno pensa ou sente, sem anulá-lo ou diminuí-lo. Em casos específicos, o professor pode apresentar argumentos que ajudam o aluno a entender por que determinado pensamento pode ser ruim ou “errado”, mas sem desrespeitar o pensamento da criança e do adolescente – ou seja, dando valor ao que ele pensa e ajudando-o a refletir por que determinada ideia pode estar errada.

8. Confiar no aluno também é importante
A construção do vínculo entre professor e aluno é baseada na confiança, assim como em qualquer relacionamento.
Se o professor demonstra que não confia no seu aluno e que não acredita que ele seja capaz, o educando poderá perceber tal postura, o que afetará a interação entre ambos.
Sabemos que não existe um passo a passo de como confiar em uma pessoa ou demonstrar tal confiança. No entanto, é imprescindível que essa confiança seja cultivada para que o vínculo venha a ser estabelecido.

9. Saber ouvir as angústias do aluno
Os alunos, assim como os professores, vivem momentos de angústia, ansiedade, tristeza, alegria, etc. Às vezes, essas emoções podem aparecer no ambiente escolar, exigindo uma postura mais acolhedora do professor.
Quando o educando percebe que pode ser acolhido por aquele que o ensina, o vínculo tende a se estabelecer com mais facilidade.
Em contrapartida, quando o professor demonstra que as emoções do aluno não são tão importantes para ele, consequentemente torna-se possível a quebra no vínculo entre educador e aluno.
Por isso, permitir que os educandos falem sobre as suas emoções e mostrar apoio frente às mais diversas situações, são medidas que podem ser consideradas aqui.

10. Demonstrar “preocupação” com o aluno
O aluno, para se conectar com o professor, precisa enxergar que este se preocupa com a sua formação educacional. Ou seja, o professor deve adotar uma postura em que demonstra se preocupar com o seu aluno, dando atenção ao que ele apresenta na sala de aula.
É o caso de conversar com ele quando tira uma nota baixa, ou elogiar quando tira uma nota alta. Mostrar que está atento ao desenvolvimento do aluno faz com ele perceba que o professor realmente se importa, o que ajuda a fortalecer o vínculo na sala de aula.
Você tem demonstrado que se preocupa com os seus alunos? Pense nisso!

Cinco passos descritos por Tiba (2002)

Tiba (2002 apud MADRUGA, 2020) descreveu cinco passos que podem ser seguidos na hora de estabelecer uma melhora no vínculo entre professor e aluno. Abaixo descrevemos esses passos para que você reflita conosco e pense sobre a possibilidade de colocar determinadas ações em prática. Veja:

1. Parar
Quando um aluno se dirige ao professor, em algumas circunstâncias este pode demonstrar uma postura um pouco “desligada”, que é o caso de não parar o que está fazendo e ouvir o aluno enquanto presta atenção em outra coisa.
Sendo assim, segundo Tiba, o ideal é que o professor pare imediatamente o que está fazendo quando um aluno solicita a sua atenção.
Essa postura pode ajudar a criança ou o adolescente a perceber que possui uma voz importante na sala de aula.

2. Ouvir
O segundo passo consiste em ouvir, ativamente, o que o aluno tem a dizer. Não estamos falando de ouvir de forma superficial, estamos falando de prestar atenção, sem pré-julgamentos ou preconceitos, na hora de dar atenção ao que o educando está falando.
Esse tipo de postura também demonstra uma valorização do aluno, que se sentirá acolhido frente à sua dúvida.

3. Olhar
Observar o aluno, enquanto este interage com o professor, também é uma forma de se aproximar dele. Como está o semblante do aluno? O tom de voz? Ele parece triste? Inseguro? Com raiva? Frustrado?
Essa análise é imprescindível para que o professor avalie de que maneira poderá acolher e responder o seu aluno. Afinal, as emoções estão intimamente relacionadas às interações entre professor e aluno e, portanto, devem ser levadas em conta.

4. Pensar
Antes de dar uma resposta automática ou superficial ao aluno, o professor pode parar alguns instantes para pensar sobre o que acabou de acontecer. Inclusive, caso não tenha uma resposta para tal questionamento, é válido ser sincero e dizer que sairá em busca de tal informação.
Dessa forma, o aluno percebe que é valorizado e que o professor está verdadeiramente preocupado com a sua dúvida, e não está ali apenas reagindo aos alunos sem pensar sobre o assunto.

5. Agir
Por fim, o professor precisa agir frente ao que está acontecendo. O importante é que a criança não saia com dúvidas. Mesmo quando o professor não souber responder, ela terá uma resposta de que o educador irá buscar informações para ajudá-la a entender a sua própria dúvida. Inclusive, é possível que o professor instigue o aluno a encontrar a resposta por conta própria, como por meio de pesquisas, por exemplo.
Essa ação do professor precisa ser empática e respeitosa, dando ouvidos ao que o aluno questionou e ajudando-o a entender o que foi levantado na sala de aula. Assim, torna-se viável a construção do vínculo entre professor e aluno com mais facilidade.

O professor é visto como uma direção


Lembre-se de que o professor pode ser visto como uma direção para os alunos. Se o vínculo for truncado, o professor for indisponível e não demonstrar preocupação para com os seus educandos, a sociabilidade das crianças e dos adolescentes poderá sofrer impactos negativos.

Por isso, escute, dê atenção, esteja presente, valorize as emoções e cultive relações saudáveis com seus alunos, respeitando as singularidades de cada um deles.

Por fim, considere, ainda, comunicar o psicólogo escolar caso perceba problemas de relacionamento na sala de aula. Afinal, em algumas situações pode ser necessária a intervenção de um profissional da saúde mental.

Referências
FRANCISCO, Dandara Ferreira; ARAÚJO, Rosenéri Lago de Sousa. A importância da relação professor-aluno. Revista Multidisciplinar do Nordeste Mineiro, v. 1, p. 1-13, 2014.

MADRUGA, Rosely Dos Santos. O vínculo afetivo entre professor e aluno: Um elemento facilitador para aprendizagem significativa. Brazilian Journal of Development, v. 6, n. 9, p. 69716-69736, 2020.