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Tumores cerebrais

O que é um tumor cerebral?

Tumor cerebral ou tumor intracraniano se refere à uma massa anormal de tecido que se forma dentro do cérebro.

Existem mais de 150 tumores cerebrais diferentes, alguns deles benignos e outros malignos. Entretanto, mesmo os tumores benignos podem em alguns casos serem perigosos, já que podem crescer e comprimir estruturas cerebrais importantes.

Especialmente no caso de tumores localizados mais no centro do cérebro, sua remoção pode não ser possível, já que isso levaria a danos à estrutura cerebral ao redor.

Tipos de tumores cerebrais

Os tumores cerebrais primários são classificados como Tumores gliais (compostos por células gliais, que são diferentes tipos de células que dão suporte aos neurônios) ou não gliais (desenvolvidos sobre ou nas estruturas do cérebro, incluindo nervos, vasos sanguíneos e glândulas).

Além dos tumores primários, o cérebro é também um sitio comum de câncer metastático.

A mestástase cerebral se refere a um câncer localizado inicialmente fora do cérebro, mas que se espalha para outras áreas do corpo, incluindo o cérebro.

Tumores Cerebrais Benignos

Cordoma
O cordoma é um tumor cerebral benigno de crescimento lento, que ocorre principalmente em pessoas a partir de 50 a 60 anos. Eles são incomuns, correspondendo a apenas 0,2% de todos os tumores cerebrais primários.
Ainda que benigno, o cordoma pode invadir o osso adjacente e exercer pressão sobre o tecido neural próximo.

Craniofaringioma
O craniofaringioma é um tumor benigno com origem na hipófise. A hipófise é uma glândula responsável pela regulação na produção e liberação de diferentes hormônios, de forma que quase todos os pacientes precisarão de alguma terapia de reposição hormonal.
Devido à sua localização, este é um tumor difícil de remover e de tratar.

Gangliocitoma
O gangliocitoma, também chamado de ganglioma ou ganglioglioma anaplásico, é um um tipo incomum de câncer formado por células relativamente bem diferenciadas, que acomete principalmente os adultos jovens.

Tumor glômico jugular
O tumor glômico jugular geralmente é benigno e geralmente está localizado na base do crânio, no topo da veia jugular.
Esta é a forma mais comum de tumor glômico. No entanto, os tumores glômicos respondem a apenas 0,6% dos cânceres de cabeça e pescoço.

Meningioma
O meningioma é o tipo mais comum de tumor intracraniano benigno. Ele corresponde a 10 a 15% de todas as neoplasias cerebrais.
Embora a grande maioria seja benigna, uma pequena parte deles pode ser maligno.
Esses tumores se originam das meninges, a membrana que envolve o cérebro e a medula espinhal.

Pineocitoma
O pineocitoma é um tumor benigno com origem nas células pineais.
A pineal é uma pequena glândula endocrina localizada aproximadamente no centro do encéfalo, responsável pela produção de melatonina.
A maior parte dos pacientes com pinealoma são adultos, sendo o tumor não invasivo, homogêneo e de crescimento lento.

Adenoma de Hipofise
O Adenoma de Hipófise é um tipo relativamente comum de tumor intracraniano.
A grande maioria deles é benigna e de crescimento bastante lento.
Mesmo os tumores hipofisários malignos raramente se espalham para outras partes do corpo.
Os adenomas são de longe a doença mais comum que acomete a hipófise. Eles geralmente afetam pessoas na faixa dos 30 ou 40 anos, embora possam eventualmente serem diagnosticados em crianças.

Schwannomas
Schwannomas são tumores benignos que se forma ao longo dos nervos periféricos.
Eles se originam das Células de Schwann, um tipo de célula da glia responsável por fornecer o “isolamento elétrico” para as células nervosas.

Tumores Cerebrais Malignos

Os gliomas são o tipo mais prevalente de tumor cerebral no adulto, representando 78% dos tumores cerebrais malignos.

Eles têm origem em diferentes tipos de células que dão suporte aos neurônios, chamados de células de glia.

Os principais tipos de células da glia e que dão origem a estes tumores são:

Astrócitos;

  • Células ependimárias;
  • Células oligodendrogliais.

Assim, os gliomas são divididos nos seguintes tipos:

Astrocitomas
O Astrocitoma é o glioma mais comum, representando cerca de metade de todos os tumores primários do cérebro e da medula espinhal.
Em crianças, a maioria desses tumores é considerada de baixo grau, enquanto em adultos, a maioria é de alto grau.

Ependimomas
O ependimoma é um tumor com origem nas células ependimárias, que revestem os ventrículos cerebrais.
Eles representam dois a três por cento de todos os tumores cerebrais.
O ependimoma geralmente está localizado próximo ao cerebelo. Ele pode bloquear o fluxo do líquido cefaloraquidiano e pode causar o aumento da pressão dentro do crânio.
Ele pode também se espalhar para outras partes do cérebro ou da medula através do líquido cefalorraquidiano.

Glioblastoma
O glioblastoma é o tipo mais invasivo e agressivo de tumor glial. Esses tumores tendem a crescer rapidamente, se espalham para outros tecidos e têm um prognóstico ruim. Eles podem ser compostos por diferentes tipos de células, como astrócitos e oligodendrócitos
São mais comuns em pessoas de 50 a 70 anos.

Meduloblastoma
O Meduloblastoma é um tumor cerebral maligno que tem origem no cerebelo, uma parte do sistema nervoso central que está relacionada, principalmente, com a postura e o equilíbrio.
O meduloblastoma tende a se espalhar através do líquido cefalorraquidiano para outras áreas ao redor do cérebro e da medula espinhal. O líquido cefalorraquidiano é o líquido que envolve e protege o cérebro e a medula.
O meduloblastoma pode ocorrer em qualquer idade. Entretanto, ele é mais comum em crianças pequenas. Embora o meduloblastoma seja raro, é o tumor cerebral cancerígeno mais comum em crianças.

Oligodendrogliomas
O Oligodendroglioma é um tumor derivados das células oligodendrogliais, que que são as células produtoras de mielina. A mielina é responsável por isolar eletricamente os neurônios.
A concussão é o primeiro sintoma em 50% a 80% dos pacientes com oligodendroglioma. Eles representam entre 5 e 19% dos tumores intracranianos, sendo mais comum em jovens e adultos de meia idade. A idade média no momento do diagnóstico é de 40 a 50 anos.
A maioria dos casos tem crescimento lento. A sobrevivência é em média 4 a 10 anos nos tumores de baixo grau e 3 a 4 anos nos tumores de alto grau (1)

Metástase cerebral

A metástase cerebral se refere a um câncer com origem fora do cérebro, mas que cresce e se espalha pelo corpo, incluindo o cérebro. Elas respondem por mais da metade de todos os tumores intracranianos (2).

Em alguns casos, a metástase pode se manifestar clinicamente antes do câncer primário. Isso significa que ela será identificada em um paciente que até então não tinha conhecimento do câncer primário.

Até 40% de todos os pacientes adultos com câncer serão diagnosticados com doença metastática, sendo que aproximadamente 25% destes casos apresentam metástase cerebral (3).

Estes índices variam conforme o tipo de câncer. No caso do Câncer de Pulmão, por exemplo, as metástases cerebrais acometem até 40% dos pacientes (4).

No passado, o resultado dos pacientes diagnosticados com esses tumores era muito ruim, com taxas de sobrevivência típicas de apenas algumas semanas.

Com a evolução nas técnicas de diagnóstico e tratamento, as taxas de sobrevida aumentaram para até 2 anos.

Além da maior sobrevida, a evolução do Tratamento Paliativo tem ajudado na melhora da qualidade de vida para estes pacientes.

Sintomas do Tumor Cerebral

Os sintomas dos tumores cerebrais geralmente estão associados à compressão de estruturas cerebrais críticas ao seu redor ou ao aumento da pressão intracraniana.

Assim, eles podem variar a depender de qual a localização do tumor no cérebro.

Alguns sintomas que podem levar à investigação e ao diagnóstico de tumores cerebrais incluem:

  • Dor de cabeça intratável;
  • Convulsões;
  • Dificuldade em pensar, falar ou articular;
  • Perda de equilíbrio ou tontura;
  • Mudança de personalidade;
  • Fraqueza ou paralisia em uma parte ou um lado do corpo;
  • Problemas com a visão ou a audição;
  • Dormência facial ou formigamento;
  • Náusea ou vômito;
  • Dificuldade para engolir;
  • Confusão e desorientação.

Classificação dos tumores cerebrais

Classificação dos tumores cerebrais – OMS
Graduação características Tipos de tumor
Grau 1 Possivelmente curável apenas com cirurgia

Não infiltrativo

Maior sobrevida a longo prazo

crescimento lento

Astrocitoma pilocítico Craniofaringioma Gangliocitoma Ganglioglioma
Grau 2 Crescimento relativamente lento 

Moderadamente infiltrativo 

Pode recorrer como grau superior

Astrocitoma “difuso” pineocitoma Oligodendroglioma puro
Grau 3 Maligno

infiltrativo

Tende a recorrer com grau superior

Astrocitoma anaplásico

Ependimoma anaplásico

Oligodendroglioma anaplásico

Grau 4 mais maligno

Crescimento agressivo

Amplamente infiltrativo

Recorrência rápida

Gliobastoma pineoblastoma

Meduloblastoma

Ependimoblastoma

Diagnóstico

Na presença de sintomas característicos, o tumor cerebral costuma ser diagnosticado por meio de exames de imagem como a Ressonância Magnética ou a Tomografia Computadorizada.

A punção do líquor seguido pela análise em laboratório pode em alguns casos identificar células cancerígenas e ajudar na identificação do tipo de tumor.

A confirmação do tipo de tumor cerebral é geralmente feita por meio da análise microscópica do tecido removido. Em alguns casos, uma biópsia é realizada inicialmente para isso. Em outros pacientes, esta análise é feita após a remoção cirúrgica do tumor.

Tratamento de tumor cerebral

O tratamento do tumor cerebral pode ser feito por meio de cirurgia, radioterapia ou quimioterapia. Estes tratamentos podem ser feitos de forma isolada ou combinada.

Cirurgia
Sempre que viável tecnicamente, o tumor cerebral é removido cirurgicamente.
Entretanto, alguns tumores não são passíveis de serem removidos, devido à sua localização central no cérebro e a falta de acesso a ele.
Em outros casos, o tumor cerebral envolve estruturas cerebrais críticas, o que impede sua remoção completa.
Alguns tumores cerebrais podem levar a um bloqueio no fluxo do líquor (líquido cefalorraquidiano). Isso pode levar a um acúmulo do líquor (condição conhecida como Hidrocefalia) e aumento da pressão intracraniana.
Procedimentos como a drenagem ventricular externa ou a derivação ventrículo-peritoneal podem ser recomendadas para o alívio da pressão intracraniana.

Radioterapia
A radioterapia é um tratamento que usa radiação para matar células cancerígenas e encolher tumores.
A radioterapia é geralmente considerada quando o tumor não puder ser tratado de forma eficaz por meio de cirurgia.

Quimioterapia
A quimioterapia é uma opção para alguns tumores malignos de alto grau. Apenas 20% dos casos em que a quimioterapia é indicada respondem adequadamente ao tratamento. Devido à resposta incerta e aos efeitos colaterais da quimioterapia, alguns oncologistas optam por não realizar a quimioterapia.