Transtorno de Ansiedade na Gestação e no Puerpério
O que é o Transtorno de Ansiedade?
O transtorno de ansiedade vai além da preocupação ou medo ocasionais. Trata-se de uma condição psiquiátrica caracterizada por preocupação excessiva, constante e desproporcional, que pode interferir no sono, alimentação, relacionamentos e na capacidade de funcionamento diário.
Na gestação e no pós-parto, o transtorno de ansiedade pode se manifestar de forma mais intensa devido às transformações físicas, hormonais, emocionais e sociais que ocorrem nesse período.
Fatores de Risco na Gestação
Embora qualquer gestante possa desenvolver transtorno de ansiedade, isso é mais comum em certas condições, incluindo:
- Histórico pessoal ou familiar de transtornos de ansiedade ou depressão
- Gravidez não planejada ou indesejada
- Complicações obstétricas atuais ou anteriores
- Medo do parto ou da maternidade
- Falta de rede de apoio emocional
- Mudanças hormonais significativas
- Violência doméstica ou conjugal
- Pressões sociais ou profissionais
- Experiências traumáticas anteriores (como abortos, perdas gestacionais)
Fatores de Risco no Puerpério
Após o nascimento do bebê, o maior risco de transtorno de ansiedade está relacionado a:
- Privação de sono
- Exaustão física e emocional
- Pressão para “dar conta de tudo”
- Dificuldades com a amamentação
- Mudanças no corpo e na autoimagem
- Isolamento social
- Falta de suporte familiar ou conjugal
- Histórico de transtornos psiquiátricos
Diagnóstico
O diagnóstico do Transtorno de Ansiedade é clínico, feito com base em:
- Relato de sintomas persistentes de ansiedade (duração superior a duas semanas, com prejuízo funcional)
- Presença de sintomas físicos e psicológicos, como:
- Preocupação excessiva e incontrolável
- Palpitações, sudorese, tremores
- Sensação de falta de ar
- Tensão muscular
- Insônia
- Irritabilidade
- Medo constante de que algo ruim aconteça ao bebê ou a si mesma
- Exclusão de causas clínicas orgânicas (como hipertireoidismo ou efeitos colaterais de medicamentos).
Quando buscar ajuda?
Sinais e sintomas de ansiedade são normais e esperados tanto na gestação como no puerpério.
No entanto, quando eles persistem por mais de duas semanas e há prejuízo na qualidade de vida ou nas atividades diárias, é importante que se busque ajuda médica.
O sofrimento psíquico na gestação e no puerpério não é frescura nem sinal de fraqueza. Embora poucas mulheres exponham isso de forma aberta, ele real, comum e tratável.
Tratamento
O tratamento para transtornos de ansiedade na gestação e puerpério geralmente envolve uma abordagem multidisciplinar, combinando psicoterapia, suporte social e, em alguns casos, medicação. O objetivo é ajudar a mãe a lidar com a ansiedade, reduzir os sintomas e melhorar sua qualidade de vida.
A psicoterapia deve buscar o fortalecimento da rede de apoio, incluindo o parceiro, a família e colegas. Deve buscar também a redução de estressores externos, organizando a rotina e ajustando as prioridades. Isso inclui medidas de alto cuidado, como a rotina do sono, melhora do padrão alimentar e a prática de atividades físicas regulares e outras atividades de laser.
Em alguns casos, o envolvimento em grupos de gestantes ou puérperas pode ser benéfico.
O tratamento medicamentoso pode ou não ser necessário, considerando o risco-benefício para mãe e para o bebê. Certos antidepressivos (ISRS, como sertralina) são seguros durante a gestação e a amamentação, mas devem ser usados apenas sob orientação médica.