Tendinopatia do Tibial Posterior
O que é a Tendinopatia do Tibial Posterior?
A Tendinopatia do Tibial Posterior é um problema que ocorre no tendão de mesmo nome, localizado no lado interno do tornozelo.
O tendão tibial posterior desce pela parte posterior da perna, não muito longe do tendão de Aquiles. A seguir, ele gira sob o maléolo medial, a proeminência do lado interno do tornozelo. Por fim, ele se fixa ao osso na parte interna do pé.
O problema geralmente acomete a parte do tendão logo abaixo do maléolo medial. Esta área é particularmente propensa a desenvolver lesões, uma vez que ela carece de um suprimento de sangue robusto para nutrir e reparar o tendão.
Além disso, o tendão sofre uma súbita mudança de direção ao passar pelo maleolo medial, o que compromete ainda mais o suprimento vascular.
A Tendinopatia do Tibial Posterior é mais comum em mulheres e a prevalência aumenta com a idade. Os fatores de risco incluem obesidade, hipertensão, diabetes mellitus, uso de corticosteroides, artropatias inflamatórias (especialmente a Artrite Reumatóide) e lesões prévias.
Atletas envolvidos em atividades que colocam força excessiva no pé, como basquete, futebol, tênis, hóquei e corrida (especialmente em pistas inclinadas) também correm maior risco.
O que o paciente sente?
Nos quadros iniciais, a principal queixa do paciente é a dor na parte interna do pé e do tornozelo.
À medida em que o problema progride e o tendão se torna insuficiente, ele perde sua capacidade de sustentar o arco do pé. Assim, o pé começa a se achatar, o que se chama de pé plano.
A Tendinopatia do Tibial Posterior, desta forma, é a principal causa do pé plano no adulto (1).
Nos estágios mais avançados, o movimento do pé fica comprometido e o paciente perde a capacidade de se sustentar na ponta do pé.
Imagens de pés planos, característicos da tendinopatia do tibial posterior
Classificação da Tendinopatia do Tibial Posterior
A insuficiência do tendão tibial posterior pode ser classificada em quatro estágios, de acordo com a progressão da deformidade do pé:
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- Estágio 1: o estágio inicial da insuficiência do tendão tibial posterior é a dor e o inchaço ao longo do tendão. O alinhamento do pé não costuma estar comprometido nesta fase;
- Estágio 2: o arco do pé começa a entrar em colapso, mas ainda será passível de correção quando o paciente ficar em pé;
- Estágio 3: o alinhamento do pé não pode mais ser corrigido facilmente, uma condição chamada de deformidade de pé plano rígido;
- Estágio 4: além do comprometimento do pé, a articulação do tornozelo também fica comprometida.
Tratamento da Tendinopatia do Tibial Posterior
Tratamento – Estágio 1
Na fase de dor mais aguda da Tendinopatia do Tibial Posterior, o objetivo é fornecer as condições adequadas para o tendão desinflamar e se recuperar. Isso envolve repouso relativo, gelo, fisioterapia e medicações anti-inflamatórias.
O gelo deve ser usado por 20 a 30 minutos, sendo repetido a cada 2 horas nos primeiros três dias de agudização da dor. Após este período, ele ainda pode ser usado com o objetivo de alívio da dor. Entretanto, nãoserá mais necessário uma disciplina tão rígida de horário.
A fisioterapia tem como foco central as técnicas de eletrotermofototerapia. O objetivo é inibir o excesso de inflamação e estimular o reparo no nível celular.
Uma vez que o paciente apresente alívio da dor, o foco passa a ser o fortalecimento muscular e o treino de equilíbrio. Isso reduz a sobrecarga sobre o tendão e evita novas crises de dor.
Tratamento – Estágio 2
No estágio 2, o arco plantar desaba, mas o mau alinhamento ainda é passível de correção. Recursos como calçados rígidos, botas de caminhada ou palmilhas são capazes de dar sustentação para o arco do pé.
Quando isso não for o suficiente, o tratamento cirúrgico pode ser considerado. Uma das principais técnicas é a substituição do tendão doente por um tendão vizinho, denominado de Flexor Longo dos Dedos. Este tendão passa a desempenhar a função do tibial posterior danificado.
A transferência de tendão não será eficaz na presença de deformidades e mau alinhamento ósseo, o que já costuma estar presente nesta fase da doença. Assim, ela pode ser combinada com procedimentos de realinhamento, como as osteotomias. Diferentes tipos de osteotomia podem ser considerados a depender do tipo de deformidade do pé do paciente.
Tratamento – Estágios 3 e 4
Quando a deformidade se torna rígida, a transferência de tendão não é mais uma alternativa. Neste momento, as osteotomias de realinhamento são seguidas pela artrodese do tornozelo, procedimento em que dois ossos são fundidos um ao outro. Eles passam então a funcionar como se fossem um único osso.
Com a artrodese, o pé que até então era doloroso, instável e mal alinhado fica sem dor, estável e com um bom alinhamento. Entretanto, isso acontece às custas de uma menor mobilidade.