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Síndrome do Burnout no Esporte

O que é a Síndrome do Burnout?

Síndrome de burnout é o termo usado para descrever o estado de exaustão extrema relacionado ao trabalho, que afeta a saúde física e emocional da pessoa.

Ela é o que o próprio termo em inglês indica: “burnout” é a chama que vai se apagando até que a energia desapareça por completo.

Embora possa acometer profissionais de diversas áreas, o problema é especialmente comum no esporte.

Isso porque poucos são os profissionais que vivem sua profissão de uma forma tão intensa quanto os atletas, que além do mais são submetidos a uma sobrecarga física e mental bastante intensa.

Quais os sinais e sintomas da Síndrome do Burnout no atleta?

Os principais sintomas do burnout no atleta são:

  • Sensação de fadiga, sobrecarga, falta de energia, dores musculares e articulares;
  • Falta de atenção e concentração, mudanças bruscas de humor e desânimo;
  • Distúrbios do sono, cefaleia e enxaqueca;
  • Sentimento de incompetência;
  • Falta de produtividade, irritabilidade, agressividade e dificuldade de relaxar;
  • Sensação ou vontade de distanciamento de tudo o que diz respeito ao esporte;
  • Incapacidade de se recuperar fisicamente mesmo após uma folga;
  • Piora súbita dos resultados sem uma explicação lógica ou uma lesão que justifique esta piora;

Os sinais descritos acima não precisam estar todos presentes para caracterizarem a Síndrome do Burnout no atleta. Mais do que isso, muitos destes sintomas podem ser facilmente confundidos com o cansaço habitual esperado com a atividade física.

Por outro lado, nem todo estresse, cansaço ou fadiga advindos do trabalho são indicadores da síndrome de burnout.

O burnout envolve principalmente uma perda no interesse pelo esporte e a vontade de distanciamento de tudo o que está relacionado a ele.

Apesar disso, muitos não são capazes de reconhecer para si mesmo que perdeu o interesse por aquilo para o qual dedicou toda a sua vida.

O atleta que sofre com o burnout muitas vezes demora para perceber que está com problema. Assim, é importante que familiares e a equipe técnica do clube estejam atentos aos sinais e sintomas da Síndrome.

Quanto mais precoce a intervenção, mais rápido e menos doloroso será o tratamento

Porque a Síndrome do Burnout no esporte é comum?

Os atletas vivem uma rotina completamente dedicada aos treinos e às competições. Raramente eles têm um fim de semana livre para curtir ao lado da família, já que estão constantemente concentrados com os clubes. Eles passam grande parte do tempo em hotéis, fora de casa.

Esportes como o tênis, surfe ou automobilismo exigem dos atletas viagens longas e muito frequentes. Nestas modalidades, os efeitos do jet lag, também aumentam o estresse mental.

Atletas são cobrados como ninguém pelo resultado do trabalho, seja pelo clube, pela família, pela imprensa, pelos torcedores ou por eles mesmos.

Muitas crianças e fãs vêm no atleta um exemplo de conduta. Assim, exigem dele um comportamento exemplar.

A cobrança muitas vezes se estende para fora do campo ou da arena esportiva. A imprensa e os fãs estarão sempre prontos para registrar e criticar qualquer desvio de conduta.

Em qualquer profissão, nenhuma pessoa é capaz de manter a concentração e o foco de forma contínua. Pelo contrário, todos têm seus períodos de altos e baixos.

Entretanto, os atletas vêm os resultados piorarem e seus adversários ganharem espaço sempre que ameaçam reduzir o ritmo.

Atletas amadores e universitários estão especialmente vulneráveis para o burnout. Isso porque, além da rotina esportiva extenuante, eles precisam de tempo para se dedicar ao trabalho ou aos estudos. Isso faz com que não tenham tempo livre para qualquer outra atividade.

Diagnóstico diferencial

A Síndrome do Burnout guarda muitas semelhanças com a Depressão, outro problema comum relacionado à Saúde mental do atleta.

Ainda que ambas possam ser desencadeadas pelo esporte, na depressão o problema costuma ser mais generalizado e envolve outros aspectos sem relação com a prática esportiva.

Outro problema muitas vezes confundido com a Síndrome do Burnout no esporte é o Overtraining.

Embora o Burnout possa estar envolvido com o overtraining, nem todo caso de overtraining está associado ao burnout.

O overtraining envolve um conjunto de sintomas físicos e mentais relacionados ao excesso de treino, mas não necessariamente envolve a perda do interesse pelo esporte, que é o aspecto mais marcante da Síndrome do Burnout.

O burnout acomete tanto atletas profissionais quanto recreativos.

Ele é, inclusive, bastante comum entre crianças que dividem o tempo entre uma rotina esportiva exaustiva e os compromissos escolares, com uma carga de cobrança que muitas vezes é mal tolerada em idade tão jovem.

Frente a quaisquer sinais descritos acima, é importante que se busque a ajuda de profissionais, para que sejam feitos os ajustes necessários.

Prevenção

Um convívio de equipe saudável pode reduzir os problemas se o ambiente for favorável e fértil.

Especialmente no caso de atletas que passam grande parte do seu tempo concentrados, é preciso que se ofereça tempo e espaço para o atleta possa ter uma vida e um pensamento fora do esporte. A concentração é comum especialmente em esportes de equipe, como o futebol, vôlei ou basquete.

Os atletas devem ser estimulados a procurarem outras formas de distração e a conversarem sobre a família, sobre outros hobbies e atividades outras que não o esporte ao qual se dedica.

Quando em viagem, devem ser estimulados para aproveitarem os momentos de folga para conhecerem o lugar onde estão.

Mesmo dentro do treinamento esportivo, a variação é fundamental. Tornar o ambiente esportivo e as atividades menos repetitivas ajuda a evitar o esgotamento mental. O treinamento físico é um momento bastante propício para isso.

Por fim, o atleta precisa ter um mínimo de liberdade de escolha e iniciativa.

Quando ele passa o dia inteiro seguindo uma rotina muito rígida e pré-determinada, que diga o que ele vai comer, quando irá comer, quando irá descançar, como irá se divertir, que roupa vai usar, com quem ele irá dividir o quarto e outras coisas mais, sua vida se torna previsível e monótona, o que contribui para desenvolver o burnout.

Como é o tratamento da Síndrome do burnout no esporte?

Não existe nenhum tratamento específico para a Síndrome do Burnout no esporte. O foco do tratamento deve ser na melhora dos fatores que estejam contribuindo para o esgotamento físico e mental.

Em alguns casos, pode ser necessário uma conduta mais radical de afastamento completo da atividade por algum tempo. Aos poucos isso pode trazer de volta a alegria e a vontade de praticar o seu esporte.

Outros atletas podem se beneficiar de uma mudança radical na rotina de treinos, o que pode envolver mudança de clube e, eventualmente, pode envolver inclusive mudanças de cidade ou país ou mudança de treinador. Um atleta que mora no exterior pode querer voltar para o seu país para ficar próximo da família e dos amigos.

Em casos mais leves, uma simples mudança na rotina de treinos pode ser suficiente. No caso de um atleta universitário, por exemplo, ele pode deixar de fazer duas sessões diárias de treino, para que tenha um período livre para se dedicar ao estudo ou outras atividades de laser.