Síndrome de Linch
A Síndrome de Lynch, também conhecida como Câncer Colorretal Hereditário Não Polipose, é uma condição genética hereditária que predispõe os indivíduos ao desenvolvimento de diversos tipos de câncer. O maior risco de câncer está relacionado a mutações em genes responsáveis pela reparação do DNA. Com isso, há um acúmulo de erros genéticos que leva a um maior risco de malignidades. A Síndrome de Lynch representa cerca de 3% dos cânceres colorretais e até 2% dos cânceres de endométrio. Diferentemente da população em geral, a maior parte dos pacientes com a Síndrome de Linch desenvolvem o câncer antes dos 50 anos de idade. Embora as mutações genéticas que causam a síndrome de Linch seja igualmente comum em homens ou mulheres, as mulheres têm risco adicional para câncer de endométrio e ovário. O que é a Síndrome de Linch?
Qual a causa da Síndrome de Linch?
A síndrome é causada por mutações em genes do sistema de reparo de DNA por incompatibilidade de pares de bases (MMR – Mismatch Repair), incluindo:
- MLH1
- MSH2
- MSH6
- PMS2
- EPCAM (cuja deleção pode inativar MSH2)
A perda de função desses genes leva a instabilidade de microssatélites (MSI – Microsatellite Instability), um marcador genético importante da doença.
Qual o risco de cânce no paciente com a Síndrome de Linch?
Ela está associada principalmente o câncer colorretal e ao câncer de endométrio, mas pode também está associada a neoplasias de ovário, estômago, intestino delgado, trato urinário, pâncreas e cérebro, entre outros.
Diferentes genes podem estar associados à Síndrome de Linch, sendo que uma pessoa pode ter a mutação em um ou mais desses genes.
O gene afetado impacta diretamente o risco e o comportamento dos tumores:
Gene | Risco de câncer colorretal (%) | Risco de câncer de endométrio (%) |
MLH1 | 50–80% | 40–60% |
MSH2 | 50–80% | 40–60% |
MSH6 | 20–44% | 16–71% |
PMS2 | 15–20% | 15–25% |
Diagnóstico
A investigação da Síndrome de Lynch deve ser considerada nas seguintes condições:
- Histórico pessoal ou familiar de câncer colorretal ou de endométrio antes dos 50 anos.
- Múltiplos casos de câncer relacionados à síndrome na família.
- Câncer colorretal sincrônico ou metacrônico.
- Histologia sugestiva de MSI, como infiltração linfocítica e bordas irregulares.
- A investigação deve ser feita também em familiares próximos de pessoas que tiveram a síndrome diagnosticada.
Além disso, todos os pacientes com câncer colorretal ou de endométrio diagnosticado antes dos 70 anos devem ser considerados para rastreamento molecular universal, como recomendado por diretrizes internacionais.
O diagnóstico envolve uma combinação de exames clínicos, moleculares e genéticos:
- Imuno-histoquímica (IHQ) para as proteínas MMR (MLH1, MSH2, MSH6, PMS2): a ausência de expressão sugere deficiência de reparo.
- Teste de instabilidade de microssatélites (MSI): detecta falhas no reparo do DNA.
- Sequenciamento genético germinativo: confirma a mutação nos genes MMR.
- Em casos com perda de MLH1, é importante investigar hipermetilação do promotor MLH1 e mutação BRAF V600E, que sugerem origem esporádica (não hereditária).
Tratamento
Não existe um tratamento específico para curar a Síndrome de Lynch ou para evitar o desenvolvimento de novos cânceres.
Assim, o tratamento deve ter dois objetivos: detecção precoce de novos cânceres e o tratamento dos cânceres, uma vez que ele seja identificado.
Detecção precoce de câncer
Pacientes com a Síndrome de Linch devem realizar um rastreamento mais completo e mais frequente, com o objetivo de detecção precoce de novos cânceres, quando o tratamento é mais efetivo. Esse rastreamento deve incluir:
- Colonoscopia: a cada 1-2 anos a partir dos 20-25 anos ou 2-5 anos antes do caso mais precoce na família.
- Rastreamento ginecológico (endométrio e ovário) em mulheres a partir dos 30-35 anos.
- Considerar cirurgias redutoras de risco, como histerectomia com ooforectomia após a prole estar completa.
Tratamento dos Cânceres
O tratamento dos cânceres detectados segue os protocolos convencionais. No entanto, é possível considerar:
- Cirurgias mais amplas, como colectomia subtotal, para reduzir risco de novos tumores.
- Uso de imunoterapia, especialmente em tumores com MSI elevado.
Qual o prognóstico da Síndrome de Linch?
Pacientes com a Síndrome de Linch costuma apresentar câncer com melhor resposta ao tratamento e com sobrevida livre da doença superior quando comparado com outros pacientes com câncer colorretal ou câncer de endométrio.
A taxa de sobrevida em 5 anos para câncer colorretal pode ultrapassar 85% quando diagnosticado precocemente em portadores da síndrome.
Por outro lado, esses pacientes apresentam risco elevado de novos cânceres, levando a um risco cumulativo elevado.