Ressalto no Quadril

O Ressalto do Quadril se caracteriza por estalidos ou cliques em certos movimentos dos quadris. Eles podem ser sentidos ou ouvidos pelo paciente ou até mesmo por pessoas próximas.

Em alguns casos são bem evidentes, dando a impressão visual de que algo “saiu do lugar”.

Estima-se que aproximadamente 10% das pessoas apresentem alguma forma de Ressalto no Quadril (1). O problema é comum em mulheres entre 15 e 40 anos, sendo especialmente prevalente entre os  adolescentes.

Dançarinos (principalmente bailarinos) são especialmente vulneráveis, em decorrência da postura com os membros em rotação externa, frouxidão ligamentar e movimentos com extremos de amplitude articular.

Por isso, algumas pessoas se referem ao problema como o “quadril do dançarino”.

Além de bailarinos, ginastas, corredores de curta distância, jogadores de futebol e remadores costumam desenvolver o Ressalto do Quadril.

Geralmente, o estalido ocorre em decorrência do atrito de um tendão passando sobre uma proeminência óssea. Existem três locais mais comuns onde isto ocorre no quadril.

Ressalto externo

É o tipo mais comum de ressalto. Ele ocorre em decorrência do movimento da fáscia lata (musculatura lateral da coxa) sobre o trocânter maior (proeminência óssea do fêmur). São sentidos no lado de fora do quadril.

Pessoas com essa forma de ressalto podem referir estalidos ao correr ou subir escadas. Podem também sentir alguma dor e sensibilidade na parte externa do quadril. É comum a presença de dor ao deitar sobre a região, durante à noite.

Ressalto interno

Ocorre devido ao movimento do tendão do Psoas (músculo que faz a flexão da coxa) sobre uma estrutura óssea denominada eminência iliopectínea, na pelve.

São sentidos na parte da frente do quadril. Este é o segundo tipo mais comum de ressalto na população como um todo e o tipo mais comum entre os bailarinos (2). O paciente pode sentir dor próximo da virilha e ouvir estalidos ao correr.

Ressalto intra-articular

Ao contrário do ressalto interno ou externo, o ressalto intra-articular não é causado por um músculo ou tendão e sim por uma lesão ou problema dentro da articulação do quadril. As mais comuns são as lesões da cartilagem articular e as lesões labrais do quadril.

Além do estalido e da sensação de “alguma coisa saindo do lugar”, a dor pode ou não estar presente.

Alguns pacientes são capazes de reproduzir o estalido propositalmente através de movimentos passivos de rotação, associados à flexão e extensão do quadril.

O diagnóstico do Ressalto do Quadril na maior parte dos pacientes é clínico, feito a partir do histórico e do exame físico.

Radiografia e ressonância magnética costumam ser normais em pacientes com ressalto interno ou externo, mas podem mostrar problemas articulares responsáveis pelo ressalto intra-articular. Podem também ajudar a identificar outros problemas na região do quadril que contribuam para a queixa do paciente.

Devido à localização, o ressalto lateral do quadril é habitualmente mais facil de ser distinguido de um problema articular do que um ressalto interno.

O melhor exame para confirmar o ressalto, quando houver dúvidas a partir do exame clínico, é através do ultrassom dinâmico do quadril. Este exame permite a visualização direta do ressalto acontecendo durante os movimentos da articulação (3).

O tratamento envolve o reequilíbrio muscular e a correção dos movimentos, de acordo com a causa específica do ressalto em cada paciente. Medicamentos analgésicos e anti-inflamatórios podem ser utilizados na fase aguda.

Dependendo da causa identificada, o tratamento cirúrgico pode ser indicado. Isso é válido especialmente nas causas intra-articulares de ressalto. Nos outros tipos, pode ser considerado na falha do tratamento clínico e na persistência dos sintomas.