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Relacionamento tóxico

Relacionamento tóxico

Certamente você já deve ter ouvido falar em relacionamento tóxico em algum momento de sua vida. Também é possível que você já tenha vivenciado esse tipo de abuso em alguma relação amorosa ao longo da sua história.

Porém, independente da forma como você chegou até aqui, a verdade é que temos muito o que explorar sobre essa temática. Afinal de contas, quanto mais discutirmos sobre os relacionamentos abusivos, conscientizando e apoiando as vítimas, mais poderemos combater esse problema.

Por isso, convidamos você a acompanhar este conteúdo completo sobre a temática. Continue lendo e saiba mais.

O que é relacionamento tóxico?

Relacionamento tóxico é aquela relação amorosa baseada em abusos psicológicos, violência física, abuso sexual, acusação, falta de respeito e conflitos constantes. De um lado, há um abusador que manipula a vítima, fazendo-a se sentir culpada por todos os problemas da relação. Esse abusador pode ser agressivo física ou verbalmente, minando a saúde mental e a autoestima da vítima.

Do outro lado, há a vítima em sofrimento, que acredita ser culpada por todos os problemas vividos. Em muitos casos, sofre todas as agressões calada, sejam elas físicas, verbais ou sexuais.

Acredita que tem a capacidade de mudar a outra pessoa, mesmo quando o abusador se mostra totalmente inflexível.

À medida que o tempo passa, a vítima tende a se isolar cada vez mais, uma vez que o abusador passa a controlar cada passo dado por ela.

Por isso, quanto mais tempo uma vítima é exposta a tudo o que ocorre dentro do relacionamento tóxico, mais agravante pode ser a situação.

Quais as características do relacionamento tóxico?

Existem diversas características que podem denunciar a existência de um relacionamento tóxico. Conheça algumas delas:

  • Abusos psicológicos com agressões verbais que diminuem e agridem a vítima.
  • Comportamentos abusivos e enciumados, nos quais o abusador quer controlar toda a vida da vítima, impedindo-a de manter contato com as outras pessoas ou com parte delas.
  • Maus tratos físicos, sejam eles mais “sutis”, como um empurrão, ou mais agressivos, como socos, tapas e chutes.
  • Abusos sexuais nos quais o abusador força a vítima a ter relação sexual ou a praticar atos sexuais que ela não quer.
  • O abusador pode quebrar objetos e destruir a propriedade da vítima. Por exemplo, em uma crise de ciúme, pode quebrar o celular do(a) parceiro(a) como forma de punição.
  • Há explosões de raiva por parte do abusador.
  • Há a manipulação dos fatos. Isto é, o abusador, mesmo quando comete algum erro, culpa a vítima. Por exemplo, se o abusador trair a vítima, a acusará de tê-lo deixado de lado ou algo semelhante e, por isso, ele “procurou” outra pessoa.
  • A vítima sente medo do que o abusador pode pensar sobre as suas atitudes. Isto é, a vítima pode temer, por exemplo, sair de casa para passear, ao imaginar que isso irá desagradar o outro. É como se ela estivesse, o tempo todo, “andando em ovos”.
  • O abusador falta com respeito de forma recorrente.
  • O abusador pode ignorar todos os desejos e vontades da vítima, focando apenas em si mesmo. Sendo assim, não oferece nenhum tipo de apoio à vítima, sanando apenas as vontades do próprio abusador, a todo momento.

Ciclo da violência no relacionamento tóxico

O relacionamento tóxico pode apresentar um ciclo bastante característico e discutido por muitos especialistas e estudiosos.

Esse ciclo, inclusive, pode ser uma das causas da permanência da vítima na relação. Afinal, é possível que a pessoa se veja diante de uma transformação do parceiro abusador na última fase do ciclo, o que faz com que a vítima tenha esperanças de melhoras, mesmo quando isso não ocorre.

Entenda melhor esse ciclo:

  • Tensão: Há uma intimidação provocada pelo abusador. A vítima começa a se sentir insegura sobre as suas próprias atitudes, devido à forma como o abusador a olha, conversa, usa o seu tom de voz e faz gestos corporais. É como se o abusador apresentasse sinais de que a vítima cometeu algum erro e que ele está zangado por isso. Nesta fase, a vítima começa a se anular para tentar agradar ao parceiro.
  • Violência: Na segunda fase, há as explosões nas quais o abusador xinga, humilha, diminui, agride física e verbalmente, quebra algo da vítima, a isola, tenta controlá-la e outros sinais de agressividade e violência. Inclusive, em casos mais graves, o abusador pode assassinar a vítima.
  • Lua de Mel: A Lua de Mel, portanto, é a terceira fase do ciclo do relacionamento tóxico. Nesta fase, o abusador se mostra arrependido, pede desculpas, pode ser extremamente carinhoso e atencioso. Oferece uma verdadeira “lua de mel” para a vítima.

Nessa terceira fase, a vítima pode acreditar que o abusador irá mudar de verdade, prendendo-se por mais tempo a ele. Porém, mais tarde, o ciclo de tensão se reinicia.

Por que as pessoas permanecem em um relacionamento tóxico?

Infelizmente, muito se ouve falar sobre vítimas de relacionamento tóxico que permaneceram por longos anos ao lado do abusador. Além disso, vemos pessoas julgando as vítimas, simplesmente por não entenderem por que elas podem “se sujeitar” a isso.

Mas a verdade é que não é tão simples escapar de um relacionamento abusivo. Primeiro, porque, para a vítima, pode ser difícil compreender que ela está dentro desse tipo de relacionamento.

Segundo, porque a esperança de haver mudanças pode fazer com que a vítima aguarde por mais tempo, desejando viver algo que sempre sonhou, isto é, uma relação amorosa que fosse saudável.

Abaixo descrevemos outros pontos de reflexão importantes. Quanto mais pessoas souberem dessas considerações, maiores serão as reflexões sobre o tema e a conscientização sobre o assunto.

1. Crença de que pode mudar o outro
O próprio abusador pode dar a entender, muitas vezes, que a vítima o faz “uma pessoa diferente e melhor”. Além disso, ele pode dar a entender que está mudando e tentando melhorar por conta da vítima.
Em paralelo a tudo isso, a vítima pode sonhar com o dia que conseguirá mudar o outro, tendo a oportunidade de viver a fase da lua de mel por mais tempo.
Mas, infelizmente, a verdade não é exatamente assim. A mudança não acontece, o tempo passa e a vítima se expõe a situações de violência que podem ser cada vez mais graves.

2. Abusos recorrentes se tornam “familiares”
Quando um indivíduo está dentro de um ambiente violento, os abusos recorrentes começam, pouco a pouco, a se tornarem “familiares”. É como se a mente da pessoa começasse a se acostumar com a situação.
Consequentemente, pode ter uma maior dificuldade para enxergar os sinais de maus tratos que denunciam um relacionamento tóxico.

3. Medo das consequências da separação
Muitas vítimas também podem temer as consequências da separação, tanto no sentido de ter medo do abusador, quanto no sentido do que “irá fazer da vida” depois disso.
Dessa forma, pode optar por permanecer no relacionamento tóxico pois, para a vítima, esse cenário pode parecer o mais coerente no momento.

4. Vergonha e culpa
Durante os ciclos vividos dentro do relacionamento abusivo, a vítima é julgada e manipulada o tempo todo. Ela acredita ser culpada pelos erros no relacionamento, bem como pode acreditar que as explosões alheias são causadas por comportamentos equivocados dela.
Esse problema pode se tornar ainda mais intenso quando o abusador é visto como uma “pessoa de bem” pela sociedade. Isto é, quando o abusador é uma “boa pessoa” com todos os outros, menos com a vítima, esta pode acreditar que o problema está em si, e não no parceiro abusivo.
Por conta dessas situações, pode começar a sentir vergonha e culpa diante das crises do relacionamento.

5. Ameaças do abusador
O abusador pode fazer ameaças contra a vida da vítima ou de terceiros que são importantes para ela. Esse tipo de situação pode deixá-la com medo a ponto de permanecer em um relacionamento tóxico.

6. Dependência emocional e/ou financeira
Devido ao isolamento social e aos problemas de autoestima, a vítima pode desenvolver a dependência emocional do abusador, crendo que a sua vida apenas funcionará ao lado dele. Essa dependência gera angústia, medo do abandono, isolamento social para agradar o parceiro, entre outras consequências.
Em paralelo a isso, pode ser que a vítima também dependa financeiramente do abusador. Primeiro, porque pode ser que ele a tenha obrigado a parar de trabalhar. Segundo, porque simplesmente o abusador pode ser quem sustenta a casa.

7. Família com filhos
Em casos de famílias com filhos, o problema do relacionamento tóxico pode ser ainda mais profundo. O medo de gerar sofrimento às crianças, ou a angústia de perdê-las, pode provocar a permanência na relação.
Quanto ao medo de perder os filhos, este medo pode surgir por conta de ameaças do abusador, que pode dizer que ficará com a guarda das crianças e que fará o possível para que a vítima não possa mais manter contato.

Consequências psicológicas do relacionamento tóxico

Sem dúvidas, o relacionamento tóxico pode ocasionar o aparecimento de marcas profundas na mente e no corpo da vítima. Essas marcas podem se tornar pesadas, o que exige o acompanhamento psicológico para lidar com toda a dor vivida e revivida todos os dias.

Abaixo exemplificamos algumas das consequências desse tipo de relação:

1. Impactos na autoestima
A autoestima da vítima costuma ser profundamente marcada pelos abusos vividos na relação. Isso porque, de forma recorrente, o abusador diminui as qualidades da vítima, fazendo-a acreditar que é incapaz, que é burra, entre outros adjetivos pejorativos.
Além disso, o fato de a vítima se isolar e acreditar que é a causadora de todos os problemas da relação também pode ocasionar uma autoestima baixa.
Há casos, ainda, em que a vítima é impedida de trabalhar e a falta de dinheiro próprio pode fazê-la se sentir ainda mais diminuída frente às outras pessoas.

2. Problemas de relacionamento social
Pelo simples fato de ser obrigada a se isolar cada vez mais, a vítima pode começar a vivenciar problemas de relacionamento social para com outras pessoas.
Isto é, ela pode se isolar tanto durante a relação que, mais tarde, pode se sentir aflita e angustiada diante de eventos sociais. As amizades podem ter deixado de existir, bem como a família pode estar distante.

3. Depressão e/ou ansiedade
Problemas como depressão e/ou ansiedade também podem aparecer nessas circunstâncias. Afinal, são tantas dores, angústias, medos e aflições vividos durante o relacionamento tóxico, que a vítima pode ter dificuldades para processar tudo o que sente e sentiu, resultando em questões intensas de saúde mental.

4. Problemas de saúde física
A saúde física também pode ser abalada por conta das agressões vividas no relacionamento tóxico. Além disso, casos de psicossomatização podem resultar em problemas digestivos, enxaquecas recorrentes, etc.
O estresse excessivo e o estilo de vida desequilibrado podem ocasionar uma má alimentação que também leva ao desenvolvimento de doenças físicas.

5. Distúrbios e disfunções sexuais
Os distúrbios e as disfunções sexuais também podem ser uma das muitas consequências do relacionamento tóxico. A vítima pode ter vivido tantos abusos sexuais que, mais tarde, associa a prática ao sofrimento vivido. Logo, pode desenvolver disfunções sexuais dolorosas, aversão ao sexo, baixa libido, entre outros quadros que impactam na qualidade de vida.

Além dessas consequências, existem outras que cada vítima pode viver à sua maneira. Por isso, buscar apoio psicológico é importante, pois é por meio do tratamento psicoterapêutico que a vítima receberá intervenções alinhadas às suas necessidades reais.

O que fazer em caso de relacionamento tóxico?

Se você detectou sinais de um relacionamento tóxico na sua relação amorosa, é preciso buscar apoio da família, amigos e, também, da polícia. Há outras medidas que podem ajudá-lo neste momento difícil. Abaixo damos mais detalhes.

1. Ajuda judicial
Buscar ajuda judicial é um dos pontos que deve ser considerado. Você pode ir à delegacia prestar queixa contra o agressor, além de buscar orientações para lidar com essa situação com base no que a justiça oferece.

2. Afastar-se do agressor
Procure se afastar o quanto antes do agressor. Você não precisa separar um momento para ter uma conversa sobre o término, como aconteceria em um relacionamento saudável. Mas sim, pode apenas comunicar que está indo embora devido aos problemas do relacionamento e ao desejo de seguir em frente, afastando-se da situação e indo para um local seguro que o agressor não tenha conhecimento de onde é.

3. Apoio da família e dos amigos
Busque uma rede de apoio neste momento difícil. Sabemos que é muito doloroso sair de um relacionamento tóxico e ainda comunicar isso para as pessoas que amamos.
Porém, buscar apoio da família e dos amigos é uma peça-chave para, aos poucos, restabelecer o equilíbrio emocional e receber uma certa dose de proteção.
Portanto, procure a sua família, convers e sobre a situação (se você se sentir confortável).

4. Psicoterapia
A psicoterapia tem um papel muito importante na recuperação após o término de um relacionamento tóxico.
Por meio dela é possível trabalhar questões como:

  • Autoestima.
  • Emoções envolvidas com a situação.
  • Traumas vividos.
  • Novos projetos para a vida.
  • Vivência do luto.
  • Ressignificação do ocorrido.
  • Entre outras medidas bastante interessantes.

Buscar esse apoio é algo que pode ajudá-lo a enfrentar esse momento difícil com a atenção de alguém que está ali para orientar, escutar, acolher e jamais julgar. Você merece esse cuidado.

Esperamos que este conteúdo possa ter sido esclarecedor para você. Qualquer dúvida, entre em contato com os nossos especialistas.
Referências
PIMENTEL, M. Relações destrutivas. Clube de Autores (August 2, 2021).

RIBEIRO, M. B. T. Aspectos psicológicos e sociais do relacionamento abusivo: uma revisão integrativa de literatura. 2020. 33f. Monografia (Graduação em Psicologia) – Centro Universitário Fametro, Fortaleza, 2020.

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