Pé Plano (Pé Chato)

 

Pé Chato ou Pé Plano é uma forma de mau alinhamento do pé caracterizado pela diminuição do arco plantar. Isso significa que toda a sola do pé toca ao chão quando se está em pé.

Durante a infância, o pé plano, na maior parte das vezes, se corrige naturalmente com o crescimento.

Mesmo nos adultos, a maior parte dos casos é considerado fisiológico. Isso significa que o pé plano é uma característica própria do paciente, sem qualquer relevância clínica. São pessoas que sempre tiveram os pés planos.

Por outro lado, o pé plano nem sempre é normal. Em alguns casos, ele se desenvolve em decorrência de algum outro problema. A causa mais  comum, no adolescente, é a coalizão tarsal. No adulto, é a insuficiência do Tendão Tibial Posterior.

 

O Pé Plano é uma condição normal em bebês e crianças pequenas. A maioria delas virão a formar o arco plantar de forma espontânea ao longo da infância, principalmente a partir dos dois anos.

O desenvolvimento do arco pode ocorrer até os seis anos ou mais. Entretanto, algumas pessoas podem permanecer com o Pé Plano até a idade adulta, sem que isso necessariamente signifique qualquer problema.

Crianças obesas ou com hiperfrouxidão ligamentar apresentam maior probabilidade de desenvolverem pés planos. Além disso, existe uma tendência familiar para esta condição. Isso significa que crianças que têm pais com pés planos mais provavelmente persistirão com pés planos na idade adulta.

 

O Pé Plano fisiológico (normal) é indolor e flexível. Isso significa que o arco está presente quando o pé não está suportando nenhum peso, mas desaparece ao ficar em pé ou ao caminhar.

Ao olhar o paciente por trás e solicitar que ela suba na ponta dos pés, o calcanhar deve se curvar para dentro. Quando isso não acontece, o pé é considerado rígido.

Pés Planos rígidos não devem ser considerados normais e devem ser avaliados pelo ortopedista especialista em pé. As principais causas para isso são as doenças neuromusculares e a coalisão tarsal.

A coalizão tarsal se caracteriza pela formação de uma barra óssea, cartilaginosa ou fibrosa unindo dois dos ossos do pé. Ela pode acontecer entre diferentes ossos, a depender do caso. Ela pode ocorrer em um lado ou nos dois pés simultaneamente e tem incidência na população geral de aproximadamente 1% (1).

A coalisão tarsal geralmente torna-se sintomática entre os 8 e os 15 anos de idade. Além disso, um pé que já desenvolveu o arco plantar e perde este arco deve levantar a suspeita de barra óssea.

Crianças com Pés Chatos rígidos apresentam comprometimento do funcionamento normal do tornozelo. Eles tendem a evoluir com dor persistente e debilitante, limitando a participação em esportes, recreação e atividades diárias.

 

Crianças com Pés Planos simétricos (iguais em ambos os pés), flexíveis e indolores não precisam de qualquer forma de tratamento, apenas acompanhamento. Antigamente, era comum a recomendação de palmilhas ou botas ortopédicas, com a finalidade de corrigir a curvatura dos pés. Entretanto, esta recomendação não tem mais fundamentação técnica.

O uso de palmilhas ou botas ortopédicas, além de causarem grandes transtornos psicológicos na criança, não irão influenciar na formação do arco plantar e não irão curar o pé chato (2). A probabilidade de correção do pé chato com ou sem estas órteses é semelhante.

Nos casos em que o Pé Plano é sintomático, especialmente em pacientes com pés planos rígidos, as palmilhas e calçados especiais podem e devem ser considerados. Nestes casos, elas têm a função de melhorar a distribuição do peso sobre o pé e, assim, melhorar os sintomas.

Ao contrário dos pés flexíveis e indolores, a indicação cirúrgica nos pacientes com Pés Planos rígidos é comum. A cirurgia pode envolver a ressecção de barras ósseas, osteotomias de realinhamento e transferência de tendão. Estas opções devem ser avaliadas caso a caso, a depender da causa e das características anatômicas da deformidade.

 

Assim como nas crianças, o pé plano no adulto pode ser fisiológico ou patológico. O pé plano fisiológico é uma característica individual do paciente, sem qualquer relevância clínica. Já o Pé plano patológico se desenvolve em decorrência de algum outro problema, sendo a insuficiência do Tendão Tibial Posterior o mais comum deles (3).

 

O primeiro passo na avaliação do pé plano no adulto é caracterizar o pé plano como fisiológico ou patológico:

• O pé plano fisiológico costuma ser simétrico (igual nos dois lados) e indolor. A mobilidade do pé é adequada e o paciente refere que sempre teve pés planos.
• O Pé plano patológico tanto pode acometer um único lado como pode acometer os dois pés. O movimento do pé fica comprometido e o paciente pode referir dor ou outras queixas. Ele refere que o alinhamento do pé era bom, mas que em certo momento ele começou a entortar.

Exames de imagem como radiografia, tomografia computadorizada ou ressonância magnética podem ser solicitados para identificar a causa de um pé chato patológico. Eles devem ser solicitados especialmente quando se considera a possibilidade de tratamento cirúrgico.

Assim como entre as crianças, o Pé plano fisiológico no adulto não necessita de qualquer forma de tratamento. Eventualmente, ele poderá ser tratado na presença de outros problemas, como as Entorses de repetição no tornozelo ou a tendinite do tibial Posterior. A principal forma de tratamento, nestes casos, envolve o uso de palmilhas com suporte do arco plantar medial (interno).

No caso do pé plano patológico, o tratamento depende de qual a causa do mau alinhamento. Discutimos a respeito da insuficiência do Tendão tibial posterior em um artigo específico.