Otite Média Serosa (com Efusão)
O que é a Otite Média Serosa (com Efusão)?
Otite Média Serosa ou com efusão é uma condição na qual há um acúmulo de líquido no ouvido médio, mas sem nenhum sinal de infecção aguda. Como não há infecção associada, esse acúmulo de líquido não é doloroso. No entanto, ele impede que a membrana timpânica vibre adequadamente, comprometendo a condução do som. Assim, a primeira queixa desses pacientes é a perda gradual da audição.
Quem é mais acometido pela Otite Media Serosa?
A Otite Média Serosa acomete tanto crianças como adultos. No entanto, devido à posição mais horizontal da tuba, é mais comum em crianças, especialmente entre 1 e 6 anos de idade. À medida que a criança se desenvolve até se tornar adulta, a tuba se alonga e se angula caudalmente, diminuindo o risco da doença.
O risco é maior naquelas que usam mamadeira, especialmente na posição deitada. Crianças com fenda palatina ou com Síndrome de Down também apresentam risco mais elevado. Outro fator de risco é o tabagismo passivo.
Tanto em adultos como em crianças há uma associação com quadros alérgicos, especialmente a Rinite Alérgica, ou com infecções das vias aéreas superiores.
Apresentação clínica
A dor no ouvido pode ou não estar presente. Quando presente, tende a ser intermitente.
A sensação de plenitude ou ouvido comum é a queixa mais comum, podendo levar também à perda auditiva. Crianças mais novas podem ter dificuldade para dizer que não está escutando bem ou que estão com o ouvido entupido. Asssim, o diagnóstico em alguns casos demora a ser feito.
O esforço da criança para se comunicar aumenta, podendo deixa-la mais irritada e desatenta. O desenvolvimento da fala e da linguagem pode em alguns casos ser comprometido.
A Otite Média Serosa pode também ser percebida durante a otoscopia em uma avaliação de rotina com o pediatra, que observa uma opacificação da membrana timpânica e perda do reflexo de luz. Também pode haver uma retração da membrana timpânica com mobilidade reduzida.
Avaliação da Audição
Todo paciente diagnosticado com Otite Média Serosa deve passar por uma avaliação da audição. Dependendo da idade e da capacidade de cooperação, exames como a Audiometria ou o BERA podem ser indicados.
Audiometria
Durante o teste de audiometria, o paciente usa fones de ouvido, com os sons sendo direcionados para um ouvido de cada vez. Uma gama de sons é apresentada ao paciente em vários tons. O paciente tem que sinalizar cada vez que um som é ouvido.
Cada som ou palavra é apresentado em vários volumes, para que que seja determinado qual o menor volume que o paciente é capaz de escutar.
Como é um exame que depende da colaboração do paciente, crianças muito novas não estão prontas para realizá-lo. Em média, considera-se a idade de 7 anos para realizar uma audiometria convencional, sendo que algumas crianças pode ter o desenvolvimento necessário para realizá-lo antes disso e outras só conseguem colaborar com o exame em uma idade mais velha.
Uma opção nas crianças mais novas é a realização de uma audiometria comportamental, no qual se avaliar reações comportamentais da criança aos sons. No entanto, esse é um exame mais complexo e que depende de profissionais especializados, estando disponível apenas em alguns centros de referência.
BERA
Quando possível, o exame de escolha para a avaliação da Deficiência Auditiva é a Audiometria. No entanto, o exame não é viável de ser feito em crianças muito pequenas, já que ele depende da colaboração do paciente. Pessoas mais velhas e não colaborativas podem também não serem capazes de realizar a Audiometria.
O BERA é indicado justamente nesses casos, já que ele não depende da colaboração da criança. O nome vem das iniciais em inglês para “Brainstem Evoked Response Audiometry”.
O exame dura entre 30 e 40 minutos. Eletrodos são colocados atrás da orelha e na testa. A seguir, um fone de ouvido é colocado na criança. Esse fone emite sons que ativam o tronco encefálico e os nervos auditivos, gerando picos de eletricidade que são captados pelos eletrodos.
O BERA é muito sensível ao movimento. Quando o paciente não é capaz de permanecer sem se mover durante o exame, é possível que ele seja feito com o uso de sedação.
Tratamento
A otite média Serosa geralmente se resolve espontaneamente, podendo ser apenas acompanhada.
Uma abordagem focada no paciente deve ser adotada ao avaliar a deficiência auditiva. Como a criança está lidando socialmente e na escola é mais importante do que os resultados das investigações de audiometria.
Quando a efusão é persistente, pode ser indicada a realização de uma cirurgia denominada de Miringotomia, com inserção de tubo de timpanostomia.
Esse tubo de ventilação permite a entrada de ar no ouvido médio, evitando o reacúmulo de fluido. Após este procedimento, muitos pacientes não precisam de terapia adicional devido ao crescimento e desenvolvimento do ângulo da tuba auditiva, o que permitirá a drenagem.
A complicação mais comum é o desenvolvimento de otorreia persistente, que é um corrimento pelo ouvido. A otorreia é vista em aproximadamente 1 de cada 6 crianças dentro de 4 semanas de cirurgia.