Orientação psicológica para os pais
Orientação psicológica para os pais
A orientação psicológica para os pais pode ser uma ferramenta bastante pertinente na educação das crianças e dos adolescentes. Por meio de conversas com o psicólogo escolar, os pais podem tirar dúvidas e serem orientados quanto às recomendações adequadas para diferentes situações que podem ser vividas no contexto familiar e educacional dos filhos.
Pensando nessa temática, desenvolvemos este conteúdo com algumas considerações relevantes. Acompanhe para saber mais.
O que é a orientação psicológica para os pais no contexto escolar?
O desenvolvimento humano é marcado por etapas cheias de singularidades e questões únicas. Às vezes, essas etapas podem ser mais desafiadoras para os pais, que se vêem diante de dificuldades na hora de transmitir valores, conhecimentos e regras para os seus filhos.
Assim sendo, essa dificuldade pode acabar “respingando” na vida educacional da criança, que pode apresentar dificuldades de aprendizagem, problemas comportamentais, questões de saúde mental na escola, entre outras situações.
Diante disso tudo, o psicólogo escolar pode atuar como um facilitador para a família que busca por informações para desenvolver as crianças e os adolescentes de modo mais assertivo. Por meio de conversas que podem ocorrer de forma periódica ou não, o profissional de saúde mental poderá apresentar algumas ações para os pais, orientando-os frente às situações que vivem com os filhos.
Logo, passa-se por um processo de psicoeducação e de manejo frente à dinâmica familiar vigente, visando uma maior harmonia entre os envolvidos.
Mais adiante, descrevemos algumas dessas atitudes que podem ser discutidas durante a orientação dos pais. Sigamos!
Como funciona a orientação psicológica para os pais?
A orientação psicológica para os pais funciona de acordo com as singularidades vigentes na interação familiar. Isso significa que não existe um passo a passo rígido que é seguido pelo profissional, uma vez que ele estará atento às questões únicas de cada família.
A partir de uma conversa com os pais, para entrevistá-los e buscar mais informações sobre o que pode estar acontecendo, o profissional poderá atuar de uma forma ativa, orientando a respeito da interação em casa, da rotina da criança, entre outras situações que destacamos a seguir:
1. Ensino de habilidades específicas que auxiliam na criação dos filhos
Durante a orientação psicológica para os pais, o profissional poderá apresentar algumas considerações sobre as habilidades que podem vir a ser necessárias durante a criação dos filhos.
Por exemplo, o profissional pode retratar a importância de ser empático frente à criança ou ao adolescente, antes de simplesmente adotar uma postura de punir e castigar.
Às vezes, a forma como os pais vêm abordando os filhos pode impactar diretamente nos resultados que eles estão obtendo na escola. Sendo assim, o psicólogo pode auxiliar na hora de mudar a postura e alguns comportamentos, visando a qualidade de vida e o bem-estar de toda a família.
O foco é proporcionar conhecimento que auxilie os pais na hora de colocar em prática ações mais saudáveis e que os ajudem a enfrentar os desafios propostos pela criação de seus filhos.
2. Psicoeducação frente a um possível diagnóstico
Se porventura a criança ou o adolescente for diagnosticada com algum caso clínico, como algum transtorno, por exemplo, o psicólogo poderá auxiliar os pais frente a isso.
Às vezes, a falta de conhecimento pode tornar o diagnóstico extremamente assustador e gigantesco, quando, na verdade, ele não precisa ser visto dessa forma.
Desse modo, o processo de psicoeducação consiste, justamente, em mostrar para os pais o que é tal diagnóstico, por que ele pode ocorrer, quais são as singularidades dele, como é possível lidar com a situação, entre outros pontos.
Assim, os pais podem ser munidos com conhecimento na hora de agir frente às dificuldades vividas pela própria criança com diagnóstico, sempre visualizando um caminho que seja benéfico para todos os envolvidos.
3. Auxilia na visão de atitudes problemáticas
Muitas vezes, os pais trazem para a criação de seus filhos algumas concepções enraizadas na história da família. Por exemplo, pais que apanharam na infância, como meio de receber “correção”, podem colocar em prática esse comportamento deturpado, crendo que essa é a forma adequada de se criar uma criança ou um adolescente.
Sendo assim, o psicólogo, frente a esse cenário, pode auxiliar os pais a refletirem sobre o comportamento, visando alterar essa atitude problemática que possa estar prejudicando o desenvolvimento da criança e do adolescente.
4. Orientação frente aos estímulos voltados à autonomia das crianças e dos adolescentes
A orientação psicológica para os pais também oferece aos pais uma visão mais adequada de como é possível estimular a autonomia das crianças e dos adolescentes.
Especialmente em casos de diagnósticos de crianças especiais, os pais podem se tornar extremamente protetores, o que dificulta o desenvolvimento do indivíduo. Assim sendo, o psicólogo poderá orientar com relação às ações que podem ser colocadas em prática na hora de fazer com que as crianças e os adolescentes possam desenvolver a sua própria autonomia, evitando uma postura superprotetora por parte dos genitores.
Afinal, a falta de estímulos pode fazer com que as crianças se tornem muito dependentes dos pais e de quem está à sua volta, o que resulta em questões de saúde mental e de sociabilidade ruim no futuro. Por isso, a orientação dos pais se faz necessária frente a esse cenário.
Dessa forma, o psicólogo pode apontar, claramente, quais passos podem contribuir para a autonomia, como por exemplo:
- Orientar os pais para que questionem a opinião dos filhos.
- Recomendar que permitam que a criança e o adolescente façam atividades funcionais sozinhos, mesmo que tenham dificuldades, como por exemplo, comer, tomar banho, etc.
- Auxiliar as crianças em determinadas dificuldades, mas sem fazer as coisas por elas, mas, sim, com elas.
5. Trabalha a comunicação entre pais e filhos
O psicólogo também pode orientar os pais frente à forma como eles se comunicam com os filhos.
Muitas vezes, vemos o senso comum desqualificando a fala de crianças e adolescentes, como se eles “não soubessem de nada” por serem jovens demais. Porém, esse tipo de visão apenas afasta a família dos filhos, impedindo que uma comunicação assertiva e respeitosa entre em cena.
Além disso, a postura violenta costuma ser muito usada na hora de educar as crianças e os adolescentes. É o caso de os pais não manterem uma comunicação clara com os filhos e, apenas em momentos de comportamentos “ruins”, os pais gritam, xingam e ofendem a prole como “forma de educar”.
Dito de outro modo, a comunicação deturpada pode afastar os pais dos filhos e fazer com que as únicas interações sejam violentas.
Frente a essa possibilidade, o psicólogo pode orientar sobre as premissas da comunicação não-violenta, que se baseia no diálogo respeitoso, na empatia e na escuta.
Além disso, o profissional de saúde mental também pode apresentar algumas medidas que podem auxiliar os pais na hora de se aproximarem de seus filhos, visando uma comunicação que fortalece o laço no seio familiar e que permite que os pais possam compreender melhor a sua prole. Essa compreensão, sem dúvidas, será uma peça-chave na hora de os pais ajudarem os seus filhos a lidar com os desafios vividos no contexto escolar.
Inclusive, por meio da comunicação clara os pais podem detectar os motivos pelos quais os filhos possam estar colocando em prática alguns comportamentos deturpados, como por exemplo, bagunça na sala de aula. A conversa pode esclarecer que, por exemplo, o filho sofre bullying e encontrou nesse comportamento [de bagunça] uma forma de se proteger.
Por isso, o psicólogo orienta os pais quanto à necessidade de se comunicar e escutar os filhos, pois isso pode trazer frutos intensos no futuro.
6. Orientação com relação às emoções
As emoções dos seres humanos não existem por acaso. Elas não são um “peso” em nossas vidas, tampouco devem ser apagadas quando aparecem de uma forma “ruim”, como muita gente pensa.
Elas possuem funções importantes, que nos ajudam a nos adaptarmos às situações adversas, e que tornam a nossa vida mais intensa e prazerosa em muitos momentos.
Sendo assim, durante a orientação psicológica para os pais, o psicólogo poderá discutir essas premissas, auxiliando os genitores na hora de compreenderem as emoções das crianças e dos adolescentes, como forma de trazer a eles a possibilidade de lidar melhor com determinadas situações.
Inclusive, a orientação também pode estar pautada nas emoções que os próprios pais sentem. Afinal, às vezes, as questões emocionais dos pais podem impactar diretamente na relação que é construída com as crianças e com os adolescentes, por isso, conhecer o que se sente, por que se sente e como lidar com o que se sente é muito importante.
Claro que o psicólogo escolar não irá atender os pais em forma de psicoterapia, mas o esclarecimento das funções das emoções e das formas que podemos lidar com elas, em determinadas situações, pode sim vir à tona.
7. Encaminhamento em casos específicos
Sabemos que nem sempre a solução será a orientação psicológica para os pais na escola. Isto é, às vezes, os pais e as crianças precisarão de acompanhamento psicológico de cunho terapêutico, ou seja, necessitarão de psicoterapia para lidar com as adversidades que vêm sendo enfrentadas na escola ou em casa.
Assim sendo, por meio de uma conversa com os pais, o psicólogo pode vir a detectar a necessidade de encaminhar a família ou só a criança para um profissional que atue na área clínica, e não apenas na área educacional.
Além disso, o psicólogo também pode orientar que os pais procurem acompanhamento neurológico ou psiquiátrico em algumas circunstâncias. Inclusive, a indicação da terapia familiar também pode ser bem-vinda nesse contexto.
8. Fortalecimento da interação da família com a escola
O psicólogo, por meio das orientações dadas em conversa com a família, também pode ajudar a fortalecer o vínculo entre os familiares e o ambiente escolar.
Afinal, às vezes, as questões e os problemas que surgem na escola podem estar associados a uma falta de acompanhamento por parte da família, que se mantém distante do que acontece na escola e faz com que a criança ou o adolescente se sinta negligenciado, por exemplo.
Logo, é papel do psicólogo servir de ponte para a construção dessa interação, incentivando a participação da família e esclarecendo os possíveis benefícios que esse tipo de atitude pode proporcionar no dia a dia das crianças e dos adolescentes.
Quando solicitar orientação psicológica?
A orientação psicológica para os pais pode ser solicitada tanto pela escola, quanto pelos pais.
Se a família percebe que o rendimento dos filhos tem caído significativamente, a conversa poderá acontecer para tirar algumas dúvidas e esclarecer alguns pontos.
Além disso, quando os problemas de comportamento e conduta surgem na escola, a instituição de ensino pode entrar em contato com a família para solicitar uma conversa esclarecedora.
Agora, pensando na orientação psicológica para os pais que ocorre fora da escola, ou seja, em um ambiente psicoterapêutico, alguns pontos podem ser levados em conta, como por exemplo:
- Relacionamento familiar desgastado, no qual pais e filhos se afastam e estão constantemente atravessando situações de conflito.
- Dificuldades para estabelecer uma comunicação mais clara e assertiva.
- Dificuldades para compreender as fases do desenvolvimento do filho.
- Percepção de que o filho está passando por problemas emocionais ou de sociabilidade.
- Dificuldades para lidar com algum diagnóstico que possa ter sido dado à criança ou ao adolescente.
- Entre outras questões que possam impactar a interação intrafamiliar e escolar.
Se você percebe que precisa de apoio psicológico para você e/ou para o seu filho, não hesite em procurar um profissional qualificado. Afinal, esta ação poderá promover frutos e transformações positivas na sua família. Cuide da saúde mental de vocês e boa sorte!
Referências
ANDALÓ, Carmem Silvia de Arruda. O papel do psicólogo escolar. Psicologia: Ciência e profissão, v. 4, p. 43-46, 1984.
SILVEIRA, Luiza Maria de Oliveira Braga; WAGNER, Adriana. Relação família-escola: práticas educativas utilizadas p