Oligodrâmnio
O que é o líquido amniótico?
O líquido amniótico é o fluido que envolve o feto dentro da bolsa amniótica durante a gestação. Ele desempenha um papel fundamental no desenvolvimento fetal, atuando como amortecedor contra traumas, mantendo a temperatura uterina estável, permitindo o movimento fetal (essencial para o desenvolvimento musculoesquelético) e facilitando o crescimento pulmonar e gastrointestinal.
A saúde do bebê e da mãe é em grande parte refletida no líquido amniótico. Se ele estiver muito alto ou baixo, pode ser sinal de que existe algum problema.
Como o líquido amniótico é formado?
No primeiro trimestre da gestação, o líquido amniótico é formado principalmente pela placenta, que atravessa as membranas fetais por difusão.
Conforme o feto se desenvolve, outras fontes vão atuar nessa formação, como pele e pulmões. A partir do segundo trimestre, a urina fetalpassa a ser responsável por até 2/3 da produção do líquido amniótico. No entanto, essa é uma urina diferente daquela produzida após o nascimento. Ela não contém bactérias nem o cheiro forte de amônia.
O líquido está sempre sendo renovado. No entanto, todas as trocas acontecem lá dentro mesmo: o feto engole líquido, que é absorvido pelo intestino e usado em seu desenvolvimento.
O que é o oligodrâmnio?
O oligodrâmnio é a condição obstétrica caracterizada por volume reduzido de líquido amniótico, abaixo do esperado para a idade gestacional.
Essa alteração pode comprometer o desenvolvimento fetal e está associada a maiores riscos perinatais.
A definição baseia-se em dois parâmetros ultrassonográficos:
- Índice de Líquido Amniótico (ILA) < 5 cm
- Maior Bolsa Vertical (MBV) < 2 cm
Quais as causas do oligodrâmnio?
As causas do oligodrâmnio podem ser maternas, fetais, placentárias ou iatrogênicas:
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Causas fetais:
- Malformações renais ou do trato urinário, incluindo a agenesia renal bilateral ou a Síndrome de Potter
- Restrição de crescimento intrauterino (RCIU) com redistribuição hemodinâmica
- Morte fetal intrauterina
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Causas placentárias:
- Insuficiência placentária crônica, como nas síndromes hipertensivas da gestação
- Descolamento prematuro da placenta
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Causas maternas:
- Hipertensão crônica
- Pré-eclâmpsia
- Uso de certos medicamentos: inibidores da ECA, anti-inflamatórios não esteroidais (como a indometacina)
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Rotura prematura das membranas ovulares
- Uma das causas mais comuns, especialmente quando o líquido se perde lentamente.
Diagnóstico
O diagnóstico é feito por por meio de parâmetros ultrassonográficos, com avaliação do volume de líquido amniótico. Dois critérios são usados para isso:
- ILA (Índice de Líquido Amniótico) < 5 cm
- MBV (Maior Bolsa Vertical) < 2 cm
Uma vez fechado o diagnóstico, a avaliação deve considerar a idade gestacional, dados clínicos da gestante, e se há sinais de crescimento fetal comprometido.
Outros exames podem ser solicitados para isso, incluindo:
- Avaliação da vitalidade fetal (perfil biofísico fetal)
- Dopplervelocimetria
- Pesquisa de infecções congênitas (em alguns casos)
- Exames maternos para investigação de causas hipertensivas ou autoimunes
Complicações associadas ao oligodrâmnio
O oligodrâmnio, ou baixa quantidade de líquido amniótico, pode levar a diversas complicações na gravidez, especialmente quando ocorre precocemente na gestação e nos casos com menores volumes de líquido. Entre elas, incluem-se:
- Restrição do crescimento intrauterino (RCIU): o feto pode não crescer adequadamente devido à falta de espaço e nutrientes, resultando em baixo peso ao nascer e problemas de desenvolvimento.
- Contratura dos membros: a compressão dos membros do feto dentro do útero, devido à falta de líquido amniótico, pode levar a deformidades nas mãos, pés e outras articulações.
- Problemas pulmonares: o desenvolvimento pulmonar pode ser afetado, resultando em dificuldades respiratórias ao nascer, especialmente se o oligodrâmnio for severo e ocorrer no início da gravidez.
- Dificuldades no parto: a falta de líquido amniótico pode dificultar o trabalho de parto, aumentando a probabilidade de necessidade de cesariana.
- Morte fetal: em casos de oligodrâmnio grave e não tratado, especialmente quando combinado com outras complicações, há risco de morte fetal.
Tratamento
O tratamento depende da gravidade, idade gestacional e da presença de causas tratáveis:
Toda gestante oligodrâmnia deve ter acompanhamento frequente com ultrassonografias seriadas e avaliação da vitalidade fetal (perfil biofísico, CTG).
Além disso, deve-se buscar a identificação e tratamento da causa base.
A Amnioinfusão durante o parto pode ser utilizada em casos selecionados com o objetivo de melhorar o bem-estar fetal e reduzir a compressão do cordão umbilical
A Interrupção da gestação pode ser indicada na presença de sinais de sofrimento fetal, com alterações na vitalidade fetal ou comprometimento do crescimento, especialmente após 34-36 semanas.