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Maconha (Cannabis)

O que é maconha?

Maconha é o nome popular da planta do gênero Cannabis, que apresenta três espécies: sativa, indica e ruderalis. Além delas, existe um grande número de variedades obtidas pela manipulação e cruzamento de diferentes espécies e variedades.

Os efeitos psicoativos responsáveis pelos efeitos recreativos da droga estão relacionados principalmente ao Delta-9-tetrahidrocanabinol (THC).

Entretanto, além do uso social, que é ilegal no Brasil, a maconha tem sido utilizada há milhares de anos com fins medicinais para tratar diversas condições de saúde.

O composto mais utilizado para fins medicinais é o canabidiol (CBD), mas outros compostos da maconha também têm sido considerados para isso.

Neste artigo, focaremos no uso recreativo. Discutiremos a respeito do uso medicinal da maconha em um artigo específico.

Como a maconha pode ser consumida?

A maconha pode ser consumida de diferentes maneiras:

  • Cigarro enrrolado a mão, também chamado de baseado (forma mais comum);
  • Cachimbos;
  • O material vegetal de cannabis também pode ser concentrado em uma resina chamada haxixe.
  • Outra maneira de ingerir a droga é misturar as folhas, flores, caules ou sementes da planta em alimentos ou preparados na forma de um chá.

Quais os efeitos imediatos da maconha?

Quando a maconha é fumada, o THC passa rapidamente dos pulmões para a corrente sanguínea, que transporta a substância para o cérebro e outros órgãos do corpo. 

A seguir, o THC atua nos receptores canabinóides das células cerebrais. 

Esses receptores são normalmente ativados por substâncias químicas semelhantes ao THC e que são naturalmente produzidas pelo corpo. 

Eles influenciam o prazer, a memória, o pensamento, a concentração, a percepção sensorial e temporal e a coordenação dos movimentos.

Outros efeitos da maconha incluem:

  • Percepções e humor alterados;
  • Coordenação prejudicada;
  • Dificuldade em pensar e resolver problemas;
  • Problemas com a memória;
  • Aumento ou diminuição do apetite;
  • Batimento cardíaco acelerado;
  • Boca seca;
  • Olhos avermelhados.

Risco de acidentes

O efeito do uso crônico da maconha no risco de acidentes é controverso, com resultados discordantes em diferentes estudos. 

O uso recente, por outro lado, prejudica no curto prazo a capacidade de julgamento e coordenação motora. Desta forma, ela contribui para um maior risco de lesão ou morte ao dirigir um carro. 

Isso é válido especialmente quando a maconha tiver sido fumada até quatro horas antes de dirigir (1).

Quais os riscos de longo para a saúde?

O uso de maconha está associado a uma série de problemas de saúde, particularmente relacionados a problemas cardíacos e pulmonares e condições de saúde mental.

Problemas pulmonares

A fumaça da maconha é irritante para os pulmões. Assim, fumantes inveterados podem experimentar muitos dos problemas respiratórios associados ao tabagismo (1).

Isso inclui:

  • Tosse produtiva (com catarro);
  • Infecções respiratórias (Bronquite, pneumonia);

A maconha contém uma quantidade maior de compostos químicos carcinogênicos quando comparado com o tabaco. Entretanto, não existem ainda evidências claras de aumento no risco de câncer de pulmão (1).

Problemas cardíacos

O risco de efeitos cardiológicos em decorrência do uso de maconha é controverso. 

Alguns estudos propuseram um maior risco de eventos cardíacos agudos, como Arritmia cardíaca ou Infarto do Miocárdio, especialmente em pessoas mais velhas e com outros fatores de risco cardiovasculares (1).

Entretanto, um estudo de revisão mostrou que não existem evidencias suficientes para este tipo de conclusão (1).

Saúde mental

Vários estudos relacionam o uso crônico de maconha e doenças mentais. 

Estes efeitos podem ser de curto prazo, com o uso ocasional, ou de longo prazo, especialmente com o uso abusivo e prolongado.

Entre os efeitos da maconha relacionados à saúde mental, incluem-se:

  • Depressão
  • Ansiedade
  • Distúrbios de personalidade
  • Pensamentos suicidas (entre adolescentes)
  • Falta de motivação para se envolver em atividades tipicamente gratificantes

Por outro lado, pode ser questionável se estes problemas são totalmente decorrentes do uso da maconha propriamente dito e quanto que existe de contribuição de outros fatores comportamentais e familiares comuns a pessoas que fumam maconha (1). 

Pesquisas mostram que o uso recente de cannabis aumenta em três a sete vezes o risco de acidentes, em comparação com motoristas que não usaram drogas ou álcool (1). Este risco é maior quanto maior a concentração de THC no sangue (1).

A frequente combinação de maconha e álcool potencializa o risco na direção, mais do que qualquer uma das substâncias usadas isoladamente.

Uso de maconha na gestação e amamentação

Um número crescente de mulheres grávidas tem recorrido à maconha para o tratamento de náuseas e vômitos típicos da gestação.

Em 2018, porém, a Academia Americana de Pediatria divulgou uma diretriz aconselhando mulheres grávidas ou amamentando a evitar o uso de maconha (1). Segundo esta diretriz, não existe uma dose segura para a mulher grávida.

Os diversos compostos químicos da maconha, incluindo o THC, podem atravessar a barreira placentária, podendo comprometer o desenvolvimento do sistema endocanabinóide no cérebro do feto. 

A maconha pode levar a problemas com o desenvolvimento cerebral de longo prazo, afetando a memória, o aprendizado e o comportamento da criança.

Outras possíveis consequências incluem:

  • Restrição do crescimento fetal; 
  • Maior risco de natimorto;
  • Parto prematuro; 
  • Baixo peso de nascimento.

A maconha também deve ser evitada durante a amamentação, já que seus compostos químicos podem ser passados ​​para o bebê através do leite materno. Isso aumento o risco especialmente para problemas com o desenvolvimento cerebral.

Dependência química da maconha

Ao contrário da crença comum, a maconha tem potencial para desenvolver dependência química. 

Aproximadamente 9% das pessoas que fazem uso da maconha vêm a desenvolver dependência (1). Esta incidência é maior entre aqueles que começam a usar em uma idade jovem (17% desenvolvem dependência) e entre as pessoas que usam a droga diariamente (25 a 50% se tornam viciados) (1).

O vício em maconha é mais comumente diagnosticado durante a adolescência ou a idade adulta jovem. 

Sintomas de abstinência de maconha

O abuso de drogas a longo prazo está associado a vários sintomas de abstinência de maconha, que normalmente se desenvolvem dentro de uma semana após a interrupção do uso. 

Alguns dos sintomas mais comuns de abstinência de cannabis incluem:

  • Irritabilidade, raiva ou agressividade;
  • Nervosismo ou ansiedade;
  • Dificuldade para dormir;
  • Diminuição do apetite ou perda de peso;
  • Inquietação;
  • Humor deprimido;
  • Dor abdominal, tremores, sudorese, febre, calafrios ou dor de cabeça

Tratamento

As opções de tratamento ou para dependência de maconha é semelhante a programas e protocolos de tratamento para outras formas de dependência, como o álcool ou o tabaco.

Assim como com outras drogas, o tratamento não cura a dependência, apenas controla ela. Uma pessoa com histórico de dependência química tem alto risco para retomar o vício, caso volte a experimentar a droga.

Pessoas com sinais de dependência devem preferencialmente procurar ajuda médica, já que tentativas de parar por conta própria tendem a não funcionar no longo prazo, com altas taxas de recaídas.

Em média, os adultos que procuram tratamento para transtornos por uso de maconha usaram a droga quase todos os dias há mais de 10 anos e tentaram parar o vício mais de seis vezes (1). Quanto mais precoce for o tratamento, mais fácil e efetivo será a recuperação.

O primeiro passo do tratamento envolve a desintoxicação do corpo, o que pode causar sintomas desconfortáveis ​​de abstinência. 

Passada a fase de abstinência, o paciente entra em uma fase de reabilitação. 

Para evitar as recaídas, é importante que o afastamento da droga seja acompanhada do afastamento de comportamentos que favorecem o vício. 

Isso inclui, entre outras coisas, o afastamento de ambientes onde habitualmente ocorre o consumo da droga. O vazio deixado pela falta da maconha deve ser substituído por hábitos mais saudáveis, como a prática de atividade física.

Outras atividades (inclusive profissionais) que geral alta demanda de estresse e ansiedade tamém devem ser evitadas.

A psicoterapia pode ser uma importante aliada neste processo.