Internação Psiquiátrica
Indicações para a Internação psiquiátrica
A internação psiquiátrica deve ser sempre avaliada de forma bastante criteriosa, para que ela tenha um papel efetivo no tratamento, e não simplismente como uma forma de punição.
Fatores como suporte social e familiar, tentativas previas de tratamento em regime ambulatorial, colaboração com o tratamento e as condições gerais de saúde devem sempre ser levados em consideração nessa difícil decisão.
A internação está reservada a casos nos quais o indivíduo perdeu a capacidade de se autogerir. São situações nas quais ele se encontra de tal forma alterado, que passa a representar uma ameaça a si próprio ou para a sociedade.
Os principais motivos que levam uma pessoa a ser internada em uma clínica psiquiátrica incluem:
- Alto risco de provocar danos graves a si mesmos ou a outra pessoa, de forma que um ambiente seguro se faz necessário;
- Sintomas graves de saúde mental, como mania ou psicose, que não possam ser tratados de forma eficiente, rápida e segura na comunidade;
- Necessidade de mudanças de medicação que requerem supervisão e observação cuidadosa.
Condições tratadas por meio da internação psiquiátrica
Uma pessoa pode ser internada em um hospital de saúde mental ou ala psiquiátrica por vários motivos, incluindo:
- Dependência química;
- Crise de pânico;
- Psicose;
- Depressão maior;
- Crise de ansiedade extrema;
- Transtornos alimentares;
- Risco de suicídio.
- Dependência Química
A fase inicial do tratamento da Dependência Química envolve a desintoxicação da substância viciante e o tratamento dos sinais e sintomas decorrentes da abstinência.
Em alguns casos, a ânsia pela droga pode ser forte demais e o paciente pode não conseguir resistir à tentação contínua. Muitos pacientes têm múltiplas tentativas prévias de desintoxicação, sem sucesso.
Seja por vontade própria ou de forma involuntária, a internação psiquiátrica pode ser considerada em alguns destes casos.
- Síndrome do Pânico
A síndrome do pânico se caracteriza pela ocorrência repentina, inesperada e inexplicável de crises de ansiedade.
Ela é marcada por muito medo e desespero, associadas a sintomas físicos e emocionais aterrorizantes, que atingem sua intensidade máxima em até dez minutos.
Em casos extremos, o pânico se torna um problema na vida do paciente, a ponto que ele não consegue mais conviver em sociedade. Sair de casa pode deixar o indivíduo em pânico.
O tratamento é habitualmente feito com medicamentos e psicoterapia. Entretanto, quando se chega a estas condições extremas, a internação psiquiátrica pode ser indicada.
- Psicose
A psicose é uma condição de mal funcionamento cerebral caracterizada por alucinações, delírios, alterações de personalidade ou pensamentos e comportamentos desorganizados.
A pessoa em psicose perde a noção de realidade e passa a praticar atos que podem prejudicar a si mesma e a outras pessoas ao redor.
Quando isso acontece e a família não é mais capaz de dar o suporte necessário ao paciente me regime domiciliar, a necessidade de internação psiquiátrica deve ser considerada.
- Depressão maior
A Depressão é uma condição complexa, caracterizada por uma sensação de mal-estar, desconforto, ansiedade e/ou tristeza.
Nos casos mais graves, em que a pessoa para de viver, de comer, de se relacionar com outras pessoas e fica agressiva, a internação psiquiátrica pode ser uma solução.
- Crise de ansiedade
A ansiedade é uma sensação comum e esperada em antecipação a um evento importante.
Em alguns casos, porém, ela se torna frequente e desproporcional ao evento vindouro, caracterizando um Transtorno de Ansiedade.
Quando essas sensações dominam a mente, ela pode levar a uma profunda sensação de insegurança, medo e descontrole, caracterizando a crise de ansiedade.
A internação psiquiátrica não é a primeira opção, mas pode ser considerada quando o tratamento ambulatorial não estiver se mostrando suficiente e provocar comportamentos de risco para o paciente.
- Transtornos alimentares
A Anorexia, também chamada de anorexia nervosa, é um transtorno alimentar no qual uma pessoa tem um desejo excessivo, ilimitado e sem controle de emagrecer, mesmo já estando abaixo do peso esperado de acordo com sua altura.
Mesmo com uma aparência clara de magreza excessiva, o paciente com anorexia não consegue ver que seu corpo está definhando e continua a se ver com sobrepeso.
Ela é vista atualmente como uma estratégia de enfrentamento durante momentos de dificuldade emocional, como estresse, ansiedade, depressão, raiva e solidão.
A anorexia leva ao comprometimento de diversos órgãos e sistema do corpo, inclusive com risco para a vida.
Quando tentativas de reintrodução alimentar forem mal sucedidas, o tratamento por meio de internação psiquiátrica pode ser considerado.
Outro ponto a se considerar é que o aumento repentino da carga metabólica durante a reintrodução alimentar pode precipitar descompensações bioquímicas e desmascarar deficiências ocultas.
As duas primeiras semanas de realimentação são um período de alto risco para estas descompensações, inclusive com risco de graves complicações. Por este motivo, a internação pode ser considerada durante esta fase.
- Tentativa de Suicídio
A tentativa de suicídio é a situação mais grave de todas as condições psiquiátricas e que exige internação voluntária ou involuntária.
O suicídio ou a tentativa de suicídio pode ser um sintoma de depressão, ansiedade, pânico, psicoses e transtornos alimentares.
Qualquer paciente que teve uma tentativa mal sucedida de suicídio apresenta um quadro psiquiátrico descompensado e está em risco para uma nova tentativa.
Assim, eles devem ser mantidos internados, até que ele recupere uma vida mais feliz e tranquila e em um tratamento seguro e responsável.
Tipos de internação psiquiátrica
Nem todos os dependentes químicos precisam de internação para se tratar. Entretanto, essa é uma alternativa que aumenta consideravelmente as chances de recuperação física, mental e espiritual do viciado.
Muitos usuários reconhecem os danos causados pelas drogas e que chegaram a um estágio do qual não conseguirão sair sozinhos. Muitos estão decepcionados com sigo mesmos devido a tentativas previas de parar o vício sem sucesso. Com esse reconhecimento, eles próprios procuram ajuda e acabam permitindo ser internados.
O grande problema é lidar com aqueles que não aceitam ajuda. Algumas drogas agem de forma tão agressiva no corpo que elas não permitem que o usuário compreenda a gravidade de sua situação e o quanto seu comportamento pode ser nocivo para ele mesmo e para os outros.
Nesses casos, tanto a internação involuntária quanto a compulsória são as melhores saídas para ajudar o indivíduo a se reintegrar à sociedade, antes que cause prejuízos a outras pessoas e a si mesmo.
Embora já tenha causado polêmicas, a internação contra a vontade do dependente (ou seja, internação compulsória e involuntária) possui amparo legal na Lei 10.216, de 6 de abril de 2002 (1), e na Portaria Federal nº 2.391/2002/GM.
As internações psiquiátricas foram, desta forma, determinadas em três categorias: voluntária, involuntária e compulsória.
Internação voluntária
Na maior parte das vezes, a internação psiquiátrica é voluntária e isso ajuda bastante no tratamento.
Quando o paciente percebe que precisa de ajuda especializada, o tratamento é muito mais eficaz e os resultados positivos ficam bem mais evidentes.
A pessoa que solicita voluntariamente a própria internação, ou que a consente, deve assinar, no momento da admissão, uma declaração de que optou por esse regime de tratamento.
O término da internação se dá por solicitação escrita do paciente ou por determinação do médico responsável.
Entretanto, é possível que uma internação voluntária se transforme em involuntária, quando houverem critérios para isso. Neste caso, o paciente não poderá sair do estabelecimento sem a prévia autorização.
Internação involuntária
A internação involuntária é aquela que é feita a pedido de terceiros, sem o consentimento do paciente.
Geralmente, são os familiares que solicitam a internação do paciente, incluindo pais, filhos, avós, tios ou sobrinhos. Entretanto, é possível que o pedido venha de outras fontes. Vale considerar que os cônjuges não detêm essa permissão.
O pedido tem que ser feito por escrito e aceito pelo médico psiquiatra.
A lei determina que, nesses casos, os responsáveis técnicos do estabelecimento de saúde têm prazo de 72 horas para informar ao Ministério Público do estado sobre a internação e os motivos dela.
Internação compulsória
A internação compulsória é aquela em que a internação é expedida judicialmente, e independe da vontade do indivíduo ou de sua família.
Ela pode ser solicitada, por exemplo, quando um crime é cometido por alguém que se encontrava sob o efeito de tóxicos.
Nessa modalidade, também deverá existir laudo médico comprovando a necessidade do tratamento. Além disso, o juiz não pode interferir no tratamento e apenas o psiquiatra responsável pode determinar o seu fim.
Rotina durante a internação psiquiátrica
A ideia da internação psiquiátrica costuma ser intimidadora, especialmente para aqueles que nunca estiveram em uma clínica antes. Infelizmente, muitos locais de internação psiquiátrica ainda funcionam mais como uma forma de retirar o indivíduo da sociedade do que como um meio de tratamento. Não é o que se deve esperar de uma clínica psiquiátrica. A internação não é um meio de punição, mas sim de tratamento que na maior parte das vezes será provisória, com o intuido de prover condições para o retorno saudável à sociedade.
Os principais medos relacionados à internação psiquiátrica incluem:
- Medo de ficar longe de seu ambiente e rotinas habituais;
- Medo da perda de controle sobre a rotina diária
- Apreensão em relação a outros pacientes internados
- Medo em relação ao estigma dos antigos manicômios e sanatórios;
- Medo do julgamento de familiares e amigos;
- No caso de dependência química, o medo de ficar longe da substância viciante.
Assim, o primeiro passo ao entrar em uma clínica psiquiátrica será uma reunião, geralmente com pelo menos um Médico psiquiatra, uma enfermeira e um psicólogo.
Neste momento, um plano de tratamento é feito com base nas necessidades individuais. Não existe uma rotina pré-estabelecida comum para todos os pacientes.
Os tratamentos podem incluir:
- Iniciar ou mudar de medicação
- Sessões de apoio com um psicólogo;
- Avaliações psiquiátricas
- Terapia ocupacional
- Atividades recreativas, que podem incluir atividade física, atividades artísticas e jogos.
- Atividades educativas que envolve uma preparação para mudanças na rotina após o fim da internação
Diferentes instituições possuem diferentes políticas em relação a equipamentos eletrônicos, como tablets ou telefones celulares.
Algumas definem a permissão ou não a estes equipamentos de forma individualizada, a depender do problema do paciente. Isso porque, em alguns casos, fazer ou receber chamadas ou mensagens pode atrapalhar o tratamento.
Visita de familiares
O apoio da família e dos amigos é uma parte fundamental do tratamento. A família viveu o problema junto do paciente antes da internação e continuará sendo importante durante e após o período de internação. Sem este apoio, é muito difícil que o paciente tenha uma melhora sustentada.
Em muitos casos, é feito um tratamento em paralelo com os familiares para que eles se preparempara conversar, visitar e receber o paciente de volta em casa.
Em alguns casos, o paciente pode precisar de um breve período sem contato com outras pessoas próximas. Porém, quando isso for necessário, ele será avisado pelo médico e receberá toda a explicação antes de aceitar ou não fazer o tratamento por meio da internação psiquiátrica.
Qual o tempo de internação?
O tempo de internação varia de paciente para paciente, de acordo com o motivo que provocou a internação, a gravidade do problema e a resposta ao tratamento.
Na avaliação inicial, o médico psiquiatra pode ter uma ideia de quanto tempo o tratamento vai durar. Entretanto, as previsões podem se alterar durante a internação e com a evolução do paciente.